Se pensam que vão acabar comigo, estão enganados', diz Lula em Natal (na FOLHA)
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira (2) em Natal que está tranquilo em relação às investigações que envolvem a participação de empreiteiras nas obras do sítio de Atibaia e do apartamento de Guarujá, no Estado de São Paulo.
"Eu estou aqui tranquilo. Se eles pensam que vão acabar com Lula, estão enganados", afirmou o ex-presidente em discurso durante convenção que oficializou o deputado estadual Fernando Mineiro (PT) como candidato à Prefeitura de Natal.
No discurso, Lula negou ser dono do sítio e do apartamento e disse que "inventaram" que ele seria proprietário dos imóveis.
Contudo, não fez referências à acusação de obstrução da Justiça que fez com que ele se tornasse réu na Operação Lava Jato há quatro dias.
A visita de Lula a Natal faz parte de uma agenda por três cidades nordestinas. Esta é a segunda vez em um mês que o ex-presidente participa de atos no Nordeste, principal reduto eleitoral do PT.
Dilma diz que PT precisa reconhecer erros e passar por 'transformação'
A presidente afastada, Dilma Rousseff, afirmou que seu partido, o PT, precisa passar por uma "grande transformação" e reconhecer erros cometidos do ponto de vista ético e "do uso de verbas públicas".
"Eu acredito que o PT precisa passar por uma grande transformação. Primeiro, uma grande transformação em que se reconheça todos os erros que cometeu do ponto de vista da questão ética e da condução de todos os processos de uso de verbas públicas", disse Dilma em entrevista à revista "Fórum" nesta terça (2), no Palácio da Alvorada, em Brasília.
A petista afirmou que a atitude é necessária para manter o legado do partido, segundo ela, formado por uma "corrente imensa de experiências políticas que deram sua contribuição para esse país". Ela ressaltou que as falhas foram cometidas por algumas pessoas, e não por toda a entidade.
"Nós vamos ter de resgatar isso [o legado]. Não é possível que se confunda o erro individual de algumas pessoas, que são passíveis de erros, com o erro de uma instituição. A instituição tem de ser preservada", disse.
"O PT tem sobrevida se as suas lideranças souberem fazê-lo seguir em frente", acrescentou.
Nos últimos dias, Dilma voltou a responsabilizar o PT pela suspeita de pagamentos de caixa dois para o marqueteiro João Santana, afirmando que ele cobrou dívidas da sua campanha de 2010 para a tesouraria da sigla.
Em depoimento à Justiça, Santana e sua mulher, Mônica Moura, afirmaram ter recebido ilicitamente US$ 4,5 milhões para compensar uma dívida do partido com o casal. Segundo eles, em 2013, o então tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, os orientou a procurar o engenheiro Zwi Skornicki, que tinha negócios com a Petrobras e efetuou o pagamento.
"Ele [Santana] diz que recebeu isso em 2013. Ora, a campanha começa em 2010 e até o final do ano, antes da diplomação, ela é encerrada. A partir do momento em que ela é encerrada, tudo o que ficou pendente de pagamento da campanha passa a ser responsabilidade do partido", disse Dilma no último dia 27.
"Como disse o próprio João Santana, com quem ele tratou essa questão foi com a tesouraria do PT."
As afirmações desagradaram a membros da legenda. Apesar disso, o presidente do partido, Rui Falcão, divulgou nesta segunda-feira (1º) uma nota em que afirmou "repudiar" a ideia de que o partido teria abandonado a presidente afastada na defesa contra seu processo de impeachment.
Na nota, publicada no site do partido, Falcão disse que o partido "reafirma seu compromisso integral na luta pelo retorno à Presidência da companheira Dilma".
FUTURO
Na entrevista desta terça, Dilma voltou a chamar o seu processo de impeachment de "golpe" –segundo ela, capitaneado por um grupo integrado pela oposição tradicional, pelo PMDB, pela "grande mídia" e pelo empresariado.
Questionada sobre como quer ser lembrada após a Presidência, Dilma afirmou ter esperança de não ser cassada no processo atualmente em curso no Senado.
"Eu serei lembrada como a primeira mulher presidente. [Mas] Eu quero ser lembrada como a primeira mulher presidente que superou um processo de impeachment sem base [legal]. Essa é a minha esperança", disse.
Economia ‘ainda vai piorar’, diz Moreira Franco (por JOSIAS DE SOUZA, UOL)
Amigo de Michel Temer e um de seus mais próximos auxiliares, o secretário-executivo do Programa de Parcerias de Investimentos, Moreira Franco, plugou-se ao Twitter para anotar: “Na economia, o Brasil não chegou ao fundo do poço. Ainda vai piorar, mas com menos velocidade e, sobretudo, tendendo a estabilizar.''
Equilibrando-se sobre a linha fronteiriça que separa o otimismo do pessimismo, Moreira atribuiu a perspectiva de estabilização às “medidas econômicas propostas pelo presidente Michel Temer ao Congresso com objetivo de equilibrar as contas públicas''.
Moreira admitiu: “…Nós continuaremos a sofrer com a falta de emprego e renda.” Mas ponderou: “Agora há um túnel! Antes nem isso tínhamos.”
O auxiliar de Temer fez tais observações a propósito da divulgação do balanço das contas públicas, feito pelo Banco Central. Anotou que o documento “mostra esta realidade: no semestre, rombo é de R$ 23,8 bilhões; dívida atingindo 42% do PIB.”
Moreira conclui: “Temos muito que fazer para mudar este quadro e voltar crescer, gerar emprego, criar oportunidades para os que querem empreender por conta própria.” Apontou como parte da solução iniciativas que estão sob sua responsabilidade: “As parcerias com o setor privado com concessões e privatizações são um caminho.”
Renan antecipa o início do julgamento de Dilma (JOSIAS DE SOUZA)
O presidente do Senado, Renan Calheiros, disse que pretende iniciar o julgamento do impeachment de Dilma Rousseff em 25 ou 26 de agosto, não no dia 29, como havia definido o STF em nota divulgada no último sábado. Com essa alteração, Renan espera que o destino de Dilma seja definido pelos senadores antes do final do mês. Pelo calendário do STF, o veredicto sairia apenas no dia 2 de setembro.
Deve-se a alteração de datas a uma articulação já noticiada aqui. Michel Temer almoçou nesta terça-feira com os principais pajés do PMDB no Senado. Além de Renan, estiveram no Palácio do Jaburu os senadores Eunício Oliveira, líder do PMDB, e Romero Jucá, articulador informal do Planalto.
Temer reiterou aos correligionários o desejo de voar para a reunião do G-20, na China, sem o vocábulo “interino” enganchado ao título de presidente da República. Algo que depende da conclusão do processo em agosto. Pelo telefone, Renan conversou com o presidente do STF, Ricardo Lewandowski. Em privado, o senador diz que o ministro não se opõe à abreviação do calendário.
Lewandowski pediu a Renan que agendasse um encontro dele com os líderes dos partidos com representação no Senado. A reunião será marcada para esta quinta-feira, depois que a Comissão do Impeachment votar o relatório em que o senador tucano Antônio Anastasia recomenda que a deposição de Dilma seja confirmada em termos definitivos.
A conversa com os Lewandowski servirá para definir detalhes regimentais da sessão de julgamento de Dilma. Pela Constituição, cabe ao presidente do Supremo presidir o desfecho do processo. Renan informou que, se necessário, haverá sessões no final de semana para ouvir testemunhas e a própria Dilma.
Descoroamento!
– Via Nani.