Jandirão é vítima de sua concepção de mundo. Ou: A comunista e a empreiteira
Como vocês sabem, viciosos são os outros, não é? Os comunistas e esquerdistas genéricos, não. Serão sempre inocentes, mesmo quando culpados.
No dia 22 de fevereiro de 2015, o Blog do Coronel informou que a deputada Jandira Feghali (RJ), uma legítima comunista do Brasil, havia recebido doações de subsidiárias da Construtora Queiroz Galvão, investigada no petrolão. Transcrevo trecho do post escrito há quase um ano e cinco meses:
“Aí a gente vai ao TSE ver quem sustentou a campanha da descabelada comunista. Em primeiro lugar, duas empresas do Grupo Queiroz Galvão, que está sendo processada para devolver mais de R$ 1 bilhão por participar do esquema do Petrolão. A Energia Verde Produção Rural entrou com R$ 300 mil e a Companhia Siderúrgica Vale do Pindaré com outros R$ 110 mil. Além disso, a donzela furada Feghali recebeu mais R$ 50 mil do Estaleiro Brasfels, envolvido até a casa de máquinas na roubalheira instalada na Petrobras. Não esquecer que o PCdoB tem grande influência na estatal, pois comanda a Agência Nacional do Petróleo há anos!”
Nota antes que continue: o titular do Blog do Coronal, que não gostava de ter seu nome divulgado, morreu, infelizmente, no dia 15 de março deste ano. Eu o conhecia. Era um profissional sério e competente. Adiante.
O Blog do Coronel noticiou a doação porque Jandira — conhecida por “Jandirão” em razão da maciez do seu estilo — era uma das que corneteavam contra as doações privadas, embora tivesse recebido uma bolada justamente de subsidiárias de uma empresa investigada.
Agora se sabe que a ínclita comunista foi citada por Sérgio Machado na lista dos políticos que teriam recebido dinheiro por sua influência. Chato pra ela, né? Jandirão foi uma das que usaram as gravações de Machado para tentar desestabilizar o governo Temer. Agora, ela própria tem de responder.
A mulher tenta se explicar:
“Na campanha de 2008, conversei com Machado sobre a possibilidade de sua ajuda pessoal, sim. Mas afirmo que não há qualquer contribuição da Queiroz Galvão em minhas campanhas através de Sérgio Machado, apenas de duas subsidiárias em 2014 por contato direto através do PCdoB.”
Ah, bom! E ela foi adiante:
“Lembro que todas as empresas que atuam no setor naval e que contribuíram para minha campanha estão registradas oficialmente com nome e valor. Neste período, também não havia denúncias de envolvimento na Lava Jato.”
Como, senhora?
A Operação Lava Jato foi deflagrada em abril de 2014. As doações que Jandira tem de explicar são de 09 e 25 de setembro daquele ano e de 15 de outubro. Ah, todo mundo já sabia, sim, que as empreiteiras estavam envolvidas até o talo. Paulo Roberto Costa havia decidido fazer delação em agosto…
Jandira, claro!, ainda tenta posar de heroína. Para quem vive a apontar o dedo contra os outros, é um desconforto e tanto, admita-se. É claro que a hipocrisia dessa gente não me assusta.
Quando o governo lançou a tal Campanha do Desarmamento, em 2012, uma de suas propagandistas foi a então ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário (PT-RS). Ela dizia com todas as letras que a venda de armas legais fazia um mal imenso à sociedade…
Pois é…
Quando concorreu à Prefeitura de Porto Alegre, Rosário recebeu uma doação da… Taurus, como se vê abaixo:
Concluo
Convenham: não se é comunista com um mínimo de pudor. Em alguns casos, falta também o senso de ridículo.
Terminarei citando Marx, já que, por óbvio, Jandirão não leu: ela se tornou vítima de sua própria concepção de mundo.
Dilma dá aula de biologia política a José Trajano, Juca Kfouri, Zé Celso, Fernando Morais, Mercadante e Cerqueira Leite. A lógica foi espancada!
Em almoço em condomínio chique de Campinas, Dilma ignora o bom senso para uma plateia pouco interessada nos fatos
Quando era presidente, Dilma se fez notável por não ter aprendido a diferença entre um mosquito e um vírus. Também criou a teoria de que era o ovo — que, segundo ela, era posto “principalmente pela mosquita” (!!!) — que transmitia dengue, zika e chikungunya. Mais refinados do que suas aulas de biologia, só os seus tratados de antropologia, que não pouparam a bola, a mandioca, a criança e o cachorro…
Nesta quinta, Dilma almoçou na casa do físico Rogério Cézar de Cerqueira Leite, num condomínio chique em Campinas. E resolveu voltar às suas aulas de biologia, agora aplicadas à política. A mulher que levou o Brasil à bancarrota; que teve a campanha eleitoral financiada por recursos ilegais; que quebrou a Petrobras; que fabricou ao menos três anos de recessão; que fez a inflação fugir do controle; que mandou os juros para os cornos da lua; que fabricou o maior déficit fiscal da história; que conduziu a infraestrutura brasileira ao colapso; que quebrou o setor elétrico… Bem, esta senhora se esmerou na teoria.
Disse a Lírica da Mandioca:
“Há, de fato, um golpe no Brasil. Mas há algo pior que um golpe. Quando você destrói ou cria mecanismos que levam à destruição do regime democrático, você pode fazer de dois jeitos, o jeito do golpe militar, que é como se cortasse a árvore com o machado, ou do jeito do golpe parlamentar, em que você pega a árvore da democracia e infesta de parasitas”.
Como se sabe, democracia limpa, sem pragas, é aquela que era comandada por Lula, José Dirceu, João Vaccari Neto, Delúbio Soares, Dilma Rousseff… E que tinha como protagonistas patriotas como Paulo Roberto Costa, Renato Duque, José Sérgio Gabrielli, Guido Mantega, os companheiros empreiteiros…
Ouviram atentamente os ensinamentos da professora Dilma, além do anfitrião, o dramaturgo José Celso Martinez Correa, os jornalistas José Trajano e Juca Kfouri, o escritor bolivariano Fernando Morais e Aloizio Mercadante, aquele senhor que, quando ministro da Educaçã9o (!!!), manteve um encontro com o assessor de Delcídio do Amaral, que estava preso, para tentar convencer o então parlamentar a não fazer acordo de delação premiada. Em troca, a família receberia o auxílio necessário. Também estava presente Marcos Pochmann, que chefiou o Ipea e se tornou notável por perseguir adversários ideológicos.
Dilma, cuja campanha recebeu dinheiro no caixa dois de empreiteiras e lobistas, grana confessadamente oriunda de propina, continuou a sua especulação intelectual: afirmou que o tal golpe foi dado pela “direita” — logo, entende-se que o dinheiro sujo que a financiou era de esquerda, certo? A direita, no caso, segundo ela, é o PMDB. Quando o partido estava na sua base de apoio, era de centro. E todos anuíam, fazendo com a cabeça o sinal quase universal da sabujice. Como eu sei?
Este blog tem leitores no mundo inteiro. Naquele condomínio também, ora. Na verdade, estava lá. Vejam as fotos exclusivíssimas.
E Dilma resolveu encerrar com uma aula de lógica para quem faz questão de ter os dois pés no chão e as duas mãos também: disse que o tal “golpe” foi patrocinado pelo PMDB para impedir que a Lava-Jato chegasse à sua cúpula. E a prova seriam os diálogos gravados por Sérgio Machado.
Huuummm… A plateia era toda de esquerda, o que implica, de antemão, que a lógica não se fazia presente. De resto, essa disciplina certamente não é da predileção de um dramaturgo idiossincrático, de um escritor bolivariano e de um economista dito “desenvolvimentista”. Poderia ser do interesse de dois jornalistas esportivos, mas eles certamente estavam lá, como se diz, “a nível de pessoas”, né?
Houvesse seres lógicos ali, ao menos um teria se lembrado de perguntar:
— Presidenta, se o PT diz que a Lava Jato é um articulação de setores de direita que tomaram conta do MP e da PF, como diz o Rui Falcão, por que é a direita iria derrubá-la para atacar justamente a Lava-Jato?
— Presidenta, se as gravações de Sérgio Machado provam o golpe do PMDB para atingir a Lava Jato, como é que vieram a público com o PMDB já no poder, alvejando justamente o partido?
— Presidenta, quanto é 13 menos 4?
E ela teria respondido com a convicção de sempre:
— Lindinho, isso eu já ensinei! Sete!
Federação Única dos Petroleiros fede a esgoto moral
A gente deve sentir nojo cívico de um troço chamado FUP (Federação Única dos Petroleiros), mero braço da CUT, que, por sua vez, é só uma franja do PT.
E Federação decidiu promover nesta sexta uma paralisação assumidamente política: quer que a categoria faça uma greve de 24 horas contra o governo Temer.
Que asquerosos esses caras! Enquanto Lula e Dilma quebravam a Petrobras, conduzindo a empresa à ruína, eles ficaram quietos. Afinal, eram sócios do poder, não é mesmo?
Só se lembraram de mostrar as caras em 2015, quando a empresa se viu obrigada a vender ativos para poder respirar um pouco. Vale dizer: deram o ar da graça quando a estatal estava encontrando uma resposta. Mas apoiavam integralmente a política que levou a gigante para o abismo.
Uma nota da FUP fede a esgoto moral:
“O projeto neoliberal que está posto para a Petrobrás através de Pedro Parente é o mesmo que no passado causou perdas históricas à categoria”.
Esses idiotas não têm a menor noção do que seja neoliberalismo. Boa para a Petrobras era a política não neoliberal do PT, que fez a empresa ser hoje a mais endividada do mundo, obrigada a um agressivo programa de desinvestimento para não ir para a ruína.
Se os companheiros, no entanto, estiverem no comando, tudo bem.
Janot e Barroso posam de isentos, mas…
Por Felipe Moura Brasil
1) Tuitei na madrugada de quarta-feira (8):
Nesta quinta, a Folha informou:
“Em relação a Renan, o pedido de afastamento da presidência do Senado foi uma alternativa colocada por Janot ao STF (Supremo Tribunal Federal), caso a prisão não seja acolhida pela corte.”
Relembro que:
a) a consequência imediata desta alternativa seria o petista Jorge Viana, vice-presidente do Senado, assumir o lugar de Renan em pleno processo de impeachment de Dilma Rousseff.
b) Jorge Viana, como mostra o vídeo abaixo, já foi flagrado em conversa interceptada pela Polícia Federal sugerindo que Lula se vitimizasse como perseguido e enfrentasse o juiz Sergio Moro e integrantes da Lava Jato dizendo “vocês são bandidos, agiram foram da lei”.
O plano de Viana era Lula “forçar a mão nele [Moro] pra ver se ele tem coragem de prender por desacato a autoridade, porque aí, aí eles vão ter uma comoção no país”.
2) Janot forçou a mão para pedir a prisão cautelar de Renan, Romero Jucá e José Sarney por obstrução de Justiça.
Foi o que mostrei aqui ponto a ponto na terça (7), a julgar pelas gravações de Sérgio Machado vazadas para a imprensa até o momento.
Ministros do STF criticaram os vazamentos e, falando em off, tampouco viram motivos para prisão.
Aparentemente, no entanto, a PGR vazou mais informações nesta quinta para tentar se justificar.
Segundo a Folha, o pedido de prisão “aponta que eles combinavam versões de defesa e estratégias para evitar serem alcançados com o avanço das apurações da Operação Lava Jato”.
Repito: foi Sergio Machado quem procurou os caciques do PMDB para combinar um modo de evitar sua própria “descida” para a alçada do juiz Sergio Moro. Renan e Jucá não haviam sido denunciados e Sarney nem sequer era investigado.
Sem outras gravações que detalhem as novas informações, portanto, fica parecendo que a expressão vaga “versões de defesa e estratégias” foi vazada para passar a falsa impressão de uma combinação de mentiras e ações práticas ilícitas que livrasse os quatro de maiores implicações.
O perigo de recorrer a essas artimanhas é dar margem a contestações processuais e políticas que contribuam para a impunidade dos eventuais criminosos.
Não é porque a Justiça é lenta para condenar réus que vamos ampliar o conceito de prisão cautelar. Não é porque Janot pouco ou nada fez em relação aos 11 inquéritos contra Renan que agora pode compensar sua inoperância com uma medida extrema injustificada.
Que os caciques do PMDB sejam presos se ficar provado que receberam propina desviada da Transpetro, mas é um disparate prendê-los pela intenção de exercer a prerrogativa parlamentar de mudar leis ou de tentar acessar um ministro do STF por meio de terceiros.
Estamos de olho, Janot.
3) Luís Roberto “Minha Posição” Barroso também voltou a mostrar as garrinhas.
Em palestra na UnB, o ministro do STF, na prática, legimitou o discurso petista do “golpe”. Mas é preciso distinguir o que há de certo, leviano e execrável em suas declarações. Vamos por partes:
“O impeachment depende de crime de responsabilidade.”
Certo.
“Mas, no presidencialismo brasileiro, se você procurar com lupa, é quase impossível não encontrar algum tipo de infração pelo menos de natureza orçamentária.”
Barroso procurou com lupa? Em vez de soltar irresponsavelmente essa acusação genérica, que na prática coloca Dilma Rousseff no mesmo patamar criminoso de outros presidentes (como faz o PT), deveria ao menos ter citado quais deles cometeram quais supostas infrações orçamentárias e de qual grandeza.
“Portanto,”
É espantoso que uma acusação genérica resulte num “portanto”…
“o impeachment acaba sendo, na verdade, a invocação do crime de responsabilidade, que você sempre vai achar, mais a perda de sustentação política”.
A invocação do crime de responsabilidade no processo de impeachment pode decorrer da perda de sustentação política ou nela resultar, dependendo da gravidade e da repercussão dos atos criminosos.
Dada a autoridade concedida aos parlamentares pela Constituição, é possível, sim, que presidentes cometam (ou tenham cometido) atos enquadráveis como crimes de responsabilidade sem que eles sejam (ou tenham sido) invocados como tais por Congressos desinteressados em destituí-los (e eu mesmo já expliquei isto a uma petista).
Mas “que você sempre vai achar” esses crimes fica por conta da lupa de “Sherlock” Barroso.
Agora vem o pior:
“Eu acho que quem acha que (o impeachment) é golpe tem fundamentos razoáveis para dizer que não há uma caracterização evidente de crime político e, na verdade, está-se exercendo um poder do ponto de vista de quem foi derrotado nas eleições. Esse é um discurso plausível.”
Em vez de rejeitar com firmeza a tese do “golpe”, que depõe contra o próprio STF do qual faz parte, Barroso a relativiza e ainda aponta “fundamentos razoáveis” no discurso militante de quem minimiza os bilhões de reais que Dilma deixou de pagar aos bancos públicos para maquiar as contas do governo e gastar onde mais quisesse até quebrar o Brasil.
De quebra, Barroso legitima a acusação de dor de cotovelo eleitoral, ignorando não apenas as mentiras e fraudes que levaram o país à maior recessão de sua história, como também o fato de que o derrotado nas eleições foi o PSDB, não o PMDB que assumiu o governo.
“O outro é: a presidente não tinha mais sustentação política para fazer o que o País precisava, e a maior parte da sociedade e a maior parte do Congresso acharam que era melhor afastá-la”.
Barroso contrapõe ao discurso do “golpe” apenas o da perda de sustentação política, ignorando a gravidade dos crimes de responsabilidade de Dilma e o quanto a revelação deles contribuiu para aumentar essa perda.
A militância petista da UnB deve tê-lo feito se sentir em casa.
4) Relembro em vídeo como Barroso posa de isento, mas sempre acaba legitimando o discurso do PT contra seus adversários – em especial, o PMDB.
A dupla com Janot – indicado por Dilma como ele – tem tudo para dar certo.
Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil
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