Por que Dilma foi a pior da história, por LEANDRO NARLOCH (em VEJA)

Publicado em 11/05/2016 10:55
"O petismo não se faz só de tolos bem-intencionados. A Lava-Jato evidencia de forma cabal que mesmo a ideologia, nesses mais de 13 anos, serviu de cortina de fumaça para o maior assalto aos cofres públicos de que se tem notícia, atenção, no mundo! Estamos falando de ladrões!" (Reinaldo Azevedo, em veja.com.br)

Há presidentes que pegam o país na lama e o devolvem na lama. São os políticos medianos que abundam pela história. Há presidentes que pegam o país no atoleiro e o conduzem a estradas pavimentadas. São os heróis, os estadistas. E há o caso de Dilma Rousseff.

Quando Dilma assumiu a presidência, o Brasil saboreava aquele alívio de quem entra na estrada de asfalto depois de quilômetros de solavancos da estrada de saibro. Tínhamos inflação controlada e superávit suficiente para diminuir a dívida aos poucos. Bastava que Dilma dirigisse com cuidado e estaríamos bem. Mas ela preferiu dar cavalos de pau e se arriscar em ultrapassagens proibidas.

Por escolha consciente e declarada, abandonou a matriz econômica que FHC criou e Lula mais ou menos manteve, arruinou as contas que o Estado, depois de décadas de esforço, enfim vinha conseguindo organizar. As pedaladas fiscais transformam em desconfiança o entusiasmo de analistas e investidores internacionais.

Em 2014, para convencer os eleitores de que estava no caminho certo, Dilma dirigiu com ainda menos prudência. Gastou dinheiro que não podia, só para ganhar a eleição. Conseguiu se manter ao volante, mas levou o país de volta ao atoleiro.

Alguém pode dizer que a herança de Getúlio Vargas prejudicou o Brasil mais que o governo Dilma. É verdade – da CLT às estatais, ainda lidamos com problemas criados pelo caudilho. Mas é preciso dar um desconto a Getúlio. Ele respirava os ares da época – na Itália ou nos Estados Unidos, a novidade da década de 30 era criar uma máquina estatal pesada e poderosa.

Não foi o caso de Dilma. Ela desdenhou o arroz-com-feijão da política fiscal em nome de ideias obsoletas. Pior, quando ficou difícil de esconder o resultado de seus erros, Dilma adotou a estratégia populista de dividir o país e se dizer vítima da conspiração de elites. Mas foi ela quem mais beneficiou (via BNDES, barreiras alfandegárias e contratos superfaturados) as elites e oligarquias tradicionais.

Por isso tudo é razoável dizer que Dilma foi a pior presidente da história da República.

@lnarloch

 

CHEGOU O DIA EM QUE VAMOS NOS LIVRAR DELES! (por Reinaldo Azevedo)

Um ano e dois meses depois da primeira grande manifestação em favor do impeachment, ocorrida em 15 de março de 2015, este 11 de maio de 2016 entrará para a história. É o dia em que vamos nos livrar deles. Por pelo menos dois anos e meio. Quem sabe para sempre se as forças que prezam a democracia e o Estado de Direito fizeram a coisa certa e souberem atuar para, segundo as regras, eliminar o mal, literalmente, pela raiz.

Nesta quarta, o Senado vota, por maioria simples — metade mais um dos presentes, desde que garantido quórum de metade mais um dos 81 senadores —,  a admissibilidade do processo de impeachment. Dez entre dez políticos e analistas, inclusive os identificados com o governo, dão como certa a admissão, o que obrigará Dilma a se afastar.

A partir de então, o Senado terá 180 dias para julgá-la. Ela passa a ser presidente afastada, e Michel Temer, o vice, passa à condição de presidente interino. Consumada a condenação, por um mínimo de 54 votos, Temer se torna o presidente do Brasil, sem adjetivos de precarização.

Dilma está caindo porque cometeu crime de responsabilidade: no caso, atentou contra a Lei Fiscal — transgressão devidamente prevista no Inciso VI do Artigo 86 da Constituição, com penalidade prevista na Lei 1.079. Aí está a base jurídica.

Mas o impeachment é também e principalmente um processo político, e a presidente que se vai só chegou a tal destino porque perdeu as condições objetivas de governar o país. Curiosamente, as eleições de 2014, que lhe deram o passaporte para a segunda jornada, também lhe arrancaram o mandato. Como Dilma contou inverdades brutais sobre a realidade econômica do país, aplicou o maior estelionato eleitoral da história. E o povo foi às ruas.

Mas foi  tangida também pela crise econômica e pela desordem moral que tomou conta do Planalto. A Operação Lava Jato trouxe à luz as entranhas de um modelo de gestão que caracteriza não um governo, mas, no dizer da Procuradoria-Geral da República, uma inequívoca organização criminosa. Aonde que quer o PT tenha levado seus métodos, o que se tem é a civilização da propina.

E não pensem que, revelados os descalabros, tenhamos visto um partido contrito, arrependido, vexado… Nada disso! Quanto mais a realidade desmoralizava o discurso do petistas, mais se assanhavam a sua arrogância, a exposição de seu suposto exclusivismo moral, a exibição de suas inexistentes virtudes.

Confrontado com todas as evidências dos malfeitos, não vimos, em nenhum momento, nem mesmo um partido arrependido. Ao contrário: o PT inventou a tese ridícula do golpe e decidiu responder à montanha de provas com violência retórica, desqualificação dos adversários e ataques à própria Lava Jato.

Mal pela raiz
Falo, no começo deste texto, em cortar o mal pela raiz. Que mal? O PT porque PT? Ora, ainda que o partido se chamasse rosa, cheiraria a estrume se as suas práticas fossem as mesmas. 

Com a derrocada do PT, o que se espera é que se aposentem de vez, na cabeça dos tolos e bem-intencionados, as ilusões redentoras de que um ente de razão pode tomar o lugar da sociedade e, por intermédio da realização dos seus desígnios, cumprir o suposto destino de um povo — quem sabe da humanidade.

Essas aspirações, felizmente, foram mortas e estão enterradas no século passado. Num dos esquifes, está escrito “fascismo”; no outro, “socialismo”, faces só apenas aparentemente opostas de uma mesma crença bastarda.

Mas o petismo não se faz só de tolos bem-intencionados. A Lava Jato evidencia de forma cabal que mesmo a ideologia, nesses mais de 13 anos, serviu de cortina de fumaça para o maior assalto aos cofres públicos de que se tem notícia, atenção, no mundo! Estamos falando de ladrões!

Intelectuais mixurucas de esquerda saem por aí a pregar que o antipetismo é uma expressão de preconceito político. Trata-se de uma fala de vigaristas. Por que a ninguém nunca ocorreu antes classificar o “antimalufismo” de manifestação igualmente preconceituosa? Eu explico: é que Paulo Maluf, ao menos, nunca ousou transformar os seus métodos numa teoria do poder.

Dilma vai deixar a Presidência arrotando a sua honestidade pessoal, como se a única forma de atentar contra a democracia e o Estado de Direito fosse assaltando, literalmente, os cofres públicos. Não custa lembrar ainda outra vez que os crimes de responsabilidade não servem para punir gatunos do caixa, mas gatunos da institucionalidade.

Cumpre lembrar, a propósito que, a cada vez que esta senhora usou no Palácio do Planalto para chamar de golpe o impeachment e de golpistas seus adversários, estava se comportando, sim, como uma assaltante: uma assaltante da Constituição; uma assaltante das leis; uma assaltante da democracia.

Que Dilma se vá! Que se vá para não mais voltar! Que se vá para que o Brasil possa encontrar o seu caminho.

Os dias que virão pela frente não serão fáceis. Até porque os companheiros sempre foram hábeis sabotadores de governos alheios.

Mas os brasileiros também passaram por um treinamento intensivo e saberão como enfrentá-los.

O PT é passado.

Que venha o futuro!

 

Em Brasília, o impotente Lula ainda ronca papo. Vai assistir de perto à derrocada

Uma coisa é certa: o ex-presidente pretende ser o comandante da agitação e o líder maior da oposição a Michel Temer. Tomara que seja verdade! Caso se comporte com a competência e a eficiência até agora demonstradas, melhor para o Brasil. Porque ele vai quebrar a cara

Luiz Inácio Lula da Silva, nesse pós-climatério político, está se saindo um notável trapalhão. Mas, ainda assim, ousa dar lições de política a aliados e a adversários. Acho notável como a sua turma consegue plantar notícias na imprensa, sugerindo que ele pode estar na ofensiva de alguma coisa. Então vejamos.

A partir desta quarta-feira, Lula passa a ser assunto da 13ª Vara Federal de Curitiba, sob os cuidados de Sergio Moro. A Inês de Castro do governo Dilma — aquele que foi ministro sem nunca ter sido — perdeu o direito àquilo que já não tinha: o foro especial por prerrogativa de função.

Explica-se: a compra do silêncio de Nestor Cerveró, pela qual o Babalorixá de Banânia também é investigado, só estava no Supremo porque Delcídio do Amaral, estrela no mesmo inquérito, tinha direito a ser processado pelo tribunal. Agora, os dois migram para Curitiba.

Mas, ora vejam, o investigado não se faz de rogado, e seus porta-vozes anunciam que ele está a organizar a oposição. Não sabe direito o que propor. Os petistas pretendem insistir ainda na tese das eleições agora, mas sabem ser isso difícil.

Lula está imaginando saídas. Uma delas seria imitar aqui a chamada Frente Ampla, que uniu as esquerdas do Uruguai, um país cuja população é igual à do Rio Grande do Norte (3,4 milhões), com um território ligeiramente maior do que o do Acre. Ele também estaria em dúvida se lança uma campanha parecida com as Diretas-Já. Em suma, está mais perdido que petista demitido de cargo de confiança em estatal.

Uma coisa é certa: o ex-presidente pretende ser o comandante da agitação e o líder maior da oposição a Michel Temer. Tomara que seja verdade! Caso se comporte com a competência e a eficiência até agora demonstradas, melhor para o Brasil. Porque ele vai quebrar a cara. Querem ver?

Lula não teria gostado nada da patuscada em que se meteram José Eduardo Cardozo e o deputado Waldir Maranhão (PP-MA), que tentaram anular a votação do impeachment na Câmara. Nem era para gostar, claro! Foi um desastre. Mas cabe a pergunta: e quando ele próprio se meteu num quarto de hotel em Brasília e, mesmo sem função oficial no governo, começou a distribuir cargos?

Ora, é evidente que a tentativa de Lula de ser um superministro e de, na prática, assumir a Presidência da República acabou acelerando a queda de Dilma. Como aqui se disse tantas vezes, a inciativa era de tal sorte absurda, exótica, que, das duas, uma: ou o processo político repudiaria o procedimento inconstitucional e anti-institucional ou se ajoelharia diante do chefão. E aqui se previu que haveria repúdio.

Por mais que Lula e os petistas queiram jogar as responsabilidades todas nas costas de Dilma, ele e o PT respondem por muitas das trapalhadas que vão depor a presidente.

E é este senhor que anuncia uma resistência como nunca antes na história “destepaís”. Bem, o que se viu nesta terça e veremos nesta quarta são algumas dezenas de baderneiros e desocupados, todos a serviço do PT, contribuindo para infelicitar ainda mais a vida dos brasileiros.

Será esse o padrão da “resistência”? Até torço para que seja: é o melhor caminho para a destruição total do PT, o que será uma bênção para o Brasil.

Ah, sim: o homem está em Brasília, naquele quarto de hotel! Quer assistir de perto à derrocada.

 

Dilma não vai mais descer a rampa! Ah, que chato!

Eu sempre fico chateado quando petistas ouvem um conselho meu. Acabam fazendo a coisa certa. Lula é mesmo um desmancha-prazeres. Faz mais de 13 anos que espero ver os petistas descendo a rampa, indo pra casa, se “pirulitando” do governo. E assim seria na quinta-feira.

A ainda presidente Dilma estava disposta a carregar nas tintas do drama, fazendo um ato solene, descendo a tal rampa como quem está sendo expulsa do Palácio por um golpe das elites.

É claro que seria uma tolice, né?, até do ponto de vista deles. Escrevi a respeito no dia 4 o seguinte:
“O PT pretende armar uma pantomima para mobilizar a sua tropa. Talvez não fosse prudente fazê-lo. Suponho que os adversários saberão transformar o ato supostamente solene num momento patético. Petistas gostam, no entanto, de uma patuscada romântica. Que seja!”

Pois é… Lula percebeu a mesma coisa e viu que a tal descida, que deveria marcar o “golpe”, se transformaria, na verdade, na imagem-símbolo da derrota. Ele deve saber que ela não volta mais, certo? A imagem restaria não como símbolo da resistência, mas da patetice.

O ex-presidente, então, aconselhou Dilma a evitar essa fotografia. É uma pena. Tira parte da graça. Ela não vai mais descer a rampa.

Os petistas convocaram os ditos movimentos sociais para a quinta-feira. Dizem esperar 10 mil pessoas. Também se cogitou a ideia de uma marcha, liderada por Dilma, do Palácio do Planalto para o da Alvorada. A ideia foi igualmente descartada. Pô, gente!, assim não dá! A mulher deve sair mesmo pela porta comum, sem rampa, pegar o carro, despedir-se dos funcionários que a acompanharão até o rabecão do estelionato eleitoral e ir embora. Tudo indica que para sempre.

Lula estragou tudo. Tirou o filé do prato dos fotógrafos. É claro que as esquerdas gritarão palavras de ordem e prometerão parar o Brasil. Besteira! Os protestos desta terça evidenciaram que não passam de meia dúzia de gatos- pingados. Atrapalham a vida das pessoas porque têm a cara de pau de obstruir avenidas.

Resta evidente, no entanto, que a esmagadora maioria do país vai respirar aliviada. Tristes mesmo ficarão os que vão perder a boquinha.

Vai haver um monte de petista procurando emprego. Em boa parte dos casos, o primeiro emprego.

 

Delcídio já vai tarde; acho que seria inaceitável tê-lo votando contra Dilma. A nossa ética pede mais do que isso

E Delcídio do Amaral teve seu mandato cassado por 74 votos a favor, nenhum contra e apenas uma abstenção, que é de praxe, do senador João Alberto (PMDB-MA), presidente do Conselho de Ética. Para o bem da política, está inelegível por oito anos. Um dos políticos mais influentes do país, quadro graúdo do petismo, despencou das alturas. Quando foi preso, no dia 25 de novembro do ano passado, era nada menos do que líder do governo no Senado.

O ex-senador é acusado de integrar uma organização criminosa e de tentar obstruir investigações da Lava Jato. Gravação que veio a público, feita pelo filho de Nestor Cerveró, indica que ele participava de um plano para garantir a fuga do ex-diretor da Petrobras, que negociava um acordo de delação à época.

O próprio Delcídio, depois, decidiu colaborar, num testemunho considerado “bomba”. Segundo o agora ex-senador, tanto Lula como Dilma tinham ciência das irregularidades ocorridas em seus governos. Mais: ele afirmou que empreendeu negociações com Cerveró atendendo ao comando do sr. Luiz Inácio Lula da Silva.

A sessão reservou tempo para a defesa, mas Delcício e seu advogado não compareceram. Antonio Figueiredo Basto, defensor do senador cassado, classificou a sessão de “comédia de fantoches”. Referia-se ao fato de Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, ter negado um recurso para incluir elementos novos ao processo, o que poderia atrasar a tramitação.

 

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Querem saber? Delcídio está muito bem cassado. A gravação que veio a público e o conteúdo de sua delação dizem por quê. Se, ao colaborar, ele terá benefícios na área penal, não há razão nenhuma para que não seja punido com severidade máxima na esfera política.

Com Delcídio fora, é possível que haja um voto a menos em favor da cassação de Dilma no Senado e um a mais em favor de sua absolvição. O suplente do cassado é o milionário Pedro Chaves dos Santos Filho (PSC-MS), um empresário que é amigão de Lula. O homem também é ligado por laços familiares a José Carlos Bumlai, o pecuarista que foi o faz-tudo do chefão petista e que também está preso. Neca, filha de Pedro Chaves, é casada com Fernando, filho de José Carlos.

Nesta quarta, se quiser, o novo senador já pode votar na sessão que vai decidir a admissibilidade ou não do processo contra a presidente Dilma.

Delcídio é o terceiro senador a ser cassado. Antes dele, houve Luiz Estevão, com 52 votos, em 2000, e Demóstenes Torres, com 56, em 2012.

Querem saber? Ainda que eu ficasse mais contente e mais tranquilo com um voto a mais contra Dilma e um a menos a favor — se é que se vai cumprir o esperado —, acho que seria indecente ver Delcídio votar o afastamento da presidente. Ainda que Renan tenha prestado um favorzinho à petista, vamos ser claros: há o certo e há o errado. E Delcídio votar seria, certamente, um erro.

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Fonte: Blog Reinaldo Azevedo, veja.com

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