A VOLTA DA ESTELIONATÁRIA – (por REINALDO AZEVEDO)
O pronunciamento da presidente Dilma Rousseff, que acabou restrito às redes sociais depois que ela desistiu da cadeia nacional de rádio e televisão, dá conta da loucura que tomou conta do Planalto. Como é que esta senhora pensa governar depois caso sobreviva? A petista repisou a ladainha mentirosa de que está em curso um golpe no Brasil e conclamou os seus seguidores à resistência.
Uma governante que chama um processo de impeachment regulamentado pelo Supremo de golpismo diz bem a responsabilidade que tem. Mas isso, acreditem, nem foi o pior. Ela repetiu o discurso do estelionato que à levou à reeleição e lançou, agora contra Michel Temer, as mesmas acusações que fez contra o tucano Aécio Neves em 2014.
Afirmou a ainda presidente:
“Peço a todos os brasileiros que não se deixem enganar. Vejam quem está liderando esse processo e o que propõem para o futuro do Brasil. Os golpistas ja disseram que, se conseguirem usurpar o poder, será necessário impor sacrifícios à população brasileira. Com que legitimidade? Querem revogar direitos e cortar programas sociais, como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida. Ameaçam até a educação pública. Querem abrir mão da soberania nacional, mudar o regime de partilha e entregar os recursos do pré-sal às multinacionais estrangeiras. Antes de tudo, o que move os golpistas são os nossos acertos.”
Como se vê, no discurso de Dilma, não houve crime de responsabilidade, e aqueles que se movimentam em favor do impeachment estão a serviço de interesses inconfessáveis. Na reta final, no desespero, Dilma retorna ao discurso terrorista da campanha eleitoral, quando atribuiu ao adversário intenções que, depois, acabaram fazendo parte do seu próprio rol de medidas.
Aquela que lidera o governo mais criminoso da nossa história se coloca como o esteio da dignidade política. Quem diria, não é? Enquanto ela gravava esse pronunciamento, o presidente “de facto” do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, distribuía cargos num quarto de hotel. Ele também gravou um vídeo em que, com a sem-cerimônia habitual, deixou claro que, se derrotado o impeachment, será ele próprio a garantia do governo. Isso, sim, é a mais pura expressão de um golpe.
Dilma foi adiante e atribuiu a seus adversários práticas que só típicas das milícias que a apoiam e que ela recebe em palácio. Afirmou:
“Para alcançar seus objetivos, estão dispostos a violentar a democracia e a rasgar a Constituições, espalhando a intolerância, o ódio e a violência entre nós”.
As quatro grandes manifestações em favor do impeachment constituíram as quatro maiores da história do Brasil. Não se registrou, à diferença do que diz esta senhora em seu discurso irresponsável, um só ato de violência. Já os seus brucutus, ah, estes, sim, ameaçam, intimidam, atacam e prometem conduzir o país ao caos.
Em seu discurso, Dilma praticamente extingue os artigos 85 e 86 da Constituição. O primeiro trata dos crimes de responsabilidade — e entendo que ela foi muito além do atentado à Lei Fiscal —, e o segundo, do impeachment. Segundo a pensadora, a deposição de um presidente eleito é inaceitável e pronto. Por esse caminho, os petistas precisam começar a chamar de “golpe” o impeachment de Collor.
Esse é um discurso de guerra, não de paz. A fala injeta veneno na sociedade brasileira e se sustenta em mentiras óbvias. Se Dilma, para má sorte do país, sobrevive ao impeachment, tende, sim, a conduzir o país para a desordem. E não! O caos não será provocado por seus adversários, mas pela própria presidente e seus aliados.
Para arremate, Dilma encontrou os culpados pela situação calamitosa do país. Leiam:
“Os derrotados mergulharam o país num estado permanente de instabilidade política, impedindo a recuperação da economia, com um único objetivo: de tomar à força o que não conquistaram nas urnas”.
Entenderam? Não houvesse oposição no Brasil, não haveria crise. Dilma superou Dilma na mentira, no estelionato eleitoral e na truculência retórica.
Ela, que não governa, quer ser agora a sacerdotisa do apocalipse. Mas não será. Segue o vídeo.
Temer não pode esperar até domingo para falar aos brasileiros. Tem de ser hoje!
O vice-presidente Michel Temer será o presidente da República se Dilma for condenada num processo de impeachment. Com a responsabilidade que pesa sobre seus ombros, não pode esperar até domingo ou até segunda para falar aos brasileiros: tem de fazê-lo já, neste sábado.
Parece-me evidente que Dilma e seus asseclas cometem crime de improbidade e de responsabilidade quando, em discursos virulentos, inclusive dentro do Palácio do Planalto, investem no conflito social, intimidam o Legislativo, pressionam o Judiciário e, por óbvio, atentam contra os direitos políticos daqueles que defendem o impeachment.
Esta senhora e seus jagunços retóricos estão tentando tornar sem efeito os Artigos 85 (que trata dos crimes de responsabilidade) e 86 (o do impeachment) da Constituição. Ao tachar o processo de golpe, evidenciam não reconhecer os fundamentos do Estado de Direito.
Como se isso, por si, fosse pouco, Dilma agora atribui a seu possível sucessor a disposição de acabar com programas sociais e de entregar o pré-sal a multinacionais estrangeiras (veja post). De novo, é o discurso do medo, empregado por Lula da disputa de 2006 e pela própria Dilma nas de 2010 e 2014.
Rasgados os véus diáfanos da fantasia, posto o jogo às claras, não resta a Temer outro caminho senão romper o silêncio e tranquilizar a nação. Trata-se, antes de mais nada, de uma espécie de direito de defesa. Se a presidente tem a cara de pau de vir a público para acusar seu vice de “golpista”, ninguém melhor do que ele próprio para explicitar a natureza do jogo.
Temer não é subordinado de Dilma. Foi eleito vice-presidente da República e é seu sucessor legal. Se o Planalto usa hoje a máquina pública para demonizá-lo e para atribuir intenções que não tem, ele deve recorrer a todos os instrumentos que lhe facultam as leis para pôr os pingos nos is, restabelecendo a verdade. E há de fazê-lo, sim, um dia antes da votação. O que não faz sentido é ser alvo fixo de uma impressionante máquina de difamação.
E o vídeo não precisa conter muito mais do que aquela mensagem em áudio que circulou pelo WhatsApp, em que o vice deixava claro o seu compromisso com os programas sociais e pregava a necessidade de reunificar o país.
O Brasil está muito perto de dar um primeiro passo no caminho certo. Mas convém não contar o resultado como favas contadas. A máquina criminosa não tem nem limites nem escrúpulos. E precisa de uma resposta.
Grave, senhor vice-presidente, um vídeo dirigido aos brasileiros de boa-fé, que não suportam mais esse estado de coisas. Em nome da democracia e do Estado de Direito.
O maior pensador do impeachment se chamava Chacrinha: a disputa só acaba quando termina!
Olhem aqui: as fontes são boas, responsáveis e ponderadas. São também favoráveis ao impeachment e informam que há 369 votos considerados “seguros” em favor da saída da presidente.
Nas últimas horas, a guerra de informação conseguiu plantar nos grandes veículos de comunicação uma suposta “virada” em favor da petista.
Os motivos? Bem… Alguns adversários do PT asseguram que jatinhos e malas de dinheiro estão no pacote. Tudo para tirar do país alguns deputados e deputadas que dispostos a votar contra Dilma.
A própria presidente, e isto não é boato, está procurando pessoalmente alguns deputados e arrancando do interlocutor a promessa de apoio.
A exemplo do que fez na semana passada, o governo está, como se diz, engravidando jornalistas pelo ouvido: “Ah, já conseguimos, já conseguimos…” Um deputado com dotes artísticos, farsescos, como Silvio Costa fica brandindo listas…
Bem, confio naquelas fontes. Hoje, sexta à noite, o governo não tem o número necessário para impedir o impeachment. Mas, de maneira nenhuma, é o caso de relaxar.
O impeachment é como o “Programa do Chacrinha”: só acaba quando termina…
Não tem essa de considerar que “as coisas estão sob controle”. Nunca estão. Especialmente quando vigem os métodos consagrados por Luiz Inácio Lula da Silva.
Acho que o governo mente quando anuncia a virada. Mas isso não quer dizer que se deva descansar.
Para encerrar
Não haveria nenhuma razão para uma mudança na sexta-feira que se seguiu às múltiplas derrotas do governo no Supremo.
Se verdadeira fosse, só uma coisa explicaria: dinheiro. Por enquanto ao menos, nem ele conseguiu.
Mas a coisa só acaba quando termina: no domingo!
Boatos falam em jatinhos deixando o país levando deputados e grana
O que se comenta em Brasília é que a ausência de um deputado no dia da votação já custa mais caro do que um voto a favor do governo. Aquele que vai dizer “não” ao impeachment ou pertence a um partido que não lhe permite fazer outra coisa ou já é um aquinhoado com cargo.
Há gente que vai dizer “sim” ao impedimento só porque está à espera de uma oferta para dizer “não”? É claro que sim. E o governo foi às compras.
Os boatos se multiplicam. Jatinhos estariam sendo oferecidos, recheados com dinheiro vivo, só para que o parlamentar de um pulinho fora do país, voltando na terça-feira.
Jatinho com dinheiro é método que não surpreende petistas e seus aliados. Vejam, por exemplo, o caso da prisão de Bené, o caixa da campanha de Pimentel.
É claro que eu torço para que tudo isso não passe de fofoca.
Imaginem que país viria depois.
Em reunião com aliados, Dilma ‘corta’ Silvio Costa
Em reunião com parlamentares governistas na quarta-feira, Dilma deu uma demonstração de como trata os (poucos) aliados.
Quando seu principal defensor na Câmara, Silvio Costa (PT do B-PE), quis fazer uma contagem de votos para dizer que o impeachment não passaria, foi cortado pela presidente, que o mandou mudar de assunto.
Financiadores pressionaram deputados por retirada de apoio a Dilma
A pressão dos movimentos pró-impeachment, com bullying nas redes sociais e no WhatsApp, até ajudou. Mas o que pesou mais para a debandada de partidos como PP, PSD e PR do apoio ao governo na semana decisiva do impeachment foi a ação direta de financiadores de campanha e grandes grupos econômicos sobre os indecisos e os que pretendiam votar com Dilma.
Pesos-pesados dos setores produtivo e financeiro e representantes de entidades de classe como Fiesp, CNI, CNA e CNT telefonaram pessoalmente para uma lista de parlamentares para exigir daqueles que sempre ajudaram apoio à deposição da presidente.