OS OITO CADÁVERES DO CASO CELSO DANIEL E O PAPEL DE CADA UM (por Reinaldo Azevedo)

Publicado em 02/04/2016 03:56
Ou o caso Celso Daniel é uma tramoia muito bem urdida ou e uma das maiores somas de coincidências do mundo... E com detalhes um tanto espantosos

 

A questão de fundo de parte da nova fase da Operação Lava Jato é o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel, que foi sequestrado e apareceu morto no dia 18 de janeiro de 2002. Era, então, o coordenador da pré-campanha de Lula à Presidência.

Desde aquele dia, tem-se uma fila imensa de cadáveres e poucas respostas. A tese do Ministério Público é a de que Celso foi vítima de um crime de encomenda, desdobramento de um esquema instalado na própria prefeitura, coordenado por ele, destinado a desviar recursos para o PT. Membro do grupo, Sérgio Sombra, amigo pessoal do prefeito, é acusado de ser o mandante.

Até agora, o único condenado é Marcos Roberto Bispo dos Santos, o Marquinhos. O julgamento aconteceu no Fórum de Itapecerica da Serra. Adriano Marreiro dos Santos, seu advogado, diz que seu cliente confessou sob tortura. O Ministério Público reuniu evidências de que ele dirigiu um dos carros que abalroou a picape em que Celso estava, encomendou o roubo de outro veículo que participou da operação e conduziu a vítima da favela Pantanal, em Diadema, para Juquitiba, onde foi assassinada.

Bruno Daniel, um dos irmãos de Celso, afirma que, no dia da missa de sétimo dia, Gilberto Carvalho confessou que levava dinheiro do esquema montado na prefeitura para a direção do PT. Carvalho lhe teria dito que chegara a entregar R$ 1,2 milhão ao então presidente do partido, José Dirceu. Carvalho e Dirceu negam.

Bruno e sua família chegaram a se exilar na França por causa das ameaças de morte e receberam o estatuto oficial de refugiados. Francisco, o outro irmão, também teve de se mudar de São Paulo e vive recluso. Eles não aceitam a tese de que o irmão foi vítima de crime comum.

O ressentimento de Bruno – ele e a mulher eram militantes do PT – com o partido é grande. Ele acusa os petistas de terem feito pressão para que a morte fosse considerada crime comum. Outro alvo seu é o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, então deputado federal pelo partido.

Greenhalgh acompanhou a necropsia do corpo e assegurou à família que Celso não tinha sido torturado, o que foi desmentido pelo legista Carlos Delmonte Printes em relato feito à família. A tortura é um indício de que os algozes do prefeito queriam algo mais do que sequestrá-lo para obter um resgate, o que nunca foi pedido.

Por que Greenhalgh afirmou uma coisa, e o legista, outra? Difícil saber: no dia 12 de outubro de 2005, Printes foi encontrado morto em seu escritório. A perícia descartou morte natural e não encontrou sinais de violência. A hipótese de envenenamento não se confirmou. Não se sabe até agora o motivo.

Todos os mortos

A lista de mortos ligados ao caso impressiona. Além do próprio Celso, há mais sete. Um é o garçom Antônio Palácio de Oliveira, que serviu o prefeito e Sérgio Sombra no restaurante Rubaiyat em 18 de janeiro de 2002, noite do sequestro. Foi assassinado em fevereiro de 2003. Trazia consigo documentos falsos, com um novo nome. Membros da família disseram que ele havia recebido R$ 60 mil, de fonte desconhecida, em sua conta bancária. O garçom ganhava R$ 400 por mês. De acordo com seus colegas de trabalho, na noite do sequestro do prefeito, ele teria ouvido uma conversa sobre qual teria sido orientado a silenciar.

Quando foi convocado a depor, disse à polícia que tanto Celso como Sombra pareciam tranquilos e que não tinha ouvido nada de estranho. O garçom chegou a ser assunto de um telefonema gravado pela Polícia Federal entre Sombra e o então vereador de Santo André Klinger Luiz de Oliveira Souza (PT), oito dias depois de o corpo de Celso ter sido encontrado. “Você se lembra se o garçom que te serviu lá no dia do jantar? É o que sempre te servia ou era um cara diferente?”, indagou Klinger. “Era o cara de costume”, respondeu Sombra.

Vinte dias depois da morte de Oliveira, Paulo Henrique Brito, a única testemunha desse assassinato, foi morto no mesmo lugar com um tiro nas costas. Em dezembro de 2003, o agente funerário Iran Moraes Rédua foi assassinado com dois tiros quando estava trabalhando. Rédua foi a primeira pessoa que reconheceu o corpo de Daniel na estrada e chamou a polícia.

Dionízio Severo, detento apontado pelo Ministério Público como o elo entre Sérgio Sombra, acusado de ser o mandante do crime, e a quadrilha que matou o prefeito, foi assassinado na cadeia, na frente de seu advogado. Abriu a fila. Sua morte se deu três meses depois da de Celso e dois dias depois de ter dito que teria informações sobre o episódio. Ele havia sido resgatado do presídio dois dias antes do sequestro. Foi recapturado.

O homem que o abrigou no período em que a operação teria sido organizada, Sérgio Orelha, também foi assassinado. Outro preso, Airton Feitosa, disse que Severo lhe relatou ter conhecimento do esquema para matar Celso e que um “amigo” (de Celso) seria o responsável por atrair o prefeito para uma armadilha.

O investigador do Denarc Otávio Mercier, que ligou para Severo na véspera do sequestro, morreu em troca de tiros com homens que tinham invadido seu apartamento. O último cadáver foi o do legista Carlos Delmonte Printes. Perderam a conta? Então anote aí:

1) Celso Daniel : prefeito. Assassinado em janeiro de 2002.

2) Antônio Palácio de Oliveira: garçom. Assassinado em fevereiro de 2003.

3) Paulo Henrique Brito: testemunha da morte do garçom. Assassinado em março de 2003.

4) Iran Moraes Rédua: reconheceu o corpo de Daniel. Assassinado – dezembro de 2003.

5) Dionízio Severo: suposto elo entre quadrilha e Sombra. Assassinado – abril de 2002.

6) Sérgio Orelha: amigo de Severo. Assassinado em 2002.

7) Otávio Mercier: investigador que ligou para Severo. Morto em julho de 2003.

8) Carlos Delmonte Printes: legista encontrado morto em 12 de outubro de 2005.

 

Escritório da ex-contadora de Alberto Youssef sofre incêndio

Meire Poza entregou à Polícia Federal documentos de empréstimo de Ronan Maria Pinto, preso hoje pela Lava Jato (Do portal Jovem Pan):

O escritório da ex-contadora de Alberto Youssef, Meire Poza, foi atingido por um incêndio na noite desta quinta-feira (31). O escritório de contabilidade fica na Avenida Santo Amaro, bairro do Itaim Bibi, zona sul de São Paulo.

Pelo menos cinco salas comerciais foram atingidas pelo incêndio e o teto desabou. O prédio fica no Itaim Bibi, na Zona Sul de São Paulo. O fogo assustou os alunos de uma academia de luta que fica no andar de baixo, mas ninguém ficou ferido.

“O que me veio na cabeça é que pode ter sido algum tipo de retaliação”, afirma Poza. Ela entregou à Polícia Federal um suposto documento comprovando o empréstimo de R$ 6 milhões para Ronan Maria Pinto, preso em nova fase da Operação Lava Jato hoje, sexta. “Não sei se foi uma retaliação de todo mundo que ficou com raiva de mim”, disse, chorando.

 

O submundo do crime

POR MERVAL PEREIRA

02/04/2016 10:31 EM O GLOBO:

Mensalão, petrolão, escândalos de corrupção que deixaram marcas indeléveis na história do Brasil, e do partido que se propunha a mudar a maneira de fazer política no país, são consequências quase que obrigatórias da atuação no submundo do crime que sustentou a chegada do PT ao comando do governo federal.
Não é à toa que figuras como o ex-tesoureiro Delúbio Soares e o ex-secretário-geral do PT Silvinho Pereira, condenados no mensalão, aparecem novamente na fase atual da Lava-Jato, que, batizada de Carbono 14, exuma fatos da pré-história petista rumo ao poder.
À linguagem chula do chefão, soma-se agora uma série de suspeitas de ações criminosas: assassinatos em série, chantagens, ameaças de todo o tipo, incêndio possivelmente criminoso, propina da máfia dos transportes públicos e do recolhimento de lixo em cidades dirigidas pelo PT. 
O estereótipo do sindicalismo criminoso, tornado famoso pelos relatos cinematográficos de Hollywood, está na raiz da ascensão política do PT e, tal qual um novo rico que quer esconder seu passado, ou comprar título de nobreza, também os petistas gostariam de sepultar o passado para assumir postura de grandes líderes políticos.
A maioria conseguiu mudar a aparência às custas de bem cortados ternos Armani, ou do nacional Ricardo Almeida, e manteve a pose até quando conseguiu, mas o espírito continua o mesmo. Espectros do passado teimam em persegui-los, o cadáver insepulto do ex-prefeito de Santo André cisma de confrontá-los, os companheiros que, pelos relatos da família e que agora passam a ser investigados pela Operação Lava Jato, desviaram-se do caminho vislumbrado por Daniel e acabaram por se livrarem dele da maneira mais brutal.
A Operação Carbono 14, desdobramento 27 da Lava Jato, deflagrada ontem, aprofunda a investigação sobre lavagem do dinheiro de empréstimo do Banco Schahin para o PT que teria sido pago com contratos da Petrobrás, tendo como internediário o amigo de Lula José Carlos Bumlai. 
Quem ligou as pontas entre o empréstimo fraudulento e o crime de Santo André foi a ex-contadora do doleiro Alberto Yousseff. Meire Poza entregou à Polícia Federal documentos que provam que pelo menos metade do empréstimo, cerca de R$ 6 milhões, tiveram como destinatário final o empresário Ronan Maria Pinto, preso ontem pela Lava Jato.
(Coincidentemente, o escritório de Meire foi incendiado ontem, em mais um toque mafioso nessa trama escabrosa). 
Segundo relato do empresário Marcos Valério, foi o pagamento de uma chantagem do empresário do ABC contra os ex-ministros Gilberto Carvalho, José Dirceu e também contra Lula, para não contar a verdadeira história do assassinato de Celso Daniel. 
O blogueiro chapa-branca Breno Altman, que escreve no blog 247 e dirige o Opera Mundi, foi levado coercitivamente para depor, pois aparece novamente em esquemas criminosos, como a ligação de José Dirceu com doleiros e assemelhados.
O documento que Meire apresentou à Polícia Federal foi lhe dado pelo doleiro Enivaldo Quadrado, braço direito de Youssef, condenado no mensalão. Cuja multa na ocasião foi paga pelo PT, através de Altman. 
O ex-secretário-geral do PT Silvinho Pereira (ou Silvinho Land Rover, devido a um carro que recebeu de presente no mensalão) recebia uma mesada para ficar calado, pois é dado a remorsos que precisam ser muito bem remunerados para não se tornarem delações premiadas.
Na época do mensalão, ele se dispôs a depor para O Globo, mas acabou arrependendo-se, num surto psicótico em que quebrou todo o seu apartamento e se disse ameaçado de morte. Diante do fato de que nada menos que nove mortos já surgiram no rastro do assassinato do ex-prefeito Celso Daniel, seu temor não deve ser sem motivo.
Também o delator Paulo Roberto Costa declarou-se com medo de ser morto, alegando justamente o caso Celso Daniel. A Operação Lava Jato chega, portanto, às profundezas da lama petista. 
Os fantasmas do mensalão unem-se à atualidade do petrolão para mostrar a continuidade delitiva dessa organização criminosa - já oficialmente assim identificada - que tomou conta do governo brasileiro, de acordo com a visão da Operação Lava Jato. 

Os pontos-chave:
1- Não é à toa que figuras como o ex-tesoureiro Delúbio Soares e o ex-secretário-geral do PT Silvinho Pereira, condenados no mensalão, aparecem novamente na fase atual da Lava-Jato, que, batizada de Carbono 14, exuma fatos da pré-história petista rumo ao poder.
2 - Espectros do passado teimam em persegui-los, o cadáver insepulto do ex-prefeito de Santo André cisma de confrontá-los, os companheiros que, pelos relatos da família e que agora passam a ser investigados pela Operação Lava Jato, desviaram-se do caminho vislumbrado por Daniel e acabaram por se livrarem dele da maneira mais brutal.
3 - Os fantasmas do mensalão unem-se à atualidade do petrolão para mostrar a continuidade delitiva dessa organização criminosa que tomou conta do governo brasileiro.

 

Lula é alvo oculto da operação que investiga assassinato de Celso Daniel (por FELIPE MOURA BRASIL, EM VEJA.COM.BR)

Nunca antes tantas verdades se confirmaram num dia da mentira.

Só um resumão em notas para apontá-las:

I.

Matéria de VEJA de 2014

– Hoje, está provado: o TSE aparelhado pelo PT condenou VEJA a publicar direito de resposta do PT em 2014 por noticiar a verdade. A matéria ‘O PT sob chantagem‘ revelou apenas fatos, agora praticamente confirmados pela Operação “Carbono 14″, da Lava Jato.

Dois anos atrás, o site Brasil 247 comemorou a condenação da revista, depois felizmente suspensa em decisão do ministro Gilmar Mendes, do STF. Nesta sexta-feira (1/4), Breno Altman, um dos colaboradores do site petista foi conduzido coercitivamente a depor.

– O relator do caso acima no TSE foi o ministro Admar Gonzaga, advogado da campanha de Dilma Rousseff em 2010. O mesmo Admar que, às vésperas da eleição de 2014, também condenou o site de VEJA a publicar direito de resposta de Dilma sobre a capa “Eles sabiam de tudo” (do petrolão), que, meses depois, foi igual e integralmente confirmada pela retirada do sigilo do depoimento do doleiro Alberto Yousseff.

O PT sabe, no entanto, que o tempo é senhor da razão, mas a razão não é senhora da eleição.

– As palavras de Gilmar Mendes ao suspender a decisão do TSE petista sobre a matéria da chantagem merecem ser lembradas hoje pela sua precisão:

“Estando os fatos sob investigação, não é possível concluir sobre sua incorreção ou inveracidade”.

– O ministro entendeu que “o acórdão eleitoral incorreu, no mínimo, em excesso” ao “emprestar interpretação excessivamente limitadora da liberdade de imprensa”, que destoava da própria jurisprudência do Supremo em decisões de Carlos Ayres Britto.

Foi mais uma aula de Gilmar Mendes em Teori “Da Conspiração” Zavascki e Rodrigo Janot, entre outros que endossaram Admar Gonzaga. Daqui a dois anos, quem sabe, eles se darão conta de que Gilmar também tem razão ao suspender tanto a posse de Lula quanto seu direito ao foro especial no STF.

II.

Folha: “Os petistas estão especialmente tensos com a detenção do ex-secretário-geral do partido Silvio Pereira”. “Desde o mensalão, Silvinho tem rompantes e envia recados ao comando do PT. A avaliação de petistas é que, sob pressão, ele seria capaz de ‘falar qualquer coisa’, mesmo o que não sabe.”

Isto não é uma “avaliação”. Isto é o ataque preventivo do PT à credibilidade das informações que os petistas sabem que o eventual delator pode dar.

– “Já Delúbio Soares é apontado como mais centrado e não causa tanta apreensão. Breno Altman, por sua vez, é tido como um braço do ex-ministro José Dirceu e é conhecido como uma pessoa resiliente.” Isto, sim, é uma avaliação do nível de cumplicidade dos alvos da Lava Jato com os crimes do partido.

– Silvio Pereira não recebeu apenas uma Land Rover da empreiteira GDK. Ele também recebeu pixulecos das empreiteiras do petrolão OAS e UTC, que somam R$ 500 mil, na conta bancária de uma de suas empresas. O lobista Fernando Moura afirmou ter sido informado de que Silvinho recebia “um cala-boca”, ou seja, dinheiro que garantiria seu silêncio sobre o esquema de corrupção.

Dá para entender o pânico dos petistas de que ele abra o bico de vez? Então acrescente aí:

Moura disse que Silvinho ajudou a montar a equipe de governo no primeiro mandato de Lula, organizando as indicações para os 32 mil cargos no governo federal, autarquias e empresas públicas. Foi Silvinho quem pré-aprovou Renato Duque para a Petrobras antes do aval de José Dirceu e Lula. Duque está preso, resistindo à delação, mas Silvinho chegou para acabar com o marasmo da rapaziada.

– Meire Poza, ex-contadora de Youssef, foi quem forneceu à Lava Jato o contrato de mútuo dos R$ 6 milhões repassados ao empresário Ronan Maria Pinto. O escritório de Meire foi atingido por um incêndio na noite de quinta-feira.

Ela disse ao site de VEJA acreditar ter sido uma retaliação pela entrega de documentos que comprometem envolvidos no petrolão. Queima de arquivo, literalmente, é com a organização criminosa.

– Relembro o post anterior: os R$ 6 milhões para Ronan vieram do empréstimo de R$ 12 milhões do banco Schahin a José Carlos Bumlai, amigão de Lula. Depois o PT devolveu o favor ao grupo Schahin entregando contratos na Petrobras. É o toma lá dá cá da propina.

– Como VEJA revelou em 2014, Meire contou que foi três vezes à casa de Breno Altman buscar “parcelas” equivalentes a 15.000 reais mensais. O dinheiro foi usado pelo empresário Enivaldo Quadrado para quitar a multa imposta pela Justiça pelo seu envolvimento no escândalo do mensalão.

A criminalidade petista é sempre cíclica: o mensaleiro Quadrado chantageava o PT ameaçando revelar que, em 2004, o partido comprara o silêncio de Ronan, que – em outra chantagem – ameaçava envolver Lula, o ministro Gilberto Carvalho e o ex-ministro José Dirceu no assassinato de Celso Daniel.

Quadrado entregou Altman, admitindo ter recebido dele em dólares para ficar quietinho. Nem tudo desce redondo para Quadrado.

O cadáver

– Sergio Moro, ao relatar que Ronan foi condenado na Justiça de Santo André por crimes de extorsão e corrupção ativa no esquema da Prefeitura, afirmou:

“É ainda possível que este esquema criminoso tenha alguma relação com o homicídio, em janeiro de 2002, do então prefeito de Santo André, Celso Daniel, o que é ainda mais grave”.

A gravidade do petismo é mesmo imensurável.

– A propósito: o nome da Operação Carbono 14 faz referência ao método de datação de fósseis, uma alusão a procedimentos utilizados para investigação de fatos antigos. Na verdade, a ossada de Celso Daniel, que interveio na máfia dos transportes que financiava o PT na cidade.

– Moro: “Se confirmado o depoimento de Marcos Valério [operador do mensalão], de que os valores lhe foram destinados em extorsão de dirigentes do PT, a conduta é ainda mais grave, pois, além da ousadia na extorsão de na época autoridades da elevada Administração Pública, o fato contribuiu para a obstrução da Justiça e completa apuração dos crimes havidos no âmbito da Prefeitura de Santo André”.

O depoimento de Valério foi revelado por VEJA em 2012.

A se manter a média, há esperanças de que Dilma Rousseff seja presa até 2020 pelas denúncias de Delcídio do Amaral que VEJA revelou no mês passado.

– Folha: “Irmão de Celso Daniel, Bruno José Daniel prestou depoimento e relatou que após o homicídio, lhe foi relatada a existência desse esquema criminoso [Santo André] e que envolvia repasses de parte dos valores da extorsão ao PT.

De acordo com seu relato, o fato lhe teria sido relatado por Gilberto Carvalho e por Miriam Belchior [ex-mulher do prefeito e ex-ministra].

Ele contou aos investigadores que o destinatário dos valores devidos ao PT seria José Dirceu e levantou suspeitas ainda sobre o possível envolvimento de Sergio Gomes da Silva no homicídio do irmão.” 

É por essas e outras que voltou a circular na internet o vídeo memorável do depoimento em que Paulo Roberto Costa manifestava o seu temor de ser celsodanielizado. A organização criminosa é capaz de tudo.

– O Globo: “nos bastidores, Lava Jato se queixa de Teori Zavascki” (como todo o Brasil, diga-se, à exceção de Lula e seus comparsas).

Os investigadores “avaliam que o ‘puxão de orelha’ de Teori em Moro foi ‘além da conta’, especialmente pelo fato de o juiz do Supremo ter discutido o mérito de atos do magistrado”. “Teori não é juiz corregedor”, comentou um deles.

Teori, repito, é o Eugênio Aragão do Supremo.

– Radar de VEJA: “Ainda irritado com a decisão de Teori Zavascki que retirou do juiz Sergio Moro os grampos e as investigações sobre Lula, um investigador que atua na Lava-Jato disse o seguinte:

‘O STF pode ter tirado da jurisdição do Moro as investigações sobre a lavagem de Lula, mas ele tem agora uma de assassinato’.”

Com Moro é assim: amanhã vai ser maior.

Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil

 

Presidente do Instituto Lula pede anulação da Carbono 14

O presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, enviou nesta sexta-feira ao ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), uma reclamação contra o juiz Sergio Moro, que conduz os processos da operação em Curitiba. Segundo o documento assinado por três advogados de Okamotto, ao autorizar a deflagração da 27ª fase da Lava Jato, a Carbono 14, Moro desrespeitou a decisão proferida na quinta pelo STF segundo a qual o magistrado deve remeter à Corteas investigações contra o ex-presidente Lula, assim como outras apurações ligadas a ele.

A defesa do presidente do Instituto Lula argumenta que a Operação Carbono 14, que levou hoje à prisão o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira, além do empresário ligado ao partido Ronan Maria Pinto, foi baseada nos mesmos inquéritos que deram origem aos mandados de busca e apreensão e condução coercitiva de Okamotto e Lula na 24ª fase da Lava Jato, Aletheia. A 27ª fase da Lava Jato seria, portanto, segundo os advogados, "conexa" à investigação sobre Lula e deveria ter sido remetida ao Supremo.

Okamotto pede, então, a anulação da Operação Carbono 14 e que o STF tome "providências" contra suposto crime de desobediência praticado por Sergio Moro. "Salta aos olhos, aliás, esta estranha maneira casuísta com que a autoridade reclamada tem tratado os institutos da conexão e continência, valendo-se a bel-prazer de pesos e medidas diferentes conforme sua própria conveniência e corriqueiramente insistindo em descumprir as decisões proferidas por este Supremo Tribunal Federal", ataca o pedido da defesa de Paulo Okamotto, segundo a qual Moro se apressou a deflagrar a Carbono 14 pouco depois da decisão do STF, "antes que recebesse ofício com determinação para seu cumprimento".

Esta não é a primeira vez em que Okamotto procura o STF para fazer reclamações sobre Moro. Há duas semanas, a defesa do aliado de Lula afirmou ao Supremo que o magistrado não é o juiz natural para conduzir os processos da Lava Jato.

A 27ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada hoje, conseguiu ligar o petrolão a dois dos maiores escândalos que mancharam a história do Partido dos Trabalhadores nos últimos anos: o mensalão e o assassinato do prefeito de Celso Daniel.

LEIA MAIS:

Em depoimento à Lava Jato, irmão de Celso Daniel confirma relato de corrupção em Santo André

Silvio Pereira recebeu mais de R$ 1 milhão de suspeitos na Lava Jato

 

Lava Jato diz a Lula que o passado não passou (por JOSIAS DE SOUZA, Ddo UOL)

Em pleno Dia da Mentira, a Lava Jato deflagrou uma operação que devolve à cena verdades que o petismo havia enterrado em covas rasas. Num instante em que Lula molha a camisa para tentar salvar a própria pele e o futuro do governo Dilma, a “República de Curitiba” emite um aviso incômodo: atenção, o passado não passou.

O juiz Sérgio Moro mandou prender neste 1º de abril Silvinho Pereira, ex-secretário-geral do PT, e Ronan Maria Pinto, empresário do ABC Paulista. O primeiro personagem evoca o escândalo do mensalão. O segundo iça à superfície o caso do assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel.

Ronan é acusado de chatagear Lula e outros dirigentes petistas para silenciar sobre segredos que poderiam desvendar a morte de Celso Daniel. Silvinho é apontado como cúmplice da montagem da transação financeira que resultou na compra do silêncio do empresário por R$ 6 milhões.

A extorsão foi revelada em depoimento de Marcos Valério, condenado a 40 anos de cadeia no mensalão. Ele abriu o bico para a Procuradoria da República, em 2012. E a grana que remunerou o biombo foi surrupiada da Petrobras, contou à força-tarefa da Lava Jato o pecuarista José Carlos Bumlai, em novembro do ano passado.

Amigão de Lula, Bumlai disse ter repassado para o Partido dos Trabalhadores R$ 12 milhões de um pseudo-empréstimo que contraiu em 2004 no Banco Schahin. Metade da bolada foi para Ronan. A dívida jamais foi liquidada. E o Grupo Schahin foi brindado com um contrato de R$ 1,6 bilhão na Petrobras.

Súbito, surgem entrelaçados num mesmo inquérito os três grandes escândalos da era petista: o assassinato de Celso Daniel, o mensalão e o petrolão. Além de Silvinho e Ronan, voltou ao noticiário o ex-gestor das arcas petistas Delúbio Soares, conduzido sob vara pela Polícia Federal para prestar depoimento.

Até bem pouco, Dilma Rousseff fazia cara de paisagem para as operações da Lava Jato. Dizia não respeitar delatores e fingia que não era com ela. Já não pode adotar o mesmo comportamento. Hoje, a presidente guerreia para enfiar Lula na Casa Civil do Planalto. E terceirizou ao padrinho político o arrastão fisiológico anti-impeachment.

Sob holofotes, o PT mobiliza artistas, o sindicalismo da CUT e a militância dos movimentos sociais. Nos subterrâneos, ouve-se o barulhinho do tilintar de cargos e verbas manuseados por Lula para cavar votos contra o impeachment no PP, com 34 implicados no petrolão, e no PR, feudo cartorial do mensaleiro Valdemar Costa Neto.

A nova fase da Lava Jato foi batizada de Carbono 14, uma alusão à técnica utilizada para situar no tempo os achados arqueológicos. A exumação do passado que não passa para o PT produz um odor lancinante. Mas Lula, Dilma e o partido parecem não ligar. Eles já se ocupam dos detritos que serão investigados no futuro. É como se desejassem criar no Brasil uma Lava Jato eterna.

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Fonte: Blogs de veja.com + O GLOBO

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