Governo Dilma vira Disneylandia de fisiológicos, por JOSIAS DE SOUZA (do UOL)

Publicado em 31/03/2016 02:55
Blog do Josias (UOL)

cossada pelo risco de impeachment e abandonada pelo PMDB, Dilma Rousseff vive um desses momentos em que a vida exige de um governante a tomada decisões definitivas. São escolhas irreversíveis, que definem o que o resto do governo dela será, dure o quanto durar.

Aconselhada por Lula, Dilma examinou as alternativas. E decidiu: eu quero que o meu governo seja mais PP e mais PR. Mandou às favas o fato de o PP ser o partido mais enrolado no petrolão. Deu de ombros para a evidência de que o PR é um cartório a serviço do mensaleiro Valdemar Costa Neto.

Se isso não for suficiente para deter o impeachment, Dilma deseja passar à história como a presidente que rateou cargos e vendeu a alma para partidecos como Pros, PHS, PEN, PTdoB e PTN, transformando sua gestão numa espécie de Disneylandia do fisiologismo.

Dilma ainda dispõe da alternativa de desafiar Lula e dar um novo rumo à sua biografia. Isso poderia representar um suicídio político, apressando o impeachment. Mas uma morte com glória também pode ser o começo de uma redenção.

Por mal dos pecados, Dilma prefere ser Dilma. Já havia terceirizado a presidência a Lula. Agora, deixa de ter aliados. Eles é que a possuem. Não é certo que consiga barrar o impeachment. Mas ninguém mais tem dúvidas sobre quem Dilma decidiu ser.

– Via Nani.

Vem aí ‘novo governo’, com PHS, PEN, PTN…

O ministro petista Jaques Wagner veio à boca do palco para informar que o governo enxergou um lado bom no rompimento do PMDB. E nem precisou procurar muito. “A decisão chega em boa hora porque oferece à Dilma a ótima oportunidade de repactuar o seu governo.'' Vem aí “um novo governo…”

Segundo Wagner, Lula ajuda a costurar a nova aliança. No lugar do PMDB, haverá uma dose extra de PP e PR, além de pitadas de Pros, PHS, PEN, PTdoB, PSL, PTN e qualquer outra legenda que se disponha a trocar cargos por votos contra o impeachment.

Como se vê, é absolutamente natural que o ministro celebre a perspectiva de construir algo novo. Dilma está mesmo diante da possibilidade de criar um governo inteiramente novo. Caos não falta.

Jarbas defende coalizão nacional que inclua PT

Ao romper com o governo Dilma Rousseff, o PMDB achegou-se à posição do deputado pernambucano Jarbas Vasconcelos. Peemedebista dos tempos em que a legenda era chamada de MDB e ainda estava isenta do contágio com o poder, Jarbas tornara-se um dissidente justamente por fazer oposição aos governos Lula e Dilma. Agora, defende que um eventual governo chefiado por Michel Temer seja pluripartidário, não do PMDB.

“Não pode definitivamente ser um governo do PMDB”, disse Jarbas. “Tem que se buscar um governo de coalização nacional. Um governo que reúna os quadros mais capacitados dos demais partidos, inclusive do PT. Se o PT não quiser participar, é outra coisa. Mas tem que haver um chamamento a todos.” O deputado estima que o impedimento de Dilma será aprovado. “Ela deve sair entre abril e começo de maio. E passando na Câmara, o Senado não segura, já que o processo vai chegar com muita força.”

Convertido em ex-dissidente pelo súbito reencontro do PMDB com a oposição, Jarbas animou-se a comparecer à reunião do diretório que formalizou o rompimento com o governo. Foi convidado a compor a mesa. Incomodou-se com a companhia de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara. “Esse cidadão não tem a menor condição de presidir a Casa muito menos um processo de impeachment. Mas se os fatos caminharam para isso, cuidemos de um para depois tirarmos o outro. O tempo dele também já acabou. As denúncias contra ele só aumentam.”

– Charge do Duke, via O Tempo.

 

Cortes de Dilma atinge educação e saúde, mas poupa emendas de parlamentares (na FOLHA)

Em mais uma sinalização de uso de verbas orçamentárias nas negociações políticas com o Congresso, o governo Dilma Rousseff decidiu poupar despesas de interesse direto de congressistas de cortes que atingiram a maioria dos ministérios.

Conhecidas como emendas parlamentares individuais, os gastos incluídos por deputados e senadores no Orçamento não foram atingidos pelobloqueio temporário de despesas de R$ 21,2 bilhões detalhado nesta quarta-feira (30) por meio de um decreto presidencial.

O contingenciamento deve subtrair R$ 4,2 bilhões em verbas do Ministério da Educação, R$ 2,8 bilhões da Defesa, R$ 2,4 bilhões da Saúde e R$ 1,2 bilhão dos Transportes.

Já as emendas individuais, tradicionais instrumentos de negociação entre o Executivo e o Congresso, mantiveram os R$ 6,6 bilhões autorizados para o ano.

Segundo regras aprovadas no ano passado, o governo pode promover cortes nessas emendas na mesma proporção dos cortes sofridos pelas demais despesas não obrigatórias. O Planalto optou, porém, por cortar apenas emendas apresentadas por bancadas estaduais.

A intenção já anunciada pelo governo é reverter o bloqueio anunciado neste mês quando e se o Congresso aprovar o afrouxamento das metas para o resultado do Tesouro Nacional neste ano.

Em reação ao rompimento do PMDB, o governo deflagrou uma operação para redistribuir cargos na Esplanada dos Ministérios e apressar a liberação de verbas orçamentárias como forma de tentar garantir os votos necessários para barrar o impeachment na Câmara.

A ideia é ter, até sexta (1º), um novo ministério formado e, na próxima semana, realizar a primeira reunião ministerial já com novos integrantes. 

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Fonte: Blog do Josias (UOL)

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