A imprensa estrangeira descobriu que caiu no conto do Brasil Maravilha...
A imprensa estrangeira descobriu que caiu no conto do Brasil Maravilha, aplicado pelo bando de incapazes capazes de tudo
Lula elogia imprensa internacional e diz que ela é fiel aos fatos, informou em 2 de dezembro de 2010 o título da reportagem do Globo sobre a entrevista coletiva concedida pelo ainda presidente a correspondentes estrangeiros baseados no Rio e repórteres vindos de outros países. Antes que as perguntas começassem, o entrevistado contemplou os presentes com afagos que sempre negou à imprensa nacional.
“Temos acompanhado as informações que têm saído na imprensa internacional e elas têm correspondido exatamente ao que tem acontecido no Brasil”. começou a rasgação de seda com o elogio que cutucava a mídia reacionária, infestada de reacionários a serviço da elite golpista. “A cobertura favorável também é responsável pela boa imagem que o Brasil goza no exterior”, foi em frente o palanque ambulante.
Só publicações em outros idiomas, por exemplo, haviam captado o clima de euforia reinante no País do Carnaval. “O otimismo do brasileiro é o mais extraordinário entre todos os países”, recitou. “Acabou o complexo de vira-lata, porque hoje somos respeitados no mundo inteiro. Só não enxergam isso aqueles que torcem pelo fracasso do governo que governa para os pobres.
A lengalenga prosseguiu nos anos seguintes, em dueto com Dilma Rousseff e o endosso entusiasmado dos colunistas estatizados, blogueiros de aluguel, artistas dependentes de patrocínio federal e escritores que brilham no ranking dos mais comprados pelo MEC. “Neste país, o principal partido de oposição é a imprensa”, declamou em outubro de 2012 o padrinho que não lê nem sabe escrever. “Pra saber o que acontece aqui é preciso ler o que sai nos jornais lá fora”, concordou em março de 2013 a afilhada que ou não sabe o que diz ou não diz coisa com coisa.
Neste começo de outono, o que estão achando o chefe supremo, a sacerdotisa doidona e o resto da seita do que os principais jornais e revistas do planeta têm publicado sobre o Brasil? Desconfiam que as redações passaram ao controle de coxinhas poliglotas, financiados por capitalistas selvagens decididos a conferir dimensões internacionais à conspiração contra o governo do PT?
O que não podem admitir é que, como tantos milhões de brasileiros, a imprensa estrangeira enfim descobriu que caiu no conto do Brasil Maravilha, aplicado pelo bando de incapazes capazes de tudo. Há poucos dias, por exemplo, The New York Times publicou um editorial com o título “A crise no Brasil se aprofunda”. Entre outras observações desmoralizantes, o texto qualificou de “ridículas” as explicações gaguejadas por Dilma para fingir que Lula se refugiou no ministério não para fugir da cadeia, mas para servir à nação.
No domingo, um editorial do jornal inglês The Guardian aconselhou a governante desgovernada a renunciar ao comando do barco saqueado e à deriva. Nesta quarta-feira, a presidente que já não preside coisa alguma virou a senhora da capa da revista The Economist. Uma Dilma com cara de demitida por justíssima causa desvia os olhos para a esquerda, como se quisesse escapar da leitura de três palavras penduradas sobre a sua cabeça: TIME TO GO. Hora de ir. Ir embora, ir para casa ─ pela simples e boa razão de que já não há como ficar.
“Fiel aos fatos”, como disse há cinco anos o dono do sítio que não é dele, a publicação inglesa apresenta aos leitores um cortejo de verdades perturbadoras: o escândalo do Petrolão, a relevância histórica da Operação Lava Jato, o desempenho sem precedentes do juiz Sérgio Moro, as bandalheiras milionárias protagonizadas por Lula, a destrambelhada patifaria forjada para transformá-lo em ministro, as portentosas manifestações de rua, a incompetência do governo que produziu a maior crise econômica enfrentada pelo Brasil desde 1930.
Fica claro que chegou a hora de Dilma ir embora — ou com as próprias pernas, pelo caminho da renúncia, ou arrastada pela trilha do impeachment. Antes que o drama chegue ao desfecho, a criatura e seu criador deveriam convidar os representantes da imprensa internacional para outra entrevista coletiva, e explicar-lhes que os culpados são inocentes.
Se forem convincentes, os gringos talvez até saiam do local da entrevista avisando aos berros que não vai ter golpe. Caso contrário, os jornais e revistas estrangeiros vão transferir o noticiário sobre o Brasil para a seção reservada a casos de polícia.
Tags: conto do Brasil Maravilha, Dilma, imprensa estrangeira, incapazes capazes de tudo, Lula, Sérgio Moro, The Economist, The Guardian, The New York Times, Time to go
Marco Antonio Villa com Augusto Nunes no Sem Edição: ‘Lula sonha com a guerra civil’
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POLÍTICA / em O GLOBO
Quando o fato é grave
Para além da controvérsia jurídica, um processo político irreversível está deflagrado. A nação está diante de Sua Excelência, o fato
Por Gustavo Müller, O Globo
Conforme ensinava o Dr. Ulysses, em política o que predomina é “Sua Excelência, o fato”. Muito debate ainda será feito no meio jurídico a respeito da legalidade, ou da correção técnica, da suspensão do sigilo das investigações que envolvem o ex-presidente Lula e, consequentemente, a divulgação do áudio envolvendo a conversa entre ele e Dilma. Porém, não resta dúvida sobre a gravidade dos fatos. Fatos esses que, em uma conjuntura política tão conturbada, de um modo ou de outro, acabam se impondo mesmo por vício ou erro judicial.
Divulgação de escutas telefônicas, legais ou ilegais, não é novidade no Brasil. Durante o governo Fernando Henrique, uma escuta ilegal acabou derrubando um ministro, o presidente do BNDES, e colocou o próprio Fernando Henrique em uma situação constrangedora, pois também havia sido alvo de gravação.
As gravações que revelam as conversas de Lula e Rui Falcão com a presidente da República e altos escalões do governo dão ensejo à continuidade e ao agravamento de um processo de corrupção institucional que vinha sendo posto em prática desde o estouro do escândalo do mensalão. E qual a natureza desse processo de corrupção? Trata-se, como é sabido, de um projeto de hegemonia política na esteira de uma esquerda arcaica que conta com o aval da “intelectualidade orgânica”.
Nota-se que a presidente da República simplesmente abre mão de seu papel de chefe de Estado para atuar como uma militante clandestina que tenta salvar um companheiro de “cair”. Diante disso, caiu por terra toda a cantilena de que a presidente dispõe da legitimidade de 55 milhões de votos.
Em democracias maduras, os chefes de Estado desfrutam de legitimidade enquanto governam para toda a nação. Não é à toa que, encerrada a apuração, os eleitos se dizem “governantes de todos os cidadãos”. A partir desse momento, não cabe ao chefe de Estado utilizar seu cargo em função de seu partido ou grupo político. Evidentemente, estamos aqui diante de uma fronteira tênue, pois não há uma nítida separação entre a legítima ocupação da máquina governamental para a execução de um programa político que conta com o respaldo das urnas e a utilização dessa mesma máquina para objetivos pontuais ou abrangentes do partido governista.
Embora tênue, tal fronteira não permite, entre outras coisas, a tentativa de alterar o livre funcionamento de outros poderes. A substituição da negociação parlamentar pela compra sistemática de apoio político, condenada na Ação Penal 470, e o áudio que flagra a presidente tentando enviar para Lula o termo de posse para “ser usado em caso de necessidade” demonstram o modus operandi do projeto hegemônico do PT. Para além da controvérsia jurídica, um processo político irreversível está deflagrado. A nação está diante de Sua Excelência, o fato.
Gustavo Müller é professor de Ciência Política da Universidade Federal de Santa Maria
Sérgio Moro despeja Dilma do ranking dos 50 maiores líderes do mundo em 2016
Divulgado nesta quinta-feira pela revista Fortune, o ranking dos 50 maiores líderes do mundo em 2016 reflete as dramáticas mudanças operadas na paisagem brasileira pela Operação Lava Jato. A presidente Dilma Rousseff, vice-campeã em 2013 e quarta colocada em 2014, caiu fora do grupo de elite. O único representante do país agora é o juiz Sérgio Moro, contemplado com o 13° lugar.
A entrada na lista do magistrado sem medo é assim justificada:
“É o maior protagonista na versão real de Os Intocáveis. Moro lidera o desmonte de um esquema de corrupção que desviou US$3 bilhões da Petrobras, a companhia nacional de petróleo, para os bolsos de políticos e executivos. A presidente Dilma Rousseff está sob o risco de impeachment e a reputação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está em farrapos. E o mais importante: a coexistência passiva com a corrupção há muito tempo endêmica na América Latina está se tornando um hábito do passado”.
Enquanto durou a ópera dos malandros larápios, Lula posou de conselheiro do planeta e Dilma ensinou a Angela Merkel o que deveria fazer para que a Alemanha virasse um Brasil de olhos azuis. Sérgio Moro acaba de despejar Dilma Rousseff da lista da Fortune. Neste começo de outono, a única lista de famosos com vaga para um Lula é aquela da Interpol.
A charge do Sponholz
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Valentina de Botas: Dilma corre para um desvão da alma em permanente penumbra
Três anos depois, abriram a cela, a mulher saiu para nunca mais ser livre. Talvez porque impossível se libertar da ideologia que a levou para uma organização terrorista; talvez porque tão irrelevante currículo não passe mesmo de uma ficha policial; talvez porque ao trauma não tenha sido dada uma rota de cura; talvez por índole; talvez por tudo isso, a mulher-que-foi-presa-e-torturada-pela-ditadura, quando acuada, corre para um desvão da alma em permanente penumbra tornada uma cela de onde, aos berros, anuncia que ninguém vai tirá-la de lá. Refere-se à presidência, mas fala de dentro de uma cela que insiste em fazer de argumento, resultando em banalização e ineficácia.
Poucas coisas são mais relevantes numa história de vida do que exercer a presidência da República e o mesmo poderia ser válido para Dilma se ela fosse uma presidente. Contudo, o exercício vil do cargo culminou, na tarde desta terça-feira, numa esculhambação institucional tão indecorosa que a passagem dessa farsante pelo Planalto não define uma gestão, mas uma instrumentalização criminosa do Estado e respectivos símbolos, valores, equipamentos, pessoal e recintos. Tudo para berrar ao país indignado que a mulher encarcerada não o libertará e que o juiz Sérgio Moro é a reencarnação curitibana de Hitler.
Se para a farsa mambembe, como as de uma Caravana Rolidei que espalha desgraça em contraste com a do filme, a presidente se reunisse à mesma malta na casa de um dos juristas analfabetos em lei ou de um dos professores obscuros, num fim de semana ou depois do expediente sempre ruinoso para a nação, tudo seria apenas a agonia do governo organizada segundo a moral dos presentes. No Palácio do Planalto, ela guiou tudo na avacalhação institucional custeada por nós para sermos acusados, aos berros, de golpistas e avisados de infâmias a respeito do admirável juiz Sérgio Moro, cuja presença se estabelecia no nome silenciado.
Um professor – Santo Deus! – da UnB disparou que a corrupção num país de tantas desigualdades não é o maior problema, como se ela não as agravasse. O pânico denunciado no embuste covarde se explicava também porque, no Brasil real, a Polícia Federal deflagrava a 26ª fase da Lava Jato, a Xepa, revelando um departamento exclusivo na Odebrecht para cuidar da propina aos comparsas lulopetistas. As ameaças do ministro-irmão-camarada Aragão, as chicanas da AGU na figura ridícula do porquinho Cardozo para defender o ministério para o lorde cigano jeca dessa caravana rolidei troncha que não passará e a pajelança obscura no Planalto pela abolição da legalidade nos berros de uma farsante acuada prolongam a morte dessa realidade.
Que Dilma não renuncie à presidência, aos crimes e ao próprio cárcere voluntário, o fato é que, sem querer e em 14 anos desse regime torpe, faz o único bem, ainda que a um custo que só adivinhamos, ao Brasil que já lhe disse bye bye, pois o prolongamento disso servirá para tatuar fundo na volátil memória do país que saberá ser livre a lição dura e preciosa: esses carcereiros, nunca mais.
Tags: Dilma Rousseff, Operação Lava Jato, Operação Xepa, prisão, renúncia,Valentina de Botas