Lula, “o chefe”, e Marisa, “a madame”: é o socialismo da República da Papuda (por REINALDO AZEVEDO)

Publicado em 22/02/2016 02:36
Antes ainda de chegar ao poder, o PT pôs em prática um plano para capturar o pantagruélico Estado brasileiro, subordinando suas instâncias ao partido e submetendo o grande empresariado, que negocia com esse Estado, às suas exigências. Com o tempo, tudo se transformou numa parceria, e o capital privado brasileiro passou a ter vassalo de um senhor.

Como é que Lula se tornou “chefe” dos maiores empreiteiros do Brasil? Quando foi que Marisa Letícia virou “madame”? Na sua impressionante e antes convincente capacidade de distorcer a realidade e de transformar tudo num rascunho da luta de classes, o próprio Lula diria que a minha pergunta embute preconceitos, já que eu estaria, reacionário que sou (claro!), descontente porque empresários prestam vassalagem a um ex-operário. Da mesma sorte, eu me acharia entre aqueles que não aceitam que uma senhora de origem humilde possa, afinal, ser chamada de “madame”.

Ocorre que essas falácias já não colam mais. “Chefe” é uma das designações a que recorrem as máfias para se referir a quem manda. Há muito tempo a palavra “madame” perdeu seu sotaque francês, não é mesmo? Quando não é empregada em tom pejorativo, para designar comportamento característico do mandonismo, indica coisa muito pior, que é a segunda acepção que aparece no Dicionário Houaiss.

Por que isso tudo? Matéria de capa da VEJA desta semana traz a troca de mensagens de WhatsApp entre Leo Pinheiro, ex-presidente da OAS, e subordinados seus. Tratam da reforma do tríplex do Guarujá e do sítio Santa Bárbara, em Atibaia. Não é preciso ser muito sagaz para concluir que “o chefe” é Lula, e que “madame” ou “dama” se referem a mulher do “capo”, Marisa Letícia.

No dia 13 de fevereiro de 2014, Paulo Gordilho, diretor da OAS, informa a Leo Pinheiro sobre o sítio: “O projeto da cozinha do chefe está pronto. Se marcar com a madame, pode ser a hora que quiser”. Ao que responde Léo Pinheiro: “Amanhã às 19h. Vou confirmar. Seria bom tb ver se o do Guarujá está pronto.”

Só isso? Não! Há um diálogo ainda mais eloquente. Uma mensagem de alguém não-identificado parece indicar que, de fato, Fernando Bittar, oficialmente um dos donos do sítio (o outro é Jonas Suassuna), é mesmo um laranja de Lula. Diz a tal pessoa: “Dr. Léo, o Fernando Bittar aprovou junto à dama os projetos tanto do Guarujá como do sítio. Só a cozinha Kitchens completa pediram 149 mil, ainda sem negociação. Posso começar na semana que vem? É isto mesmo?” Ao que Léo responde: “Ok”.

Ainda que se quisesse dizer que a “dama” em questão seria a mulher de Bittar, restaria explicar por que esta teria de aprovar também o “projeto do Guarujá”…

A cada dia, portanto, a tentativa de Lula de se desvincular do sítio e do apartamento vai se tornando mais ridícula. OS advogados, claro!, estão empenhados agora em arrumar saídas jurídicas que possam livrar o “chefe” de complicações legais. Se não houver uma confissão ou uma delação e se não se provar, com documentos, que Lula é o verdadeiro dono do apartamento e do sítio, tudo tende a ficar por isso mesmo do ponto de vista, vamos dizer, penal. Mas a questão de fato está consolidada. A população já tem o seu devido registro, e não há mais nada que Lula e o PT possam fazer a respeito, a não ser aprofundar o ridículo. Os brasileiros já deram o seu veredicto com base em evidências as mais escandalosas.

O chefe
O diálogo dos empreiteiros é emblemático do que está em curso no Brasil e do modo como as coisas se deram nos últimos 14 anos.

Qualquer um que conheça um pouco os bastidores da política em Brasília e que tenha informações mínimas sobre o PT jamais duvidou de que, desde sempre, Lula é mesmo “o chefe”. Para qualquer assunto.

Antes ainda de chegar ao poder, o PT pôs em prática um plano para capturar o pantagruélico Estado brasileiro, subordinando suas instâncias ao partido e submetendo o grande empresariado, que negocia com esse Estado, às suas exigências. Com o tempo, tudo se transformou numa parceria, e o capital privado brasileiro passou a ser vassalo de um senhor.

No seminário da Folha de que participei na sexta, em homenagem aos 95 anos do jornal, observei que o modelo que está em curso no país não é ruim por ser de direita ou de esquerda: é ruim porque é criminoso.

É uma estupidez achar que os petistas tomaram o poder para implementar o socialismo. Não! Eles tomaram o poder para sequestrar o capitalismo nativo e submetê-lo às suas taras hegemonistas. O PT nunca quis acabar com a economia de mercado. O que ele quer é cobrar o pedágio para se manter no comando do Estado.

E um modelo assim só se constrói com um chefe. E todo chefe tem uma madame com algumas exigências…

Que coisa, não? O líder dos metalúrgicos de São Bernardo se tornou o “chefe” dos empreiteiros e de outros setores do empresariado que resolveram lhe prestar vassalagem por bilhões de excelentes motivos.

É o socialismo da República que só encontrará o seu lugar na história quando estiver reunida na Papuda.

 

O PT pintou e bordou nos fundos de pensão de estatais, e o rombo passa de R$ 44 bilhões

Os associados dos fundos de pensão receberão uma aposentadoria menor do que esperavam em razão da gestão desastrosa desses entes, levada a efeito pelos petistas. Quinhentas mil pessoas serão diretamente prejudicadas. Mas, como é sabido, o dinheiro também sairá dos cofres públicos, uma vez que o Tesouro acabará socorrendo as estatais.

Caros, eu perdi a conta do número de vezes em que escrevi neste blog que o real poder do PT está nos fundos de pensão. E assim já era antes ainda de o partido chegar ao poder. Reportagem do Globo deste domingo informa a situação calamitosa a que os “companheiros” conduziram os fundos das estatais.

Em agosto do ano passado, na última medição oficial, o rombo na Petros (da Petrobras), Funcef (Caixa) e Postalis (Correios) chegava a R$ 29,6 bilhões. O balanço fechado do ano passado, a ser divulgado em abril, deve elevar esse número para espetaculares R$ 44,4 bilhões, sete vezes maior do que as perdas admitidas com as safadezas na Petrobras.

Peço licença para produzir trecho de um texto que publiquei aqui no dia 3 de fevereiro de 2009, há sete anos portanto. Prestem atenção:

“O PT TEM DOIS PODERES: O TEMPORÁRIO E O PERMANENTE. O PRIMEIRO DEPENDE DAS URNAS; O SEGUNDO É GARANTIDO PELO CIPOAL LEGAL QUE REGULA OS FUNDOS DE PENSÃO, QUE CONFERE AOS SINDICATOS O CONTROLE DE UM PATRIMÔNIO DE QUASE R$ 300 BILHÕES. E O PT COMANDA BOA PARTE DOS SINDICATOS, ESPECIALMENTE OS DE EMPRESAS ESTATAIS, O QUE LHE FACULTA O COMANDO DOS FUNDOS DE PENSÃO INDEPENDENTEMENTE DO QUE DIGAM AS URNAS.

POUCO IMPORTA QUEM SEJA O PRÓXIMO PRESIDENTE, JOSÉ SERRA OU DILMA ROUSSEFF, A, SEM TROCADILHO, REAL GRANDEZA DO PT SE MANTÉM PRATICAMENTE INALTERADA.

Se vocês procurarem no arquivo do blog, encontrarão centenas de textos em que sustento que o poder real do PT não está no controle das verbas do Orçamento. Sem dúvida, ali se encontra uma fonte imensa de recursos, mas o partido é obrigado a dividi-los com parceiros de igual ou maior apetite, a começar do PMDB – que é o que é, ou não estaria junto com o petismo. O dinheiro do Orçamento disponível para investimento, além de mais escasso, está sujeito a controles e a uma maior vigilância da imprensa. Já os fundos… Na prática, ninguém controla. Como boa parte da sua capitalização é feita com recursos públicos, eles representam uma apropriação do dinheiro público pela máquina sindical.

A própria história da privatização, vista pelo ângulo da participação dos fundos de pensão, nos revelaria que a economia brasileira é bem menos privada do que parece. Não! Escrevo de outro modo: os grandes beneficiários da privatização foram os sindicatos das empresas estatais – e isso quer dizer Central Única dos Trabalhadores.

Uma das maiores lambanças do governo Lula – a disputa entre o banqueiro Daniel Dantas e o petismo pelo controle da Brasil Telecom, finalmente vendida à Oi ao arrepio da lei então vigente, mudada só para possibilitar o negócio – teve os fundos como protagonistas. Os petistas mandaram, e eles romperam com Dantas, aliando-se a seus adversários. Alijado do controle da BrT, o banqueiro acabou concordando com a venda (…)

Retomo
Sabem quem vai pagar pelo rombo? Sim, em parte, os associados aos próprios fundos. Mas também vai entrar dinheiro das respectivas estatais. Vale dizer: nós todos arcaremos com as consequências dos investimentos feitos pelos “companheiros”.

Reproduzo um trecho da reportagem do Globo:
“A maioria dos responsáveis pelos déficits das fundações públicas tem em comum a origem no ativismo sindical. Nos últimos 12 anos, os principais gestores dos fundos de Petrobras, Banco do Brasil, Caixa e Correios saíram das fileiras do Sindicato dos Bancários de São Paulo.

É uma característica dos governos Lula e Dilma, e as razões têm mais a ver com perspectivas de poder e negócios do que com ideologias.

Os sindicalistas-gestores agem como força-tarefa alinhada ao governo. Compõem uma casta emergente na burocracia do PT. Agregam interesses pela capacidade de influir no acesso de grandes empresas ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), fonte principal de recursos subsidiados do BNDES. Onde não têm hegemonia, por efeito do loteamento administrativo, convivem em tensão permanente com indicados pelo PMDB e outros partidos, caso do Postalis.”

Os associados dos fundos de pensão receberão uma aposentadoria menor do que esperavam em razão da gestão desastrosa desses entes, levada a efeito pelos petistas. Quinhentas mil pessoas serão diretamente prejudicadas. Mas, como é sabido, o dinheiro também sairá dos cofres públicos, uma vez que o Tesouro acabará socorrendo as estatais.

Só na Sete Brasil, a empresa que deveria construir navios-sonda e só produziu escândalos, Petros e Funcef já perderam R$ 828 milhões, e Previ, R$ 161 milhões.

Quem acompanha de perto o caso dos fundos de pensão não tem dúvida: no dia em que se fizer a devida radiografia do estrago neles produzido pelo petismo, as lambanças do petrolão vão parecer coisa de bandido pé-de-chinelo.

 

Valentina de Botas: O que Mirian pretendia? Acusar FHC de ser um bom pai do filho que não gerou?

VALENTINA DE BOTAS

O texto de Augusto Nunes ajuda a entender por que um homem de caráter e alma sãos é diferente de um sem caráter até mesmo quando ambos cometem erros na vida pessoal que podem ou não se refletir no exercício da vida pública e erros desta que servem àquela.
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Marco Antonio Villa com Augusto Nunes no Sem Edição: Lula é um zero à esquerda

Manifestante invade Fla-Flu com cartaz “Fora Dilma” e “Vem pra rua (em 13 de março)”

Pixuleco também compareceu ao estádio Mané Garrincha, em Brasília. Veja as imagens

 

 

Mãe de três filhos, a manifestante Kelly dos Santos invadiu o gramado durante o Fla-Flu deste domingo no estádio Mané Garrincha, em Brasília, para pedir a saída de Dilma Rousseff e convocar o povo brasileiro a fazer o mesmo nas ruas, em ato nacional marcado para 13 de março.

Carregando um cartaz com os dizeres “Fora Dilma” e “13/Mar”, “Vem Pra Rua”, Kelly “Bolsonaro”, como é conhecida nas redes sociais, correu fortemente aplaudida pelo campo até ser retirada pelos seguranças e levada para a 5ª DP, onde aguardou a chegada de um advogado.

Atuante no combate ao PT no Distrito Federal, ela integrou o grupo pró-impeachment que ficou algemado, em outubro, no Salão Verde da Câmara dos Deputados.

Outros manifestantes também estiveram presentes na plateia do Mané Garricha, segurando cartazes de apoio ao impeachment de Dilma e bonecos Pixulecos, que satirizam Lula em roupa de presidiário, além de vestirem uma máscara do “japonês da Federal” e camisas com letras avulsas da expressão “Fora PT”.

Na TV, o narrador do jogo afirmou que é “melhor a gente nem mostrar torcedor invadindo o campo”, mas as imagens de Kelly já estavam sendo exibidas ao vivo e podem ser vistas no vídeo abaixo, ao qual se seguem mais um vídeo e uma série de fotos obtidas por este blog.

Fotos:

Embora realizado em Brasília, o jogo era válido pela 5ª rodada do Estadual do Rio e o Flamengo venceu por 2 a 1.

Foram três expulsões – ou quatro, contando a de Kelly.

Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil

Crise da previdência não é prioridade. É uma bomba atômica (por LEANDRO NARLOCH)

A bancada de deputados federais do PT disse nesta quinta-feira que a reforma da Previdência não é prioridade do governo.

Concordo. A crise da Previdência já deixou há um bom tempo de ser uma prioridade. Hoje está mais para uma bomba atômica que estamos armando para os nossos netos.

O governo gastou 123 bilhões de reais em 2015 com o rombo das aposentadorias. É quase o mesmo que com os ministérios da Saúde e Educação somados (130 bilhões).

Com uma população jovem (70% dos brasileiros estão em idade de trabalhar), o Brasil já gasta, em relação ao PIB, o mesmo que Espanha e mais do que Suíça e Inglaterra, países “velhos”.

Se o problema já é grave agora, imagine daqui a pouco. Até 2060, o número de brasileiros com mais de 65 anos vai se multiplicar por quatro – e a parcela de idosos vai passar de 7,4% para 26% da população.

A aposentadoria de 1 milhão de servidores causa prejuízo maior do que aquele gerado pelos 28 milhões de beneficiários do INSS. O rombo, de 67 bilhões, custa quase três vezes o Bolsa Família.

No regime de Previdência rural, a arrecadação é 13 vezes menor do que os gastos, que superam os R$ 90,1 bilhões, contra uma arrecadação de R$ 6,9 bilhões.

“É como a Grécia, só um pouco mais louco e numa escala colossal”, costuma dizer Paulo Tafner, pesquisador do IPEA.

Mas sabe como é: reforma da Previdência é o tipo de assunto que não dá votos. Por isso, para os deputados do PT, não há motivo para se assustar com a Previdência. Tá tranquilo. Tá favorável.

@lnarloch

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Fonte: Blog Reinaldo Azevedo, veja.com

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