"...o jeca humilde é somente o álibi fajuto para o jeca milionário" (por Valentina de Botas)
Valentina de Botas: O novo-rico ridículo com luxos de pequeno-burguês arrogante
bancados pelo país que o farsante arruinou
Atenção! Você, brasileiro médio, fica sem jeito por não entender o que é uma offshore? Encontra-se meio perdido quando a conversa trata de lobista, lobby e tal? A única coisa em que consegue pensar, no cotidiano de denúncias da roubalheira lulopetista, é que foi sempre assim? Disfarça que não compreende os nomes das fases da Lava Jato nem ela se chamar “a jato” durando quase dois anos? Tem patrimônio obtido com trabalho honesto e está em seu nome? Ora, seus problemas acabaram! Sim, agora, há um apartamento no rolo que o ajudará a entender que o jeca humilde é somente o álibi fajuto para que o jeca milionário leve uma vida de jeca milionário.
Mas, espere, não é só isso. Você também leva no lombo um sítio reformado e mantido pelos pagadores de propina! A humildade simulada foi útil e eficaz até ontem não só pelo fato de a grana vir de colossal roubalheira inédita, mas sobretudo porque nutria o mito de santidade protetor de um pecador miserável. Não é simples quem tem um tríplex, nem humilde quem se vale de um poder institucional para se favorecer pessoalmente porque isso é trapacear todos os brasileiros e se chama patrimonialismo; mais uma das doenças que sempre nos infelicitaram e que a súcia comandada pelo jeca agravou ou não triunfaria.
OK, o apartamento se chama tríplex, coisa não muito corriqueira para um brasileiro médio, mas continua sendo um apartamento com quarto, cozinha, sala e até um elevador privativo. Chique no último! Só que não: crime não é chique e é crime ocultar patrimônio, acusação que o Ministério Público faz ao jeca vitalizada pelas negativas vexaminosas de advogados e demais devotos. O fato de a OAS ter pagado tudo impõe a certeza: o tríplex de frente para aquele marzão besta tem vista para o petrolão.
Quem se escoraria numa figura dessas? Dilma Rousseff, o PT e a súcia inteira que buscou um projeto asqueroso pelo que foi bem paga. Também não é chique a arrogância da família em travar o elevador quando acompanhava as obras e a decoração, revoltando os outros moradores. Como presidente, a conduta seria outra demonstração da jequice no poder; sem ser presidente, ela demonstrou o poder da jequice. E aqui, a clareza solar do texto de J.R.Guzzo ilumina outro aspecto do retrocesso lá constatado: a crença mofada de uns poucos estarem acima de leis e regras a que nos submetemos na celebração do princípio que a todos iguala perante elas, e sem o qual a convivência civilizada se inviabiliza, também formata as relações cotidianas.
Esse mofo iguala gente autoritária de origem social diversa, convicta de que privilégios materiais ensejam os imateriais e que gentileza e respeito são obrigações de mão única; assim, considerar o direito alheio a destituiria da nobreza imaginária que, nobreza fosse, saberia mais conceder do que exigir. Para tristeza do jeca e dos devotos – nem elite, nem povo, mas apenas a escória – a Lava Jato desenha, para o tipo de brasileiro que Lula finge ser, o novo-rico ridículo com luxos de pequeno-burguês arrogante bancados pelo país que o farsante arruinou.
O patético fim de Lula (por REINALDO AZEVEDO)
Houve, sim, um tempo em que Lula posava de vítima, e milhões de pessoas se compadeciam. Esse tempo acabou. A realidade é outra. Hoje, os pessimistas dizem: “Esse negócio do Lula não vai dar em nada outra vez, né?”. E os otimistas: “Acho que desta vez ele não escapa, né?”
Onde quer que eu esteja, na rua ou à porta de um bar ou restaurante, quando saio pra fumar, as pessoas se aproximam e quase sempre fazem a mesma observação, em tom de desalento: “Esse negócio do Lula não vai dar em nada outra vez, né?”. Os mais otimistas arriscam: “Acho que desta vez ele não escapa, né?”. Nesse caso, não é necessário dizer o nome. Todo mundo sabe quem é “ele”.
Pois é… Ainda que Lula e seus advogados consigam encontrar uma explicação que possa ser abrigada pela lei para o imbróglio do tríplex no Guarujá, sobrou como a hipótese mais benigna para o “homem mais honesto do mundo” a versão de um político no qual ninguém mais confia.
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E não deixa de ser irônico, já observei aqui, que o Lula que transitou e transita ainda em tão altas esferas tenha encontrado sua Waterloo num apartamento relativamente modesto, dada a fortuna que ele já amealhou. Só em palestras, como se sabe, faturou R$ 27 milhões.
A desconfiança dos brasileiros é justificada. Incrivelmente, Lula passou incólume pelo mensalão. Na sequência, veio o escândalo dos aloprados, com pessoas de sua inteira confiança metidas na lama. E nada! Agora, o petrolão. Delações premiadas o colocam no centro do escândalo envolvendo o grupo Schahin, o empréstimo de um dinheiro para o PT e um contrato bilionário para a operação de um navio-sonda da Petrobras. E nada de o Ministério Público pedir ao menos a abertura de inquérito.
No caso do apartamento, Lula só é formalmente investigado pelo Ministério Público Estadual. Na fase Triplo X da Lava Jato, a cobertura que seria sua está entre os alvos, mas, para todos os efeitos, não se está apurando nada sobre o petista. A esta altura, a situação é de tal sorte ridícula que pouco importa saber se Janot prevarica ou está sendo tático. A lei e as evidências não podem abrigar comportamentos ambíguos. Não há nenhuma razão inteligível para Lula não ser um alvo de investigação da Lava-Jato.
De todo modo, o fim!
Nem os adversários mais ferozes de Lula imaginavam que seu fim seria tão patético. Quando eu era menino, para citar o apóstolo Paulo, e trotskista, pensava como menino e via no sindicalista um contrarrevolucionário com um pé da demagogia.
No meu delírio infanto-juvenil, eu o enxergava como um elemento que atrasava a revolução. Quando deixei de ser menino, identifiquei no ex-sindicalista a peça de propaganda de um partido político com vocação totalitária, que instrumentalizava a imagem do operário para impor goela abaixo da sociedade um projeto de poder que não podia ser devidamente compreendido pelo povo.
Vejo a situação de Lula hoje, perseguido por imóveis mal explicados; flagrado em proximidade incômoda, para dizer pouco, com empreiteiras investigadas; a bater no peito e a brandir uma honestidade que, atendendo a suas tendências megalômanas, tem de ser a “maior do mundo”… Não deixa de ser melancólico.
Ou por outra: as duas leituras que tive de Lula, em tempos distintos, não deixavam de ser generosas, não é mesmo? Uma e outra, ainda que negativas para ele, emprestavam-lhe o papel de um agente político. Ainda que não fosse do agrado do garoto de extrema esquerda ou do adulto liberal, eu o inscrevia como personagem da história.
A justa indagação que hoje está nas ruas o coloca num lugar rebaixado, bem aquém da minha hostilidade generosa: as pessoas querem saber se Lula vai pagar por aquilo que consideram seus crimes de político comum, vulgar, que se organiza para se locupletar e se dar bem. É a Justiça que vai dar a palavra final a respeito. O que a gente pode dizer com certeza é que as narrativas a que o petista tem de recorrer para explicar o inexplicável já viraram motivo de chacota nacional.
A defesa de Lula já vai adaptando as versões às circunstâncias. Agora admite que a família visitou o tríplex acompanhado do presidente da OAS, Léo Pinheiro, convertido, então, em corretor de imóveis. Mas não mais do que isso. Também o sítio de Atibaia, reformado pela Odebrecht e pela OAS segundo os gostos do companheiro, não lhe pertence.
Marisa, no entanto, pagou com dinheiro do próprio bolso por um barco de alumínio para ser usado no lago da propriedade. Ora, convenham, o que é que tem? É muito comum a gente comprar equipamentos para propriedades alheias, certo? Por si, isso não prova nada. Prova apenas que Marisa é generosa.
O PT diz que vai se dedicar agora à defesa de Lula. Parece que a campanha eleitoral deste ano terá como alvo a tentativa de recompor a imagem daquele que segue sendo o poderoso chefão do partido, o mandatário inconteste, o senhor absoluto da legenda. Por incrível que pareça, ele só não conhece as falcatruas da organização. Quando se trata de explicar a bandalheira, ele se torna um estranho no petismo.
Houve, sim, um tempo em que Lula posava de vítima, e milhões de pessoas se compadeciam. Esse tempo acabou. A realidade é outra. Hoje, os pessimistas dizem: “Esse negócio do Lula não vai dar em nada outra vez, né?”. E os otimistas: “Acho que desta vez ele não escapa, né?”.
Notem que são avaliações distintas que, no entanto, têm um diagnóstico comum.
Lula está acabado.
Silvio Navarro: O andar de cima do tríplex
“Quantas vezes você está na cozinha, acontece uma coisa dentro da sala com seu filho e você não sabe? Fica sabendo depois” (Lula, durante um debate na campanha presidencial de 2006).
Nas cinco eleições que disputou, Luiz Inácio Lula da Silva usou à exaustão o discurso segundo o qual sua história de vida era uma espécie de parábola do pobre do andar de baixo que chegou ao terceiro andar do Palácio do Planalto, onde fica o gabinete da Presidência da República. O fato é que Lula sempre teve problemas com o andar de cima.
Eleito, instalou na poderosa Casa Civil, localizada exatamente no piso superior ao do gabinete presidencial, mosqueteiros que deram bastante trabalho. Ocuparam aquele território quatro estrelas do noticiário político-policial: José Dirceu, Antonio Palocci Filho, Erenice Guerra e Gilberto Carvalho. Este último não comandou a Casa Civil. Foi o mordomo da suspeita antessala da Secretaria-Geral da Presidência, transformada em confessionário para que o ex-seminarista distribuísse maus conselhos.
Seis anos depois de voltar de Brasília para São Bernardo do Campo, Lula está enredado na Operação Lava Jato por causa de um triplex no litoral de São Paulo, que seus advogados dizem não ser seu. É aquela espécie de ferida que piora com o remédio. Em 2006, na última declaração de renda a que se teve acesso, ele informou à Justiça Eleitoral ter pago R$ 47.695,38 à Bancoop, cooperativa pilotada pelo carregador de mochilas de dinheiro sujo João Vaccari Neto.
Lula adquiriu um imóvel de veraneio que seria erguido no Guarujá (SP) para descansar da vida política que, infelizmente, nunca interrompeu. Na época, o valor do apartamento era próximo do que o candidato à reeleição informou custar uma picape Chevrolet, ano 1998, também colocada em seu nome. O mochileiro João Vaccari Neto foi condenado em 2015, ampliando a linhagem de tesoureiros do PT que acabaram atrás das grades por desvio de dinheiro público. E o tríplex na praia apareceu nas investigações dobre a lavagem desses recursos.
Em suma: Lula diz ter comprado da Bancoop cotas de um prédio que a cooperativa não entregou. Essa foi apenas uma das muitas coisas estranhas registradas no mercado imobiliário do Guarujá. Uma das maiores empreiteiras do país, por exemplo, interessou-se pela construção do edifício paralisado pela falência. Era a a OAS de Léo Pinheiro, amigão de Lula e integrante do consórcio marginal que sangrou a Petrobras.
Lula, os Lulinhas e Marisa Letícia visitaram o prédio, decoraram ambientes, escolheram a cor dos azulejos e não deixaram de cumprimentar o porteiro e o zelador. Os armários de cozinha de última geração foram presente da OAS. No terraço gourmet com piscina exclusiva, Lula imaginou até grelhar um peixe ao molho pré-sal.
Depois de pronto e reformado ao custo de quase R$ 800 mil, incluído um elevador privativo, o casal Lula e Marisa disse ter desistido do negócio – ainda que os R$ 47 mil em cotas da Bancoop se tenham multiplicado no imóvel avaliado em R$ 2,5 milhões. Hoje, os Lula da Silva afirmam que não são proprietários do tríplex. Não há uma única alma honesta no universo imobiliário capaz de entender esse súbito desapego de patrimônio.
Em tempo: num tríplex, Lula poderia afirmar, sempre que necessário, que não sabia o que acontecia no andar de cima.
Lula em 2005: ‘A desgraça da mentira é que você passa a vida inteira contando mentira
para justificar a primeira que você contou’
Em julho de 2005, com o Brasil ainda imerso na perplexidade decorrente da descoberta da roubalheira do Mensalão, o presidente Lula revelou numa entrevista a constatação que teria contribuído para transformá-lo num fervoroso devoto da verdade: “A desgraça da mentira é que você, ao contar a primeira, você passa a vida inteira contando mentira para justificar a primeira que você contou”.
Certíssimo. Ocorre que nosso Lincoln de galinheiro sempre se lixou para os fatos e não tem compromisso com o que diz. Nunca teve. Caso levasse a sério a frase recitada no vídeo de 9 segundos, não teria passado a vida inteira tentando justificar com a mentira de hoje a mentira de ontem ─ uma e outra inventadas para safar-se de alguma bandalheira. O estoque de fantasias parece perto do fim.
Nesta sexta-feira, depois de 24 horas de silêncio, o Instituto Lula manifestou-se por meio de uma nota sobre a história muito mal contada que rima sítio em Atibaia com cenário da maracutaia. Um trecho do palavrório confirma a aflitiva escassez de álibis: “Desde que encerrou o segundo mandato no governo federal, em 2011, o ex-presidente Lula frequenta, em dias de descanso, um sítio de propriedade de amigos da família na cidade de Atibaia”.
O que deveria ser um desmentido ficou com cara de confissão. Como tantos políticos que enxergam no espelho um imbatível campeão em tudo, o camelô de empreiteira ignorou a advertência popularizada por Tancredo Neves: esperteza, quando é muita, vira bicho e come o dono.
Um artigo de Fernando Gabeira: Do ‘Aedes aegypti’ à tsé-tsé
Publicado no Estadão
A crise brasileira é um fato internacional. Dentro dos nossos limites, estamos puxando a economia mundial para baixo. Nossa queda não impacta tanto quanto a simples desaceleração chinesa. Mas com alguma coisa contribuímos: menos 1% no crescimento global. Na crise da indústria do petróleo, com os baixos preços do momento, o Brasil aparece com destaque. Cerca de 30% dos projetos do setor cancelados no mundo foram registrados aqui, com o encolhimento da Petrobras. Dizem que os brasileiros eram olhados com um ar de condolências nos corredores da reunião de Davos. Somos os perdedores da vez.
Diante desse quadro, Dilma diz-se estarrecida com as previsões negativas do FMI. Quase todo mundo está prevendo uma crise de longa duração e queda no PIB. Centenas de artigos, discursos e relatórios fortalecem essa previsão. Dilma, se estivesse informada, ficaria estarrecida por o FMI ter levado tanto tempo para chegar a essa conclusão. Ela promete que o Brasil volta a crescer nos próximos meses. No mesmo tom, Lula declarou aos blogueiros amestrados que não existe alma viva mais honesta do que ele. Não é recomendável entrar nessas discussões estúpidas. Não estou seguro nem se o Lula é realmente uma alma viva.
A troca de Levy por Barbosa está sendo vista como uma luta entre keynesianos e neoliberais. Pelo que aprendi de Keynes, na biografia escrita por Robert Skidelsky, é forçar um pouco a barra acreditar que sua doutrina é aplicável da forma que querem no Brasil de hoje. É um Keynes de ocasião, destinado principalmente a produzir algum movimento vital na economia, num ano em que o país realiza eleições municipais. É o voo da galinha, ainda que curtíssimo e desengonçado como o do tuiuiú.
O Brasil precisa de uma década de investimentos vigorosos, para reparar e modernizar sua infra. Hoje, proporcionalmente, gastamos nisso a metade do que os peruanos gastam.
O governo não tem fôlego para realizar essa tarefa. Isso não significa que não haja dinheiro no Brasil ou no mundo. Mas são poucos os que se arriscam a investir aqui. Não há credibilidade. O populismo de esquerda não é uma força qualquer, ele penetra no inconsciente de seus atores com a certeza de que estão melhorando a vida dos pobres. E garante uma couraça contra as críticas dos que “não querem ver pobre viajando de avião”.
Em 2016 largamos na lanterna do crescimento global. Dilma está estarrecida com isso e a mais honesta alma do Brasil diz “sai um lorde Keynes aí” como se comprasse cigarros num botequim de São Bernardo do Campo.
Aos poucos, o Brasil vai se dando conta da gravidade da epidemia causada pelo Aedes aegypti. Gente com zika foi encontrada nos EUA depois de viajar para cá. As TVs de lá martelam advertências às grávidas. Na Itália quatro casos de contaminação foram diagnosticados em viajantes que passaram pelo Brasil. O ministro da Saúde oscila entre a depressão e o entusiasmo. Ora exagera o potencial das campanhas preventivas, ora reconhece de forma fatalista que o Brasil está perdendo feio a guerra para o mosquito. Com nossa estrutura urbana, é quase impossível acabar com o mosquito. Mas há o que fazer.
Não se viu Dilma estarrecida diante da epidemia. Nem a mais honesta alma do Brasil articulando algo nessa direção. Solução que depende do tempo, a vacina ainda é uma palavra mágica.
No entanto, estamos nas vésperas da Olimpíada. Os líderes que a trouxeram para o Brasil, nos tempos de euforia, quase não tocam no assunto; não se sentam para avaliar como nos degradamos e como isso já é percebido com clareza lá fora.
A Economist publica uma capa com Dilma olhando para baixo e o título: A queda do Brasil. Na economia, área em que as coisas andam mais rápidas, não há mais dúvidas sobre o fracasso.
A segunda maior cidade do Rio, estado onde se darão os Jogos, simplesmente quebrou. Campos entrou em estado de emergência econômica, agora que os royalties do petróleo parecem uma ilusão de carnaval.
O problema dos salvadores do povo é que não percebem outra realidade exceto a de permanência no poder. Quanto pior a situação, mais se sentem necessários. Os irmãos Castro acham que salvaram Cuba e levaram a um patamar superior ao da Costa Rica, por exemplo. O chavismo levou a Venezuela a um colapso econômico, marcado pelas filas para produtos de primeira necessidade, montanhas de bolívares para comprar um punhado de dólares. Ainda assim, seus simpatizantes dizem, mesmo no Brasil, que a Venezuela está muito melhor do que se estivesse em mãos de liberais.
O colapso, a ruína, a decadência, nada disso importa aos populistas de esquerda. Apenas ressaltam suas boas intenções e a maldade dos críticos burgueses, da grande mídia, enfim, de qualquer desses espaços onde acham que o diabo mora. O Lula tornou-se o símbolo desse pensamento. Na semana em que se suspeita de tudo dele, do tríplex à compra de caças, do petrolão às emendas vendidas, chegou à conclusão de que não existe alma viva mais honesta do que ele.
Aqueles que acreditam num diálogo racional com o populismo de esquerda deveriam repensar seu propósito. Negar a discussão racional pode ser um sintoma de intolerância. Existe uma linha clara entre ser tolerante e gostar de perder tempo. O mesmo mecanismo que leva Lula a se proclamar santo é o que move a engrenagem política ideológica do PT. Quando a maré internacional permitiu o voo da galinha, eles se achavam mestres do crescimento. Hoje, com a maré baixa, consideram-se os mártires da intolerância conservadora. Simplesmente não adianta discutir. No script deles, serão sempre os mocinhos, nem que tenham de atacar a própria Operação Lava Jato.
Considerando que Cuba é uma ditadura e a Venezuela chega muito perto disso com sua política repressiva, como explicar a aberração brasileira?
Certamente algum mosquito nos mordeu para suportarmos mentiras que nos fazem parecer otários. Não foi o Aedes aegypti. A tsé-tsé, quem sabe?