SUBSTITUIÇÃO DE LEVY – Em matéria de abismo, esquerda sabe o que faz: sempre dá mais um passo
ERA DILMA – Queda recorde no emprego. Sem Lava Jato, seria assim, mas com mais roubalheira; sem chance do impeachment, seria assim, mas sem esperança
Uma tese picareta que circula lá pelo Palácio do Planalto dá conta de que a crise por que passa o país deriva, ora vejam, a) da Lava Jato; b) do movimento pró-impeachment. É mesmo?
Quer dizer que, sem esses dois fatores, estaríamos em céu de brigadeiro, é isso?
Vejam os números que Dilma produz na economia, na área do emprego.
Dados divulgados nesta sexta pelo Ministério do Trabalho revelam que o Brasil perdeu 1.527.463 postos de trabalho com carteira assinada em um período de 12 meses, encerrado em novembro. No acumulado do ano, já foram fechadas 945.363 vagas formais. Somente em novembro, foram cortados 130.629 empregos, o pior resultado para o período em toda a série histórica, iniciada em 1992.
Os números do Caged, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, mostram ainda que esse foi o oitavo mês consecutivo de fechamento de vagas. Entre os setores, no acumulado de 2015, a indústria foi o que mais demitiu, com perda de 414 mil vagas. Na sequência, aparecem construção civil (menos 309 mil), o comércio (menos 183 mil) e o setor de serviços (menos 97 mil).
Levando em conta só o mês de novembro, o único setor com saldo positivo foi o comércio, com 52.592 postos com carteira assinada a mais. O resultado já era esperado, pois o mês antecede o Natal e muitos temporários são contratados no período. Apesar de criar novos postos, o desempenho do comércio ficou bem abaixo daquele do mesmo mês do ano passado, quando houve aumento de 105 mil vagas.
Síntese
Sem a Lava Jato, o desemprego seria exatamente esse, só que com mais roubalheira. Sem o movimento pró-impeachment, os números seriam exatamente os mesmos, só que sem esperança.
DILMA E A INFLAÇÃO – Presidente ter cometido crime de responsabilidade pode nos ter sido uma sorte…
Dilma também vai obtendo resultados inéditos em matéria de inflação. Querem ver?
A prévia oficial subiu 1,18% em dezembro, acima das estimativas feitas por economistas e analistas do setor. Com o resultado, o IPCA-15 acumulou uma alta de 10,71% neste ano, a maior taxa desde 2002, quando chegou a 11,99%. De acordo com o IBGE, o desempenho negativo do indicador foi resultado da elevação dos preços relacionados aos setores de alimentos e bebidas, de transportes e de habitação. No caso deste último, o principal vilão de 2015 foi a energia elétrica, que registrou um aumento médio de 51,76% para os consumidores.
Não custa lembrar que o teto da meta era 6,5% e que o objetivo sempre foi ficar no centro: 4,5%.
O resultado negativo supera a previsão do mercado financeiro, que estimava que o IPCA chegaria ao fim de 2015 com alta de 10,61%, segundo o último boletim Focus, divulgado no começo da semana.
Ineditismo
A inflação já foi mais alta no Brasil em alguns períodos? Ah, já foi, sim. Mas não com recessão de quase 4%. Só a genialidade de Dilma foi capaz de produzir esse prodígio: afundar o país no que pode ser uma depressão econômica, mas com inflação nos cornos da lua, com juros idem, a 14,25%.
É um caso de incompetência determinada, convicta, que não renuncia ao desastre.
Fosse Dilma, ao menos, uma súdita das leis, aí teríamos de aguentar a sua gestão avassaladora. Mas ela não é, certo? Isso até pode ser uma sorte. A gente a despede, por intermédio do impeachment, em razão do crime de responsabilidade e se livra de uma incompetente.
DILMA E A RECESSÃO – Intelectuais de esquerda querem a presidente em nome da revolução
Agora entendi por que os intelectuais de esquerda assinam manifesto em favor da permanência da Dilma… Eles contam com ela para acirrar as contradições de classe e empurrar os proletariado (como eles dizem…) para a revolução!
Seus sapecas!!!
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central, uma espécie de prévia do PIB, recuou 0,63% em outubro, o oitavo resultado negativo consecutivo do indicador. O Banco Central apontou ainda que o IBC-Br recuou 6,19% em outubro na comparação com o mesmo mês do ano passado, acumulando queda de 3,66% no ano e de 3,16% em 12 meses.
Dados os dez primeiros meses de 2015, a economia brasileira cresceu apenas em um deles, fevereiro, quando o índice mostrou uma expansão de 0,52%. Em todos os outros meses, foram registrados apenas dados negativos.
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No último boletim Focus, os economistas preveem que a contração econômica vai se prolongar para 2016, com o PIB recuando 3,62% em 2015 e 2,67% no próximo ano.
Agora entendi
Eu me corrijo e me penitencio: Dilma não é incompetente. É revolucionária.
SUBSTITUTO DE LEVY – Em matéria de abismo, esquerda sabe o que faz: sempre dá mais um passo
Na última reunião do Conselho Monetário Nacional, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, se despediu. Disse que certamente não estaria na próxima. É um anúncio de que pediu demissão.
Nesta sexta, o ministro Jaques Wagner, da Casa Civil, comentou uma eventual troca de comando da pasta. Segundo disse, independentemente do nome que substitua o atual titular da Fazenda, quem banca a política econômica”, quem decide mesmo, “é a presidente Dilma Rousseff”.
O ministro preferiu não confirmar a saída de Levy, como se precisasse, mas ponderou que o novo titular da pasta deve ter um perfil político e técnico.
As declarações de Wagner foram dadas em visita à CNBB, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, na manhã desta sexta-feira. Questionado se ele era um dos nomes cotados para assumir a Fazenda, Wagner brincou e disse: “Sim, por isso vim pedir as bênçãos aqui na CNBB”. A ironia é maior do que parece. Wagner é judeu.
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A falta de graça está em outro lugar. Em reunião com representantes da esquerda, que promoveram o ato em favor de Dilma e contra Levy na quarta-feira, a presidente deu a entender que pode, sim, mudar a inflexão da política econômica.
Tudo indica que ela pretende recuperar aspectos daquela política econômica que conduziram ao país à beira do abismo.
E, a gente sabe, em matéria de abismo, essa gente é boa: quando essa turma chega ao limite, diria Millôr Fernandes, sempre dá mais um passo.
Nelson Barbosa no lugar de Levy. E aí?
Nelson Barbosa ainda nem sentou na cadeira da Fazenda, mas economistas já começaram a refazer suas contas.
Com a expectativa principalmente de um ajuste fiscal mais gradual, a consultoria 4E, que já dava a mudança como provável, acabou de rever seu cenário básico para o próximo ano.
A projeção de queda no PIB passou de 3,0% para 3,4% e a de inflação saiu de 6,9% para 7,4%.
A taxa de câmbio também foi revisada para cima, passando de R$ 4,25 por dólar para R$ 4,70.
Mudança no time da economia: sai o zagueiro bisonho, entra o gandula
A dona do time enfim formalizou a mudança no Ministério da Fazenda. Saiu Joaquim Levy, entrou Nelson Barbosa.
É como se Felipão, no intervalo daqueles 7 a 1 contra a Alemanha, trocasse um zagueiro bisonho pelo gandula.
(por AUGUSTO NUNES)