‘Lava Jato é voz pregando no deserto’, diz Moro
Responsável pela Operação Lava jato, o juiz Sérgio Moro está pessimista —não com os processos sob sua responsabilidade, que ele acha que caminham bem, mas com a falta de consequências.
“Apesar dessas revelações e de todo o impacto desse processo, não tivemos respostas institucionais relevantes por parte do nosso Congresso e por parte do nosso governo'', disse Moro numa palestra, em São Paulo.
“Precisamos ter uma melhora das instituições, e eu, sinceramente, não vejo isso acontecendo de maneira nenhuma. Do ponto de vista de iniciativas mais gerais contra a corrupção, existe um deserto. Parece que a Operação Lava jato, nessa perspectiva, parece uma voz pregando no deserto.''
O pessimismo de Moro não é despropositado. Mais do que em qualquer outra época, o Brasil está numa encruzilhada. Um caminho leva ao desespero absoluto. O outro, à desesperança terminal. Resta ao brasileiro ter sabedoria para saber escolher o rumo a seguir.
Excesso de lama desafia a paciência nacional
A volta das ruas para casa indica que as mazelas do Brasil, por ininterruptas, produziram uma espécie de vacina contra o saco cheio dos brasileiros. Cada novo infortúnio reforça os anticorpos que protegem a sensatez nacional, convertendo indignação em resignação. Difícil sobreviver em meio ao caos sem algum tipo de imunização. O problema são os germes desconhecidos, que desafiam a paciência e as defesas do organismo.
A devastação produzida pela lama que vazou no rompimento da barragem de Mariana (MG), empurrou o brasileiro para o território do inimaginável. A plateia estava imunizada contra a lama metafórica da Lava Jato e os resíduos tóxicos da estagflação. Mas não estava preparada para a lama literal que atravessou Minas, invadiu o Espírito Santo e foi dar no mar, arrastando um magma de morte, descaso ambiental, inépcia estatal e irresponsabilidade empresarial. Será difícil achar uma vacina capaz de transformar isso tudo em algo banal.
– Charge do Miguel, via 'Jornal do Commercio'.
Petistas cobram do PT definição sobre Cunha
É grande o incômodo da bancada federal do PT com o papel dúbio que o partido desempenha no caso Eduardo Cunha. Deputados petistas cobram uma posição clara da direção do partido. E querem discutir na Câmara o comportamento a ser adotado pelos três representantes da legenda no Conselho de Ética. O colegiado reúne-se na terça-feira, para tentar votar o parecer do relator Fausto Pinato (PRB-SP), favorável à continuidade do processo sobre a cassação de Cunha.
Dos 60 deputados petistas com assento na Câmara, 34 rubricaram a representação em que o PSOL e a Rede pedem que o mandato de Cunha seja passado na lâmina. A despeito disso, o partido passou a ser identificado como força auxiliar do presidente da Câmara depois que participou do plano para esvaziar a sessão do Conselho de Ética que deveria ter apreciado o parecer contra Cunha na última quinta-feira.
“Esse não é um assunto que possa ser decidido na base do um por todos, todos por um”, diz um deputado do PT. Os petistas irritaram-se com o fato de a bancada não ter sido consultada sobre a estratégia de protelar o desfecho do caso Cunha para evitar que ele tumultue a votação dos projetos fiscais do governo ou coloque para andar o pedido de impeachment de Dilma.
Sob a alegação de que a parceria com Cunha impõe um prejuízo coletivo, os petistas cobram a realização de uma reunião da bancada, que deve ocorrer até terça-feira. Quando Cunha era adulado pela oposição, o petismo gritava: “Dessa água não beberei.” Agora que PSDB, DEM e PPS tomam distância do personagem, o PT é convidado pelo Planalto a engoli-lo. E parte da bancada petista balbucia: “Mas não vamos nem ferver antes?”
EXECUTIVOS FIZERAM PIADA SOBRE COMISSÃO POR PASSADENA, DIZ ADVOGADO (no DIÁRIO DO PODER)
Uma conversa em 2005 nos Estados Unidos em tom de piada sobre a divisão de "comissões" entre executivos da Petrobras e da companhia belga Astra Oil. Pelo menos é assim que se recorda o ex-coordenador jurídico internacional da Petrobras Thales Rodrigues de Miranda, responsável pela análise jurídica do contrato da compra da refinaria de Pasadena, no Texas, sobre a primeira reunião da qual participou envolvendo executivos das duas empresas para tratar do negócio. Miranda se recusou a assinar o parecer jurídico pela compra da refinaria e deixou a estatal após pressões, em 2013.
"Na hora o tom era de piada, quase todos riram", lembra o advogado, surpreso com os desdobramentos da Operação Lava Jato que apontam que seus ex-colegas de Petrobras presentes no encontro são suspeitos de dividir uma propina de US$ 6 milhões na compra da refinaria. Segundo o Tribunal de Contas da União, o processo da compra de Pasadena, aprovado pelo Conselho de Administração da estatal, presidido na época pela então ministra da Casa Civil Dilma Rousseff, causou um prejuízo de US$ 792 milhões à Petrobras.
Na época, recorda, a sugestão de compartilharem uma success fee (expressão inglesa para um tipo de comissão) teria partido dos executivos da companhia estrangeira. "Eles (funcionários da Astra) falaram 'poxa, estamos recebendo uma puta comissão aqui por esse negocio, vocês não estão recebendo? Vamos sentar aqui para negociar'", lembra Thales Miranda. "Então, eles (os executivos da Petrobras) falaram, 'não, nós somos uma empresa pública, não recebemos comissão nenhuma'. Um dos negociadores falou, então, 'vamos repartir essa comissão ai', e todo mundo riu", lembra.
Para o advogado, que disse não ter noção na época do "nível da corrupção" envolvendo a polêmica compra, a discussão naquele momento sobre as comissões não era séria. Após a 20ª fase da Lava Jato contudo, ele acredita que aqueles executivos podem ter recebido propina.
Participaram do encontro, além de Thales Miranda, os então executivos da Petrobras, Rafael Mauro Comino e Luis Carlos Moreira da Silva, além de Cesar Tavares, ex-funcionário da estatal que foi contratado na época por meio de sua empresa de consultoria para atuar na negociação da compra da refinaria. Destes, apenas Thales não foi alvo da Lava Jato.
Diferente dos outros executivos, o advogado não foi citado nas delações premiadas do lobista Fernando Baiano e do ex-gerente de Internacional da Petrobras Eduardo Musa como sendo um dos que dividiram a propina de US$ 6 milhões referentes à Pasadena. A Lava Jato investiga o pagamento de um total de US$ 15 milhões em propina no negócio que teria sido dividido entre funcionários da estatal, da empresa belga e lobistas.
Rafael Mauro Comino e Luis Carlos Moreira da Silva deixaram a estatal em 2008 e se tornaram sócios de Cezar Tavares na empresa Cezar Tavares Consultoria, a mesma que foi contratada para intermediar a compra de Pasadena. A reportagem tentou entrar em contato com o telefone informado na página da empresa, mas a ligação não completou. No sistema da Receita Federal a empresa consta como possuindo um capital social de R$ 12 mil.
Polêmica
A aquisição da refinaria de Pasadena é investigada por Polícia Federal, Tribunal de Contas da União, Ministério Público por suspeita de superfaturamento e evasão de divisas. O conselho da Petrobras autorizou, com apoio de Dilma, a compra de 50% da refinaria por US$ 360 milhões.
Posteriormente, por causa de cláusulas do contrato, a estatal foi obrigada a ficar com 100% da unidade, antes compartilhada com uma empresa belga. Acabou desembolsando US$ 1,18 bilhão - cerca R$ 2,76 bilhões. Segundo apurou o TCU, essas operações acarretaram em um prejuízo de US$ 792 milhões à Petrobras.
A investigação sobre o caso foi encaminhada ao juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato, e por meio de delações, lobistas e ex-executivos da estatal confirmaram que houve o acerto de propinas no negócio para atender "compromissos políticos". Diante disso, foi deflagrada a 20ª etapa da Lava Jato que determinou buscas e apreensões nos endereços de ex-funcionários da estatal envolvidos no negócio.
Procurada, a assessoria da Presidência da República afirmou que não comenta investigações em andamento
O INTELECTUAL E O ILETRADO
Dizem por aí que um tal de Lula autorizou seus lacaios a procurar Fernando Henrique Cardoso para uma conversa sobre o futuro do Brasil.
O primeiro enviado especial deve ter batido com a cara na porta. Os demais talvez não tenham passado da portaria do prédio, onde o porteiro, ao saber da intenção do tal de Lula, deve ter oferecido um exemplar do " Diários da Presidência - 1995-1996" e recomendado que o tal de Lula, se tivesse disposição, verificasse nas páginas do volumoso exemplar, o que FHC, naqueles tempos, gravava sobre o ex-político que participara de grandes momentos da redemocratização do país.
A primeira menção a Lula é de uma conversa de FHC com o Francisco Weffort à época da formação do ministério: Disse Fernando Henrique - "Olha, Weffort, acho que seria muito importante nós mantermos uma relação muito fluida com o PT porque há problemas nacionais que nós temos que levar em conjunto" Weffort, respondeu: - " Você sabe, eu estou muito distanciado das posições do PT, já disse isso ao próprio Lula".
Pela conversa, é fácil notar que FHC, desde sempre, queria manter relação política com o então líder do Partido dos Trabalhadores que, derrotado, mantinha, por parte do presidente, prestígio.
Em seu relato sobre uma manifestação da Central de Movimentos Populares, capitaneada pela CUT, FHC faz o comentário da hora: " O Lula posando outra vez de herói nacional e, no "Estado de São Paulo", a fotografia dele na coluna da Cristiana Lôbo com uma frasezinha: " Ser professor de ciência política não significa saber política. Enfim, essa coisa deprimente, essa mediocridade que faz com que gente que não tem proposta para o país encontre acolhida na mídia. Bobagens ditas com ar de grande sabedoria. Enfim, o que podemos fazer? Nascemos aqui, vamos enfrentar o Brasil tal como é. O mundo é assim."
Pois é, como já disse nosso poeta Drummond, "Mundo mundo vasto mundo, se eu me chamasse raimundo seria uma rima, não seria uma solução". As falas de FHC sobre o Brasil de hoje talvez fiquem para a posteridade, pois o ex-presidente ainda tem muito a publicar sobre o seu período de governo, o que, com certeza, irá desmascarar o causador do maior desastre político em tempos democráticos do Brasil. Como Fernando Henrique poderá conversar com Lula sem deixá-lo ouvir as gravações que fez sobre o operário que ficou rico, fazendo palestras sem nunca ter se dedicado à leitura e à reflexão?
O mal que Lula causa e causou ao Brasil, não só no momento atual, mas, especialmente quando se travestiu de deus e achou que havia criado o céu e a terra, é o ponto complexo de uma impossível conversa republicana.
A corja que o acompanhava e que hoje vive sob custódia judicial recebem do líder as melhores referências e homenagens como se fossem revolucionários em busca de novos tempos para o povo; de fato, o que os governos do Partido dos Trabalhadores ofereceu foi uma festa em que os convidados se empanturraram de comida e bebida e, no final, tiveram desarranjo intestinal e acabaram em coma. É assim que os eleitores do grande programa social se sentem; e não só eles, também os demais brasileiros, mesmo sem participar do banquete, ficaram doentes só de olhar o desatino praticado por Lula e Dilma.
A presidente, que imaginávamos afastada da corrupção e da roubalheira, se tornou refém do tresloucado Lula, e, agora, não pode nem renunciar à presidência, pois, se o fizer, e Lula for preso , certamente o seu mentor, para reduzir a sua suposta pena, aceitará uma proposta de delação premiada e carregará até as profundezas do pré-sal os seus mais fiéis companheiros, inclusive ela. O foro privilegiado é uma excrescência, mas, nesta hora, serve para prolongar um pouco mais o poder.
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