O vídeo prova que Dilma não sabe sequer a diferença entre multa, multa preliminar e possibilidade de multa

Publicado em 18/11/2015 05:30
por AUGUSTO NUNES, de VEJA.COM

A lição do Ministério Público à presidente que nem sabe direito o que é multa e rebatizou a Samarco com nome de santo

“Então, em termos de multa, a multa preli…preli… preliminar que nós estamos dando monta a duzentos e cinquenta milhões de reais”, começa o naufrágio de Dilma Rousseff no falatório que encerra o vídeo espantoso. “Essa multa preliminar é por dano… dano ao meio ambiente, em especial o comprometimento da bracia hidrográfica…”, aderna o neurônio solitário depois de infiltrar um R bêbado na palavra bacia.

A tardia descoberta de que percorre a rota errada consuma o desastre: “É multa por segurança de barragem de rejeito. Multa por interrupção de atividade… Ah, não, tô falano errado, perá lá. Me confundi. A multa… essas… essas são as possibilidades de multa”. A discurseira em Mariana, onde baixou uma semana depois do rompimento das barragens da mineradora Samarco, só serviu para confirmar que o país é presidido por uma nulidade que não sabe o que diz.

O vídeo prova que Dilma não sabe sequer a diferença entre multa, multa preliminar e possibilidade de multa. Nesta segunda-feira, foi dispensada de decifrar tal enigma pelos Ministérios Públicos Estadual e Federal, que fecharam com a Samarco um Termo de Compromisso Preliminar. No texto, a mineradora se compromete a desembolsar imediatamente R$ 1 bilhão ─ para começo de conversa. É possível que essa quantia seja multiplicada por dez.

Dilma Rousseff nunca manteve relações amistosas com o idioma, a lógica e o bom senso. As coisas pioram quando tem de lidar com desastres naturais. As declarações destrambelhadas que despeja depois de sobrevoar a região devastada informam que, enquanto o corpo voltava das nuvens, a cabeça decolou rumo à estratosfera. Foi assim já em janeiro de 2011, quando se surpreendeu com as chuvas que caem invariavelmente nessa época na Região Serrana do Rio. Passados quase cinco anos, assim seria em Mariana.

“O nosso objetivo maior vai sê recuperá o Rio Doce”, desanda nos segundos iniciais do vídeo. “O Rio Doce é o sinônimo de vida desta região. O Rio Doce é essa bacia fantástica que tem um nome extremamente sugestivo, que é doce, e nós não vamos deixá que ele fique marrom, ou esse marrom alaranjado que ele está hoje, que é o marrom da lama”. Acertou a pronúncia de bacia. O resto é puro besteirol. Ao prometer mudar a cor do rio para que volte a ser doce, a presidente revela que acha possível colorir sabores.

E o que pretende fazer para reduzir as dimensões colossais do drama? Como deter o avanço do mar de lama, socorrer os flagelados, salvar o imenso território em perigo, ou materializar qualquer outra providência que permita acreditar na existência de um governo? “Nós queremos que esteja aqui uma equipe permanente da São Marcos, para garantir não só o atendimento emergencial da cidade, mas também esse mais perene”, afunda espetacularmente a governante mais bisonha da história do Brasil.

No vídeo, Dilma consegue deixar tudo muito claro sem dizer coisa com coisa: quem canoniza a Samarco não tem cabeça sequer para cuidar de um altar de santo. Se ficar mais três anos na Presidência, vai transformar o Brasil num imenso Rio Doce depois do tsunami de lama, rejeitos, negligência, inépcia, cinismo e canalhice. É hora de mandar Dilma para casa. Ou rezar para São Marcos.

(por AUGUSTO NUNES)

 

 

"Lula, o eterno traído", por bernardo mello franco

BRASÍLIA - Em 2005, o então presidente Lula afirmou ao país que não sabia do mensalão. "Eu me sinto traído por práticas inaceitáveis, das quais nunca tive conhecimento", disse, em pronunciamento oficial.

Nesta quarta, o agora ex-presidente Lula afirmou que também não sabia do petrolão. "Foi um susto para mim", disse, em entrevista a Roberto D'Ávila. "Muitas vezes, aquele cara que parece um santo na verdade é um bandido", acrescentou.

Acreditar que Lula não sabia de nada é um ato de fé. Os dois escândalos foram gestados em seu governo e tiveram seu partido como beneficiário. No mensalão, a Justiça mandou para a cadeia um tesoureiro e dois ex-presidentes do PT. No petrolão, já foram presos um tesoureiro e um ex-presidente do PT. Por enquanto.

Quando o assunto é corrupção, Lula não costuma se preocupar com a coerência do que diz. Depois de pedir desculpas pelo mensalão, ele passou a sustentar que o esquema nunca existiu. Daqui a alguns anos, é possível que comece a negar os desvios bilionários na Petrobras.

Na entrevista à Globo News, o ex-presidente também negou fatos relatados por políticos e empresários com quem conversa. Disse que não quer derrubar Joaquim Levy da Fazenda, que não quer emplacar Henrique Meirelles em seu lugar e que não tenta influir no governo Dilma.

Faltou acrescentar que seu nome não é Luiz Inácio, que ele não mora em São Bernardo do Campo e que não deseja voltar ao Planalto. A última parte ele até ameaçou dizer, mas foi traído pela própria língua.

 

Merval Pereira: Quebra-cabeças

Publicado no Globo

É estranhável a insistência do ex-presidente Lula em substituir Joaquim Levy no ministério da Fazenda por Henrique Meirelles, quando parece claro a todos que seria como trocar seis por meia dúzia. Nada do que Levy defende Meirelles recusa, e tudo o que a ala erroneamente identificada como desenvolvimentista pretende, como expansão do crédito e juros baixos no peito, Meirelles não atenderá se chegar lá.

Simplesmente por que não há condições objetivas para retomar a tal “nova matriz econômica” inventada por Mantega sob a coordenação da presidente Dilma, que nos levou à crise em que nos debatemos. Nesse particular, os papéis inverteram-se.

No início do segundo mandato, Dilma não parecia disposta a admitir que errara convidando para a Fazenda um antípoda de Mantega, e foi Lula quem a convenceu a convidar Trabuco, o presidente do Bradesco, para o cargo. Levy foi uma conseqüência dessa iniciativa, e sua escolha pressupunha que o governo, e também o PT, estava convencido de que a receita desandara e o melhor era recuar para evitar a catástrofe que se desenha no horizonte.

Só que o remédio duro receitado pelo especialista em cortar custos acabou sendo rejeitado tanto por Lula quanto pelo PT, como se existisse alternativa viável. Se a luta política petista, sob a orientação de Lula, fosse para colocar no lugar um Luis Gonzaga Belluzzo, ou um Marcio Pochman, haveria pelo menos coerência nessa demanda, mas no momento a mais coerente parece mesmo a presidente Dilma, que teima em permanecer com sua escolha inicial como se já tivesse entendido que não deu certo a experiência do primeiro mandato.

A insistência de Lula em tirar Levy pela alternativa defendida, mais parece mesmo uma vingança contra quem considera ser o responsável pela ação republicana da Receita Federal e do Coaf, que investigam indícios de enriquecimento ilícito de Lula e parentes, conforme revelou Jorge Bastos Moreno na sua coluna de sábado.

Ao mesmo tempo, insistir nessa campanha contra Levy e o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo parece indicar que Lula está querendo é desestabilizar o governo de Dilma, deixando de lado pruridos éticos que nunca foram seu forte para praticar uma política realista que o levaria a desejar a saída da presidente para ele e o PT ficarem livres desse fardo e poderem, já na oposição, acusar o governo substituto de todos os males que terão que fazer se continuarem governando.

A essa altura dos acontecimentos, já existem indícios suficientemente fortes para que o ex-presidente tema ser denunciado como o verdadeiro mentor do esquema de corrupção implantado no país. A ação política incessante de Lula tem o objetivo de mantê-lo visível para torná-lo inatingível.

As investigações da Lava-Jato estão chegando aos mais recônditos vãos da história do PT, inclusive ao até hoje mal explicado caso do prefeito Celso Daniel, assassinado num crime comum para a polícia, mas político para sua família.

Salim Schahin, um dos sócios do banco Schahin que fez delação premiada, está relacionando o contrato que ganhou para operar uma sonda para a Petrobras com propinas pagas a José Carlos Bumlai, o amigão de Lula.

O dinheiro seria para que o PT pagasse dívidas de campanha e, segundo a versão de Marcos Valério na época do mensalão, manter calado Ronan Pinto, que estaria chantageando Lula e o PT ameaçando contar a verdade sobre os motivos do assassinato, que teriam a ver com desvios do dinheiro da corrupção no PT.

O roteiro está sendo escrito detalhadamente à medida que as delações se sucedem, e ao final caberá à Justiça juntar as peças desse quebra-cabeças para montar o quadro final, em que a efígie de Lula já surge como o protagonista.

(por MERVAL PEREIRA)

 

Reynaldo Rocha: Não somos sequer uma nação

REYNALDO ROCHA

Há uma música brasileira que é uma obra-prima e, portanto, eterna:Palhaço, do mestre de Carmo, Egberto Gismonti. Somente um gênio poderia compor uma obra tão profundamente melancólica para o que deveria ser o símbolo da alegria. Quase uma oração de angústia. O oposto do que seria um palhaço.

Estamos cansados de um país que é o contrário do que se procura imaginar que é. Não somos pacíficos. Somos inertes. Não somos democratas. Somos indiferentes. Não temos futuro. Permitimos que nos roubem até o passado.

Somos alegremente tristes. E falsos na alegria. Não rimos de nossos males por ironia. Rimos porque somos a piada. Não escolhemos líderes. Buscamos pais da pátria ou salvadores do país ─ como se existissem. Não somos cultos. Desvalorizamos a cultura. Não respeitamos pensadores, poetas, letristas, músicos, historiadores, professores, sociólogos, psicólogos, juristas ou cientistas. E devotamos uma quase adoração a quem venceu sem esforço.

Não somos homens. Somos machos. Não sabemos cuidar de crianças, com exceção das nossas. Não somos enganados. Engolimos mentiras. Não somos guerreiros. Somos índios fantasiados num eterno carnaval. Não somos capazes de demonstrar nossa indignação. Achamos que o Brasil sempre foi assim.

Não temos coragem. A prudência extrema é o outro nome da covardia. Não somos sequer uma nação. Somos um ajuntamento. E nem somos clowns, que são nobres no que fazem. Somos os Palhaços da música de Gismonti. Um povo cada dia mais triste. E que cobre com máscaras a fisionomia melancólica. Que finge que é povo. Somos uma imensa trupe de palhaços tristes no picadeiro gigantesco.

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Fonte: Blog Augusto Nunes, de veja.com

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