Depois que a fonte das palestras secou, de onde vem o dinheiro que garante a vida mansa de Lula?

Publicado em 06/11/2015 16:41
POR AUGUSTO NUNES, de VEJA.COM

1 Minuto com Augusto Nunes:

Depois que a fonte das palestras secou, de onde vem o dinheiro que garante a vida mansa de Lula?

 

Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), órgão subordinado ao Ministério da Fazenda, revelou que a empresa de palestras de Luiz Inácio Lula da Silva recebeu 27 milhões de reais entre 1° de abril de 2011 e 31 de maio de 2015. É uma bolada de dar inveja a ricaço de lista da revista Forbes.

Os números que se seguem provam que o palanque ambulante melhorou de vida extraordinariamente ao descobrir o ofício de camelô de empreiteira. São 540 mil reais por mês. Ou 18 mil reais por dia. Ou 750 reais por hora. Ou mais de 12 reais por minuto. A fonte só começou a secar com a devassa das catacumbas da Petrobras.

Sem os cachês desembolsados pelos amigos do Petrolão e sem emprego fixo, onde é que Lula tem arranjado fundos para financiar a gastança da família? Ou se trata de outro milagre brasileiro ou eis aí o mais ilustre caso de polícia à espera de um camburão.

(por Augusto Nunes)

 

 

Lula, Cunha e o manual de desculpas escabrosas (por GERALDO SAMOR)

'Se pego com a boca na botija, negue até a morte; mas se aparecerem recibos...'

 

Em 1993, em meio a uma CPI que investigava deputados conhecidos como “os anões do Orçamento”, o deputado João Alves, um dos acusados de meter a mão no dinheiro público, explicou seu patrimônio inexplicável dizendo, na cara dura, que ganhou 200 vezes na loteria.

Deus me ajudou e eu ganhei dinheiro,” disse, fazendo os colegas explodir em gargalhadas. (vídeo disponível no link)

Esse episódio — páreo duro entre o bizarro e o surreal — foi a gênese de um manual de comportamento no Parlamento brasileiro: ‘se pego com a boca na botija, negue até a morte; se aparecerem recibos, invente uma desculpa qualquer. Por mais escabrosa que seja, ainda será melhor do que a verdade.’

Ninguém (absolutamente ninguém) é talentoso no Brasil — mesmo estando em sua melhor forma profissional — quando comparado aos cínicos profissionais da nossa política cancerosa.

Para além de caricaturas deploráveis, estes cínicos se transformaram hoje em terroristas da nossa ordem institucional. Eles abalam a fé das pessoas no contrato social que nos aglutina, dilapidam a ideia de equidade e justiça, e destroem nossa esperança na república.

Encarando a verdade como um obstáculo e usando a semântica como gueixa, estes samurais da sacanagem tripudiam sobre os fatos traficando versões fantasiosas. Negam provas contundentes apelando para argumentos estatisticamente improváveis. Inventam e habitam uma realidade paralela, para não irem para a cadeia no mundo real.

Estes homens têm que ser detidos.

O brasileiro sempre teve que lidar com o cinismo e a mentira na política, mas esta semana vai pro Guinness Book of Bullshit.

Na quarta-feira, emergiu o que parecia ser um balão de ensaio desenhado para testar a quantas anda a passividade média da população: as explicações dadas por Eduardo Cunha “a colegas” (portanto, ainda em caráter oficioso) para o fato de ter, sim, contas bancárias na Suíça, depois de ter dito categoricamente numa CPI que elas não existiam. (Cunha, como Nixon, vai cair não pela alegada grana suja, mas pela tentativa de encobri-la.)

Mas, como os extratos e documentos teimavam em existir, o que diz agora o nobre servidor público, depois de duas semanas confabulando com seus advogados? Segundo Ranier Bragon, na Folha, “o deputado disse aos colegas que foi questionado na CPI se era titular de contas e diz que isso ele não é, porque elas foram registradas por empresas que [ele] abriu fora do País.”

Como se vê, o problema está nos deputados que não souberam formular as perguntas, porque, ao pé da letra, Eduardo foi corretíssimo…

Sinceramente, eu achei que já tinha ouvido de tudo.

Mas a coisa consegue ficar ainda mais bizarra.

“Ainda segundo deputados ouvidos pela Folha, o presidente da Câmara diz que não sabia da origem do 1,3 milhão de francos suíços depositados em 2011 numa de suas contas pelo lobista João Augusto Henriques, preso pela Operação Lava Jato em setembro.”

Essas lances de sorte só acontecem com Eduardo Cunha. Em sua conta secreta, entra um dinheirão que o cara nem sabe bem de onde veio. E, se podia alegar que seus outros dinheiros provinham de negócios ‘legítimos’, contra o depósito feito por um lobista não há argumentos — a menos, como alega Cunha, que se tratasse de algum engano.

Ontem, a explicação de Cunha desabrochou ainda mais. Agora, o deputado diz que ganhou dinheiro grosso com — tá sentado? — “a venda de carne enlatada em consignação para países africanos”.

Que faro para os negócios! Que espírito animal! Este sim, como dizia Eike Batista, “lia o jornal de amanhã hoje”. Registrem, historiadores: Eduardo Cunha foi à África antes da globalização. (A Odebrecht, por coincidência, foi para Angola na mesma época, em 1984.) Pra esse negócio de carne ter dado tão certo, com certeza a carne era Friboi.

Como mostrou o Radar Online, um memorando de 2012 da Merrill Lynch notava que a grana de Cunhaveio de seu espetacular sucesso como presidente da Telerj e de investimentos imobiliários na Barra da Tijuca. Outro documento dizia que ele ganhava muito dinheiro na Bolsa. Estranhamente, nenhuma menção à tal da carne enlatada, esse pote de ouro que Cunha escondeu de todos até agora.

Se a Câmara dos Deputados — onde quase todo mundo tem um rabo preso, variando apenas o tamanho do rabo — demonstrar tolerância com essas explicações, cada ladrão de galinha deste País merecerá o benefício da dúvida quando der a mais estapafúrdia desculpa por seus atos. E quem achava que Cunha era a solução, a chave para o impeachment — sim, PSDB, isso é com vocês — vai se afogar em seu próprio relativismo moral.

Mas, claro, Luis Inácio Lula da Silva não podia deixar que alguém tirasse seu ouro, quer dizer, sua medalha de ouro no concurso Sonso da Semana.

Eduardo já estava com a mão no troféu quando Lula entrou na disputa pelas mãos de Kennedy Alencar.

O senhor nunca foi alertado sobre corrupção na Petrobras?

“Eu não fui alertado pela gloriosa imprensa brasileira, eu não fui alertado pela Polícia Federal, eu não fui alertado pelo Ministério Público… e eu sou o Presidente que mais visitei a Petrobras, Kennedy, ninguém foi tanto na Petrobras, em plataformas, como eu. Nunca, nunca ninguém me disse que tinha algum corrupto. Ou seja, essas coisas você só descobre quando a quadrilha cai, ou quando alguém denuncia.”

Em seguida, para reforçar sua santa ingenuidade, resgatou uma clássica do Mensalão: “Ô Kennedy, quantas coisas acontecem dentro da tua casa, com os teus filhos, que você não sabe?”

Talvez nunca saibamos o que acontece na casa de Kennedy Alencar, mas agora sabemos o que acontece na política brasileira corriqueiramente: uma série lamentável de mal entendidos, envolvendo gente carregada apenas das melhores intenções.

 

Fernando Gabeira: Memórias da salvação

Publicado no Estadão

FERNANDO GABEIRA

Outro dia, escrevendo sobre o comício das diretas em Caruaru, lembrei-me de que no palanque estavam Collor e Lula, entre outros. Naquele momento não poderia prever ainda a importância que ambos teriam no processo democrático. Collor, o caçador de marajás, preparava sua cruzada contra a corrupção. Lula, encarnando a esquerda, falava de ética na política. Ambos os projetos, destinados a combater a corrupção, foram tragados por ela, sem distinção ideológica.

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J. R. Guzzo: Vai demorar para avaliarmos os danos da má gestão no Brasil

Publicado na revista EXAME

J. R. GUZZO

Há um prejuízo não contabilizado até agora na falência econômica múltipla produzida no Brasil pelo conjunto da obra Dilma-Lula-PT; é difícil fazer as contas dessa perda no momento, e continuará sendo difícil mesmo depois que o país, em algum dia do futuro, sair da recuperação extrajudicial onde está atolado após cinco anos de desgoverno contínuo, com a assinatura da atual presidente, somados a mais oito de “esquenta”, com a assinatura do seu “ex“ no cargo. O prejuízo em questão é o atraso que o Brasil está contratando hoje para o seu desenvolvimento de amanhã.

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Carlos Alberto Sardenberg: Volte amanhã, tente de novo

Publicado no Globo

CARLOS ALBERTO SARDENBERG

Não é coincidência. O sistema tributário brasileiro foi considerado o pior do mundo no relatório “Fazendo negócios” que o Banco Mundial acaba de lançar. Nem bem a gente conseguia estudar o documento, e a Receita correu para justificar o título: impôs ao contribuinte horas de trabalho extra para registrar os empregados domésticos e emitir a guia de pagamento dos impostos.

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Marco Antonio Villa com Augusto Nunes no Aqui entre Nós: O Congresso juntou-se à ofensiva para silenciar a imprensa

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Fonte: Blog de Augusto Nunes (VEJA.COM)

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