Lula pede que todo mundo que não roubou chame petistas de ladrões, por REINALDO AZEVEDO
Quem disse que Luiz Inácio Lula da Silva não pode afirmar coisas certas de vez em quando? Pode, sim. Atenção, leitor! Você já sentiu vontade de chamar petistas de ladrões e se conteve, sentiu-se intimidado, temendo estar cometendo uma injustiça? Pois agora isso acabou. Devemos seguir a orientação do líder máximo da turma. O ex-presidente esteve no Piauí para participar de um evento do PT local. Na noite de quarta, em discurso à militância, ele disse uma frase que define a sua moral, o seu caráter e que, a rigor, pode ser entendida como uma confissão.
Prestem atenção: “Queria pedir para vocês é que os petistas voltem a ter orgulho do PT. Se alguém nosso errou, vai pagar, como qualquer cidadão. Mas o que não se pode admitir é que gente que a gente sabe que roubou a vida inteira venha a chamar o PT de ladrão. A gente não pode permitir”.
Entendi. Então fica combinado. Ladrão não chama ladrão de ladrão. Mas quem não roubou, então, pode, certo? Você, meu bom brasileiro, que não mete a mão na carteira de ninguém, que vive com o suor do seu rosto, que oferece a seus filhos apenas o que o seu trabalho honesto pode obter, que tem senso de moral, que tem decência, que não vive pendurado nas tetas públicas, que tem nojo dessa corja que se apoderou do país… Bem, você pode chamar os petistas de ladrões.
Lula precisa tomar cuidado com o que fala, não é mesmo? Imaginem um estádio de futebol lotado, com milhares de pessoas. Uns, deixem-me ver, 98% não são ladrões. Pensem nessa gente toda gritando para os petistas, inclusive para Lula, agora que ele próprio autorizou: “Ladrão! Ladrão! Ladrão!”.
Eu estou liberado. Você, leitor, está liberado. A esmagadora maioria do Brasil está.
No discurso, o Apedeuta veio com a cascata de que chamou atenção do partido para o suposto processo de criminalização do PT. E voltou a fazer uma comparação moralmente criminosa, associando os petistas aos judeus e seus críticos aos nazistas. Pela ordem: judeus não eram criminosos e foram vítimas de uma campanha de ódio contra uma condição que lhes era imanente. O petismo que se combate é aquele que assalta o estado, e se é petista por escolha. Os judeus eram as vítimas. Os petistas são os algozes da decência. Mais: comparar simples divergência política, que se dá num ambiente democrático, com o Holocausto é de uma delinquência intelectual sem-par. Lula deveria se envergonhar. Mas isso só acontece com gente capaz de sentir vergonha.
Lula, que falava de Dilma, passou, como sempre, a falar de si mesmo, não é? E lembrou que não é Getúlio Vargas, querendo dizer que vai dar um tiro no peito. Bem, ninguém cobra isso dele, não é? Como diria Camus, o suicídio é a questão filosófica verdadeiramente relevante. A decisão é pessoal e intransferível. Só na Argentina de Cristina Kirchner, o verbo “suicidar-se” tem agente da passiva, e um inimigo do governo é suicidado por outra pessoa…
Ciente de ser o ignorante mais famoso do Brasil, Lula resolveu espalhar a sua ignorância. E afirmou o seguinte sobre uma tal elite brasileira:
“Ela dizia que ‘o Juscelino não pode disputar, se disputar não pode ganhar, se ganhar não toma posse e se tomar posse a gente derruba’. E eu disse para eles: eu não sou Getúlio, não vou me matar, não sou Jango, não vou sair do Brasil e não sou Juscelino, eu sou o Lula. A minha arma é o povo brasileiro e essa é a arma da Dilma”.
Pra começo de conversa, quem escreveu algo parecido no jornal Tribuna da Imprensa, em 1º de junho de 1950, foi Carlos Lacerda. E não estava se referindo a Juscelino, mas a Getúlio Vargas. A frase completa é esta: “O senhor Getúlio Vargas, senador, não deve ser candidato à Presidência. Candidato, não deve ser eleito. Eleito, não deve tomar posse. Empossado, devemos recorrer à revolução para impedi-lo de governar”.
A vigarice intelectual de Lula insiste em associar um movimento democrático, ancorado na Constituição e nas leis, a um golpe. É má-fé, sempre piorada, no seu caso, pela ignorância.
A troca de Getúlio por Juscelino em seu discurso não deixa de ser emblemática. O mineiro só assumiu a Presidência porque o marechal Lott, ministro da Guerra, deu o que pode ser considerado um… golpe! Pesquisem a respeito.
Lula acha que pode fazer com a história o que ele e seus companheiros fizeram com o Brasil.
São, além de tudo, ladrões da verdade.
Orçamento de 2016 – Os petistas nos ensinam uma lição: ser irresponsável é bem mais gostoso
Também eu farei agora como os companheiros: quero mais gastos sociais, nego a crise e grito “Fora, Levy!”, POR REINALDO AZEVEDO
Dados todos os defeitos de caráter, o que disputa o topo da minha irritação é a hipocrisia. Por que digo isso? O deputado Ricardo Barros (PP-PR), relator do Orçamento de 2016, afirmou que se negava a produzir uma peça que resultasse em déficit e que proporia, sim, cortes drásticos de gastos. E tocou na vaca sagrada do petismo, o que restou ao partido de tanta conversa mole: o Bolsa Família! Barros diz que proporá um corte de R$ 10 bilhões de uma previsão de R$ 28,8 bilhões para a área. Bem, foi um deus-nos-acuda, claro! E os oportunistas, a começar da presidente Dilma, saíram por aí deitando falação.
A assessoria de Dilma, que faz seu Twitter, escreveu que o Bolsa Família “é prioridade máxima do seu governo, como foi para Lula”; que “cortar verba do programa é atentar contra 50 milhões de brasileiros”, que “não podemos permitir que isso aconteça”. Certo! Então tá.
Humberto Costa (PE), líder do PT no Senado, foi mais duro. Chamou Barros de “Robin Hood às avessas” — logo, entende-se que o relator quer roubar dos pobres para dar aos ricos. Disse ser a sugestão “piada de mau gosto, absurda, descabida”. E sugeriu que o deputado proponha, então, o corte de todas as emendas parlamentares. O senador pregou ainda o imposto sobre grandes fortunas.
Pois é… Ah, se me coubesse decidir… É claro que eu deixaria a peça orçamentária nas mãos de um petista. Eles que embalassem Mateus, não é?, já que o pariram. Hoje nem é possível, mas digamos que fosse: que a companheirada cortasse, então, as verbas de emendas; que a companheira propusesse o imposto sobre grandes fortunas; que metesse lá na previsão da receita a CPMF, ora… E veríamos quanto sobraria de apoio parlamentar a Dilma.
Então a brincadeira não consiste nisto, num campeonato de generosidades? Barros acabou, no fim das contas, dando palanque à presidente e ao petismo, que não têm a mais remota de ideia de onde sairá o dinheiro, mas se opõem a qualquer tentativa de fazer os gastos caberem no Orçamento.
Até Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, que anda com um discurso crescentemente “social”, saiu vituperando contra o corte. Então, deputado Barros, deixe isso pra lá. Não mexa no Bolsa Família. Mas não conte com a CPMF, que isso é ovo em barriga de galinha arisca. Não vai sair. Também não há a graninha do imposto que Costa quer, o tal sobre grandes fortunas.
Quer saber, deputado? Bata um papo com a presidente Dilma e veja que ideia genial ela sugere. Quem tem tanta certeza sobre o que não fazer certamente tem algumas dicas sobre o que fazer, não é mesmo?
Não custará lembrar à preclara que teremos recessão também em 2016 e que a arrecadação continuará sofrível. Como o Congresso não está disposto a partir para o suicídio e aprovar um novo imposto, contemos com os valentes para tirar o coelho da cartola.
Ah, qual é? Os políticos, com algum frequência, são acusados de populismo e irresponsabilidade. Quando alguém se atreve a ter um discurso minimamente racional, é acusado de querer roubar dos pobres para dar aos ricos.
Gente como Dilma, Humberto Costa e Renan Calheiros produziu a maravilha que aí está. Eles certamente têm ideias muito precisas sobre o que tem de ser feito.
Estou até pensando em fazer como os petistas. Vou começar a negar a crise, cobrar aumento de gastos sociais e gritar “Fora, Levy”. Ser irresponsável é bem mais gostoso! De resto, fazia tempo que o petismo aparecia no noticiário só roubando o povo. Surgiu uma chance de posar de defensor dos pobres. Asco!
Renan tira doce da boca de aliada (na coluna RADAR)
Com o prazo dado por Renan Calheiros (PMDB-AL) para a defesa de Dilma Rousseff no caso das pedaladas, a senadora Rose de Freitas (PMDB-ES), que gostaria de presidir na Comissão de Orçamento o julgamento das contas presidenciais, vai perder o protagonismo.
Com os 45 dias dados por Renan e os 77 possíveis de tramitação na comissão, a votação acontecerá quando Rose já estiver fora da presidência. Isso porque, em março, as comissões terão novos dirigentes.
Renan empurra julgamento do relatório do TCU para março do ano que vem
Até ontem, como expliquei aqui, não estava claro qual seria, afinal, o rito para o trâmite no Congresso da recomendação feita pelo TCU, que propõe a rejeição das contas do governo relativas a 2014. Desde o princípio, Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente da Casa, queria dar 45 dias para o governo, além do prazo que cabe à Comissão Mista do Orçamento — 77 dias. Rose de Freitas (PMDB), presidente da CMO, achava que os 45 deveriam estar compreendidos nos 77.
Renan bateu o martelo. A CMO terá seus 77 dias regulamentares. Mas eles só começarão a ser contados depois de 45 dias concedidos ao governo para se defender.
O presidente do Senado explicou por que, a seu ver, a comissão não garantia o direito de defesa: “Se o prazo é para apresentação de emendas e designação do relator, se você utilizar esse prazo para o contraditório, você estará invadindo outro prazo especificado. […] Os prazos da CMO não garantem o direito de defesa. O próprio TCU abriu um prazo, inicialmente de 30 dias, depois de 15 dias, [totalizando] 45 dias para receber o contraditório. A grande pergunta é se esse contraditório feito no tribunal de contas, ele do ponto de vista do Congresso, do ponto de vista de decisões do Supremo, ele resolve”.
Renan claramente acha que o governo deve ter tempo para apresentar uma nova defesa. Bem, caros: o governo tem até 45. Certamente vai utilizá-lo. Com os 77 da comissão, são 122 — quatro meses e dois dias. Muito bem! O julgamento vai para março de 2016. Viram como é bom ter um presidente do Senado aliado, que não está sendo incomodado por Rodrigo Janot, procurador-geral da República, e sobre quem os jornalistas vazam poucas coisas? De vez em quando, aparece um Fernando Baiano para perturbar…
Tudo saiu sob medida para o governo. O que o Planalto temia é que o julgamento das contas vitaminasse a possibilidade do impeachment. Bem, a realidade orçamentária é o que é. Tanto o governo cometeu crimes fiscais que está disposto a fazer uma “compensação” de R$ 40 bilhões, para somar ao déficit primário já admitido de R$ 50 bilhões neste ano.
Há outra facilidade para Dilma: o relator escolhido para o caso é o ultragovernista líder do PDT no Senado, Acir Gurgacz (RO). É dilmista roxo. É quase certo que vai propor a rejeição do relatório do TCU.
Bem, o governo tem claro que uma eventual rejeição das contas agora poderia vitaminar o debate do impeachment ainda neste ano. Empurrando a coisa para março do ano que vem, pretende retardar também um eventual desfecho sobre a denúncia da oposição. Embora julgamento do Congresso e denúncia sejam elementos independentes, é claro que uma eventual rejeição das contas estimularia muita gente a votar pela aceitação da denúncia, tentando afastar Dilma. Como ficou para março…
E há ainda uma outra aposta: Renan retardou ao máximo o julgamento, no interesse do Planalto, na esperança de que, até lá, Dilma já esteja livre de Eduardo Cunha.
Viram? Como poderia dizer Rodrigo Janot, é melhor um Renan na mão do que um Renan na Papuda, não é mesmo?
PT não quer Gilmar Mendes como relator de ações no TSE
Escrevi sobre o assunto nesta madrugada, num post publicado às 4h39. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Dias Toffoli, vai decidir se Gilmar Mendes assume ou não a relatoria da principal ação que tramita no tribunal acusando irregularidades na campanha eleitoral de Dilma Rousseff — (Ação de Investigação de Mandato Eletivo 7-61) — e de outras três que são conexas. Toffoli poderia ter tomado a decisão hoje, mas deixou para os próximos dias. O PT não quer que a relatoria passe para as mãos de Mendes, embora seja o que recomenda a ordem legal.
Vamos ver: o PSDB protocolou a AIME, acusando a chapa de Dilma de abuso de poder político e econômico e de uso de dinheiro irregular da Petrobras. A relatora do caso foi a ministra Maria Thereza de Assis Moura, que, em decisão liminar, recusou a ação. Os tucanos recorreram, e o tribunal, por cinco votos a dois, resolveu dar continuidade à investigação. Quem abriu a divergência foi Gilmar Mendes.
Segundo prática consagrada pelo Regimento Interno do Supremo, que subsidia o TSE, quando um relator é vencido, a relatoria do caso passa para o ministro que abriu a divergência. A própria Maria Thereza, que assumiu a corregedoria do tribunal, levantou uma questão de ordem, sugerindo que Mendes assuma a relatoria da AIME e das outras três ações. É a prática consagrada.
Toffoli, acertadamente, chamou a questão para si e poderia ter definido o caso conforme a prática do Supremo. Mas preferiu ouvir as partes. A defesa de Dilma já disse que não quer Mendes como relator, alegando que a ministra Maria Thereza tem de continuar na função, já que a transferência de relatoria, segundo essa leitura, só se daria se o mérito tivesse sido julgado. O PSDB certamente vai argumentar que se deve seguir no TSE o rito do STF.
O que fará Toffoli? Espero que decida segundo a prática do Supremo. Até porque é preciso tomar cuidado para que não se inaugure uma prática em que ministros têm declarada informalmente a sua suspeição. Se o PT acha que não pode ser Mendes, que formalize, então, uma denúncia de suspeição do ministro. Não cabe a Toffoli quebrar esse galho para o PT.
Ademais, é mentira que Mendes decida sempre contra o que quer o PT. Basta consultar o arquivo para saber que não é assim. Parece que o que os companheiros não querem mesmo é o rigor técnico do ministro.
O naufrágio do vice-almirante que tripulava roubalheiras nucleares tirou o sono do comparsa que acabou de assassinar a CPI
No relatório que desmoralizou de vez a infame CPI que fingiu investigar a Petrobras, o deputado federal Luiz Sérgio (PT-RJ) absolveu os criminosos, condenou os homens da lei e se declarou indignado com o que considera “excesso de delações premiadas” ocorridas na Operação Lava Jato. É compreensível que o relator de araque ande atravessando madrugadas assombrado por gente que, para escapar de punições mais salgadas, topa contar tudo o que sabe. É natural que não pare de pensar em Curitiba.
Luiz Sérgio, constata o comentário de 1 minuto para o site de VEJA, não dorme direito desde julho passado, quando foi preso pela Polícia Federal o vice-almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva. Nomeado por Lula em 2005, o militar de 76 anos presidiu a Eletronuclear até abril. Nesse período, sem desativar sua “empresa de consultoria”, reativou as obras da usina de Angra, refez os contratos com empreiteiras que no momento chapinham no pântano do Petrolão e embolsou propinas que somam pelo menos R$ 4,5 milhões.
Nesse mesmo espaço de tempo, Othon estreitou as relações suspeitíssimas que mantém com Luiz Sérgio desde os anos 80. Eles se conheceram quando o oficial da Marinha especializado em engenharia nuclear servia ao regime militar e o dirigente sindical rezava no altar do PT. Descobriram que haviam nascido um para o outro depois que Luiz Sérgio se elegeu prefeito. Os laços ficaram mais sólidos a cada campanha eleitoral. E viraram amigos de infância quando o deputado pousou no primeiro escalão do governo Dilma.
No Ministério de Relações Institucionais e no da Pesca, Luiz Sérgio ficou famoso pelas cenas de sabujice explícita com que costuma reverenciar os chefes da seita. Esse traço de caráter não parecerá mais repulsivo que o prontuário depois de incorporadas as anotações que estão faltando. Se o vice-almirante revelar tudo o que fez junto com o deputado, a dupla terá tempo de sobra para colocar a conversa em dia no pátio de uma cadeia.
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Crise chegou até à ilha da fantasia
Não está fácil para ninguém. O tradicional Fórum Empresarial, realizado pelo Lide (Grupo de Líderes Empresariais) anualmente em abril na Ilha de Comandatuba vai mudar de endereço.
O motivo é corte de gastos, num evento que primava justamente pela abundância –de brindes, chefs renomados e voos fretados para transportar empresários, políticos, jornalistas e artistas.
Ainda não se sabe o destino do fórum de João Doria Jr, em 2016. Empresários que ajudam a bancar o evento dizem que uma das possibilidades é o bem menos glamouroso Guarujá.