OS TRÊS PATETAS – Governo opta por chicana e tenta melar julgamento de contas no TCU
OS TRÊS PATETAS 1 – Governo opta por chicana e tenta melar julgamento de contas no TCU
A presidente Dilma Rousseff, como evidencia a capa da revista VEJA desta semana, entregou a faixa presidencial ao Pixuleco. Lula está no comando, e o novo velho presidente mostra as suas garras. Numa incrível e irresponsável entrevista coletiva, três ministros de estado, como se fossem Os Três Patetas, anunciaram que o governo vai recorrer à corregedoria do Tribunal de Contas da União (TCU) para acusar o impedimento de Augusto Nardes, relator das contas do governo relativas a 2014.
Caso não seja bem-sucedido, o Planalto anuncia que poderá apelar ao Supremo. Acusação: Nardes não teria imparcialidade para julgar porque já teria antecipado seu juízo. Segundo disseram, o processo, que deveria ser técnico, já se tornou político. Ah, sim: o Curly, o Larry e o Moe da entrevista, no caso, foram Luís Inácio Adams, Nelson Barbosa e José Eduardo Cardozo.
Antes que eu me alongue sobre as circunstâncias em que se dá essa patuscada, tratemos da coisa em si, que andou angustiando muitos leitores. É possível que a inciativa do governo até provoque um adiamento do julgamento, previsto para esta quarta. Mas é nula a chance de a corregedoria acatar a reclamação. Ainda que acontecesse, teria de contar com a maioria do plenário. Esqueçam. Na verdade, a patetada servirá para unir ainda mais o tribunal.
Aí restará o caminho do Supremo, sabe-se lá com base em que dispositivo legal. O tribunal teria de dar uma liminar suspendendo o julgamento ou declarando a suspeição de Nardes — e isso também não vai acontecer. A menos que se queira, aí sim, transformar uma crise, que é econômica e política, também numa crise institucional. O TCU é um órgão de assessoramento do Poder Legislativo. Duvido que o Supremo vá entrar nessa.
Então por que a entrevista dos Três Patetas, com direito a dedo no olho, soco no nariz e pancada na cabeça? Ora, em primeiro lugar, para demonstrar que o governo está sob nova gerência: agora é com Lula, e ele não teme crise institucional porque se considera acima dela. Em segundo lugar, o objetivo é desmoralizar o julgamento, cujo resultado é conhecido: Nardes vai, sim, recomendar a rejeição das contas — até porque já as rejeitou. O governo só teve de responder a um questionário por isso. A iniciativa do trio é uma farsa.
O governo e os petistas querem que o relatório de Nardes chegue ao Congresso, onde será votado, sob suspeição. Também se trata de fazer pressão na Câmara, onde deputados vão decidir o destino de Dilma. Inicialmente, ao menos 254 têm de defender a instalação de uma comissão para avaliar a denúncia contra a presidente; numa fase posterior, 342, no mínimo, teriam de admitir a denúncia, hipótese em que Dilma será afastada. O Planalto tenta emprestar a tudo isso um tom de conspiração.
“Fazer a luta política”
O leitor que não está familiarizado com as práticas e os jargões das esquerdas precisa saber que existe uma expressão dos pixulequentos chamada “luta política” — na verdade, o que se diz é exatamente isto: “É preciso fazer a luta política”.
O significado é um tantinho diferente do que as palavras indicam na sua denotação. “Fazer uma luta política” poderia ser, simplesmente, lutar por um ponto de vista, uma ideia, uma leitura da realidade. Não! Em esquerdês, essa estrovenga quer dizer outra coisa: “fazer a luta política” significa mobilizar o que estiver ao alcance da mão, mesmo as mentiras mais asquerosas, para fazer triunfar a versão conveniente ao partido.
Para um esquerdista, desde que se “faça bem a luta política”, a verdade do partido triunfará, mesmo que o povo não entenda os motivos. Em 2005, quando o PT foi pego com a boca na botija do mensalão, optou-se pela dita-cuja. Lembram-se? Os intelectualoides do PT, liderados por Marilena Chaui, inventaram o tal “golpe da mídia”. No ano passado e neste, a mesma ladainha. Só que, desta feita, a crise econômica não deixa triunfar a mentira.
Agora que Dilma passou a faixa para o Pixuleco, os petistas decidem, então, fazer a tal “luta política”, acusando a ilegalidade e a ilegitimidade do julgamento do TCU. O ato é de uma espantosa irresponsabilidade. É claro que o governo pode e deve se defender, mas não atacando as instituições.
Para lembrar
Desde que ficou claro que o TCU tendia a rejeitar as contas de Dilma, surgiram na imprensa, adivinhem como e qual a origem!, acusações contra os ministro Aroldo Cedraz, presidente do tribunal; Raimundo Carreiro (corregedor); Vital do Rêgo e o próprio Nardes, relator do caso.
Naquele acordão malsucedido que passou por Renan Calheiros há coisa de um mês e meio, o presidente do Senado havia se comprometido a inverter ao menos dois votos, jogando-os no colo do Planalto. Não conseguiu. A truculência palaciana foi contraproducente: hoje, estima-se, o governo pode perder por nove a zero. Para a turma sem limites, restou atacar a idoneidade do próprio tribunal.
Isso só prova, mais uma vez, que chegou a hora de pôr um ponto final nessa pantomima dos patetas.
Por Reinaldo Azevedo
OS TRÊS PATETAS 2 – Em nota, TCU repudia declarações de Adams; Nardes nega antecipação de voto
Augusto Nardes, ministro do TCU e relator das contas de Dilma, repudiou as declarações de Luís Inácio Adams e lembrou o óbvio: o debate já foi feito no tribunal. E a corte só concedeu um novo prazo ao governo justamente para que explicasse as tais “pedaladas” que, com efeito, aconteceram.
Nardes tem razão. Tanto aconteceram que nem o governo as negou. Limitou-se a dizer que outros governos procederam do mesmo modo no passado — o que, dados intensidade e volume das tramoias, é mentira.
O ministro diz ainda que não se sente impedido de votar. Leiam a íntegra da nota publicada pelo tribunal.
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O ministro Augusto Nardes, do Tribunal de Contas da União (TCU), repudia as declarações do Advogado-Geral da União divulgadas pela imprensa acerca de sua atuação na relatoria do processo de apreciação das Contas de Governo do exercício de 2014.
Esclarece, em relação à sessão prevista para 7 de outubro, que não antecipou sua opinião final acerca da apreciação dessas contas. Apenas disponibilizou, na quinta-feira passada, minuta de relatório e do parecer prévio aos demais ministros, uma vez que o Regimento Interno do TCU exige que a distribuição dessas peças aos seus pares se faça em até cinco dias antes da data da sessão.
Eventuais declarações coletadas junto à imprensa estão relacionadas a acórdãos públicos já prolatados pelo TCU, a exemplo do Acórdão 825/2015 – TCU-Plenário, que tratou de adiantamentos realizados pelos bancos oficiais para cobertura de despesas da União com programas sociais, e do Acórdão 1.464/2015 – TCU-Plenário, sobre a análise preliminar das contas de governo, no qual o tribunal comunicou ao Congresso Nacional que as referidas contas não estavam em condições de serem apreciadas naquele momento, em virtude dos indícios de irregularidades constatados que demandavam a apresentação de contrarrazões por parte da Presidente da República.
Por Reinaldo Azevedo
OS TRÊS PATETAS 3 – Aécio: Governo quer mudar o juiz porque está perdendo o jogo
O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), chamou a decisão do governo, de acusar o impedimento de Augusto Nardes, relator das contas de Dilma no TCU, de “truculenta”, “desrespeitosa” e “agressão à democracia”. Leiam nota emitida pelo partido.
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O governo age como um time que, vendo que está perdendo de goleada a partida, pede para mudar o juiz.
Chega a ser patética essa tentativa extrema de buscar desqualificar o Tribunal de Contas da União e os pareceres técnicos elaborados com rigor e isenção.
Na verdade, essa ação truculenta e desrespeitosa do governo, através do titular da AGU, só consegue demonstrar, de forma definitiva, que faltam argumentos sérios para responder aos questionamentos feitos pelo TCU, e escancara o enorme receio de uma histórica derrota quando do julgamento das contas presidenciais.
Felizmente, e ao contrário do que parece supor o Advogado Geral, o TCU não é órgão subordinado ao Poder Executivo e cumprirá o seu dever de julgar com independência e baseado em argumentos técnicos.
É hora de mostrarmos definitivamente que, no Brasil, a lei deve ser cumprida por todos, em especial por quem deveria dar o exemplo: a presidente da República.
Senador Aécio Neves
Presidente Nacional do PSDB
Texto publicado originalmente à 1h21
Por Reinaldo Azevedo
Parceria Transpacífico(a): o mundo avança, e o Brasil vai se afundando com o PT amarrado ao pescoço
O que resta aos esquerdopatas brasileiros e aos estúpidos do PT, do Palácio do Planalto e do Itamaraty? Torcer para que os republicanos, motivados por questões principalmente eleitorais – e também por um lobezinho aqui e outro ali – se oponham à aprovação da chamada Parcecia Transpacífico. Nota: a imprensa vem chamando a coisa no masculino, mas destaco que a gramática exigiria, em português, “parceria transpacífica”… É evidente que a palavra se transformou num adjetivo. Adiante.
Enquanto o mundo se organiza em blocos e parcerias comerciais, o Brasil continua atrelado ao ridículo Mercosul. O último esforço de Dilma, a preclara, é para atrair a Bolívia. Em recente reunião, Evo Morales ofereceu suas Forças Armadas a Dilma para enfrentar o golpe das oposições… Temo a Marinha boliviana!!!
Vejam ali. O Peru e o México, que já compõem a Aliança do Pacífico (com Chile e Colômbia), integram essa parceria. Não sei por que os outros dois (Colômbia e Chile) não estão na lista. A América Latina, exceção feita a Venezuela e Argentina, nossos dois “parceiros”, cresce mais do que o Brasil.
O que está me curso é fruto de um braço de ferro estúpido no qual o Brasil foi derrotado. Os governos petistas e o Itamaraty apostaram todas as suas fichas na chamada Rodada Doha, que seria um grande acordo internacional que reordenaria as disputas comerciais internacionais, com medidas, vamos dizer, compensatórias para os países em desenvolvimento. Deu tudo errado. Em 2008, ficou evidente que a grande negociação internacional não aconteceria. Banânia, no entanto, insistiu. Ainda em 2013, lá estávamos nós tentando salvar Doha dos escombros.
Resultado: o Brasil hoje tem o Mercosul como uma corda no pescoço. Já escrevi isto aqui e repito: desde 1991, quando se tornou membro do Mercosul, o Brasil fechou, ATENÇÃO!, três acordos bilaterais: com Israel, Egito e… Palestina! Só o primeiro está em vigência. Parece piada, mas é assim mesmo. Até 10 de janeiro de 2013, a OMC tinha registrados nada menos de 543 acordos bilaterais. Estavam em vigência 354 deles — a metade havia sido firmada a partir de 2003.
O atraso a que nos condena o PT é bem maior do que conseguimos perceber à primeira vista. O mundo avança, e o PT vai se afundando, com o PT amarrado ao pescoço.
Por Reinaldo Azevedo
Cunha, o impeachment e as teorias conspiratórias
É claro, e já escrevi isto aqui, que a situação do deputado Eduardo Cunha se complicou bastante depois que o governo da Suíça e o Ministério Público daquele país informaram que quatro contas o têm como beneficiário último. A informação, que chegou ao Brasil, foi diligentemente vazada. Quem sabia? O Ministério da Justiça e a Procuradoria-Geral da República. Quando a coisa já estava na praça, a PGR emitiu uma nota confirmando o dado.
Muito bem! Isso altera aquela que é tarefa de Cunha no caso da denúncia endossada pela oposição, que está na Câmara? Já escrevi a respeito. Ele pode fazer de conta que a coisa não existe. Pergunto: há clima para isso? Pode aceitar e mandar instalar a comissão especial. Dirão que o faz só para se vingar. Pode recusar, hipótese em que parlamentares da oposição vão recorrer. Dirão que tudo não passa de manobra.
O próprio deputado registrou o paradoxo no Twitter: “Acho engraçado que ficam achando conspiração em tudo. Se eu aceitar, é porque estou viabilizando [o impeachment], e, se rejeitar, também estou viabilizando”.
É isso mesmo. Os que fazem essa crítica gostariam que a coisa não estivesse lá e pronto. Para lembrar: caso o deputado rejeite a denúncia, serão necessários 257 votos favoráveis do plenário para instalar a comissão especial. Não está claro hoje se eles existem.
Ninguém sabe direito o efeito da “reforma anti-impeachment” feita por Dilma, sob a inspiração de Lula. Celso Pansera (PMDB-RJ), a quem coube o ministério da Ciência e Tecnologia, dado antes como homem de Cunha, agora prevê que a rebelião peemedebista vai diminuir.
O mesmo juízo faz Eliseu Padilha (Aviação Civil), que é mais próximo de Michel Temer, que não articulou a reforma. Em entrevista à VEJA, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) avalia que a reforma não põe fim à crise.
Cunha ainda escreveu no Twitter:
“Não tenho qualquer outro papel que não seja esse. Os que falam gostariam que eu mantivesse na gaveta [ele está se referindo à denúncia da oposição], e isso não ocorrerá. A minha obrigação é despachar”.
Pois é… Do jeito que os teóricos da conspiração estão animados, alguém dirá, daqui a pouco, que, se Cunha demorar mais algum tempo, é porque está esperando crescer de novo o descontentamento do PMDB…
Por Reinaldo Azevedo
Detonando um troço chamado “Tico Santa Cruz”, um esquisitão. Ou: Se Cunha for culpado, cadeia! E, mesmo assim, devemos lhe ser gratos!
Fui informado de duas coisas. A primeira: existe um troço chamado “Tico Santa Cruz”, que pertence a um outro troço chamado “Detonautas”. Santo Deus! Algumas googleadas, e descobri que ele gosta de expor seus músculos tatuados nas redes sociais para mostrar que é profundo.
Feita a primeira descoberta, veio a segunda. Ele me atacou em razão de uma coluna que escrevi na Folha no dia 29 de maio. Numa prova do caráter muito típica, ele omite os trechos do texto que não endossam a sua estupidez.
Sei lá quem é esse pobre coitado! Mas a coisa é divertida. Eu mesmo lembro a minha coluna, na íntegra, que assino de novo. E com acréscimos. Releiam, atentando para os destaques.
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Ódio a Cunha é ódio à democracia
Gosto da pauta –com exceções– e do estilo do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara. Há muito tempo não havia uma pessoa tão determinada e operosa sentada naquela cadeira, disposta a fazer uso das prerrogativas que lhe facultam a Constituição e as leis. E isso significa levar ao limite a independência do Poder Legislativo –ao menos no âmbito da Casa sob o seu comando.
Como sou um fanático da democracia representativa e um discípulo de Montesquieu, eu o aplaudo. E entendo que esquerdistas possam atacá-lo, não é? Sonham ver em seu lugar um militante socialista. Vamos fazer um acordo, camaradas? Primeiro vocês vençam a revolução e, depois, implementem o socialismo. Que tal? Enquanto não fizerem a primeira no berro, não tentem ter o segundo no… berro.
Sim, eu sei que Cunha é um dos investigados da Operação Lava Jato. Caso venha a ser colhido por algo que eventualmente tenha feito (ou que não tenha) – e torço para que seja inocente –, será uma pena. Em quatro meses, fez mais à frente da Câmara do que seus antecessores em 12 anos. Desde 2003, o PT chama a reforma política de a mãe de todas as reformas. Mas sempre a ignorou. Quando o partido resolveu cuidar do assunto, mandou o país às favas e pensou apenas num projeto continuísta. Deu-se mal, felizmente!
Na terça passada, a Câmara fez uma besteira e não deu os 308 votos necessários ao texto que constitucionalizava a contribuição de empresas a partidos e candidatos. Corrigiu, em grande parte, a tolice na quarta, permitindo tal modalidade de financiamento a partidos apenas, por 330 votos a 141. A imprensa, inclusive esta Folha, chamou essa votação de “manobra de Cunha”. Se me demonstrarem que não foi regimental, também chamarei. Como foi, manobra não é.
Se alguém quer uma medida da bobagem feita na terça, basta atentar para o placar de outra votação, na quarta: 163 a favor do financiamento público de campanha e 240 contra. Huuummm… Levados a sério os dois resultados, não haveria nem dinheiro público nem dinheiro privado nas eleições. A grana viria de onde? Cairia do céu, como maná?
Felizmente, o PMDB e Cunha foram derrotados, sim, no embate sobre o distritão, que é pior, entendo, do que o sistema proporcional. Mas não me parece ter sido uma derrota pessoal. A Câmara deixou claro que não quer mudança nesse particular –afinal, as alternativas foram igualmente recusadas.
A Casa também se manifestou, por esmagadora maioria –452 a 19– em favor do fim da reeleição, à qual sempre me opus. Em 1997, os petistas chamaram a aprovação de tal emenda de “golpe”. Era por oportunismo, não por princípio. Quando o instrumento passou a lhes ser útil, nunca mais falaram em extingui-lo. O expediente só nos trouxe malefícios. Seria muito bom ver o Parlamento brasileiro aprovar o mandato único de cinco anos para o Executivo –único mesmo, sem reeleição em qualquer tempo. Oxigenaria a política e ajudaria a pôr fim a zumbis como Lula.
Corrijo-me. Cunha avançou mais em uma semana do que seus antecessores em 12 anos. É o presidente legítimo da Câmara e exerce as suas prerrogativas dentro dos limites da institucionalidade. Se errou, que pague pelo que fez. Este texto trata do político que está acertando. Odiá-lo corresponde a odiar os fundamentos da própria democracia representativa. Enquanto as esquerdas não pegarem no berro, terão de se contentar com o berro. E com o voto.
Retomo
Assino de novo cada palavra. Está claro nesse texto da Folha, estava claro em posts neste blog antes dele e ficou claro em muitos outros depois dele: se Cunha fez o que lhe atribuem, que pague! Se for culpado e tiver de ir para a cadeia, que vá, como qualquer outro.
Procurem no arquivo; já escrevi isto aqui: O PT NÃO INVENTOU O CORRUPÇÃO; O PARTIDO A TRANSFORMOU NUM MÉTODO E NUMA CATEGORIA DE PENSAMENTO. POR ISSO CRIEI O TERMO “PETRALHA”.
Roubar é feio e é um crime previsto no Código Penal. Querer fazer do roubo uma forma de se apropriar do estado e uma prática de resistência política é, além de crime, um assalto à institucionalidade.
Até me vi tentado a procurar na Internet as músicas do tal rapaz, com aquele seu ar de quem não foi tratado a tempo com a devida severidade, o que certamente lhe causou um déficit de superego — que é o chamado senso de ridículo. Mas não fiz isso porque tudo tem limites, não é?
Insisto: que Cunha vá para a cadeia se cometeu crimes. Mas devemos lhe ser gratos ainda que aconteça porque, entre outras coisas, tirou de Dilma — caso ela fique até 2018, coisa na qual não acredito — a chance de indicar mais cinco ministros do Supremo, estuprando a institucionalidade pelos próximos 25 anos.
Um só Roberto Barroso pode jogar as eleições brasileiras na clandestinidade, com a proibição da doação de empresas a campanhas — o crime organizado, a esta altura, baba de satisfação. Imaginem mais uns cinco Barrosos…
O tal “Tico” não deve ter a menor ideia do que estou falando. Ele só queria aparecer um pouco, coitado!
Ô Tico! Segure a sua onda aí, rapaz! Ou eu submeto suas letras a uma análise sintática! Não fiz isso! Mas há coisas que estão escritas na cara.
Por Reinaldo Azevedo
A reforma ministerial afastou o impeachment? Romero Jucá responde
Será que a reforma ministerial comandada por Lula, com o auxílio de setores cooptados do PMDB, pôs fim ao debate sobre o impeachment e dá tranquilidade à subpresidente Dilma Rousseff — agora que ela terceirizou o governo e pôs a faixa do peito do Pixuleco? Vamos ver o que disse o senador Romero Jucá (PMDB-RR) em entrevista a Thaís Oyama, nas “Páginas Amarelas” de VEJA. Leiam trecho.
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Se há uma coisa que o senador Romero Jucá entende como ninguém é a quase sempre sinuosa relação que governos estabelecem com o Congresso (na política há quase trinta anos, conseguiu o feito de ser líder do governo Fernando Henrique, líder do governo Lula e, mais tarde, líder do governo Dilma). Nesse quesito, avalia, o atual governo merece nota mínima. Hoje um dos políticos mais influentes do PMDB e mais próximos do vice-presidente Michel Temer, ele acha que o papel da sigla não pode ser “segurar a votação de um impeachment em troca de cargos”. Na economia, diz que o governo errou por ser ideológico e intervencionista e que terá pela frente dias ainda mais amargos. Já os seus serão doces. Na semana que vem, Jucá embarca para o exterior em viagem de lua de mel para comemorar seu terceiro casamento.
O PMDB vai anunciar o rompimento com o governo Dilma no congresso marcado para 15 de novembro?
Estamos discutindo, avaliando a situação. E estamos procurando ajudar o governo, a Agenda Brasil é um exemplo disso. Mas não podemos deixar de ser críticos. Não podemos deixar de dizer que o PMDB tem uma história que vai além do governo do PT e da presidente Dilma. O partido tem uma vida que vai além dessa aliança com o PT – uma aliança que já se esgotou. O PMDB tem de se preparar para o futuro. Não pode ficar preso a esse passado nem a este presente. Não pode ser sócio dos erros do governo porque a concepção desses erros não foi nossa. O PMDB vai ter de ter coragem de decidir.
Mas o partido parece que nunca esteve tão dentro do governo, dado que será o principal beneficiário da reforma ministerial.
O governo decidiu falar direto com as bancadas. O que ele fez foi negociar com elas e ampliar o número de suítes do Titanic. Mas, para nós, do comando do PMDB, a discussão não tinha de ser em torno do número de suítes, tinha de ser para mudar a rota do navio. E o governo mais uma vez deixou de atuar nessa direção. Mostrou estar completamente fora de sintonia com a realidade política das ruas brasileiras. Tudo o que o povo não quer ouvir falar é em negociação de cargos, distribuição de emendas – tudo o que não resolve estruturalmente a relação política.
Mas essas são praticas comumente associadas ao PMDB.
Ocorre que nós estamos vivendo uma crise de representatividade política e de relação com a sociedade. Os partidos e os políticos que não entenderem isso estarão fora do jogo. Esse modelo do toma lá da cá se esgotou. O partido que não estiver sintonizado com o que a sociedade espera vai virar um dinossauro e perecer. Nós vamos ter em 2018 uma eleição completamente diferente.
Por quê?
Porque o eleitor amadureceu e não aceita mais essa política de ficar em cima do muro, a política da embromação, de fazer o jogo pra lá e pra cá. Está muito mais seletivo. O cenário também vai mudar em relação ao número de candidatos a presidente. Se houver essa mudança de governo, teremos muitos partidos fazendo parte do que será uma ampla base para levar adiante esse período de transição. E dessa base poderão sair muitos nomes novos. Agora, se não houver essa mudança, e a presidente ficar sangrando até 2018, devemos ter um ou dois opositores.
O que definirá qual dos dois cenários se tornará realidade?
A forma como o governo se conduzir. O brasileiro já mostrou que aceita duas hipóteses: um governo novo – e isso significa que a presidente Dilma teria de realinhar o seu eixo político – ou um novo governo – nesse caso, sem a presidente Dilma. Uma dessas duas coisas tem de acontecer.
(…)
Por Reinaldo Azevedo
Vermelhos do nariz marrom reúnem meia dúzia de gatos-pingados na Paulista, pautados pela mentira e pela sem-vergonhice
Os vermelhos do nariz marrom resolveram fazer um protesto a favor do governo neste sábado. O que é um “nariz marrom”, um “brown noser”? No Brasil, hoje em dia, é um desses esquerdistas que vivem de joelhos para o governo para não perder a boquinha. E aí eles fazem qualquer coisa. Você encontra uma definição mais precisa aqui, no “Urban Dictionary”, com alguns sinônimos muito apropriados. Sigamos.
Os narizes marrons resolveram organizar um protesto na Avenida Paulista contra o impeachment de Dilma, que chamam “golpe” — o que, obviamente, é mentira —, mas também vociferaram contra o ajuste fiscal, que chamaram, atenção, de “Plano Levy-Renan” — outra falácia, tão escandalosa quanto a primeira.
Os manifestantes pró-governo dizem ter reunido 8 mil pessoas. Bem… Nem isso é verdade. Se havia lá mil narizes marrons, já podem se dar por satisfeitos. O protesto a favor — uma modalidade de manifestação historicamente celebrizada pelo fascismo — foi patrocinada pelo PT, pela CUT, por movimentos sociais de quatro e por partidecos de esquerda.
De novo, as bandeiras que mais se destacaram foram as do PCdoB. Cheguei à conclusão de que esse é o partido que reúne, proporcionalmente, o maior número de incompetentes pendurados nas tetas do governo. É só um raciocínio lógico: se aparecem mais pecedobistas em protestos pró-Dilma do que petistas, isso quer dizer que os comunistas do Brasil têm ainda mais medo de ficar na rua da amargura caso percam a boquinha.
Quando fui de esquerda, há muitos anos, era trotskista. Logo, não tinha afinidade intelectual com stalinistas e seus derivados, esse resto e essa raspa compostos hoje de petistas, pecedobistas e afins. Não que o trotskismo tenha tido melhor sorte por aqui. Mas, ao menos, conserva o charme dos que não dizem besteiras a soldo, não é mesmo? Estes o fazem quase de graça, por convicção mesmo…
Vejam a que miséria foram relegadas as esquerdas que se associaram ao petismo e seus satélites. Dizem ir à rua contra um golpe que não existe e se manifestam contra um ajuste fiscal que, com efeito, existe. Como não têm coragem moral de defendê-lo e como, na prática, estão gritando em favor de Dilma, fingem, então, que ela não é responsável pelas medidas; tratam Joaquim Levy como uma espécie de interventor do governo.
“Ah, isso é coisa desses pobres coitados, mamadores das tetas oficiais”, diria alguém. Não deixa de ser também, mas é mais do que isso. Os dois documentos redigidos pela Fundação Perseu Abramo, que “intelectuais petistas”, esse escandaloso paradoxo, afirmam a mesma coisa.
Os textos chegam a negar que haja uma crise no Brasil; dizem que a dita-cuja é só uma invenção da conspiração neoliberal. Mais ainda: na eleição de 2014, Dilma teria sido obrigada a admitir uma crise inexistente só para fazer a vontade dos financistas.
Não vou dizer que as esquerdas perderam o bom senso porque, se bom senso houvesse, esquerdistas não seriam. O que fica evidente é que perderam também qualquer senso de ridículo. Ora, se o pacote de ajuste fiscal não é de Dilma, se ele é desnecessário, se a crise é falsa e se o PT é contra, quem obriga a presidente a adotar aquelas medidas?
Mas que tolice a minha! Fazer perguntas pautadas pela lógica a petistas e, mais genericamente, a esquerdistas é inútil.
Ah, sim: os que foram às ruas têm em Lula a sua referência e o seu Dom Sebastião. Todos eles acreditam que, um dia, ele voltará. Não custa lembrar que, a partir desta segunda, o governo Dilma é aquele definido pelo Babalorixá de Banânia. Ele passou a ser o presidente de fato do Brasil.
Por Reinaldo Azevedo