Vermelhos do nariz marrom reúnem meia-dúzia de gatos pingados na Paulista

Publicado em 04/10/2015 04:39
POR REINALDO AZEVEDO, de VEJA.COM

Vermelhos do nariz marrom reúnem meia-dúzia de gatos pingados na Paulista, pautados pela mentira e pela sem-vergonhice

O protesto da mentira de meia-dúzia de gatos pingados: inventaram até um plano Levy-Renan (Foto: Eduardo Kanapp/Folhapress)

Os vermelhos do nariz marrom resolveram fazer um protesto a favor do governo neste sábado. O que é um “nariz-marrom”, um “brown noser”? No Brasil, hoje em dia, é um desses esquerdistas que vivem de joelhos para o governo para não perder a boquinha. E aí eles fazem qualquer coisa. Você encontra uma definição mais precisa aqui, no “Urban Diccinary”, com alguns sinônimos muito apropriados. Sigamos.

Os “narizes-marrons” resolveram organizar um protesto na Avenida Paulista contra o impeachment de Dilma, que chamam “golpe” — o que, obviamente, é mentira —, mas também vociferaram contra o ajuste fiscal, que chamaram, atenção, de “Plano Levy-Renan” — outra falácia, tão escandalosa quanto a primeira.

Os manifestantes pró-governo dizem ter reunido 8 mil pessoas. Bem… Nem isso é verdade. Se havia lá mil narizes-marrons, já podem se dar por satisfeitos. O protesto a favor — uma modalidade de manifestação historicamente celebrizada pelo fascismo — foi patrocinada pelo PT, pela CUT, por movimentos sociais de quatro e por partidecos de esquerda.

De novo, as bandeiras que mais se destacaram foram as do PC do B. Cheguei à conclusão de que esse é o partido que reúne, proporcionalmente, o maior número de incompetentes pendurados nas tetas do governo. É só um raciocínio lógico: se aparecem mais pecedobistas em protestos pró-Dilma do que petistas, isso quer dizer que os comunistas do Brasil têm ainda mais medo de ficar na rua da amargura caso percam a boquinha.

Quando fui de esquerda, há muitos anos, era trotskista. Logo, não tinha afinidade intelectual com stalinistas e seus derivados, esse resto e essa raspa compostos hoje de petistas, pecedobistas e afins. Não que o trotskismo tenha tido melhor sorte por aqui. Mas, ao menos, conserva o charme dos que não dizem besteiras a soldo, não é mesmo? Estes o fazem quase de graça, por convicção mesmo…

Vejam a que miséria foram relegadas as esquerdas que se associaram ao petismo e seus satélites. Dizem ir à rua contra um golpe que não existe e se manifestam contra um ajuste fiscal que, com efeito, existe. Como não têm coragem moral de defendê-lo e como, na prática, estão gritando em favor de Dilma, fingem, então, que ela não é responsável pelas medidas; tratam Joaquim Levy como uma espécie de interventor do governo.

“Ah, isso é coisa desses pobres coitados, mamadores das tetas oficiais”, diria alguém. Não deixa de ser também, mas é mais do que isso. Os dois documentos redigidos pela Fundação Perseu Abramo, que “intelectuais petistas”, esse escandaloso paradoxo, afirmam a mesma coisa.

Os textos chegam a negar que haja uma crise no Brasil; dizem que a dita-cuja é só uma invenção da conspiração neoliberal. Mais ainda: na eleição de 2014, Dilma teria sido obrigada a admitir uma crise inexistente só para fazer a vontade dos financistas.

Não vou dizer que as esquerdas perderam o bom senso porque, se bom senso houvesse, esquerdistas não seriam. O que fica evidente é que perderam também qualquer senso de ridículo. Ora, se o pacote de ajuste fiscal não é de Dilma, se ele é desnecessário, se a crise é falsa e se o PT é contra, quem obriga a presidente a adotar aquelas medidas?

Mas que tolice a minha! Fazer perguntas pautadas pela lógica a petistas e, mais genericamente a esquerdistas, é inútil.

Ah, sim: os que foram às ruas têm em Lula a sua referência e o seu Dom Sebastião. Todos eles acreditam que, um dia, ele voltará. Não custa lembrar que, a partir desta segunda, o governo Dilma é aquele definido pelo Babalorixá de Banânia. Ele passou a ser o presidente de fato do Brasil.

Por Reinaldo Azevedo

 

O terceiro mandato de Lula antecipa a extrema-unção da Era da Canalhice

O Brasil nasceu por engano. Buscavam um atalho para as Índias os tripulantes das caravelas que em abril de 1500 perderam o rumo tão espetacularmente que acabariam despencando nos abismos do fim do mundo se não tivessem topado com o mágico mosaico de praias com areias finas e brancas banhadas por ondas verdes ou azuis, matas virgens e florestas do tamanho do mar, flores deslumbrantes e frutas sumarentas, lagos plácidos e rios selvagens, peixes de água doce ou salgada, bichos mansos de carne tenra e, melhor que tudo, aquela demasia de índia pelada.

O Brasil balançou no berço da safadeza. Nem imaginaram que assim seria aqueles primitivos viventes cor de cobre, sem roupas no corpo nem pelos nas partes pudendas, os homens prontos para trocar preciosidades por quinquilharias, as mulheres prontas para abrir o sorriso e as pernas para qualquer forasteiro, pois os nativos praticavam sem remorso o que só era pecado do outro lado do grande mar, e não poderiam ser tementes a um Deus que desconheciam nem a castigos prescritos pela religião que aqui nunca existira.

O Brasil nasceu carnavalesco. Nem um Joãosinho Trinta em transe num terreiro de candomblé pensaria em juntar na Sapucaí ─ como fez num porto seguro frei Henrique Soares, celebrante da primeira missa, pelo menos é o que está no quadro famoso ─ um padre de batina erguendo o cálice sagrado, navegantes fantasiados de soldados medievais, marinheiros com roupa de domingo, nativos com a genitália desnuda que séculos depois seria banida por bicheiros respeitadores dos bons costumes e a cruz dos cristãos no convívio amistoso com arcos, flechas e bordunas.

O Brasil balançou no berço da maluquice. Marujos convalescentes da travessia do Atlântico, atarantados com a visão do paraíso, decidiram que aquilo era uma ilha e deveria chamar-se Ilha de Vera Cruz, e assim a chamaram até alguém desconfiar, incontáveis milhas além, que era muito litoral para uma ilha só, e então lhes pareceu sensato rebatizar o colosso ausente de todos os mapas com o nome de Terra de Santa Cruz, porque disso ninguém duvidava: era terra aquilo que pisavam.

O Brasil nasceu sob o signo da preguiça. Passou a infância e a adolescência na praia, e esperou 200 anos até criar ânimo e coragem para escalar a muralha verde que separava a orla do planalto, e esperou mais um século antes de aventurar-se pelos sertões ocultos pela floresta indevassada, e o esforço seria de tal forma extenuante que ficou estabelecido que, dali por diante, tanto os aqui nascidos quanto os vindos de fora, e todos os descendentes de uns e de outros, sempre deixariam para amanhã o que deveriam ter feito ontem.

Tinha que dar no que deu. Coerentemente incoerente, o Brasil parido por engano hostilizou os civilizadores holandeses para manter-se sob o jugo do império português, o Brasil amalucado teve como primeira e única rainha uma doida de hospício, o Brasil safado acolheu o filho da rainha que roubou a matriz na vinda e a colônia na volta, o Brasil preguiçoso foi o último a abolir a escravidão, o Brasil sem pressa foi o último a virar República, o Brasil carnavalesco transformou a própria História num tremendo samba do crioulo doido.

O cortejo dos presidentes, ministros, senadores, deputados federais, governadores, deputados estaduais, prefeitos e vereadores aberto em 1889 informa que a troca de regime não mudou a essência da coisa: o Brasil republicano é o Brasil monárquico de terno e gravata, mais voraz e mais cafajeste. Extraordinariamente mais cafajeste, informa a paisagem do começo do século 21. Passados 500 e poucos anos, os piores tetranetos dos piores filhotes dos degredados promoveram o grande acerto dos  amorais, instalaram-se no coração do poder e tornaram intragável a geleia geral brasileira.

Nascido e criado por devotos da insensatez, o Brasil que teve um imperador que parecia adulto aos 5 anos de idade foi governado por um marmanjo analfabeto que sempre se portou como moleque e agora é presidido por uma avó menos ajuizada que neto de fralda. Com um menino sem pai nem mãe no trono, os habitantes do império da loucura não sentiram tanto medo. Com dois sessentões no comando, os brasileiros aprenderam o que é sentir-se sem pai nem mãe.

O início do terceiro mandato de Lula parece uma continuação dessa biografia em miniatura do Brasil publicada no começo do primeiro mandato de Dilma. Parece mas não é, gritam as mudanças na paisagem ocorridas desde o julgamento do Mensalão. A crise econômica pulverizou de vez a farsa da potência emergente inventada pelo deus dos embusteiros. Ainda há juízes no Brasil, vem reiterando há meses o irrepreensível desempenho de Sérgio Moro. A Polícia Federal e os procuradores federais já provaram que a seita no poder é um viveiro de corruptos, vigaristas e incompetentes.

A Operação Lava Jato vai clareando a face escura do país. O PT está morrendo de sem-vergonhice. Figurões do partido trocaram o palanque pela cadeia. Logo faltará cela para tanto bandido. A supergerente de araque já foi reduzida a ex-presidente. O fabricante de postes agoniza nas pesquisas eleitorais. Nas ruas, nos restaurantes ou no botequim da esquina, os indignados amplamente majoritários exigem o fim destes tempos de tal forma infames que uma Mãe dos Ricos pôde delinquir impunemente com o disfarce de Pai dos Pobres.

A nudez escancarada do reizinho quase setentão confirmou que o filho de uma migrante nordestina é um multimilionário pai de multimilionários. Multidões de crédulos vocacionais descobriram a tapeação: o maior dos governantes desde Tomé de Souza era a fantasia que camuflava o guloso camelô de empreiteira. Lula não demorará a entender que desemprego cura abulia, que os truques empoeirados já não funcionam, e que o que deveria ter sido uma aula de esperteza foi um tiro no pé.

Ao instalar-se de novo em Brasília, ficou mais perto de Curitiba. O início do terceiro mandato vai antecipar a extrema-unção da Era da Canalhice.

 
 

Merval Pereira: O país da chanchada

Publicado no Globo

MERVAL PEREIRA

Se pegarmos os acontecimentos políticos apenas da última quinta-feira, teremos um panorama acurado do ambiente de chanchada que domina o país faz tempo. A começar pela preocupação da presidente Dilma na reforma ministerial que negocia para não perder a presidência. Dizem que ela não gostou da indicação do PMDB para a Ciência e Tecnologia, pois o deputado Celso Pansera não teria “afinidade” com a área científica e lhe faltaria também “peso político”.

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PT ofereceu mais suítes ao PMDB no Titanic, em vez de mudar o rumo do navio

A probabilidade de um impeachment caiu, não resta dúvida. Mas não desapareceu. Continua como uma nuvem negra sobre a cabeça de Dilma. (por RODRIGO CONSTANTINO, de VEJA.COM)

Em entrevista às páginas amarelas da VEJA desta semana, o senador Romero Jucá fez uma ótima analogia da “reforma ministerial” de Dilma, uma tentativa desesperada de ganhar tempo contra o impeachment. Dilma cedeu espaço a Lula e ao baixo clero do PMDB, comprando escancaradamente apoio para tentar fugir de um processo de impeachment.

Se vai dar certo, o tempo dirá. Mas parece pouco provável, pois a desgraça econômica ainda vai aumentar. Jucá, então, comparou as mudanças a um remanejamento de suítes no Titanic, sendo que o curso do navio não se alterou, ou seja, continua em direção ao iceberg:

O PMDB é um grande saco de gatos (ou ratos), e há de tudo ali. O partido está claramente rachado, com alguns querendo se afastar totalmente do governo petista, e outros vislumbrando na fraqueza de Dilma uma oportunidade para aumentar o naco no estado. Resta combinar com a opinião pública, com a pressão social, já que o povo realmente parece ter cansado do governo e desse fisiologismo nefasto. Diz Jucá:

Eduardo Cunha, a grande pedra no sapato do PT, está machucado, no centro de denúncias graves. Ele alega ser vítima de um ataque seletivo, mas as denúncias não o ajudam em nada, e enfraquecem o maior opositor do governo Dilma na atualidade. O PSDB adota um silêncio tático de olho no impeachment. Cunha, se cair, diz que leva junto a presidente.

O PT joga pesado, e abre ao país o balcão de negócios para evitar o pior. O povo brasileiro acompanha a política nacional em seu pior momento, com o PT e a pior ala do PMDB demonstrando que valores éticos e princípios não valem de nada, que o único objetivo é mesmo sobreviver no poder e garantir seu pedaço no butim.

editorial do GLOBO de hoje toca no assunto do fisiologismo podre, e atesta que o preço do PMDB subiu no “mercado” político, com Dilma, enfraquecida, disposta a pagá-lo. Lula faz uma jogada arriscada, ao tentar salvar o que parecia condenado. Aumenta sua influência no governo de sua criatura, e oferece mais espaço aos gulosos do PMDB. Lula sempre adotou essa estratégia, de comprar quem estivesse à venda. Diz o jornal:

Lula se fortaleceu no Planalto, neste governo em comodato que Dilma lançou ontem. A questão é saber se a barragem de proteção a Dilma edificada no Congresso ajudará no ajuste fiscal. Pois a reforma administrativa de Dilma é importante apenas como gesto político. Para reequilibrar as contas públicas serão necessárias reformas contra as quais se coloca o próprio lulopetismo.

E eis o ponto-chave aqui: essas mudanças servem para o PT ganhar sobrevida política, mas não mudam em nada a trajetória econômica, que continua a pior possível. A esperança do PT é que a jogada permita ao partido ganhar tempo até a economia melhorar um pouco, ou até as próximas eleições, onde a máquina estatal poderá ser toda usada a favor do governo.

Mas a economia não vai melhorar; vai piorar. E com o Titanic realmente afundando, os ratos fisiológicos vão mudar de opinião como quem muda de roupa, e abandonar o barco à frente. A probabilidade de um impeachment caiu, não resta dúvida. Mas não desapareceu. Continua como uma nuvem negra sobre a cabeça de Dilma.

E Lula, se isso acontecer, não terá mais como se reinventar como oposição de sua criatura. O criador assumiu oficialmente o comando do navio, e se ele for a pique mesmo, ninguém além de Lula será o maior responsável pela desgraça.

Rodrigo Constantino

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Fonte: Blogs de veja.com.

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