Hélio Bicudo no Roda Viva: Alguém precisa explicar à presidente da República que impeachment é um remédio constitucional

Publicado em 29/09/2015 10:32 e atualizado em 29/09/2015 21:41
por AUGUSTO NUNES, em VEJA.COM

Hélio Bicudo no Roda Viva: Alguém precisa explicar à presidente da República que impeachment é um remédio constitucional

 

“Alguém precisa sugerir à presidente da República que leia a Constituição”, recomendou o jurista Hélio Bicudo no Roda Viva desta segunda-feira. “Lá está escrito que o impeachment é um remédio constitucional. Então, não existe esse negócio de golpe. Impeachment é um processo democrático”.

Ex-vice-prefeito de São Paulo e duas vezes deputado federal pelo PT, que abandonou em meados de 2005 para protestar contra o comportamento omisso da direção do partido confrontado com o escândalo do mensalão, aos 93 anos, Bicudo ocupou o centro da roda ao lado de Janaína Paschoal, Professora da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, ela é co-autora do pedido de impeachment de Dilma subscrito também pelo jurista Miguel Reale Jr.

“Uma das coisas que me impressionou muito foi o enriquecimento ilícito do Lula”, disse o entrevistado, depois de responsabilizar o ex-presidente pela degeneração moral e política do PT. “Eu conheci o Lula quando ele morava numa casa de 40 metros quadrados. Hoje é uma das grandes fortunas do país, ele e seus filhos. O Lula se corrompeu e corrompe a sociedade brasileira”.

Segundo Bicudo, o projeto de poder do PT vem deformando todas as instituições. “Não acredito na isenção do Supremo Tribunal Federal”, afirmou. Prova disso seria a ideia de transferir para outros tribunais processos decorrentes da Operação Lava Jato hoje concentrados em Curitiba.  “O que estão tentando fazer com o juiz Sérgio Moro é um disparate jurídico e moral”, acusou. “É um absurdo tirar da mão de quem está fazendo e dar para quem não vai fazer”.

A bancada de entrevistadores do programa, transmitido ao vivo pela TV Cultura, foi composta por Diego Escosteguy (editor-chefe da revistaÉpoca), Bela Megale (repórter de Política da Folha), José Alberto Bombig (editor de Política do Estadão), Flávio Freire (coordenador de Nacional e Política da sucursal do Globo em São Paulo) e Laura Diniz, do site Jota.Info.

 

 

Ministérios: interesse público x moeda de troca

Por Bruno Kazuhiro, publicado no Instituto Liberal

Presidente Dilma Rousseff está tentando salvar o seu mandato e, principalmente, recuperar a sua condição de governar de fato o país. Para isso, sua equipe, que já lhe falhou outras vezes, sugeriu uma estratégia que não tem nada de inovadora: distribuir os ministérios para políticos e, com isso, buscar garantir o apoio deles e de seus correligionários para as medidas que serão tomadas pelo governo nas próximas semanas, além de trazer o suporte destas lideranças para a continuidade de Dilma no poder.

Ocorre que esta estratégia, semelhante à que Fernando Collor utilizou sem sucesso quando seu governo entrou em crise e à que Lula utilizou com sucesso após o mensalão, expõe uma enorme mazela da administração pública nacional: a utilização de ministérios e secretarias estaduais ou municipais como moedas de troca política, o que perverte o foco desses órgãos, levando-os a deixar de lado o interesse público e a eficiência em benefício dos usufrutos políticos e eleitorais.
 
Além disso, Dilma leva esse tipo de estratégia a um novo patamar, com o toma lá dá cá escancarado à luz do dia, nos mostrando as cotas de participação exigidas por cada partido, os orçamentos desejados, as disputas pela indicação do nome específico para cada pasta, a vontade da Presidente de não desagradar A ou B, etc. Em nenhum momento se discutem projetos, políticas públicas, metas e coisas do gênero. Apenas cargos, recursos e poder.
 
Sem dúvida é natural na política que os governos busquem apoio parlamentar e, para isso, aceitem exigências de parceiros, destaquem espaços da administração para serem geridos por membros da aliança que dá suporte à gestão, entre outras medidas. É assim no mundo inteiro e não devemos demonizar o caráter negocial da política em si. Mas as nomeações são, necessariamente, acompanhadas de compromissos programáticos e feitas com base na capacidade gerencial e intelectual e no conhecimento sobre a área dos que serão eventualmente nomeados.
No Brasil petista de Dilma, o interesse público foi esquecido, a eficiência foi deixada de lado e a relação do nome do indicado com a pasta que irá gerir é tratada como algo menor. Só sobrou a política de sobrevivência, que na verdade tem um outro nome: politicagem.
 

No Brasil, a palavra “esquerda” continua sendo o “ópio dos intelectuais”

Arnaldo Jabor comenta a postura de seita fanática dos socialistas brasileiros

Muitos perceberam ao longo do tempo o teor religioso do socialismo. A ideologia utópica era, no fundo, uma tentativa de substituir as religiões, só que oferecendo de forma mais oportunista o paraíso terrestre, em vez de aquele além-mundo.

Isso ajudou a criar uma seita fanática de seguidores totalmente blindados contra os fatos e a realidade. Se a religião era o “ópio do povo”, como acreditavam os marxistas, então o socialismo seria o “ópio dos intelectuais”, como resumiu Raymond Aron.

Esse viés de seita religiosa dos socialistas mereceu destaque em meu Esquerda Caviar, e citei vários exemplos dessa recusa em aceitar qualquer raciocínio lógico por parte dos adeptos dessa ideologia. As provas são irrefutáveis.

Esse foi o assunto da coluna de Arnaldo Jabor hoje. A fé inabalável dos esquerdistas brasileiros é impressionante. Eles creem porque absurdo, independentemente de fracasso após fracasso dos experimentos esquerdistas. Diz Jabor:

Como podem ignorar os escândalos evidentes de uma quadrilha de corrupção que está levando o país à bancarrota? Ninguém fala nada? Por que se negam a detalhar os caminhos dessa “religião” que professam? Será que não viram a queda do muro de Berlim, o fim vergonhoso do socialismo real? Será que a mistura de leninismo com bolivarianismo que apoiam tem alguma lógica inquestionável que ignoramos? Haverá alguma equação que decifre o emaranhado de suas mentes, algo assim como “penso assim, por isso e por isso, logo…”?

Não; não dizem nada — só apoiam e creem. Será que nos deixam babando de curiosidade porque não querem dar luz aos cegos da “pequena burguesia”? Por isso tento entender seu labirinto de ilações, de deduções, de reviravoltas com que constroem o “Caminho de Santiago” que teimam em percorrer. Em primeiro lugar, eu acho que renegar as evidências é uma maneira de se sentirem portadores de uma verdade inatingível pelos homens comuns. Nos olham com o desprezo de homens superiores.

[…]

Bem… sua fé ideológica pode nascer por antigas humilhações a serem vingadas por um voluntarismo neurótico que prove sua grandeza imaginária. São em geral fracassados e professam essas ideias para ocultar seu fracasso absoluto. A certeza férrea que os habita pretende evitar dúvidas sobre sua ignorância arrogante, sem “vacilações pequeno burguesas”, como eles chamam. A ideologia os conforta. Como sentenciou um dia Nelson Rodrigues: “Só os canalhas precisam de uma ideologia que os absolva e justifique”.

necessidade de se sentir um ser superior naqueles que são, de fato, inferiores, pode explicar boa parte da adesão à esquerda. Como a palavra continua sendo o “ópio dos intelectuais”, como basta se dizer de esquerda no Brasil para ser visto como alguém preocupado com os mais pobres, com as desigualdades, com as “minorias”, essa turma incapaz encontra um atalho para compensar sua mediocridade.

Os socialistas precisam da miséria alheia, cultivam-na como uma flor, como diz Jabor, focam na desigualdade em vez de analisar quantas centenas de milhões de pessoas o capitalismo tirou da miséria, pois é esse populismo demagógico que justifica todo tipo de atrocidade, uma vista grossa a todo o rastro de sangue que o socialismo produz, toda a sua incompetência em gerar riqueza.

O socialismo é um dogma, nada mais. “Diante dele, abole-se o sentido crítico. É como duvidar da virgindade de Nossa Senhora”, compara Jabor. E como fracasso após fracasso histórico não foram capazes de despertar esses “intelectuais” de sua insanidade, Jabor conclui se tratar, talvez, de uma anomalia incurável. Para certas pessoas, não há fato no mundo capaz de derrubar suas ilusões!

Rodrigo Constantino

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Fonte: Blogs de veja.com

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