Na VEJA: Kátia Abreu na Casa Civil virou "bode na sala"

Publicado em 22/09/2015 21:08
na coluna RADAR, de veja.com

O inarredável

Daqui ninguém me tira

 

A cúpula do PMDB está certa de ter identificado a fonte dos boatos que apontavam a ministra Katia Abreu como provável nome para a Casa Civil: petistas interessados em fortalecer o atual titular, Aloizio Mercadante. “Colocaram o bode na sala e deu certo. Agora, o Mercadante fica, e ainda vamos ter de aguentar o Ricardo  Berzoini junto”, disse um prócere do partido.

A saída de Mercadante da Casa Civil chegou a ser dada como certa depois do jantar que a presidente Dilma ofereceu aos governadores no Palácio do Alvorada na semana passada. Na presença do ministro, Wellington Dias (PT-PI), seguido de Fernando Pimentel (PT-MG),  disse à presidente que era urgente que ela trocasse a sua articulação política. As 19 cabeças à mesa assentiram. Mercadante calou-se.

Da redação de VEJA.COM

 

Economia

A maldição dos frigoríficos

JBS: hora do abate?

De um profundo conhecedor do mercado de carne, que jura não estar agourando a JBS: “A margem líquida dos frigoríficos é, historicamente, pouco maior do que 1%. Portanto, o negócio do abate é de altíssimo risco. O que segura os frigoríficos no Brasil é o dinheiro do governo — principalmente, BNDES. Por isso,  sempre que um grupo político sai do governo depois de um longo tempo, em seguida vem o anúncio de quebra de um grupo dominante no setor da carne. Quem não se lembra da quebra do Tinelli e, depois do Bordon?”

Da redação de Veja.com

 

JBS vai lucrar 20% de seu valor na Bolsa com dólar a R$ 4 (por GERALDO SAMOR)

Pelo menos uma empresa está se dando bem em meio a esse banho de sangue.

A JBS, dona da marca Friboi, vai lucrar mais de 10 bilhões de reais neste trimestre por causa de sua exposição ao dólar, que bateu hoje R$4,15. O cálculo é de analistas da Merrill Lynch.

O número é igual a 20% de todo o valor de mercado da empresa comandada pelos irmãos Wesley e Joesley Batista.

Como a JBS tem 83% de seu faturamento em dólar e 87% de sua dívida na moeda americana, ela já estaria naturalmente protegida contra uma desvalorização do real.

Mas os Batista decidiram ir além e fazer uma aposta na direção da moeda.

No final do segundo trimestre, a JBS tinha 37,2 bilhões de reais em derivativos ligados ao dólar: contratos de dólar futuro e swaps cambiais.

Como durante o terceiro trimestre (que termina quarta que vem), o dólar foi de R$3,10 para R$3,98, uma alta de 29%, estes derivativos estão gerando um ganho de 10,5 bilhões de reais — cerca de 20% do valor de mercado da empresa — além dos ganhos operacionais que terá com sua receita em dólar. (A Merrill ainda não botou na conta a ‘porrada’ no câmbio dos últimos dois dias, que vai aumentar ainda mais os ganhos da empresa).

 

Vargas: depois daquele punho para o alto, a cana! O desfecho é de novelão, mas é bom!

Pois é…

O ex-deputado André Vargas, condenado agora a 14 anos e quatro meses de prisão — em primeira instância, é verdade, e ainda cabe recurso —, acabou ficando com fama de bufão em razão, vamos dizer, de seu estilo e de sua retórica. Mas não se enganem: ele foi um alto dirigente petista. Chegou a ser vice-presidente da Câmara e do Congresso e, atenção!, não tivesse caído em desgraça, estaria agora no lugar de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) como presidente da Casa. Ele era a aposta do PT.

Esse processo em que foi condenado ainda não é o da Lava Jato, embora Alberto Youssef, o operador universal, já estivesse presente. Vargas está sendo condenado por ter recebido ilegalmente dinheiro em contratos da Caixa Econômica Federal e do Ministério da Saúde.

Ele tinha sido secretário nacional de Comunicação do PT e pertencia à Executiva do partido. Chegou a dar, num dado momento, a linha política dos blogs sujos, fartamente financiados por estatais. Era o homem que disparava as palavras de ordem; era ele quem decidia os nomes que deveriam ser enviados para o paredão do petismo, quando os companheiros ainda davam as cartas nas redes sociais.

Como esquecer aquele gesto, lembrado, aliás, pelo juiz Sergio Moto em sua sentença, quando Vargas, na condição de vice-presidente da Câmara, na presença de Joaquim Barbosa, então presidente do STF, ergueu o punho esquerdo em homenagem aos mensaleiros condenados?

Era o dia 3 de fevereiro de 2014, e a solenidade marcava a abertura do Ano Legislativo. Vargas ainda explicou, ao conceder entrevista, aquela manifestação: “Muitos cumprimentam com positivo, sinal de vitória. No PT, é tradicional cumprimentar com ‘L’ do Lula, e a gente tem se cumprimentado assim [com o punho em riste]. Foi o símbolo de reação dos nossos companheiros que foram injustamente condenados. O ministro [Joaquim Barbosa] está na nossa Casa. Na verdade, ele é um visitante, tem nosso respeito, mas estamos bastante à vontade para cumprimentar do jeito que a gente achar que deve”.

Pouco mais de um mês depois, no dia 17 de março, a PF deflagraria a Operação Lava Jato.

Seria quase tolo dizer que Vargas só fez aquilo porque tinha certeza da impunidade. É mais grave do que isso. Muito provavelmente, ele considerava naturais os métodos do partido e talvez achasse mesmo injusto que petistas fossem punidos quando metiam a mão em dinheiro público.

Afirmei ontem aqui que o PT se deslegitimou. É isto! Nunca antes na história deste país tantos dirigentes de uma só legenda foram para a cadeia. Será que assim é porque a Justiça é mais dura com petistas? Não! É que nunca antes na história deste país militantes de um partido cometeram tantos crimes, e com tanta determinação, como os petistas.

Por Reinaldo Azevedo

A equação política que está no poder é uma aberração. É por isso que não se vislumbram saídas

André Vargas e o punho da afronta às instituições: agora ele pode brincar de resistente na cadeia

Qual é o problema do país? A esquizofrenia está no poder. E assim é porque um partido se assenhoreou do estado e faz qualquer coisa, muito especialmente mentir, para lá permanecer. Duvido que o mundo tenha vivido experiência semelhante.

Enquanto escrevo, o dólar passa dos R$ 4. A Moody’s anuncia que não está nos planos rever a nota do Brasil, mas fica claro que conta com a aprovação da CPMF – que, até agora ao menos, aprovada não será. O estresse se completa porque a equipe da terceira grande agência, a Fitch, chega para analisar os dados da economia do país. E o resto é incerteza.

Muito bem! Dilma escalou para cuidar da economia um homem que simboliza tudo aquilo que o PT mais abomina e vai na contramão do bordel de promessas que venceu a eleição de 2014: Joaquim Levy. Ou a reeleita acenava com um nome com essas características, ou o país teria ido antes para a breca, já que, nem se haviam desligado as urnas, os brasileiros se deram conta, então, do grande engodo.

Levy participou, nesta terça, de um seminário realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) no Palácio do Itamaraty. Disse, ora veja, não haver “fórmulas mágicas para o crescimento”. Certo! Parte considerável do país sempre soube disso. Quem dava a impressão de que tirava coelho da cartola era Lula, era Guido Mantega, era Dilma Rousseff. O empresariado, ou boa parte dele, fingia acreditar. Quem conhecia um pouquinho do riscado sabia que aquilo terminaria no que aí está. Mas de que adiantaram todas as advertências?

Na sua intervenção, Levy explicou que a agenda do desenvolvimento nem sempre é composta de medidas fáceis, de ganhos imediatos, o que também é de amplo conhecimento das pessoas intelectualmente honestas, e criticou o engessamento do Orçamento federal. Ocorre que toda a militância de um governo populista como o do PT se deu e se dá em favor justamente desse engessamento.

Ao expor seu diagnóstico, Levy evidencia por que jamais poderia estar nesse governo caso se levassem em conta os princípios. Afirmou, segundo informa O Globo, sobre os gastos públicos:

“Não apenas objetivos de gasto ou realização, mas também de objetivos finais. Por exemplo, não quero saber só quantos de hospitais eu abri, mas como é que melhoraram os indicadores de saúde da população. Ter essa realidade, essa verificação do que se gastou e o que obteve com o que se gastou é exatamente o que a gente precisa.”

Avaliação da qualidade de programas e gastos sociais é tudo aquilo que o PT sempre rejeitou porque isso vem a ser o contrário da máquina de distribuir benefícios e caçar votos, especialidade maior da companheirada. E Levy foi adiante, com palavras que remetem a um modelo racional de gastos públicos. Leiam:

“(É preciso) usar os recursos de forma mais eficiente e não, todo ano, repetir a mesma coisa do que fez no ano anterior, tentando botar mais um pouquinho. É óbvio que nos dias de hoje essa não é a melhor estratégia para a gente ter um setor público eficiente, que caiba dentro do que a sociedade está disposta a financiar.”

Ah, entendi. Levy é o ministro da Fazenda de uma presidente do PT. O PT é aquele partido que se reuniu nesta segunda-feira, ontem mesmo, para descer o porrete justamente nesses pressupostos. Segundo Lula, Rui Falcão e outros iluminados, essas escolhas estão erradas, e o governo deveria começar a comer os ricos para regurgitar mais um pouco de caraminguás na boca dos pobres, a exemplo do que fazem certas aves com seus filhotes.

Entenderam a natureza desse “esperando Godot” que vivemos? Nem o PT faz aquilo que realmente pensa nem Levy tem condições de fazer o necessário. Ficamos aqui, como estamos, caminhando em círculos. E isso nos conduz a situações até cômicas. O ministro que acabou de propor a CPMF para tapar os rombos produzidos pelas irresponsabilidades que aí estão comentou no tal seminário que é preciso diminuir o custo dos impostos para aumentar o investimento das empresas.

Temos um governo com um discurso de esquerda, uma prática populista e um ministro que esboça um ideário liberal. No comando, uma presidente que literalmente não sabe o que pensa. As medidas para corrigir, de fato, os desarranjos que estão aí poriam em pé de guerra os ditos movimentos sociais do PT, que estão sendo convocados pelo partido a reagir às medidas de Levy. Mas também causariam a reação dos populistas, especialmente do Congresso.

Sem ter para onde correr, o governo acusa a oposição de querer “o quanto pior, melhor”. Ou por outra: não conseguindo os votos necessários de esquerdistas e populistas que compõem a sua base, Dilma gostaria de contar com a anuência da oposição. Com sorte, ela chegaria ao fim do mandato para, depois, atacar a… oposição que a teria ajudado a governar!!! Lula fez isso nos dois primeiros mandatos. A economia permitia. Agora o cobertor ficou curto.

Não sei se perceberam, mas o que acabo de expor é um roteiro que não tem desfecho virtuoso possível. A crise econômica se transformou numa crise política, vitaminada pela Lava-Jato, que degenerou em crise de confiança. Se Dilma não tivesse de sair por causa da questão legal, teria de deixar o poder para satisfazer a lógica.

A verdade é que a composição política atualmente no poder é uma aberração. E cobra o seu preço.

Por Reinaldo Azevedo

Merval Pereira: Fechando o cerco

Publicado no Globo

Se Lula desconfiava, conforme relatos, de que o objetivo final da Operação Lava-Jato é ele, ontem deve ter tido certeza disso. Nunca a Operação Lava-Jato chegou tão perto dele, por enquanto apenas na retórica de seus procuradores ou do próprio Juiz Sérgio Moro, mas com ações que se aproximam cada vez mais de denúncias que envolvem diretamente Lula no esquema de desvio de dinheiro da Petrobras.

O procurador regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima, afirmou em entrevista coletiva para explicar a nova fase ─ sugestivamente chamada de “Nessum Dorma” (“Ninguém dorme”) ─ que ‘não tem dúvida nenhuma’ de que os escândalos de corrupção da história recente do País – Mensalão, Petrolão e Eletronuclear – tiveram origem na Casa Civil do Governo Lula, cujo titular mais famoso, o ex-ministro José Dirceu, está preso pela segunda vez.

Ele não apenas insinuou, mas garantiu que as investigações indicam que foi montado um esquema de compra de apoio político para o governo federal conectados entre si desde o mensalão, pela mesma organização criminosa e pessoas ligadas aos partidos políticos.

Já o juiz Sérgio Moro escreveu em um de seus despachos condenado o ex-tesoureiro do PT João Vaccari que “(…) A corrupção gerou impacto no processo político democrático, contaminando-o com recursos criminosos, o que reputo especialmente reprovável. Talvez seja essa, mais do que o enriquecimento ilícito dos agentes públicos, o elemento mais reprovável do esquema criminoso da Petrobras, a contaminação da esfera política pela influência do crime, com prejuízos ao processo político democrático. A corrupção com pagamento de propina de milhões de reais e tendo por consequência prejuízo equivalente aos cofres públicos e a afetação do processo político democrático merece reprovação especial.”

Juntando-se essas afirmações ao fato de que a operação “Nessun Dorma” apura a propina na Diretoria Internacional da Petrobras de 2007 a 2013, ocupada por Nestor Cerveró, que negocia uma delação premiada com o Ministério Público, tem-se que além das negociatas da Eletronuclear, estão sendo investigadas ações como o superfaturamento do contrato da sonda Vitória 10.000 que, segundo Cerveró, foi feita a mando do próprio presidente da Petrobras à época, José Sérgio Gabrielli, para saldar dívidas de campanha de Lula com o grupo Schahin.

Na proposta de Cerveró para a delação premiada, que ainda não foi aceita, ele afirma que Gabrielli lhe disse que a ordem veio “do homem lá de cima”, numa referência clara ao então presidente Lula.

O operador Julio Camargo, em cuja delação premiada aparece a acusação ao presidente da Câmara Eduardo Cunha, disse que representava a Samsung na transação do navio-sonda Vitória 10 000 e confessou ter pago 25 milhões de dólares a diretores e intermediários, incluindo aí o próprio Cerveró.

O ex-diretor da área internacional contou aos procuradores da Operação Lava-Jato que os contratos de compra e operação da sonda Vitória 10 000 foram direcionados à construtora Schahin com o propósito de saldar dívidas da campanha presidencial de Lula, em 2006 com o banco do mesmo nome.

Esse caso está ligado a outro, mais nebuloso, envolvendo o assassinato do prefeito Celso Daniel, e foi revelado à época do mensalão numa tentativa mal sucedida do lobista Marcos Valério de fazer uma delação premiada para se livrar da penas de mais de 40 anos a que foi condenado na ocasião.

Ele revelou que foi procurado pelo PT para pagar uma quantia em dinheiro a uma pessoa que ameaçava revelar detalhes do caso Celso Daniel, acusando líderes do PT pela morte. Segundo ele, que teria se recusado a entrar no esquema, coube ao pecuarista José Carlos Bumlai, amigo pessoal de Lula, fazer o pagamento, pelo qual contraiu um empréstimo de 6 milhões de reais no Banco Schahin, quantia que teria sido paga como parte da propina da sonda.

O próprio Milton Schahin admitiu ter emprestado 12 milhões de reais ao amigo de Lula, em declarações à revista Piaui, mas diz que não é obrigado a saber o que  faria com o dinheiro. Bumlai era a única pessoa que tinha autorização para entrar no Palácio do Planalto a qualquer hora, sem audiência marcada, de acordo com um aviso que havia na portaria do Palácio, com sua foto para que não houvesse engano.

(por MERVAL PEREIRA)

 

Injeção de recursos

Júnior: boa saúde financeira na campanha

O currículo dos três indicados pelo PMDB para ocupar a cadeira de ministro da Saúde têm algumas coincidências. Manoel Júnior (PB), Saraiva Felipe (MG) e Marcelo Castro (PI) são deputados federais e médicos de formação. Os três também mereceram o apoio de laboratórios e planos de saúde nas últimas eleições a que concorreram. Atual favorito ao posto, Manoel Júnior recebeu 355 667 reais dessas empresas para sua campanha – 32% do total que arrecadou. Já Saraiva Felipe amealhou 700 000 reais, 17% do arrecadado. Marcelo Castro teve as doações mais modestas: recebeu 25 000, ou 4% do que declarou ao Tribunal Superior Eleitoral.

Da redação

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Fonte: Blogs de veja.com

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