"Pixuleko 13-171, o grande culpado", por RODRIGO CONSTANTINO

Publicado em 12/09/2015 18:04
de VEJA.COM

 

O homem é, talvez, o sujeito mais imoral que este país já viu. Falo, claro, dele, o Pixuleco 13-171, aquele que criou Dilma e hoje se volta, na retórica, contra sua criatura. O que Lula ensaia, de forma totalmente pérfida, é um afastamento tático do governo que ele criou, e principalmente dos efeitos nefastos que sua política causou.

Pela coluna de Lauro Jardim, ficamos sabendo que Lula teria subido o tom com Dilma, e alertado que, sem mudanças, ambos estariam “ferrados” (a palavra usada teria sido outra, que o decoro me impede de publicar). Lula quer Aloizio Mercadante longe do governo, e uma reaproximação com o PMDB. Quer, também, Joaquim Levy fora.

É aqui que mora o ápice da canalhice: Lula volta a fazer o que sempre soube fazer melhor, que é ser oposição irresponsável, vender populismo. O ataque ao governo Dilma vem, do próprio PT de Lula, pela esquerda. E não faltam “intelectuais” para acusar a “guinada à direita” do governo Dilma pela crise atual. É o caso de Andre Singer, por exemplo, homem historicamente ligado a Lula, que escreveu em sua coluna de hoje esse absurdo:

Com uma economia já parada e os juros em ascensão permanente, Dilma optou por um ajuste fiscal draconiano e assassino. Não foi preciso sequer esperar que os cortes orçamentários fossem efetivados. Bastou o anúncio deles para que todos os agentes –consumidores, investidores, empresas – começassem a contrair as atividades.

O resultado aí está. Uma recessão prevista de pelo menos 2,5% em 2015, o desemprego em alta, a renda do trabalhador em baixa e, com a arrecadação despencando, o rombo fiscal aberto. Diante do estrago, numa espécie de reflexo condicionado, os conservadores pressionam por mais dureza e rigor. Só que atendidos tais apelos, daqui a alguns meses estaremos em um poço ainda mais profundo e o governo –qualquer que seja ele– em maus lençóis.

Ou seja, esqueçam toda a lambança que o desenvolvimentismo lulopetista fez na economia, as “pedaladas fiscais”, as finanças públicas em frangalhos, o represamento de preços, o uso das estatais para fins políticos-eleitoreiros, o intervencionismo estatal na economia, a “seleção dos campões nacionais” pelo BNDES, o Banco Central subserviente ao Planalto, tudo de errado que o PT fez: o problema foi, agora, ensaiar um começo de ajuste, que nem ocorreu ainda. Entendeu a lógica?

editorial do GLOBO de hoje alerta para esse risco de “virada à esquerda”, sendo que o uso das aspas é fundamental, já que o governo petista nunca saiu da esquerda. Mas entende-se o recado: agora que é hora de ajustes, e que até a desenvolvimentista Dilma, influenciada pela turma da Unicamp, terá que apertar um pouco o cinto, os oportunistas de sempre surgem para condenar a “ortodoxia” e clamar pelo “retorno” do desenvolvimentismo inflacionista. É um espanto, como mostra o jornal:

Esta postura populista clássica não é surpresa, mas ganha importância por ser exposta num momento-chave de Dilma, em que ela, diante do rebaixamento do país na avaliação da agência internacional, precisa optar entre fazer um correto ajuste no Orçamento, pelo lado das despesas, ou enveredar pela aventura da “fuga para frente”. Quer dizer, assumir o discurso de que o verdadeiro problema não é cortar o Orçamento, mas gerar receitas tributárias por meio da retomada do crescimento.

[…]

Como não existe mágica, a “virada à esquerda” é a receita de uma hecatombe. Talvez sequer o governo Dilma resistisse a um Congresso pressionado pela disparada da inflação, fuga de capitais e aprofundamento da recessão. Tudo ao mesmo tempo e de maneira quase instantânea.

Um exercício de simulação esclarecedor é observar o que aconteceu com indicadores básicos do país nestes meses de crise fiscal e incertezas políticas — PIB, dólar etc. — e multiplicá-los por dez. O resultado seria, de forma aproximada, o que aconteceria a partir desta “virada”.

O oportunismo de Lula e seus companheiros foi o tema da coluna de Igor Gielow na Folha de hoje também, em que expõe a cara de pau dessa estratégia desesperada:

Sua fala criticando o Grande Outro capitalista é tão risível quanto perversa, por embutir duas enganações.

A primeira é aquela que transmuta o sujeito embevecido que comemorava o “momento mágico” por cortesia da mesma agência de “rating” de 2008 no velho sindicalista se esgoelando contra os gringos em 2015.

Mas a segunda, consequência da primeira, é mais importante. Lula delimita seu já tênue apoio ao ex-governo de Dilma Rousseff. Vão, ele e os seus, martelar a diferença entre o “heyday” lulista e o miserê de hoje.

Dá certo, sempre há ingênuos e viúvas a forçar comparações. Como se Lula não tivesse lançado as sementes que Dilma fez germinar e crescer. Como se Guido Mantega não fosse ministro de ambos, para fulanizar as coisas, ou como se o boom das commodities fosse apenas um detalhe.

O desembarque de Lula, por óbvio, não pode ser escrachado. Foi ele quem inventou Dilma. Por isso, o petista pegou uma causa de fácil apelo, a crítica ao arrocho inevitável, para tentar fazer a transição ao papel de oposição –seja a uma Dilma alquebrada, a Temer ou a qualquer outro.

Mas a tática de Lula dificilmente dará certo dessa vez. Suas bravatas encontram um país mudado, cansado do cinismo típico do PT. A Lava-Jato chega mais perto do seu cangote, e Lula parte para o ataque como se fosse a melhor defesa. Mas não será fácil fugir da ruína completa, que se aproxima. Não adianta buscar bodes expiatórios: o próprio Lula é o grande culpado por tudo isso, inclusive por ter se tornado apenas o Pixuleco 13-171, o boneco inflado que acabou com o mito.

Rodrigo Constantino

 

Criador e criatura

Lula alertou sobre impeachment e Lava-Jato

Em relato que fez a interlocutores próximos, Lula definiu como “ruim” a sua última conversa particular com Dilma Rousseff, ocorrida na sexta-feira, 4. “Eu comecei pesado”, reconheceu Lula sobre o encontro.

Neste início, Lula criticou asperamente a articulação política e econômica do governo. E reclamou muito de Aloizio Mercadante, José Eduardo Cardozo e Joaquim Levy.

“Dilma, nós estamos f…”, disse Lula, segundo o seu relato. Lula falou da possibilidade real de impeachment e de que as investigações da Lava-Jato cheguem nele.

Lula voltou a defender o entendimento com Michel Temer: “um acordo que acabe com o namoro do PMDB com o impeachment” e criticou os cortes nos programas sociais.

Mas reconheceu que Dilma não tem condições de demitir Levy, “assim como eu não podia tirar o (Henrique) Meirelles”.

Por Lauro Jardim

 

Paul Krugman, o militante esquerdista, estava tranquilo com a economia brasileira em 2014

Recordar é viver – e também o maior desespero da esquerda, que louva a amnésia coletiva como mecanismo de sua própria sobrevivência política. O que seria da esquerda se as pessoas tivessem mais memória? A idolatria ao fracasso é sua marga registrada, e por isso ela precisa tanto do esquecimento daquilo que foi dito ontem.

Quer um exemplo? Paul Krugman. Sim, o homem tem até um Prêmio Nobel de Economia, e como a esquerda gosta do apelo à autoridade! Mas para que serve o Nobel se o homem virou um militante esquerdista que só diz besteira? “Quem é você, um economistazinho formado pela PUC, para falar do Krugman?” Pois é: apenas alguém que alertou para a gravidade da crise brasileira que viria, enquanto o Nobel estava elogiando nossa situação econômica:

A economia brasileira não enfrenta problemas graves. A opinião é de Paul Krugman, Prêmio Nobel da Economia, em palestra proferida no evento Diálogos Capitais, da revista Carta Capital.

Periodicamente, os mercados se apaixonaram por alguns grupos de países em desenvolvimento. Depois, desapaixonam.

Foi assim com os países da América Latina no final dos anos 70, com o México no início dos anos 90, com o sudeste da Ásia e a Argentina no final dos anos 90.

A boa notícia, segundo Krugman, é que o Brasil não é mais vulnerável há muito tempo.

Hoje em dia, é menor a exposição em relação ao câmbio, há uma estabilidade inflacionária consolidada e uma política fiscal mais responsável.

Ouch! Como é que é? E pensar que isso foi dito praticamente ontem, em 2014, quando vários problemas da nossa economia já eram conhecidos ou previsíveis para qualquer “economistazinho” de meia-tigela! Que papelão, hein, Krugman? As análises dos esquerdistas são mesmo um espanto. Mas mais espantoso ainda é o fato de eles continuarem gozando de estima e espaço na imprensa, apesar de tantos equívocos grosseiros.

Como eu disse, a esquerda adoraria ter aquele raio laser de apagar a memória do MIB. Sorte sua que nem é preciso, pois a turma esquece o que foi dito ontem mesmo…

Rodrigo Constantino

Só os eleitores de Dilma deveriam bancar o aumento de impostos

“Eu nunca entendi por que é ‘ganância’ desejar preservar aquilo que você ganhou, mas não é ganância desejar tirar o dinheiro dos outros.” (Thomas Sowell)

Há basicamente três tipos de eleitores do PT hoje em dia: aqueles que sumiram do mapa, desapareceram, escafederam-se; aqueles que adotam ar blasé de indiferença, de superioridade, acima dessa disputa política mesquinha; e os vendidos mesmo, que continuam defendendo o indefensável em troca de esmolas estatais, Lei Rouanet ou cachê do Banco do Brasil.

Mas como a memória do brasileiro é curta, estamos aqui para refrescá-la: não faz muito tempo, esses eleitores do PT posavam de almas mais nobres, abnegadas, contra os “coxinhas” egoístas e gananciosos. Eles, ao contrário de nós, preocupam-se com os mais pobres, e provam isso votando no PT. Afinal, a oposição de “direita” iria tirar a comida dos mais pobres, subir preços, impostos, juros, lembra?

Estelionato eleitoral consumado e todos os vários alertas feitos por nós concretizados, eis que Dilma subiu preços, juros e agora quer aumentar nossos impostos. A turma do “eu avisei” não resiste, já que, de fato, nós avisamos. E como avisamos! Não foi por falta de aviso. Mas resolveram reeleger a “presidenta”, e agora deu nisso: todo mundo se ferrando. Vai sobrar até para os vendidos, pois as esmolas estatais vão escassear com a crise.

Diante desse quadro, restam a revolta e a ironia. Os que já sabiam da cagada que ia dar tiram sarro dos colegas que votaram na Dilma (e ainda não desapareceram de vez). Como podem ter sido tão otários? Desesperados com o iminente aumento de impostos, que vai ferrar de vez com o cidadão, os que votaram na oposição perguntam: não dá para aumentar imposto só dos eleitores da Dilma? Os “memes” tomaram conta das redes sociais, como esses:

A sugestão é boa: em nome da justiça, quem foi trouxa deveria pagar o pato sozinho, e não arrastar todos juntos para o abismo. Aliás, vários “memes” na época da eleição clamaram justamente por isso, dizendo coisas assim: “se você quer se ferrar, tudo bem, mas faça isso sozinho, em vez de ferrar a nação toda”. Too late. Mas há ainda uma esperança!

Os próprios eleitores de Dilma e do PT resolverem matar no peito o aumento de impostos, e aliviar a barra dos eleitores do Aécio. Claro! Pensem comigo: eles são pessoas melhores, abnegadas, altruístas, que só pensam nos mais pobres, certo? E nós somos mesquinhos, gananciosos, egoístas, correto? Então qual maneira melhor de provar seu ponto do que assumir o fardo agora, e voluntariamente pagar do próprio bolso pelos recursos de que Dilma diz necessitar e não ter como cortar dos gastos?

Seria a forma perfeita de os petistas saírem da toca com dignidade, poderem voltar a  circular pelas ruas e pelas redes sociais. “Eu vou bancar esse aumento de imposto em nome do governo, da presidenta, dos mais pobres, pois não sou egoísta como você, seu coxinha! Vou assumir sua parte também, para provar que você não passa de um insensível capitalista burguês”. Seria coerente com o discurso. E um golpe de mestre!

Claro, é mais fácil um elefante cor de rosa com bolinhas azuis passar voando pela minha janela do que um petista fazer isso. Mas não custa tentar, não é mesmo? Se algum petista nobre e abnegado aceitar pagar por mim o aumento de imposto demandado pelo PT, eu prometo parar de atanazar sua vida, expor suas incoerências e sua hipocrisia, e esfregar na sua cara de pau que eu cansei de avisar que isso tudo iria acontecer caso Dilma fosse reeleita. Do we have a deal?

Rodrigo Constantino

 

 

 

 

 

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Fonte: Blogs de veja.com.

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