Desvalorização da moeda ajuda o país: mais um mito desenvolvimentista que cairá (novamente)

Publicado em 06/08/2015 07:32 e atualizado em 06/08/2015 08:38
por RODRIGO CONSTANTINO, de VEJA.COM

Desvalorização da moeda ajuda o país: mais um mito desenvolvimentista que cairá (novamente)

Os desenvolvimentistas são aqueles que acham que podem manipular sintomas à vontade como solução para a doença, ou seja, são como “médicos” que acreditam que basta quebrar o termômetro para curar a febre do doente. Por isso costumam defender atrocidades como o governo marretar artificialmente a taxa de juros para baixo, ou então mexer na moeda para incentivar nossas exportações. Essa, aliás, tem sido a desculpa de muitos deles para a nossa crise: defenderam a “nova matriz macroeconômica” da Dilma, deu tudo errado, claro, e agora alegam que o câmbio estava valorizado demais. Eis o problema!

Vão quebrar a cara, uma vez mais. Cuidado com aquilo que desejam, diz o ditado, tão ignorado por esses economistas. Em primeiro lugar, vale lembrar que o então ministro Guido Mantega, para manter seu histórico de 100% de erro, avisou que iria quebrar a cara quem apostasse na alta do dólar. Isso era outubro de 2014, e a moeda americana valia algo como R$ 2,40. Bons tempos! Já eu, na mesma época, avisei que a vitória de Dilma iria levar o dólar para cima de R$ 3, e que era bom levar logo o filho para a Disney. Ficou claro quem estava certo.

Dólar em reais. Fonte: Bloomberg

Mas agora que o câmbio disparou de vez, batendo quase nos R$ 3,50 e, segundo analistas, podendo ir logo para R$ 3,70, vamos poder julgar o prognóstico dos desenvolvimentistas que pediam uma desvalorização como instrumento de ajuda à economia. Eles acham que basta manipular o preço da moeda para o país ganhar “competitividade”, ignorando que não se muda os problemas estruturais num passe de mágica.

O Brasil não vai sair da crise graças à desvalorização do real. Isso vai ajudar alguns setores exportadores, claro, mas por outro lado vai gerar mais inflação (insumos importados) e punir a classe média. O que resolveria nossa crise são reformas liberais estruturais, que reduzissem o Custo Brasil de fato e, com isso, aumentassem nossa produtividade. Mas esse caminho dá muito trabalho e reduz o poder do governo de intervir na economia, tudo que os desenvolvimentistas mais abominam. Eles preferem atacar sintomas, nunca as causas.

O dólar deve mesmo chegar aos R$ 3,70 ainda esse ano. Mas isso não vai resolver nada. Mais uma falácia desenvolvimentista será exposta. O problema é que essa turma da Unicamp nunca aprende…

Rodrigo Constantino

 

Eles acham que somos todos idiotas

Por João Luiz Mauad, publicado noInstituto Liberal

Aqueles poucos gatos pingados que ainda têm a pachorra de defender os governos petistas – mesmo depois que a Polícia Federal, o Ministério Público e a Justiça desmantelaram os dois maiores esquemas de corrupção da História da humanidade -, normalmente utilizam dois argumentos principais:

Comecemos pelo segundo argumento, um verdadeiro atentado contra a inteligência alheia.  Ora, tanto a Polícia Federal quanto o MPF e a Justiça são instituições de Estado, com normas e procedimentos próprios.  A Polícia Federal, embora subordinada ao Ministério da Justiça, tem autonomia para investigar quem quer que seja, sem ter de pedir permissão ao governo da hora.  É fato que o Poder Executivo pode tentar impor obstáculos ao livre exercício dos policiais, através de, por exemplo, transferências e exonerações de delegados, mas em casos de investigações e processos rumorosos, esses recursos perdem substância.

Vale lembrar que o processo do Mensalão nasceu de uma reportagem investigativa da imprensa e ganhou vida própria  depois que um deputado da república (Roberto Jeferson) denunciou o esquema, confessando inclusive o próprio crime.  Já o Petrolão teve origem numa investigação de lavagem de dinheiro em Curitiba, que envolvia o doleiro Alberto Youssef, e só chegou onde chegou porque hoje existe uma lei de “delação premiada”, editada em 2013. Enfim, as instituições da república, nos dois casos, funcionaram, apesar de todas as tentativas do governo petista de tumultuar os processos – e não foram poucas.

Quanto aos episódios envolvendo governos estaduais, não só do PSDB, mas também do DEM, o fato concreto é que existem processos sobre os mesmos correndo na justiça, embora, por motivos óbvios, sem a mesma exposição daqueles envolvendo o governo federal.

Já o primeiro argumento, embora parcialmente verdadeiro, esconde o principal.  Diferentemente de tudo que já houvera antes, os episódios ocorridos durante os governos petistas denotam a institucionalização da corrupção, a sua utilização, senão como forma de governo, pelo menos como ferramenta para a perpetuação do partido no poder.  O fato é que, como qualquer pessoa com um mínimo de bom senso reconhece, seria humanamente impossível perpetrar esquemas de corrupção de proporções oceânicas como mensalão e Petrolão, sem a anuência, ou pelo menos o beneplácito, dos altos mandatários da nação.  Dizer que o governo foi vítima de meia dúzia de larápios, que agiram por moto próprio, sem o conhecimento dos manda-chuvas, é nos chamar de idiotas.

Sobre isso, aliás, vale destacar o importante artigo de José Casado, publicado na última terça feira, no Globo.  Nele, fica claro que a estratégia de obter apoio do Congresso, através do loteamento de cargos na administração federal e do pagamento de propinas a parlamentares  “da base aliada” foi proposta ainda em 2003, por Lula e José Dirceu, na presença dos ministros Miro Teixeira (provavelmente a fonte da informação) e Antônio Palocci:

“Palácio do Planalto, janeiro de 2003. Lula degusta a primeira semana no poder em conversa com os ministros José Dirceu (Casa Civil), Antonio Palocci (Fazenda) e Miro Teixeira (Comunicações).

Preocupa-se com o novo Congresso, que toma posse no mês seguinte. Chegou à Presidência com 52 milhões de votos, mas o PT não conseguiu ir além dos 18% das cadeiras na Câmara, com 91 deputados federais.

Discute “como é que se organiza”, nas suas palavras, a maioria no Legislativo. Dirceu sai na frente com um enunciado sobre o “Congresso burguês”, evocação dos “300 picaretas” que Lula usara anos antes ao se referir à maioria dos parlamentares federais.

O líder escuta, sorridente, a ideia de usar cargos com fatias do orçamento do governo e das empresas estatais para compor a “maior base parlamentar do Ocidente”.

A proposta esconde e mistifica, tanto quanto revela. Palocci e Miro percebem o aval de Lula a Dirceu. Em oposição, sugerem alianças a partir de projetos específicos — a começar pelo “ajuste fiscal” —, até para atrair parte da oposição, o PSDB de Fernando Henrique Cardoso, sociólogo que exibia o orgulho de ter passado a faixa presidencial ao operário transformado em símbolo da democracia industrial brasileira. Palocci e Miro insistem. Acabam atropelados.

A partir de então, houve romaria ao quarto andar do Planalto, onde o secretário-geral do PT Silvio Pereira e o tesoureiro do partido Delúbio Soares loteavam cargos entre aliados. Dirceu homologava, auxiliado por Fernando Antônio Guimarães Hourneaux de Moura, mais conhecido como “FM”. No Congresso, provocavam-se frequentadores do Planalto: “O deputado anda ouvindo muita rádio ‘FM’”.

A mecânica das negociações havia sido testada na campanha. Numa noite de junho de 2002, Lula, o vice José Alencar, Dirceu e Delúbio foram ao apartamento do deputado Paulo Rocha (PT-PA), em Brasília. Lá estava Valdemar Costa Neto, líder do PR, que contou à revista “Época” em agosto de 2005: “O Lula e o Alencar ficaram na sala; fomos para o quarto eu, o Delúbio e o Dirceu. Comecei pedindo uns R$ 20 milhões…”

Valdemar levou metade e, mais tarde, ganhou como outros a “porteira fechada” de departamentos (Dnit), delegacias (Trabalho e Receita Federal) e diretorias (Infraero, Itaipu e Correios).

O “filé” era a Petrobras, na definição de Roberto Jefferson, líder do PTB. Foi partilhado por dois Josés: Dirceu, do PT, e Janene, do PP. Logo, somaram-se líderes do PMDB.

Havia engenho na separação entre o mensalão e a reserva de até 3% nos contratos entre a Petrobras e cartéis privados — supervisionada pelo diretor Renato Duque, recrutado por Dirceu e “FM”. O mensalão viabilizava “a maior bancada parlamentar do Ocidente”. A Petrobras financiava a máquina eleitoral necessária aos “20 anos no poder”, incluindo uma espécie de folha complementar de salários para ocupantes de cargos-chave no governo.

Mensalão e corrupção na Petrobras nasceram da mesma árvore. Depois de dez invernos, evidencia-se seu cultivo com o uso sistêmico da política para crimes. (…)”

Só Deus sabe quantos “ãos” ainda aparecerão depois do “mensalão”, do “petrolão”, do “eletrolão”, do “BNDESão”.  Mas uma coisa é certa: ainda vai demorar muito para que o Brasil se recupere desses anos de governo do PT.  Além de não ter feito quaisquer das reformas estruturais de que o país tanto precisa, de ter colocado em marcha políticas econômicas absurdas, não raro beneficiando empresas amigas e doadoras de campanha, de azucrinar a vida dos verdadeiros empreendedores com regulamentações sem fim e uma carga tributária indecente, de nos associar à gangue bolivariana da A.L., ainda introduziu por essas plagas uma verdadeira “cleptocracia”.

 

Na sociedade da confiança, há presunção de inocência; na da malandragem, não

Todos estão cansados de conhecer casos em que o vendedor trocou o produto comprado imediatamente após reclamação do consumidor. Não? Nos Estados Unidos, digo. São casos muito comuns. Se você diz que o produto veio com problema, normalmente a loja dá outro. É que há uma confiança disseminada na sociedade americana de que o sujeito será ético. Isso se deve tanto à própria cultura do povo, como ao mecanismo de punição no caso de engodo e “malandragem”, o que disciplina o bom comportamento ao longo do tempo.

Dois casos recentes, um no Brasil e outro nos Estados Unidos, mostram com clareza a gritante diferença de culturas. José Henrique Mariante escreveu um artigona Folha em que relata como virou um obcecado com a redução no consumo de água. Ecoterrorismo à parte, como ele mesmo admite (“você desconfia de carro lavado, cria ojeriza a mangueiras. E sente que está ficando xarope quando se segura para não questionar a colega que trocou de prato no bufê após a salada, imaginando quanta água seria economizada se todos usassem menos louça…”), o que nos interessa aqui é a reação da Sabesp, estatal que cuida do abastecimento de água em São Paulo:

Mas percebi que sou mesmo um caso perdido quando a Sabesp apareceu em casa e, sem perguntar, trocou o hidrômetro. O formulário mal preenchido é bem claro. O relógio antigo será analisado, posso ser processado por fraude. Nem mesmo o governo acredita que é possível economizar tanta água. 

Vale notar que seu caso não foi isolado: um leitor do jornal disse que aconteceu o mesmo com ele. Ou seja, a primeira reação da empresa é julgar o consumidor como um “malandro”, um safado que adulterou o hidrômetro para pagar menos em sua conta. Não há confiança, e por bons motivos: historicamente há muitos “espertos” mesmo, praticando todo tipo de golpe e ficando impune. Novamente: cultura da leniência e da malandragem somada à impunidade, a combinação mais explosiva que existe, punindo o próprio consumidor.

Já com um amigo meu que mora nos Estados Unidos aconteceu o contrário. Sua conta de água vinha todo mês em torno de US$ 80, até um belo dia chegar uma fatura de uns US$ 300. Ele deu um baita pulo assustado. Ligou para a empresa que cuida do serviço, também uma estatal. Mas que diferença! A moça que lhe atendeu parecia estar do seu lado, como ele me disse. Ela queria ajudá-lo. E lhe informou que a empresa tem um bônus para oferecer quando esse tipo de desvio estatístico acontece.

Como nenhum vazamento foi encontrado em seu sistema, a empresa assumiu que era algum erro qualquer… da própria empresa! E garantiu a ele que o valor excessivo seria devolvido, ou seja, a empresa iria confiar no cliente e assumir que algum problema qualquer fora responsável pela elevada conta fora da curva naquele mês. Sociedade da confiança: império das leis e premissa de que o outro não quer tirar vantagem em cima de você, não é um “malandro” 171, mas uma pessoa correta numa economia de mercado com benefícios mútuos.

O problema é que o Brasil se acha muito “malandro”, e pensa que os americanos é que são otários. Já posso até imaginar alguns brasileiros, principalmente os eleitores do PT, pensando: “Poxa, que beleza! Então é só de vez em quando usar muito mais água e fingir que deu algum problema, que a empresa nem vai desconfiar”. Malandrão! Pois é…

Rodrigo Constantino

 

Galló desembrulha a crise: 1/2 hora com o CEO da Renner

Depois de meia hora de conversa, com o microfone já desligado, o CEO das Lojas Renner faz uma última reflexão: “Eu acredito no consumidor brasileiro. Hoje, quando o cara cai no Serasa, ele não consegue fazer mais nada: ele quase não consegue comprar comida, já que muita gente faz as compras no cartão de crédito.”

Galló acha que, apesar da crise, o consumidor não vai sujar seu crédito. E mais: as famílias estão se desalavancando — finalizando o pagamento de compras com grande número de prestações (carros, eletrodomésticos, celulares) — o que deve abrir espaço para um novo ciclo de consumo mais à frente.

“Sim, o desemprego afetará o consumidor, o varejo e a economia, mas o mundo não vai acabar e não vamos ter um redução do PIB de 5 a 10%,” diz ele. “O jogo será ganho por quem tiver a melhor proposta para os que forem menos afetados e continuarem consumindo. Temos ainda a hierarquia do consumo: ‘não compro um carro novo ou troco, mas compro eletro; não compro eletro, mas compro roupa’ e assim por diante. Além disso, temos categorias que caíram mais e outras menos, vide a queda na venda de carros e eletrodomésticos e, em menor escala, vestuário e alimentos.”

Não se pode culpar Galló por encontrar uma forma de ver o copo meio cheio: quem olha os últimos balanços trimestrais da Renner (sem ter acesso a outros do setor) acha que, no Brasil, não há crise.

A empresa tem conseguido aumentar suas vendas muito mais do que a concorrência porque sabe exatamente o que seu cliente procura, e consegue um resultado melhor ainda porque controla obsessivamente seus custos, além do retorno que obtém com seus investimentos em tecnologia.

“Estou na Renner há mais de 20 anos e nunca demitimos uma pessoa por redução de custo,” diz o CEO. “Por quê? Porque a gente ‘estressa’ a estrutura: quando dá pra aumentar, aumentamos.”

Galló diz que o segredo é se manter fiel ao que ele chama de ‘a essência’ da Renner, evitando distrações que alienem o cliente. “Todo dia rezamos um Pai Nosso: ‘Não nos deixeis cair em tentação.’”

Os tópicos da conversa que você pode ouvir abaixo incluem:

Por Geraldo Samor

 

Na Guerra e no Brasil, um tempo sem paz

A Guerra, fabricante de carrocerias de Caxias do Sul e concorrente da Randon, demitiu mais de 300 funcionários na sexta-feira.

Segundo o Zero Hora, a medida faz parte do pedido de recuperação judicial da empresa, validado no início de julho. Em nota, a Guerra também disse que a queda na demanda agravou sua situação.

A Randon, líder do setor, teve uma queda de faturamento de 25% no primeiro trimestre deste ano. De acordo com a associação que representa os fabricantes de carrocerias, as vendas de implementos rodoviários (reboques e semirreboques) caíram 48,7% no primeiro semestre.

Historicamente dona de mais de 30% do mercado, ao longo dos últimos anos a Randon priorizou linhas com retorno maior (baús frigorificados, tanques e canavieiros). Estes semirreboques têm margens maiores mas vendem menos unidades, o que reduziu omarket share da empresa para perto de 25%.

A Guerra — a número 2 do setor, com um share de 14-15% — foi vendida para a gestora de private equity Axxon Group no primeiro semestre de 2008, quando o Brasil e o setor rodoviário estavam bombando.

Com uma dívida de 212 milhões de reais, a Guerra tinha 1.300 funcionários antes das demissões de sexta-feira.

***

A verdade exemplificada pela Guerra é que o mercado de trabalho mergulhou, e a coisa ainda deve piorar.

O CAGED, que mede o fluxo de trabalhadores no setor formal da economia, registrou demissões líquidas de 99.096 pessoas em junho.

Nos últimos 12 meses, foram 730 mil demissões, o pior registro da série. O País fechou, em média, cerca de 200 mil postos de trabalho por mês, nos últimos três meses.

Quase todos os setores estão demitindo, e o salário de admissão está caindo.

Este é o lado mais dramático da crise atual.

O brasileiro da classe C — que foi incluído no mercado de consumo nos últimos anos — talvez até consiga conviver com a conta de luz que dobrou e pode, também a contragosto, adiar a recém-conquistada viagem ao exterior com o dólar agora a 3,40.

Mas, no gráfico abaixo, estão coisas incontornáveis: o sonho — adiado ‘sem previsão’ — dos recém-formados que querem começar uma carreira, e o drama de muitos chefes de família.

Quando a mudança na política finalmente permitir que o País comece a adotar os remédios (micros e macros) para o quadro atual, este gráfico  deve estar, infelizmente, ainda mais desolador.

 

Por Geraldo Samor

 

Frases da semana

 

Real terá novo animal estampado em cédula: “já vali”

— O Sensacionalista, site de humor hiperrealista, notando que o Real já vale menos de 1/3 do dólar.

A Casa da Moeda também cogitou imprimir uma foto da Dilma nas cédulas de Real, mas concluíram que a moeda não está tão desvalorizada assim.

— da mesma fonte.

Esqueçam ‘pauta-bomba’, eu não tenho o direito de incendiar o País.

— Eduardo Cunha, manso e humilde de coração, em evento em São Paulo.

Meus princípios são frequentemente contrariados por coisas como, por exemplo, o Ministério Público querer processar o Lula porque foi a um jantar da Odebrecht.

— Luiz Gonzaga Belluzzo, resumindo tudo a um jantar, no Valor.

Não tenho nenhuma consideração por ódio na política, também não pelo ódio dentro do meu partido, ódio que se volta agora contra o PT.

— Fernando Henrique Cardoso, à revista alemã Kapital.

Dentistas americanos matam os leões e nós fugimos do Leão.

— Dentista brasileira, para @InsetoSereno, no Twitter.

Não vamos colocar meta. Vamos deixar a meta aberta, mas, quando atingirmos a meta, vamos dobrar a meta!

— Dilma Rousseff, suscitando a ideia de impeachment por comprometimento neuronal.

Acho que a televisão brasileira está com muito medo da internet, e está um pouco acovardada, tá um pouco conservadora. Ela tá mudando só na maquiagem, mas o coração dela tem que mudar. O mundo mudou muito, e uma coisa principal: o Brasil mudou muito mais do que a televisão brasileira mudou.

— Pedro Cardoso, ator, na TV UOL.

Essa crise em certa medida é forjada. Enquanto a agência fica com essas firulas, a população está consumindo. … Essas análises não deveriam nem ser levadas em conta, isso não tem a menor importância!

— José Guimarães, líder do Governo na Câmara e feliz habitante de uma realidade paralela, no Globo.

 

E as melhores da semana, via WhatsApp:

 

 

Por Geraldo Samor

 

Em defesa dos vaidosos

Muita gente se estarreceu com a pesquisa da Fecomercio segundo a qual os brasileiros gastammais em beleza(20,3 bilhões de reais) que em educação (17 bilhões). “É por isso que o país não vai pra frente”, vi alguém dizer no Facebook. Pois eu saio em defesa dos vaidosos. Se o objetivo do consumo é aumentar o salário, gastar na manicure e no cabeleireiro não é tão absurdo quanto parece.

Não dá pra negar a importância da educação para a renda. O salário dos brasileiros cresce em média 15% a cada ano de estudo, segundouma pesquisada FGV de 2008. Esse retorno da educação diminui à medida que todos se escolarizam. Está em 17% no Nordeste, 12% na região Sul e apenas 6% na Suécia.

Mas a “taxa de retorno da beleza” tampouco é desprezível. Um bocado de estatísticas mostra que pessoas pouco atraentes e mal cuidadas ganham menos, têm menos chances de serem contratadas e são demitidas com mais facilidade.

Nos Estados Unidos, um dos primeiros estudos sobre o tema concluiu que mulheres consideradas feias por voluntários ganhavam 4% menos que a média, enquanto as bonitas tinham um salário 8% acima da média. No caso dos homens, o bônus à beleza é menor (4%) mas a penalização aos feios é de 13%. Na China, a diferença de salários entre funcionários feios e bonitos chega a 28%. Não há estudos similares no Brasil.

Gastar na academia ou na nutricionista também vale a pena. Na Suécia, um estudo classificou homens de acordo com o peso que eles apresentaram ao se alistarem no Exército. Quem estava acima do peso, décadas depois, tinha um salário 16% menor que a média.

Há ainda outro motivo para investir mais em beleza que em educação. Não existem manicures grátis, mas escolas, sim. Cálculos de retorno da educação, como o da FGV que eu citei acima, relacionam salários a anos de estudo, e não ao dinheiro gasto pelas famílias com escolas particulares. As pesquisas não diferenciam anos de estudo em escolas privadas ou públicas. Já a relação entre investimento dos pais e salário dos filhos no futuro é muito mais frágil. No ensino superior, a relação é até inversa – quem estudou em universidades gratuitas costuma ter salários melhores que a turma de faculdades privadas.

Alguém pode argumentar que não devemos nos adequar ao preconceito do mercado de trabalho. Mas discriminações assim são difíceis de combater e até mesmo de serem percebidas. Nunca deixarão de existir. Ao conhecer uma pessoa, instintivamente procuramos sinais da aparência que mostrem status, origem ou nível cultural. Enquanto não se consegue controlar o viés dos avaliadores e especialistas em Recursos Humanos, vale a pena, sim, investir em beleza.

por Leandro Narloch, @lnarloch coluna "O caçador de Mitos"

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Fonte: Blog Rodrigo Constantino (VEJA)

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