Dirceu ainda não descobriu que nada é tão absurdo quanto morrer na cadeia por Lula

Publicado em 05/08/2015 10:39
por AUGUSTO NUNES, de VEJA.COM

Dirceu ainda não descobriu que nada é tão absurdo quanto morrer na cadeia por Lula

Conforme as circunstâncias e as conveniências, o companheiro José Dirceu jura ter feito o que nunca fez ou nega ter sido o que comprovadamente foi. Despejado da Casa Civil em junho de 2005, por exemplo, o doutor em luta armada que só atirou com balas de festim caprichou na pose de guerrilheiro condecorado para proclamar-se “camarada de armas” de Dilma Rousseff. Em novembro de 2010, no trecho do Roda Viva reproduzido no vídeo acima, amputou um bom pedaço da biografia com a frase espantosa: “Eu não era deputado no governo Fernando Henrique”.

“Eu fui eleito em 78″, acrescentou sem ficar ruborizado. Só se foi eleito Comerciário do Ano de Cruzeiro do Oeste, no interior do Paraná, onde se entrincheirou na caixa registradora do Magazine do Homem entre 1975 e 1979, quando a decretação da anistia animou o falso Carlos Henrique Gouveia de Mello a restaurar o nome de batismo e retomar a militância política. Elegeu-se deputado federal em 1990. Derrotado na disputa pelo governo federal em 1994, assumiu no ano seguinte a presidência do PT.

Durante o primeiro mandato de FHC, o comandante do partido fez o diabo para impedir que o inimigo vitorioso governasse. De volta à Câmara em 1998, liderou a mais raivosa bancada oposicionista da história do Congresso: todos os projetos e propostas do presidente tucano foram rejeitadas pela tropa em permanente estado de beligerância. A menos que um gêmeo univitelino tenha assumido o papel do irmão durante esse largo período, as fotos que aparecem no fim do vídeo comprovam que o ex-deputado federal José Dirceu é capaz até de negar que José Dirceu foi deputado federal.

Coerentemente, o chefe da quadrilha do mensalão continua jurando que não chefiou a quadrilha do mensalão. Previsivelmente, o reincidente sem cura alcançado pela Operação Lava Jato agora faz de conta que conhece só de vista os diretores da Petrobras que nomeou, que nunca ouviu falar nos empresários que extorquiu disfarçado de consultor e que soube do Petrolão pelos jornais. Muita gente anda recuperando a memória em Curitiba. E se o guerreiro abandonado por oficiais e soldados rasos revogasse a opção pela amnésia?

“É mais fácil matarem Dirceu do que ele fazer uma delação”, garantiu nesta terça-feira seu advogado Roberto Podval. Aos 69 anos, José Dirceu pode descobrir que nada é mais difícil e mais absurdo que morrer na cadeia por Lula.

(por Augusto Nunes)

 

A devassa do porão de um site 171 vai antecipar a dedetização da esgotosfera

Está pronta para sair do forno da Câmara uma CPI dos Crimes da Internet, proposta pelo deputado Sibá Machado, líder da bancada do PT. Como essa raridade da fauna amazônica ainda não foi devassada pela ciência, ignora-se o que pretendia o parlamentar do Acre ao disparar o tiro no pé: comandada pela maioria antigovernista, a comissão não poupará a máquina montada pelo governo para insultar adversários, louvar incompetentes e absolver criminosos.

A rajada da Lava Jato que inundou o porão do site Brasil 247 (podem chamar de 171 que ele atende) acabou precipitando a dedetização da esgotosfera, um amontoado de cortiços infestados de ex-jornalistas que prosperam como comerciantes de textos e “eventos” de quinta categoria. Apresentam-se como “blogueiros progressistas”. São apenas canalhas. E os mais notórios, constata o comentário de 1 minuto para o site de VEJA, encaixam-se no perfil do meliante capturado pela Polícia Federal.

Todos foram editores de economia ou diretores de publicações especializadas em assuntos econômicos. Todos perderam a pouca vergonha para ganhar muito dinheiro. Todos se tornaram esquerdistas desde criancinha assim que o lulopetismo chegou ao poder. Todos são financiados por empresas estatais. Todos enriqueceram com “seminários” patrocinados pela Petrobras e pela Caixa Econômica Federal. Por tudo isso e muito mais, todos merecem cadeia.

 

Carta ao Leitor de VEJA desta semana: ‘O real problema de Lula’

Publicado na versão impressa de VEJA

Muitas vezes a imprensa revela fatos que, de outra forma, ficariam para sempre longe do efeito detergente da luz solar e, assim, chama a atenção das autoridades. Uma segunda vertente do trabalho jornalístico é descobrir fatos já em fase de análise no âmbito da Justiça e dar conhecimento deles aos leitores.

A reportagem de capa de VEJA da semana passada é desse segundo tipo. Os repórteres de VEJA em Brasília descobriram que os advogados da OAS procuraram a Procuradoria-Geral da República (PGR) para uma conversa inicial com o objetivo de conseguir o benefício da delação premiada para Léo Pinheiro, ex-presidente da empreiteira, preso em regime domiciliar por uma coleção de crimes de corrupção.

Os advogados informaram a PGR das principais revelações que Pinheiro se dispunha a fazer. As mais relevantes, a respeito de sua relação especial com o ex-presidente Lula, haviam sido adiantadas por VEJA em sua reportagem de capa de 29 de abril. Sem que fosse contestada, a revista narrou detalhes da duradoura e mutuamente produtiva convivência de Pinheiro e Lula, simbiose só interrompida com a prisão do empreiteiro pela Lava-Jato.

Citando como motivo a reportagem de capa da semana passada, Lula está processando a revista. Está-se diante da clássica manobra de atirar no mensageiro, quando o que se quer suprimir é a mensagem.

Se VEJA não tivesse publicado sequer uma linha do que Léo Pinheiro quer contar em sua delação premiada, os fatos relatados aos procuradores permaneceriam os mesmos.

Lula estaria no melhor dos mundos se sua maior dor de cabeça fosse a perseguição que imagina mover contra ele a imprensa.

Seria uma maravilha para Lula se as reportagens que o incomodam fossem apenas invencionices de jornalistas mal-intencionados a serviço de causas ingratas. Isso sumiria tão rápido quanto surgiu. Mas, infelizmente para Lula, seu grande problema são fatos produzidos durante seu governo, por pessoas nomeadas por ele, com as quais privou de intimidade e até de amizade e que estão sendo presas ao ritmo de quase uma por semana.

Se por feitiçaria todas as revistas e jornais que desagradam a Lula desaparecessem de uma hora para outra, os aborrecimentos do ex-presidente continuariam do mesmo tamanho ou, como está ocorrendo, aumentando a cada dia que passa.

Espetáculos de ficção só existem quando são observados. Os fatos continuam existindo mesmo escondidos. Um dia eles voltam a assombrar. Esse é o problema de Lula.

 

Ricardo Noblat: Dilma, leniente ou cúmplice

Publicado no Globo

RICARDO NOBLAT

O PT sempre tratou seus adversários com um solene desprezo. Lula, que exerceu um único mandato de deputado federal, disse em certa ocasião que havia no Congresso 300 picaretas. Pouco mais, portanto, que a soma de deputados e senadores.

E o que ele fez quando assumiu a presidência da República pela primeira vez? Passou a governar com os picaretas. Se bem pagos, eles dão pouco trabalho.

Comparado com Dilma, dizem que Lula é um craque. Que sempre soube fazer política. Mas que tipo de política ele fez depois de se tornar inquilino do mais prestigiado gabinete do Palácio do Planalto?

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Os autores de Saudação à Mandioca lançam outro sucesso em dilmês: A Meta

Informações técnicas:

Letra: Dilma Rousseff
Música, Programação e Backing Vocals: Eliel Gatti Robles
Baixo, Guitarra, Revisão: Ricieri Nascimento

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Fonte: Blog Augusto Nunes, de veja.com

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