Bomba caseira no Instituto Lula? Quem terá jogado? (REINALDO AZEVEDO)

Publicado em 31/07/2015 19:36
em VEJA.COM

Bomba caseira no Instituto Lula? Quem terá jogado?

Há um buraco na porta da garagem do Instituto Lula. A direção diz que foi provocada por uma bomba caseira, atirada de um carro, por volta das 22h, contra o prédio. Celso Marcondes, diretor da entidade, disse tratar-se de um “ataque político”. O instituto comunicou o corrido às Polícias Civil e Militar, à Secretaria de Segurança Pública e ao Ministério da Justiça. Como se dizia antigamente, só faltaram as autoridades eclesiásticas na lista… As civis e militares estão aí.

Comecemos do começo: foi coisa de delinquente, sim, de bandido. É a única certeza que dá para ter.

As certezas começam a diminuir quando a gente especula a natureza do bandido.

Aí pode ser um monte de coisa.

Celso Marcondes diz ter a certeza de ser um “ataque político”. Por que ele afirma isso antes da investigação? Porque, para a, digamos, metafísica petista, a suposição é útil. Afinal, os companheiros inventaram a tese de que o “antipetismo é igual ao nazismo” — afirmação que é, antes de mais nada, um crime moral.

Quem faria uma besteira dessas?

No dia 15 de março, entre 1 milhão e 2,5 milhões de críticos do PT foram às ruas, e não se registrou nenhum ato de violência contra o patrimônio público ou privado ou contra símbolos do poder vigente. Nada!

A quem interessariam hoje a violência, a luta campal, os ataques covardes? Com absoluta certeza, não àqueles que se opõem ao statu quo.

“Está sugerindo que isso é coisa dos próprios petistas?” Não estou sugerindo nada. Quando quero sugerir, não sugiro, afirmo. E eu estou afirmando que Celso Marcondes deve ser mais prudente.

Esse pessoal tem de aprender uma coisa de uma vez por todas: a luta para pôr fim às mazelas do país — e isso supõe, sim, o PT fora do poder, condição necessária, mas não suficiente — é democrática, pacífica e repudia crimes de qualquer natureza.

Qualquer ação fora dos parâmetros da civilizada só interessa àqueles que fazem da incivilidade, inclusive o roubo, um método.

Por Reinaldo Azevedo

 

Vamos fechar o Congresso e entregar o Legislativo para Catta Preta, Youssef e afins! Ou: Todos os adversários de Dilma estão no paredão. Que coincidência, não!?

Ora, vamos fechar o Congresso Nacional!? O que lhes parece? O Poder Legislativo passará a ser exercido por Beatriz Catta Preta, Alberto Youssef e tipos correlatos. Que tal? Se uma advogada diz que desistiu até da carreira porque se sentiu ameaçada por uma convocação para depor na CPI da Petrobras, declaremos o Legislativo do Brasil um Poder criminoso!

Como boa parte da imprensa não gosta de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara, a gente já aproveita e o pendura num guindaste, pelo pescoço, com se faz no Irã. No guindaste ao lado, estará Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado. Mais ao fundo, igualmente enforcados, Aroldo Cedraz, Raimundo Carreiro e Vital do Rego, três ministros do TCU que podem recomendar a rejeição das contas do governo. Reinando sobre toda coisa viva, Dilma Rousseff. Mas reinando para quê? Ora, pra nada, como de costume.

Vocês notaram? Um a um, todos os “inimigos” do Planalto estão na mira, certo? Agora só falta, deixem-me ver, abater uns dois ou três no TSE, que é a outra frente que pode criar constrangimentos para a presidente. E aí estará tudo perfeito.

Confesso-me algo chocado com a acolhida que teve em certos setores da imprensa a estupefaciente entrevista concedida por Catta Preta ao Jornal Nacional na noite de quinta. Nada contra a coisa em si, claro! Se ela queria falar, o JN deve ouvir. A questão é saber se alguém que apela ao STF para não ter de dar declarações a uma comissão de inquérito — a OAB o fez por ela, eu sei — pode apelar ao programa jornalístico de maior audiência do país para acusar essa mesma comissão de praticar crimes. Ou não foi isso o que ela fez? Ou ela tratava de um mero sentimento, assim…, um temor não mais do que subjetivo?

Agora virou moda. A ordem parece ser mesmo deslegitimar a CPI. Interessa a quem? Antonio Figueiredo Basto, advogado de Alberto Youssef e de Júlio Camargo — aquele homem de muitas verdades premiadas — , enviou uma petição ao juiz Sérgio Moro pedindo o cancelamento da ida do doleiro a Brasília na semana que vem. A CPI, CORRETAMENTE, DIGA-SE, marcou uma acareação entre ele e Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento. Sabem o que Basto alegou? Que a integridade física do delator estará em risco se isso acontecer.

Mas Basto não parou por aí. Pela segunda vez, ele voltou a desferir um violento ataque a autoridades do Legislativo — já havia atacado Eduardo Cunha nas alegações finais em favor de Camargo. Está escrito lá:
“O seu [da CPI] raio de abrangência não pode se perder, para distorcer o instituto com fins de politicagem de ocasião ou propósitos revanchistas. Nestas circunstâncias, o deslocamento de Alberto Youssef à capital federal compromete sua própria segurança, colocando em xeque sua integridade física e moral!”

Doutor Basto diga o que quiser, e não será este jornalista a contestar o direito de defesa — ao contrário: tenho sido atacado por alguns idiotas justamente porque não transijo nisso. Mas eu não reconheço o seu direito de tentar cassar uma prerrogativa do Poder Legislativo. É surrealista o que está em curso.

Fazendo de conta que a CPI não tem o poder para convocar seu cliente e já se antecipando a uma decisão judicial, Basto avança e diz que Youssef “não vai se submeter ao teatro de horrores de uma CPI notoriamente comprometida com interesses não republicanos, onde os personagens protagonizam uma tragicomédia encenada sob o cenário revanchista de ameaças veladas e vinganças rasteiras”.

Quais ameaças veladas? Quais vinganças rasteiras? Com a devida vênia, atitudes como essa de Basto e a da doutora Beatriz é que transformam a questão numa chanchada macabra. Sim, existem diferenças entre os depoimentos que precisam ser esclarecidas. Lembro uma: Paulo Roberto diz que Antonio Palocci lhe pediu R$ 2 milhões para a campanha de Dilma em 2010 e que o doleiro liberaria o dinheiro. Este afirma que nunca aconteceu. Um dos dois está mentindo. Quem?

Que coincidência notável, não é mesmo!? Uma a uma, as frentes em que Dilma pode vir a enfrentar problema estão mergulhadas em denúncias e dificuldades. Que se apure tudo, claro! Que se noticie tudo, claro! Mas que se diga tudo, claro!

Sei o que escrevi, e não retiro uma vírgula de nada. Acho que Eduardo Cunha fez um excelente trabalho na Câmara, e entendo os motivos por que é alvo do ódio do PT e de outros tantos. Se cometeu crimes, que pague! Mas lembro que, inicialmente, integrou a “Lista de Janot” em razão de um depoimento cediço e meio confuso de um policial. Não entendi, então, por que Janot não incluiu a própria Dilma no rol. A explicação que ele deu à época é furada, está demonstrado pela Constituição e pela jurisprudência do Supremo.

Júlio Camargo, ex-cliente de Beatriz e atual cliente de Basto, entrou na história, contra Cunha, bem depois. Até porque, já como delator premiado, negou o pagamento de propina ao deputado. Mais tarde, mudou a versão — e continuo sem saber se ele mentiu para a sua então defensora em algum momento ou se os dois mentiram juntos para a Corte. Pedi a ela que me mandasse uma resposta. Não mandou. A minha dúvida persiste.

Escrevi na minha coluna na Folha nesta sexta, que os interlocutores estão desaparecendo. Pululam irresponsáveis por todo canto. Agora, já não se poupam também as instituições na busca desesperada para salvar e cortar cabeças.

As ações de intimidação atingem hoje a Câmara, o Senado, o TCU e a CPI da Petrobras. E será preciso resistir. Ou, daqui a pouco, será preciso entregar a “Politeia” aos homens de negro para que, finalmente, a gente possa ter uma ditadura de virtuosos.

Por Reinaldo Azevedo

‘Brasil exporta corrupção ao maior porto de Raúl Castro’, diz jornal mexicano

Traduzo abaixo a reportagem do jornal mexicano La Razón sobre a corrupção no Porto de Mariel, em Cuba, uma obra no valor de US$ 957 milhões, sendo US$ 682 milhões em empréstimos do BNDES.

Em janeiro de 2014, os presidentes do Brasil e de Cuba, Dilma Rousseff e Raúl Castro, inauguraram a Zona Econômica Especial no porto de Mariel, a 45 quilômetros de Havana, como uma estratégia comercial conjunta.

Hoje, o projeto portuário de Castro está marcado por práticas ilegais e de má gestão dos recursos… da mesma forma que a paraestatal sul-americana, a Petrobras, é marcada por uma teia de corrupção que inclui os altos escalões do Partido dos Trabalhadores dominantes e o ex-presidente Lula da Silva.

Duas nações vinculadas pela ilegalidade

“Os trabalhadores e os gestores têm de identificar e eliminar deficiências e comportamentos negativos, como a indisciplina, o desvio de recursos, o roubo, o controle insuficiente, a apatia, entre outros males que mancham a ética e a moral dos trabalhadores do setor diante dos investidores e clientes nacionais e estrangeiros, causando danos econômicos ao país e à própria comunidade de trabalho”, destaca o documento introdutório publicado pelo semanário da ilha ‘El Artemiseño’.

No artigo intitulado “Disciplina para realizar uma obra decisiva”, ele explicou que os grupos de gestão e de trabalho da Empresa de Construção e Montagem Mariel discutem as diretrizes para o uso do tempo de trabalho, desempenho e produtividade.

As análises devem contribuir para o cumprimento dos cronogramas de execução com a qualidade exigida por esta importante obra, diz o relatório.

De acordo com a página Zedmartiel.com, criada para promover o progresso e a natureza do trabalho, a Zona Especial de Desenvolvimento Mariel é um projeto que visa promover o desenvolvimento econômico sustentável da nação, através da atração de investimentos estrangeiros, a inovação tecnológica e a concentração industrial, garantindo simultaneamente a proteção do ambiente.

“Um pedaço de concreto se quebrou [em] uma ocasisão, procuraram um pequeno equipamento para arrastar terra e derramaram todo o cimento no mar antes da chegada de investidores estrangeiros”, realtou o jornalista independente Moisés Leonardo Rodríguez, um residente da área, no programa ‘Cuba al Día’ da Rádio Marti.

De acordo com o site Marti Noticias, a menção de práticas de corrupção no Mariel na imprensa local simultaneamente a uma auditoria surpresa feito pelo Ministério Público, disse Rodriguez, acrescentando que eles prenderam vários líderes municipais e substituíram o Secretário do Partido e funcionários do Poder Popular pela corrupção que impera.

“Se você termina um trabalho e sobra metade do concreto e, em um país com o déficit de habitação que existe, com estradas em péssimas condições, eles são incapazes de ter previsto o aproveitamento de todo esse concreto e o despejam nas laterais da estrada”, acrescentou o jornalista.

De acordo com informações do governo cubano, o cais do Terminal tem um comprimento de 702 metros, equipados com quatro guindastes de “super pós-panamax”. Além disso, o seu pátio foi construído para acomodar operações de 822.000 contêineres por ano.

Para a segunda etapa, está previsto que o Brasil também contribua com um financiamento de US$ 290 milhões. Além disso, o terminal de contêineres é gerido pela empresa PSA Cingapura.

Atualmente, o governo cubano está analisando 23 projetos na Europa, na Ásia e na América para o investimento estrangeiro em vários setores econômicos para sua aprovação e estabelecimento na ZED de Mariel.

Entre os objetivos do projeto estão atrair o investimento estrangeiro, alcançar o desenvolvimento industrial para gerar exportações e promover a substituição de importações e incentivar a transferência de tecnologia avançada, além de desenvolver infraestrutura para fornecer uma plataforma de negócios eficaz.

A versão impressa

Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil

 

Ô FHC! Dizer que Dilma é ‘honrada’ e Lula não pode ser preso também é conchavo!

FHC voltou a defender Dilma Rousseff, em entrevista à revista alemã de economia Capital.

O tucano disse que ela não está envolvida no escândalo de corrupção na Petrobras.

“Não, não diretamente. Mas o partido dela, sim, claro. O tesoureiro está na cadeia. Eu a considero uma pessoa honrada, e eu não tenho nenhuma consideração por ódio na política, também não pelo ódio dentro do meu partido, que se volta agora contra o PT.”

FHC tem uma necessidade incurável de prestar contas à propaganda petista, que o ataca sistematicamente com a anuência da ‘honrada’ Dilma Rousseff, cuja campanha – tudo indica, inclusive as anotações de Marcelo Odebrecht – recebeu dinheiro sujo proveniente de empreiteiras.

Mas o tucano prefere responsabilizar Lula:

“Os escândalos começaram no governo dele. Tudo começou bem antes, em 2004, com o Lula, com o escândalo do mensalão.”

Sim. E quem era a presidente do Conselho de Administração da Petrobras? Dilma Rousseff, em cujo governo a roubalheira ainda continuou alegremente sem que ela fizesse nada de honroso para estancá-la.

Que importa?

FHC afirmou que era impossível que Lula não soubesse do mensalão, mas “para colocá-lo atrás das grades, é necessário haver algo muito concreto. Talvez ele tenha que depor como testemunha. Isso já seria suficientemente desmoralizante”.

Suficientemente desmoralizante é a bunda-molice tucana de FHC, que defende Lula das eventuais consequências das investigações até quando o critica.

Para o ‘opositor’ que o PT pediu a Deus, quer dizer, ao capeta, a prisão do Brahma dividiria o Brasil: “Lula é um líder popular. Não se deve quebrar esse símbolo, mesmo que isso fosse vantajoso para o meu próprio partido. É necessário sempre ter em mente o futuro do país.”

O que é necessário ter em mente são as leis do país, que têm de ser cumpridas tanto por Dilma quanto por Lula, independentemente de questões simbólicas da mitologia esquerdista que FHC legitima daí para pior:

“Ele certamente tem muitos méritos e uma história pessoal emocionante. Um trabalhador humilde que conseguiu ser presidente da sétima maior economia do mundo”

…que já está caindo de posição graças à história “emocionante” que ele espalhou com a sua ajuda.

Dias atrás, FHC havia escrito:

“O momento não é para a busca de aproximações com o governo, mas sim com o povo. Qualquer conversa não pública com o governo pareceria conchavo na tentativa de salvar o que não deve ser salvo”.

Dizer que Dilma é ‘honrada’ e Lula não pode ser preso, no entanto, também é conchavo na tentativa de salvar o que não deve ser salvo.

Com esse discurso, FHC vergonhosamente os aproxima do povo, iludido, enganado e falido por eles.

Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil

 

CPI mantém convocação de Catta Preta. Faz bem! Eu era contra até ontem; agora, sou a favor. E explico, como sempre, por quê

Eu me opunha à convocação da doutora Beatriz Catta Preta pela CPI da Petrobras até ontem. Depois da entrevista que ela concedeu ao Jornal Nacional, passei a ser a favor. Eu não quero que ela vá lá revelar o valor dos seus serviços. Também não lhe cabe dizer a origem do dinheiro daqueles que pagam seus honorários. Não é a ela que cabe fazer esse tipo de investigação. O estado dispõe de instrumentos para isso.

Agora, eu quero que a doutora Beatriz vá à CPI para dizer quem a ameaçou e de que modo. Lembrando sempre que um advogado não dispõe de prerrogativas para fazer falso comunicado de crime. A CPI manteve a convocação da doutora e fez muito bem. Dado o novo contexto, a OAB deveria aprová-la, em vez de tentar obstá-la.

Na entrevista eivada de absurdos concedida ao Jornal Nacional, a doutora disse com todas as letras, nesta quinta: “Depois de tudo que está acontecendo, e por zelar pela segurança da minha família, dos meus filhos, eu decidi encerrar a minha carreira na advocacia. Eu fechei o escritório”. Em seguida, pergunta-lhe o repórter César Tralli: “A senhora consegue identificar de onde vem essa intimidação que a senhora enxerga tão claramente hoje?”. E ela responde: “Vem dos integrantes da CPI, daqueles que votaram a favor da minha convocação”.

Raramente ou nunca, estivemos diante de um absurdo de tal natureza, de tal monta. A doutora Beatriz está dizendo, sim, que está fechando o escritório e mudando de profissão, pensando na segurança de sua família, e as intimidações — que são, então, ameaças — estariam partindo de membros da CPI. Só porque ela foi convocada? Não é possível.

A doutora Beatriz tem de ir à CPI para dizer quem, na comissão, a ameaça e por que uma simples convocação pode ser caracterizada como um molestamento até a sua família. Isso nada tem a ver com sigilo no exercício da profissão.

Igualmente considero fora do sigilo uma questão que me parece elementar. Se Julio Camargo fala a verdade agora, quando diz que Eduardo Cunha (PMDB-RJ) recebeu US$ 5 milhões de propina, então mentia antes, quando negava. A pergunta é óbvia: ele mentira também para a advogada ou ambos mentiam, unidos, para a Justiça?

Não tem jeito. Doutora Beatriz e a OAB têm de ter clareza quando as coisas ultrapassam o limite do aceitável. Se há deputados na CPI que fazem ameaças, eles precisam ser denunciados e banidos da vida pública. E ela terá a chance de anunciar seus nomes em rede nacional. Todos estaremos atentos. Se não foi ameaça dessa ordem, mas, como ela disse, uma coisa indireta, que, ainda assim, revele como se deu.

Eu tenho curiosidades que, espero, também estejam na mente dos deputados, e nenhuma delas tem a ver com sigilo profissional ou com especulações sobre a origem dos ganhos da advogada. EMBORA, ATENÇÃO, TUDO LHE POSSA SER INDAGADO. ELA NÃO É OBRIGADA A RESPONDER O QUE FIRA O CÓDIGO DE SUA PROFISSÃO. ESTÁ LÁ RESGUARDADA POR DECISÃO DO SUPREMO.

1 – A primeira questão é aquela já anunciada: Camargo mentiu para ela, ou ambos mentiram para a Corte?

2 – Dê exemplo de uma ameaça que a senhora ou sua família tenham sofrido.

3 – Em tempos de WhatsApp, e-mail, comunicação online, por que a senhora não desmentiu desde o primeiro dia a pretensão de se mudar para a Miami?

4 – Por que a senhora usou o verbo “fugir” para se referir à possível mudança para os EUA? A senhora fugiria de quem?

5 – A senhora não considera um despropósito abandonar a profissão em razão de ameaças que a senhora mesma diz terem sido indiretas?

6 – Não pergunto sobre nenhum caso em particular, mas em tese: na sua experiência profissional, diria que um delator premiado deve ter direito a quantas versões?

7 – Um advogado que cuida de várias delações premiadas não pode acabar cuidando das várias versões, de modo a evitar contradições entre elas?

8 – Procedem os comentários que circulam nos meios jurídicos segundo os quais a senhora é uma espécie de quarto elemento da força-tarefa?

9 – A senhora era vista até a semana retrasada como uma aliada e uma amiga do Ministério Público. A senhora tem receio de que isso possa mudar?

10 – Digamos que a senhora estivesse desgostosa com a Lava Jato e deixasse os clientes. Mas por que deixar a profissão? O que a impediria de exercê-la em outros casos? Os descontentes com a operação a perseguiriam até em outros processos?

11 – Como uma pessoa acostumada a defender pessoas, a senhora acha que faz sentido o ataque dirigido à CPI?

12 – A senhora reconhece a legitimidade do Congresso Nacional e das Comissões Parlamentares de Inquérito?

13 – A senhora tem ciência se, em algum momento, clientes a procuraram por indicação de algum membro da força-tarefa? Se isso acontecesse, seria ético, na sua opinião?

14 – A senhora teve alguma relação com o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) antes desse episódio?

15 – Por que a senhora acha que se fizeram especulações só sobre seus honorários, não sobre o de outros, que também cuidaram de delações premiadas?

16 – Antes de a senhora tomar a drástica decisão que tomou, foi procurara por algum emissário de Eduardo Cunha para alguma conversa?

17 – Seu marido participa, de algum modo, da conversa ou da abordagem dos acusados que a procuram para fazer delações?

18 – Com o apoio da imprensa, da OAB e até de ministros da STF, a senhora não acha que há certo exagero em aparecer como vítima de uma CPI?

19 – O que a senhora acha que deve acontecer com alguém que, sendo beneficiário da delação premiada, mente?

20 – A senhora pretende dar início à carreira de roteirista?

Por Reinaldo Azevedo

 

ANÁLISE DE IGOR GIELOW, NA FOLHA DE S. PAULO (DESTE SABADO)

Fala, doutora!

BRASÍLIA - A criminalista Beatriz Catta Preta, estrela na apuração do petrolão, armou uma grande confusão com sua entrevista ao "Jornal Nacional" de quinta-feira (30).

Após conduzir uma leva de malfeitores confessos a abrir o bico para evitar o destino de Marcos Valério e abrandar suas penas, Catta Preta saiu intempestivamente de cena.

Se disse perseguida pela CPI da Petrobras. De fato, convocar advogado para saber o quanto ganha não é nada menos do que constrangimento ilegal. Mas ela foi além, alegando perigo de vida para si e sua família.

De forma calculada para fugir de processos (é uma advogada, afinal), apontou o dedo para Eduardo Cunha, o acuado presidente da Câmara, virtual denunciado na Lava Jato e mentor intelectual da CPI.

Além disso, apresentou uma versão esquisita sobre a inclusão do nome de Cunha no rol de acusados por um de seus clientes, Julio Camargo.

Durante meses, ele negou que o deputado tivesse sido favorecido pelo petrolão; de repente, incluiu um "pixuleco" de US$ 5 milhões na conta do peemedebista. Segundo ela, Camargo temia Cunha. Depois, à sombra da PGR (Procuradoria-Geral da República), tomou coragem.

Ambas as histórias encerram dúvidas. Ou a advogada diz quem a ameaçou, e como, ou terá sido apenas leviana contra um Poder da República.

No caso de Camargo, é pior. Ao relatar a mudança da narrativa, Catta Preta coloca outras delações sob sua batuta na Lava Jato sob a mesma suspeição. Isso é péssimo para uma operação que até aqui trouxe mais ganhos do que perdas institucionais.

De quebra, ela dá gás à teoria alimentada por Cunha de que a PGR o persegue de forma seletiva. Não é assim, até porque ele já estava bem enrolado devido à apuração de requerimentos sobre empresas, mas que o relato sobre a delação de Camargo soa pouco crível, isso é incontestável.

Catta Preta serviria ao país se elucidasse esses pontos. Fala, doutora!

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Fonte: Blog Reinaldo Azevedo, veja.com

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