Mulheres sapiens, mandiocas e batatas, por RODRIGO CONSTANTINO

Publicado em 30/07/2015 06:29
EM VEJA.COM

Mulheres sapiens, mandiocas e batatas

Essas mulheres sapiens que galgaram degraus até o topo do poder na política nacional, para provar como o sexo frágil sofre preconceito em nosso país, são mesmo curiosas. O circo pegando fogo, com a labareda acesa pela própria presidenta, e elas nem aí pra hora do Brasil. Inflação de quase 10%? Dólar a R$ 3,40? Queda do PIB de 2%? Aprovação do governo abaixo de 8%? Quem liga? O importante é celebrar a mandioca, essa incrível conquista do Brasil para a civilização ocidental. E plantar batatas! Sim, vejam com que se ocupou a ministra Kátia Abreu em seu Twitter nos últimos dias:

Pois é, senadora, a fartura não está tanta assim na mesa do brasileiro, graças ao governo que a senhora defende. A menos que consideremos fartura num sentido mais lulista da coisa: “farta” feijão, “farta” arroz e, principalmente, “farta” carne! É uma “fartura” enorme por conta da inflação de 10% que sua presidenta produziu. Enquanto isso, a senhora aí, como se vivesse em outro planeta, como se não tivesse nada a ver com essa crise enorme que foi causada pela presidenta que defende, para quem pediu votos. Como disse um leitor, tem abóbora de todos os tamanhos mesmo, e abobrinha inclusive, muita abobrinha…

Com todo respeito, senadora, vai plantar batatas!

Rodrigo Constantino

BC se comporta como Talibã dos juros para mostrar que é fiel

Lembro de um trecho de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis: “Deus te livre, leitor, de uma ideia fixa; antes um argueiro, antes uma trave no olho.” É isto: melhor uma farpa nos olhos do que ser refém de saídas de manual que ignoram a realidade. É claro que eu sabia, e que todos sabiam, que o Copom elevaria a taxa básica de juros: a dúvida era se a elevação seria 0,25 ponto ou de 0,5 ponto. Deu meio ponto: agora está em 14,25%.

Eu sou contra ou sou a favor a elevações de juros? A pergunta, se fosse feita, seria imbecil. E a resposta, tautológica: sou a favor quando são necessárias e contra quando são desnecessárias. E o mesmo vale para a redução da taxa. A boa pergunta é outra: vai adiantar para conter a inflação? Digamos que, em algum momento, sim. Mas a que custo?

Repito aqui as indagações que fiz anteontem e ontem no programa “Os Pingos nos Is”, que ancoro na Jovem Pan: a demanda está aquecida e, por isso, os preços dispararam? Há alguma condição estrutural que a elevação possa corrigir? Não que se saiba.

Assim, essa elevação — e talvez ainda haja outra —só acarretará um aumento brutal nas despesas do governo e terá pouca ou nenhuma influência na inflação, derivada dos preços administrados, que não baixarão.

“Ah, mas reduzindo a atividade, em algum momento, a inflação baixa…” Em que momento? Não há resposta para isso, e noto que o pensamento mágico está na base de algumas análises disfarçadas da mais fria racionalidade. Leio coisas como: “Ah, na próxima reunião, o Copom pode elevar ainda em mais meio ponto, e aí fica estável até o fim do ano”. Sei. Está escrito em algum lugar que a inflação cai quando os juros são de 14,75% ou de 14,5%? E se não cair? Administra-se mais do mesmo remédio?

Reitero: eu não tenho nada contra a elevação dos juros em si, como não tinha nada contra a redução. Eu só me oponho quando objetivos alheios à natureza das medidas entram em pauta. Agora ou antes.

Por que digo isso? O governo não tem credibilidade. O prestígio de Joaquim Levy ficou abalado depois da trapalhada protagonizada no caso do superávit primário. O BC precisa, assim, posar de talibã dos juros para demonstrar que ninguém por ali perdeu a fé na palavra — embora este governo se mostre incapaz de cortar gastos para valer. O que ele faz é cortar a previsão orçamentária, o que é coisa distinta.

A elevação dos juros quer dizer apenas o seguinte: “Ó, não estamos flertando mais com inflação, tá?” Tá! Mas ela vai contribuir para baixar essa inflação que está aí?  A resposta: até pode. De tal sorte se dá um tombo na economia que, em algum momento, cai…

Então tá!

Por Reinaldo Azevedo

As empresas brasileiras também começam a pagar o pato pela incompetência oficial

As empresas brasileiras não existem no éter. Estão incorporadas à realidade política e econômica do país e sujeitas às mesmas vicissitudes. Depois de aplicar um viés negativo à nota brasileira, que já está a apenas um degrau de passar para a condição de grau especulativo, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s rebaixou a nota de 21 empresas brasileiras.

Oito delas ficaram  iguaizinhas ao Brasil: BBB-, com viés negativo. São elas Cesp, Comgás, Duke, Samarco Mineração, Taesa, Itaipu Binacional, Eletrobras e Brasken, as duas últimas investigadas na Operação Lava Jato. Já estavam nesse patamar e nele permaneceram Klabin S.A, Neoenergia S.A., Odebrecht Engenharia e Construção S.A. e a Petrobras.

Sim, a agência levou em consideração a situação de cada empresa, mas é evidente que a perspectiva do Brasil tem um peso imenso na avaliação. Um país em recessão de quase 2% e que deve ter um crescimento em torno de zero no ano que vem não compõe um cenário muito animador. E tudo fica mais difícil quando parte do PIB brasileiro virou, e está sendo tratado, como um caso de polícia.

A avaliação de risco de uma empresa ou de um país é uma medida objetiva, reconhecida pelo mercado mundial, para indicar a sua salubridade econômica. Quanto menor o risco, mais facilmente essas empresas — e os países — atraem investimentos e conseguem empréstimos a juros convidativos.

O estrago produzido ao longo desses 13 anos, ainda veremos, é bem maior do que parece.

Gráfica que recebeu R$ 6 mi do PT desperta suspeita da Justiça Eleitoral

Na Folha:
A campanha da presidente Dilma Rousseff à reeleição pagou R$ 6,15 milhões a uma gráfica que não tem nenhum funcionário registrado e cujos documentos apontam como presidente o motorista Vivaldo Dias da Silva, que em 2013 recebia R$ 1.490. A Rede Seg Gráfica e Editora, de São Paulo, aparece como a oitava fornecedora que mais recebeu dinheiro da campanha presidencial petista no ano passado, de acordo com os registros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Funcionários do TSE que examinaram as contas da campanha de Dilma descobriram a situação da gráfica ao cruzar as informações da empresa com o banco de dados do Ministério do Trabalho. A descoberta fez surgir a suspeita de que a gráfica não tinha a estrutura necessária para prestar os serviços pelos quais foi remunerada pelo PT. Algumas das notas da gráfica entregues pelo partido ao TSE trazem a afirmação de que a empresa produziu folders para a campanha eleitoral.
(…)
Como a Folha revelou em dezembro de 2014, a Focal Comunicação, a segunda que mais faturou na campanha presidencial de Dilma (R$ 24 milhões), também tinha um motorista (salário de cerca de R$ 2 mil até 2013) como sócio. A Focal só ficou atrás da empresa do marqueteiro João Santana, destinatária de um montante de R$ 70 milhões. O empresário Carlos Cortegoso admitiu na época que era o verdadeiro dono da Focal, tendo justificado o registro em nome do motorista como fruto de uma inclinação sua de dar chances para seus empregados progredirem.
(…)

Cassação à vista: Gráfica fantasma que recebeu R$ 6 milhões da campanha de Dilma desperta suspeita do TSE

O TSE, finalmente, suspeita do PT.

A Folha acrescenta hoje novas informações à história da gráfica fantasma Rede Seg, antecipada pela IstoÉ (como mostrei aqui).

Diz a reportagem:

“A campanha da presidente Dilma Rousseff pagou R$ 6,15 milhões a uma gráfica que não tem nenhum funcionário registrado e cujos documentos apontam como presidente o motorista Vivaldo Dias da Silva, que em 2013 recebia R$ 1.490.

A Rede Seg Gráfica e Editora, de São Paulo, aparece como a oitava fornecedora que mais recebeu dinheiro da campanha presidencial petista no ano passado.

Funcionários do TSE que examinaram as contas da campanha de Dilma descobriram a situação da gráfica ao cruzar as informações da empresa com o banco de dados do Ministério do Trabalho.

A descoberta fez surgir a suspeita de que a gráfica não tinha a estrutura necessária para prestar os serviços pelos quais foi remunerada pelo PT”.

Tem mais:

“A Justiça Eleitoral pediu à PF apuração sobre a Focal e outra gráfica, a VTBP, que ganhou R$ 23 milhões da campanha. O TSE agora poderá enviar novo ofício à PF pedindo que investigue também a Rede Seg”.

Que bom. Resta saber para onde foi o dinheiro arrecadado por essas gráficas fantasmas: terão sido transformados em dinheiro vivo para pagamentos por fora?

Quando sai a cassação da presidente-fantasma, que não tem a estrutura necessária para prestar serviços ao país?

Tic-tac, tic-tac, tic-tac…

Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil

A tempestade que desaba sobre Eduardo Cunha, para a felicidade do Planalto! Hoje, ele pode receber um novo raio!

Consta que a advogada Beatriz Catta Preta, que celebrou oito acordos de delação premiada e que, subitamente, anunciou que vai deixar o país, dará uma entrevista de alcance nacional nesta quinta em que exporá as alegações de sua decisão. Nos bastidores, comenta-se que ela teria se sentido ameaçada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Bem, nesse caso, parece-me, para alguém com a sua expertise, com a sua trajetória e com os amigos que tem, o mais fácil teria sido, desde logo, botar a boca no trombone, em vez de renunciar à clientela e anunciar o caminho do sol.

Vamos lá… A ser verdade o que se anda comentando nos becos e nos botecos, o alvo da moça vai ser mesmo Cunha, que vê, assim, nuvens negras se armando no céu contra ele. Júlio Camargo, ainda como cliente de Catta Preta, desde a celebração do acordo de delação premiada, demorou nada menos de nove meses para mudar a versão dos fatos: de um Cunha que não havia recebido propina, passou para outro que teria recebido US$ 5 milhões.

O fato de eu fazer restrições a procedimentos que ferem o Estado de Direito levam imbecis — ou gente de má-fé — a inferir que quero livrar a cara deste ou daquele. Que cada um pague por aquilo que fez. Eu só me pergunto — e o farei porque é da minha natureza estranhar o estranhável — como pode um acordo de delação premiada lidar com a mentira com esse desassombro. Ora, ou Camargo mentia antes ou mente agora. Logo, devo supor que, mesmo amparado por um procedimento que o beneficia, ele antepõe algum outro interesse à verdade. Mais: é lícito mentir num processo de delação premiada, antes ou agora?

O episódio sobre Beatriz Catta Preta, quando o petrolão já for história, dará certamente algum trabalho aos que forem reconstituir os fatos.  Para começo de conversa, será preciso deixar claro que a advogada que celebrou oito acordos, com honorários milionários (e, quanto a esse particular, não há nada de errado), era tida como uma espécie de quarto pilar da Operação Lava Jato. Os outros três são a Polícia Federal, o Ministério Público e o juiz Sérgio Moro.

E a coisa não é leve. Júlio Camargo, antes defendido por Beatriz, tem agora como advogados Antônio Figueiredo Basto e Adriano Bretas, também defensores de Alberto Youssef. Nas alegações finais em defesa de seu novo cliente, o alvo principal é o presidente da Câmara, que agiria segundo “moral da gangue”. Para os doutores, Cunha atua “astuciosamente” para desacreditar os depoimentos de seu cliente, usando desde a maledicência até a CPI da Petrobras.

Antes de Cunha entrar na mira de Rodrigo Janot, ele já estava na mira de Dilma Rousseff e de todo o PT. E, a ser verdade o que vai por aí, pode vir a receber agora um novo petardo. “Ah, então você diz que tudo é conspiração contra Cunha, que ele não fez nada?” É a leitura que os imbecis fariam do que vai aqui. Só estou caracterizando a conjunção de fatores que concorrem para minar o seu poder e a sua influência. Para a felicidade do Planalto.

É apenas um fato. E fica a advertência para Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado. Ele também é investigado e costuma criar problemas para o Planalto. Aguardem. O que vem por aí não é bonito.

Quatro delatores ainda são desconhecidos; PT teme que Renato Duque seja um deles

O Ministério Público anunciou nesta quarta-feira que há seis outros acordos de delação premiada que correm em sigilo, além de uma lista de 16 nomes que foi apresentada, a saber: Paulo Roberto Costa e seus familiares (Marici da Silva Azevedo Costa, Shanni Azevedo Costa Bachmann, Arianna Azevedo Costa Bachmann, Humberto Sampaio de Mesquita e Marcio Lewkowicz); o ex-gerente da estatal Pedro Barusco; o doleiro Alberto Youssef; seu ajudante Rafael Ângulo Lopez; Dalton Avancini e Eduardo Leite, diretores da Camargo Corrêa; os lobistas Julio Camargo e Shinko Nakandakari e os empresários Augusto Ribeiro, Luccas Pace Junior e João Procópio.

Como da lista do MP não constam os nomes do Milton Pascowitch e do empresário Mauro Góes, o último a fazer acordo, então seriam apenas quatro os delatores por enquanto desconhecidos. As especulações correm soltas.

Góes, autor das mais recentes acusações, detalhou ao MP como funcionaria o esquema da Andrade Gutierrez, mantido no exterior, segundo ele, para a distribuição de propinas. Ele sustenta que, por meio da subsidiária Zagope Angola, a empresa teria repassado recursos para uma offshore na Suíça que ela própria controlaria — a Phad Corporation — , de onde migrariam para as contas do petista Renato Duque, ex-diretor de Serviços.

Segundo o MP, houve pelo menos 83 repasses de propina entre julho de 2006 e fevereiro de 2012 da conta de Góes para a de Pedro Barusco, que abrigariam também propinas para Duque, que era o chefe de Barusco. O total das operações teria chegado, aponta o MP, a US$ 6,42 milhões.

Os outros
As especulações ficam agora por conta dos quatro outros delatores anunciados pelo Ministério Público. Entre eles, pode estar um nome que leva verdadeiro pânico ao PT e que, até agora ao menos, tem-se mantido um túmulo: o petista Renato Duque.

Quando se deu a primeira prisão de Duque, circularam com força os boatos de que ele teria dito que não cairia sozinho. Depois, obteve um habeas corpus no Supremo, e a temperatura baixou. A segunda prisão, acusado que foi de tentar esconder ativos, levou a uma nova elevação da tensão. Comenta-se nos bastidores que a família pressiona Duque a fazer o acordo de delação premiada.

Há duas semanas, seu advogado chegou a dizer que essa não era uma hipótese descartada. Nos próximos dias, saberemos. O PT está mais ansioso do que nós.

Maria do Rosário está na lista de empreiteiro da Lava Jato

Gerson Almada, vice-presidente da Engevix e réu na Operação Lava Jato, disse aos investigadores que encaminhou ao seu operador de propinas, Milton Pascowitch, uma lista com os candidatos que deveriam ser bancados pela empreiteira.

Todos são do PT:

“Vicente Cândido, Maria do Rosário, ‘Mirian’ (que o depoimento não identifica), os deputados estaduais do PT Rio Grande do Sul Altemir Tortelli, Marcos Daneluz e Nelsinho Metalúrgico, além dos irmãos Nilto Tatto e Enio Tatto, deputado federal e deputado estadual por São Paulo”.

O empreiteiro, no entanto, disse não se recordar se a doação aos políticos da sigla foi abatida das “comissões” que ele devia a Pascowitch.

Calma, Maria do Rosário. A gente sabe que os criminosos a adoram. Mas ainda está em tempo de se safar.

O que é isso? O que é isso? O que é isso?

Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil

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Fonte: veja.com

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