Aplaudam, tolos! Dilma marcou um gol de barriga num cruzamento feito por Janot. Ou: Por que não um Comitê de Salvação Pública???

Publicado em 16/07/2015 04:06 e atualizado em 17/07/2015 10:21
no blog de REINALDO AZEVEDO, de veja.com

Aplaudam, tolos! Dilma marcou um gol de barriga num cruzamento feito por Janot. Ou: Por que não um Comitê de Salvação Pública???

Ah, sim, meus caros! É claro que, a esta altura, deve haver gente sonhando, sei lá, com algo parecido com um “Comitê de Salvação Pública”, né? Tudo bem! Desde que eu seja o Marat, eu topo — só abro mão das perebas e de ser assassinado…  Então tá. Então vamos pegar Dilma, Temer, Renan, Cunha, o TCU, o STF, o TSE… E vamos para a glória. Sugiro que o tal comitê seja formado pela força-tarefa da Lava Jato, o que lhes parece?

Não é, obviamente, assim que a música toca. As pessoas podem não ser sempre racionais, mas os atos políticos obedecem a uma racionalidade. É evidente que, de saída, Cunha fica mais fraco do que estava antes. Quão mais fraco e como isso se traduzirá em números, é o que vamos ver. É claro que a esquerda e os petistas não estão vibrando à-toa. A excitação que se nota na turma tem razão de ser.

Qual será o próximo passo? Por enquanto, Cunha, a exemplo das demais personagens atingidas pela Lava-Jato, é alvo apenas de inquérito. O próximo passo é Janot decidir se oferece ou não denúncia contra ele ao Supremo. Se aceita, a situação se complica um pouco.

O PMDB não o acompanhará no rompimento com o governo, e a oposição deve guardar uma distância regulamentar, à espera dos próximos passos.

TORCER PARA QUE TUDO VÁ À BRECA EM NOME DA SUPOSTA MORALIDADE PÚBLICA CORRESPONDE A TORNCER PARA QUE DILMA SE TORNE A ÂNCORA POSSÍVEL DA ESTABILIDADE POSSÍVEL.

Alguns leitores do blog e ouvintes dos Pingos nos Is inferem que, agora, o impeachment ficou mais perto. É evidente que não! Ao contrário: pouco importa o ponto em que estivesse, essa possibilidade ficou mais longe. Ou vocês acham que a denúncia ajuda o deputado a granjear mais apoios? É certo que haverá defecções — ainda que ele continue forte.

As esquerdas, reiteradamente derrotadas por ele, vão tentar botar as manguinhas de fora. Quanto tempo vocês acham que vai demorar para o PSOL denunciá-lo ao Conselho de Ética?

Fez bem ou fez mal?
Há uma disputa no mercado de ideias apara cravar se Cunha fez bem ou fez mal ao reagir com tanta dureza. Entendo que fez bem. Denunciou a natureza do jogo.

Caso tivesse sido manso, os desdobramentos poderiam ser outros? A resposta é “não”, porque o que está em curso é um ponto numa trajetória, que começou quando o procurador-geral da República o incluiu na lista dos investigados, certo?, mas preservou a presidente da República com uma desculpa esfarrapada.

Tivesse preservado a fleuma, seria diferente? Não! Não havia encontro de petistas ou, mais genericamente, de esquerdistas, em que Cunha não fosse o alvo principal. Por causa das suspeitas relativas à Lava Jato? Não! Fosse assim, o PT hostilizaria João Vaccari Neto. Petistas e esquerdistas querem quebrar as suas pernas porque ele rejeita a agenda das minorias militantes e barulhentas.

Mas pode ser culpado?
Mas Cunha pode ser culpado? Sim, é claro que pode! Mas é por isso que ele estava na mira do Palácio? Se Dilma se incomodasse tanto com isso, teria Edinho Silva como ministro da Comunicação Social?

Se o deputado tem culpa no cartório, tem de pagar. Ainda que isso venha a ficar provado, não deixarei de lamentar. Ele resgatou a independência da Câmara, que havia se tornado um quintal do Poder Executivo. E, a meu ver, tem a agenda do Brasil contemporâneo, não a das minorias militantes, que nos empurram para as cavernas.

Jamais defenderia que Cunha fosse intocável porque gosto de sua agenda. Mas lamento, sim, o que está em curso porque não deixa de ser um tento que marcam as esquerdas, o PT e o governo Dilma — independentemente da justeza ou não da acusação.

Quem estudou um tantinho de política sabe que não existe vácuo no poder. Por enquanto ao menos, foi Dilma quem marcou um gol de barriga, num cruzamento feito por Rodrigo Janot.

Por Reinaldo Azevedo

Cunha, o panelaço e um desafio

Leio na Folha que houve manifestações em bairros de várias capitais durante a fala do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, em que ele fez o balanço de sua gestão. Era o esperado, não? O PT está cuidando de convocá-lo faz tempo. A diferença em relação à melodia que costuma acompanhar pronunciamentos de Dilma e do governistas está na baixa intensidade e na falta de espontaneidade.

Bem, acho que, então, precisamos fazer a prova dos noves: faça um pronunciamento, Dilma!

Por Reinaldo Azevedo

Apitaço contra Cunha falhou aqui onde estou

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acabou de fazer o seu pronunciamento. O PT convocou um apitaço. Não sei como foi aí onde vocês estão. Aqui na altura da Paulista, onde estou, havia duas pessoas apitando…

Por Reinaldo Azevedo

 

É claro que Dilma se fortalece por enquanto. Ou: Camargo foi ameaçado, como acusou Cunha. Ou ainda: Torça pelos fatos. Mais uma: E Dilma, Janot?

Há muitas formas de torcer voluntária ou involuntariamente pelo fortalecimento, ainda que dentro do possível, de Dilma Rousseff. Uma delas é aplaudir a eventual derrocada de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara, e o notável trabalho de proteção à presidente executado até agora por este incrível Rodrigo Janot, procurador-geral da República. Ah, sim: seria dispensável dizer para bons entendedores, mas também os há maus, a serviço sabe-se lá do quê: se Cunha cometeu crime, tem de pagar. Mas onde estão os responsáveis ligados ao Poder Executivo no petrolão? Faço essa pergunta há mais de um ano. Janot não me dá uma resposta. Sergio Moro também não.

Folha traz neste sábado um texto muito esclarecedor de Graciliano Rocha e Bela Megale. Explica por que o delator Julio Camargo mudou de ideia. No âmbito da delação premiada, havia negado o pagamento de propina a Eduardo Cunha. Depois, disse o contrário. No depoimento prestado ao juiz Sergio Moro, ele afirmou que negara porque tinha medo do poder do deputado. A reportagem esclarece:
“Sua [de Camargo] guinada começou a ser produzida na última semana de junho, quando foi chamado pelos procuradores da Lava Jato para uma reunião em Curitiba. Os investigadores mostraram a Camargo que tinham evidências de que ele vinha escondendo informações comprometedoras sobre políticos, e lembraram ao lobista que isso poderia levar ao rompimento do acordo de delação, que garante redução de pena e outros benefícios.”

Ah, bom! Na nota divulgada ontem, em que nega ter recebido propina, Cunha havia acusado o seguinte: “Após ameaças publicadas em órgãos da imprensa, atribuídas ao Procurador-Geral da República, de anular a sua delação caso não mudasse a versão sobre mim, meus advogados protocolaram petição no STF alertando sobre isso”.

Nem vou entrar no mérito se Camargo mentiu antes ou agora, o que fica evidente é que o conteúdo da nota de Cunha e o da reportagem coincidem, com uma ligeira diferença: o presidente da Câmara atribui a ação a Janot. Então ameaça houve, certo?

Resta, ademais, uma questão de natureza técnica, a ser decidida nestas e em delações premiadas em casos futuros: valerá sempre a última versão contada pelo delator, ainda que ela desminta a anterior? Outra questão para os tribunais: se não houver a prova material do pagamento de propina Cunha — há? —, a qual versão se deve dar o status de verdade? Os que querem Cunha fora do caminho certamente escolherão a segunda; os que preferem Dilma fora do caminho optarão pela primeira. Com qual devem ficar os que preferem os fatos? Respondo: com as provas.

Impeachment
Há certa excitação no ar, indevida a meu ver — mas nada como o tempo, não é? —, com o fato de que o deputado mandou fazer uma espécie de revisão dos pedidos de impeachment que foram protocolados na Câmara. Tenho dificuldade para pensar fora de parâmetros lógicos. Se essa era uma hipótese distante antes, mais distante está agora. Não há mágica nessas coisas. Já escrevi aqui e reitero: num cenário em que a Operação Lava Jato encosta na parede os presidentes da Câmara e do Senado, quem sai fortalecida, ainda que abaixo da linha da mediocridade, é Dilma. Para aceitar uma denúncia, são necessários 342 deputados. Não há milagres nessas coisas.

Armação ilimitada
Alguns tontos inferem que defendo que Cunha devesse ser intocável só porque perturba o PT. É uma boçalidade. Não é isso, não. Mas não reconheço como coisa regular que, no âmbito da delação, Julio Camargo negue o pagamento de propina ao deputado e, depois de pressionado pelos procuradores, admita o pagamento, mas aí num depoimento que está fora da delação — tanto é que esta terá, agora, de ser corrigida. Isso pode ser tudo, meus caros, menos… regular! É claro que tem cheiro de cama de gato e jeito de cama de gato. E é cama de gato. Nota à margem: Camargo mudou de advogado e agora está com o mesmo que defende Alberto Youssef, que o lobista antes contestava com veemência.

Presidência da Câmara
Fragilizado, Cunha passou agora a ser alvo de certa campanha terrorista. Nesta sexta, vazavam da Procuradoria-Geral da República boatos de que Janot — aquele que não toca em Dilma — pretende entrar com uma ação cautelar para afastá-lo da presidência da Câmara. Usaria para tanto testemunhos de pessoas que se dizem ameaçadas pelo deputado.

Caso Janot opte mesmo por isso — duvido um pouco porque me parece que escancararia a natureza do jogo: tirar Cunha do caminho —, o pedido tem de ser apresentado ao Supremo. O ministro Teori Zavascki, relator, poderia decidir sozinho, mas o mais provável é que recorresse ao pleno do tribunal. Se a tanto se atrever Janot, acho que o STF recusaria uma interferência desse teor com o que se tem até agora.

Então ficamos assim: que Julio Camargo foi ameaçado, como afirmou Cunha, foi. Se a ameaça se deu mediante supostas provas que os procuradores teriam de que pagou propina ao deputado, então elas certamente virão à luz. Mas e se não vierem?

Ah, sim, não posso encerrar este post sem perguntar: e Dilma, Janot? 

Por Reinaldo Azevedo

 

A capa “sensacionalista” de VEJA

Genial a capa de VEJA desta semana, imitando os tabloides sensacionalistas ingleses. Não li ainda as reportagens, mas o espírito do editorial, ali estampado, é bastante eloquente: “Sensacionalismo? Não! Sensacionalistas são os fatos!”.

Há a hora em que a estética tem de refletir, ainda que pelo caminho da saudável provocação, o espírito de um tempo e a ética, ou falta dela, dominante.

Por Reinaldo Azevedo

 

PETELÂNDIA EM FESTA – Conforme o antevisto aqui, por enquanto, só os “inimigos” internos e externos de Dilma estão na mira da trinca Justiça-MP-PF

Houve uma explosão de alegria nesta quinta no PT e no Palácio do Planalto. Finalmente, “pegaram o homem”. Há quem diga que, agora, Dilma está salva. Até que alguém, um pouco mais realista, lembrou que tudo pode terminar como em “Cães de Aluguel”, de Tarantino: todo mundo atira, e todo mundo morre.

Façamos primeiro uma abordagem puramente descritiva do quadro. Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara, é uma pedra no sapato da presidente. A bomba contra ele foi deflagrada ontem com requintes de rara heterodoxia processual, o que a imprensa não percebeu — ao menos segundo o que li até agora. Já explico. Júlio Camargo, o misto de empresário e lobista da Toyo Setal, disse em depoimento ao juiz Sérgio Moro que pagou ao deputado US$ 5 milhões em propina.

Na segunda, dia 13, tinha sido a vez de Renan Calheiros (PMDB-AL), outro pedregulho incômodo no calçado da governanta, levar uma granada. Também em depoimento à 13ª Vara da Justiça Federal, Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, afirmou que o presidente do Senado levava propina por intermédio do deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE).

Há duas outras frentes ainda em que Dilma pode se encalacrar, também sob suspeita nesse momento. Uma é o Tribunal de Contas da União. Tiago Cedraz, filho do presidente do tribunal, Aroldo Cedraz, é acusado por Ricardo Pessoa de, digamos, vender seus serviços para a UTC em razão do trânsito que mantinha naquele órgão. Alguém se lembrará de perguntar, como já tem perguntando, que moral tem a Casa para recomendar a rejeição das contas de Dilma. Calma! Ainda não acabou.

A outra frente que pode criar severas dificuldades para Dilma é o TSE. Encontro recente entre o ministro Gilmar Mendes, Cunha e o deputado Paulinho da Força (SDD) foi tratado pelos petistas como uma espécie de conspiração em favor do impeachment. Bem, meus caros, não há duvida de que há homens e mulheres trabalhando para que Dilma, a impoluta, surja como uma espécie de vítima entre lobos famintos.

Heterodoxia
Há procedimentos aí que são do arco da velha. Prestem atenção! Júlio Camargo já havia feito quatro depoimentos. E negara que tivesse pagado propina a Cunha. Como viram, o empresário agora diz que assim procedeu porque tinha medo do deputado poderoso. Certo! Se o temor de antes o fez negar, o que ora o torna corajoso? Seria um medo maior? De alguém com ainda mais poder sobre o seu destino? Mas essa é só a questão lógica. Quero me ater aqui a uma questão de técnica processual.

Acusado por Cunha de estar por trás do aluvião que o atinge, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, respondeu o seguinte: “A audiência referente à ação penal da primeira instância — que tem réu preso, ou seja, tem prioridade de julgamento — foi marcada pelo juiz federal Sergio Moro há semanas (em 19 de junho), a pedido da defesa de Fernando Soares, e a PGR não tem qualquer ingerência sobre a pauta de audiências do Poder Judiciário, tampouco sobre o teor dos depoimentos prestados perante o juiz”.

Traduzo para vocês, e a questão técnica é um tanto delicada, vamos lá. Se, agora, Paulo Roberto Costa e Júlio Camargo acusam, respectivamente, Renan e Cunha, em depoimento a Sergio Moro, por que não o fizeram antes? Há duas respostas, e nenhuma é boa:
a: mentiram antes ou mentem agora;
b: tivessem citado antes os respectivos nomes, o processo teria saído das mãos de Moro porque os dois parlamentares têm foro especial por prerrogativa de função  — vale dizer: têm de ser investigados pelo Supremo. Nesse caso, não fica difícil demonstrar que houve, então, condução do processo — o que pode até ser causa de anulação. Reclamo desse procedimento há muito tempo. Aqui, vocês encontram um texto do dia 2 de fevereiro.

Pergunto: é aceitável que um juiz impeça um depoente, especialmente em delação premiada, de citar nomes de políticos eleitos só para impedir o processo de mudar de instância? Janot não pode dizer um “nada tenho com isso” porque esse procedimento foi adotado de comum acordo com o Ministério Público Federal.

Por que vibram?
Na cabeça do Planalto e do PT, com Cunha e Renan contra a parede, diminuem as chances de o Congresso acatar um eventual parecer do TCU — também ele tisnado — recomendando  rejeição das contas de Dilma. Sem a rejeição, mais distante fica a possibilidade de uma denúncia da oposição por crime de responsabilidade à Câmara. Ainda que venha a acontecer, as defecções na periferia do grupo de Cunha tornariam ainda mais remotas as chances de se obterem os 342 votos necessários.

Os petistas tratavam ontem a estranha denúncia de Júlio Camargo, em procedimento não menos estranho, como o “turning point” de Dilma. Até porque têm a certeza de que Janot não oferece risco nenhum à presidente. Mas o procurador-geral fica para outro post.

Por Reinaldo Azevedo

 

Cunha faz bem em reagir. E a questão que não quer calar: por que Janot não pediu, até agora, ao menos abertura de inquérito contra Dilma?

Em entrevista coletiva, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) anunciou o seu rompimento pessoal com o governo. Afirmou que, nem por isso, deixará de tomar decisões imparciais na presidência da Câmara. Cunha acusa o Planalto de estar por trás da nova versão apresentada por Júlio Camargo, da Toyo Setal, que, em novo depoimento ao juiz Sérgio Moro, afirmou lhe ter pagado U$ 5 milhões em propina. Em depoimentos anteriores, Camargo havia negado o pagamento. Segundo o deputado, a nova versão decorre da pressão feita por Rodrigo Janot, procurador-geral da República, que estaria agindo sob o comando do Planalto. Se é sob o comando, não sei. Que age de acordo com o gosto, ah, isso sim!

O PMDB emitiu uma nota curta a respeito, objetiva a mais não poder:
“A manifestação de hoje do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, é a expressão de uma posição pessoal, que se respeita pela tradição democrática do PMDB. Entretanto, a Presidência do PMDB esclarece que toda e qualquer decisão partidária só pode ser tomada após consulta às instâncias decisórias do partido: comissão executiva nacional, conselho político e diretório nacional.”

Na entrevista, Cunha deixou claro que não está cobrando posição nenhuma do partido agora, mas que, no congresso da legenda, que ocorrerá em setembro, vai defender o rompimento oficial da sigla com o governo, mesmo o vice percebendo ao PMDB. Ele lembrou, de forma apropriada, que Michel Temer é “indemissível”. Bem, é mesmo. Temer também foi eleito, embora muita gente se esqueça disso.

Há uma questão que segue sem resposta. Por que Rodrigo Janot não pediu até agora nem mesmo abertura de inquérito contra Lula e Dilma — ele pode pedir, sim, abertura de inquérito contra a presidente. Ora, tenham a santa paciência! Há algo de errado quando uma operação como essa tem como alvos principais Eduardo Cunha e Renan Calheiros. É a dupla que comanda a Petrobras há 13 anos? O presidente da Câmara, claro, citou essa estranheza.

Embora Cunha não tenha acusado Sérgio Moro de conluio com o governo, sobrou uma crítica justa ao juiz: “Ele violou o procedimento de foro privilegiado. O juiz acha que o Supremo se mudou para Curitiba”. E violou mesmo.

Moro já ouviu dois depoimentos, em inquéritos que integram a Operação Lava Jato, em que os principais alvos são Renan Calheiros, acusado por Paulo Roberto Costa, na segunda, e o próprio Cunha, acusado por Júlio Camargo, nesta quinta. A desculpa heterodoxa é a de que, nesses dois casos, tanto um como outro não falavam no âmbito da delação premiada. É evidente que se trata de uma forma sub-reptícia de desrespeitar a Constituição.

Não sei se Cunha é culpado ou inocente — alguns coleguinhas meus, pelo visto, já sabem ser ele culpado, dada a forma como o tratam. Quem o acusa agora já disse o contrário antes. O que sei, e isto é inegável, é que, de fato, na prática, a Procuradoria Geral da República ainda não pediu abertura de inquérito para investigar Dilma, Aloizio Mercadante, Edinho Silva ou Lula. Nesse caso, aquele procedimento aberto pelo Ministério Público do Distrito Federal é só uma lateralidade em relação à questão principal.

O presidente da Câmara faz bem em reagir. Dez entre dez jornalistas sabem que os governistas viviam anunciando para breve o fim de Cunha. Sei não… Parece que se está diante do começo de uma coisa nova.

Por Reinaldo Azevedo

 

Dilma não sabe a diferença entre democracia e ditadura. Quem está surpreso? Ou: A nova “Operação Condor” da América do Sul tem cadáveres nas ruas

Se alguém tivesse de cumprir a desagradável missão de escolher o discurso mais infeliz de Dilma Rousseff, estaria certamente diante de uma difícil tarefa. A competição da presidente consigo mesma, nesse quesito, é feroz. A fala desta sexta-feira, ao receber presidentes do Mercosul, no Palácio do Itamaraty, chega a ser nauseante. E por vários fatores que se combinam.

Para uma audiência que reunia truculentos notáveis como Nicolás Maduro (Venezuela), Cristina Kirchner (Argentina) e Evo Morales (Bolívia), a presidente brasileira teve a coragem de afirmar:
“Somos uma região que sofreu muito com as ditaduras. Somos uma região onde a democracia floresce e amadurece. No ano passado, houve eleições gerais no Uruguai e no Brasil. Este ano, é a vez da Argentina e da Venezuela. A realização periódica e regular desses pleitos dá capacidade de lidar com as diferenças políticas. Temos de persistir nesse caminho, evitando que as disputas incitem a violência. Não há espaço para aventuras antidemocráticas na América do Sul.”

É bem provável que Dilma estivesse querendo dizer que uma eventual ação em favor do seu impeachment ou que a cassação do seu mandato pelo TSE se encaixariam na classificação de “aventuras antidemocráticas”. É claro que ela sabe ser uma mentira escandalosa.

Dilma pode não ser o melhor exemplo a que pode chegar a inteligência política brasileira, mas ela sabe que a simples realização de eleições não garante um regime democrático. Fazer tal afirmação diante de um ditador asqueroso como Nicolás Maduro e de um protoditador como Evo Morales chega a ser uma provocação grotesca ao bom senso. No ano passado, 40 pessoas foram assassinadas nas ruas da Venezuela por milícias a serviço do regime. Há presos políticos no país, e a imprensa está sob severa censura.

E coube justamente a Maduro descer ao esgoto moral. Afirmou:
“Temos um presidente indígena (Morales), há um movimento bolivariano, que somos nós, de pé. E ninguém vai nos apagar do mapa. Nenhuma pressão política vai nos apagar. Há 40 anos, houve o Plano Condor, e não desaparecemos. Somos um projeto democrático, inclusivo”.

O “Plano Condor” é o nome pelo qual é conhecida a colaboração entre as várias ditaduras militares havidas na América do Sul nas décadas de 60 e 70. Hoje, regimes violentos e populistas também se amparam mutuamente, todos eles endossados pelos governos do PT, partido que sonhou emplacar por aqui algo semelhante. Trata-se de um “Plano Condor de esquerda”. Aliás, quando Dilma insiste em associar o cumprimento da lei à quebra da ordem democrática, ela o faz sob a inspiração desse pensamento delinquente.

E, claro, a pantomima não estaria completa sem a homenagem de Dilma a Cristina Kirchner, que voltou a levar a Argentina à beira do abismo:
“Nesses oito anos em que lhe coube presidir a nação Argentina, você imprimiu posição firme e democrática a seu país. Do ponto de vista pessoal e político, quero dizer que você terá no Brasil uma amiga sempre pronta para compartilhar sistematicamente sonhos e esperanças”.

A brasileira, acreditem, tinha lágrimas nos olhos. No poder, Cristina Kirchner estimulou, ela também, a formação de verdadeiras milícias e tentou censurar a imprensa livre. O cadáver do promotor Alberto Nisman se revirou no túmulo. Dilma, no entanto, chorou de emoção. E aí falou a louca de Buenos Aires:
“Qualquer estado integrante do Mercosul, ou da Unasul (União de Nações Sul-Americanas), em que o governo seja removido por outro que não seja produto de eleições livres, populares e democraticamente eleito perde o caráter de estado membro.”

Também é de revirar o estômago. Cristina e Dilma, juntas, suspenderam o democrático Paraguai do Mercosul — por ter deposto legal e legitimamente um presidente — e aproveitaram o momento para abrigar a Venezuela do ainda vivo Hugo Chávez. Até então, o Senado paraguaio se negava a aprovar o ingresso do novo membro justamente porque reconhecia o país por aquilo que é: uma ditadura.

Ah, sim: a cerimônia marcou o ingresso da… Bolívia no Mercosul! O bloco já é hoje um atraso de vida para o Brasil. Entre outras razões, porque as decisões têm de ser tomadas por consenso. O bloco impede o Brasil de celebrar acordos bilaterais substantivos porque tem de se vergar às restrições de seus parceiros. Agora, teremos de nos submeter também às exigências bolivianas.

Enquanto isso, livres para voar, Chile, Peru, Colômbia e México celebram a Aliança do Pacífico, de costas, literalmente, para os bocós do Mercosul. O mal que o PT faz ao Brasil vai deixar marcas por muitas décadas. Já estamos começando a viver a herança maldita. E ela está apenas no começo.

Por Reinaldo Azevedo

 

MINHA COLUNA NA FOLHA – Os filhos do PT comem seus pais

Que a Petrobras tenha se transformado num antro de bandidos, eis uma evidência. Pedro Barusco, o gerente de Serviços, peixe médio, aceitou devolver US$ 97 milhões. Isso a que chamamos “petrolão” reúne, sem dúvida, uma penca de ações criminosas. Mas será mesmo necessário violar a legalidade para cassar corruptos? A resposta é “não!”.
(…)
Polícia Federal, Ministério Público e Justiça Federal, cada um por seu turno e, às vezes, em ações conjugadas, têm ignorado princípios básicos do Estado de Direito. Não é difícil evidenciar que prisões preventivas têm servido como antecipação de pena. 
(…)
Os filhos do PT comem seus pais. Chegou a hora de a companheirada se tornar vítima de seus religiosos fanáticos, formados nas escolas de direito contaminadas por doutrinadores do partido e esquerdistas ainda mais obtusos. É uma pena que não só os petistas paguem o pato.
(…)
O PT de 2015 está experimentando a fúria dos “savonarolas” que criou. Eles se sentem fazendo um trabalho de depuração. E podem, com o seu ativismo, pôr tudo a perder. Os corruptos vão aplaudir a sua fúria.
(…)
Íntegra aqui

Por Reinaldo Azevedo

 

Lula, o pai do petrolão, alegou ao MP que atuou contra a corrupção. Aham, Brahma, senta lá

Lula pediu que não fosse aberta a investigação criminal contra ele por tráfico de influência em favor da Odebrecht. A notícia é do Valor.

“No seu legítimo direito de trabalhar”, alegou a defesa, o Brahma “foi contratado pela Odebrecht para a realização de palestras em países em que a empresa já mantinha relações comerciais”.

Claro.

Por uma incrível coincidência, a Odebrecht ganhava mais dinheiro após as passagens de Lula por esses países. Exemplo: US$ 1,6 bilhão do BNDES após o Brahma, já como ex-presidente, se encontrar com os presidentes de Gana e da República Dominicana – bancado pela empreiteira.

A defesa também apontou a “trajetória pessoal” de Lula, que disse ter atuado “para aperfeiçoar o sistema de combate à corrupção, a defesa do patrimônio público e da transparência”.

Lula tanto atuou para aperfeiçoar o sistema que a Petrobras teve um prejuízo oficial de 21 bilhões e 587 milhões de reais, sendo 6 bilhões e 194 milhões de reais perdidos com o esquema de corrupção “institucionalizado” em seu governo e operado por seus comparsas, no maior escândalo da história “dêsti paíf”.

A “trajetória pessoal” do maior beneficiário político do mensalão e pai do petrolão corre sério risco de terminar na Papuda, de modo que, no desespero, só lhe resta apontar a ausência de “elementos concretos” para a investigação.

Aham, Brahma, senta lá.

Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil

 

 

Os anjinhos caídos de Maria do Rosário e Jean Wyllys matam mais um… Mas continuarão condenados a, no máximo, três anos de internação… E assim será se matarem mais 10! É como as esquerdas entendem os… direitos humanos!

Que coisa, não? Somos obrigados a sentir saudade do que nunca tivemos: um padrão mínimo de civilidade. Em algum momento, ali por meados da década de 90 e alguns poucos anos diante, cheguei a achar que pudesse dar pé, durante a implementação e consolidação do Plano Real. Não tinha nada a ver com escolha ideológica. É que o Real e as privatizações, porque necessários, mas não necessariamente fáceis, pareciam firmar algum compromisso da sociedade brasileira com a racionalidade. Huuummm… Depois veio o que sabemos. Estávamos de volta à melancolia.

Foi o que pensei ao saber que Gleison Vieira da Silva, 17 anos, um dos menores homicidas e estupradores do Piauí, foi assassinado por seus três parceiros de barbárie, também menores, dentro do Centro Educacional Masculino (CEM) de Teresina. Pessoas que praticam estupro não são bem-vistas em presídios e instituições que abrigam menores infratores. Por isso, os quatro eram mantidos separados dos demais internos do CEM.

Ocorre que Gleison era considerado pelos outros um alcagueta. É ele quem aparece naquele vídeo relatando, em detalhes, como o grupo, acompanhado de um bandido maior de idade, rendeu as quatro garotas, estuprou-as, torturou-as e as jogou de um precipício, tentando matá-las, em seguida, a pedradas. Uma das adolescentes, de fato, morreu. Os médicos ficaram espantados com a brutalidade. A menina teve esmagamento da face do lado direito, lesões pelo pescoço e traumatismo torácico.

Pois bem. Gleison tinha sido “jurado” pelos outros. É claro que jamais poderiam ter ficado juntos, mas ficaram. Na noite desta quinta, Gleison foi atacado e assassinado pelos comparsas F.J.C.J, de 17, I.V.I e B.F.O, ambos de 15. Mais grave: ele já havia relatado que estava sendo alvo de ameaças caso não mudasse a sua versão.

Agora o ECA e os imbecis
Pois é… Os quatro, agora os três, estavam em internação cautelar. Afinal, ainda cabe recurso da Defensoria Pública e do Ministério Público contra a sentença que os condenou a três anos de internação — que é a punição máxima permitida pelo ECA. PEC aprovada na Câmara baixou a maioridade penal de 18 para 16 anos para crimes hediondos e afins. Projeto de Lei aprovado no Senado aumentou para 10 anos o tempo máximo de internação.

Ainda que as duas propostas sejam aprovadas, nem uma coisa nem outra vão atingir os três anjinhos caídos dos deputados Maria do Rosário (PT-RS) e Jean Wyllys (PSOl-RJ). Até quarta-feira, eles tinham nas costas quatro estupros, um assassinado e três tentativas de homicídio, tudo exercido com os agravantes que vocês conseguirem imaginar. E estavam condenados a, no máximo, três anos de internação. A partir de quinta, ele somam em seu currículo mais um homicídio, igualmente planejado, executado também com requintes de violência. E continuam condenados aos mesmos três anos.

Se, por qualquer razão, houver um rixa entre eles, e mais um for morto, os outros dois, somando mais um cadáver, continuarão condenados a… três anos, mesmo com três cadáveres. Na hipótese de só restar um, idem, aí com quatro. Afinal, está lá no ECA: em nenhuma hipótese, a internação excederá três anos. Ah, sim: se o internado fizer 21 anos, a liberação é compulsória.

Considerando a idade dos agora três responsáveis por estupro quádruplo e duplo homicídio, estivessem em vigor as mudanças propostas, o de 17 seria julgado como adulto, e os outros dois, de 15, poderiam ficar até 10 anos internados. Mas sabem como é… Os nefelibatas não querem. Daqui a três anos — quem sabe menos se forem espertos e souberem fingir bondade —, estarão nas ruas, bem longe das Marias do Rosário e Jeans Wyllys da vida, prontos para estuprar e matar de novo. Ah, sim: também estarão com a ficha limpa. O ECA não permite que seu prontuário seja divulgado. O povo que vá se danar! Que morra!

É a isso que a vigarice moral chama “direitos humanos”…

Por Reinaldo Azevedo

 

 

Cunha ameaça abrir processo de impeachment. Renan anuncia 2 CPIs contra o PT. Viva a Lava Jato!

Eduardo Cunha (PMDB-RJ) declarou guerra e prometeu romper com Dilma Rousseff.

Acusado pelo lobista Julio Camargo, da Toyo Setal, de ter pedido 5 milhões de dólares do propinoduto da Petrobras para agilizar contratos na estatal, o presidente da Câmaraconfidenciou a aliados a intenção de contratar pareceres de advogados renomados sobre a possibilidade de dar seguimento ao processo de impeachment de Dilma por atos cometidos na gestão anterior.

O presidente do Senado e réu por recebimento de propina, Renan Calheiros (PMDB-AL), também vai pressionar o governo com a criação das CPIs do BNDES e dos Fundos de Pensão, duas comissões temidas pelo PT desde 2005. Ambos os peemedebistas concordam que é hora de emparedar o Executivo sobre os rumos da Operação Lava Jato.

Nesta semana, três instituições foram atingidas de uma só vez por novas suspeitas e acusações: Câmara, Senado e Tribunal de Contas da União. O filho de Aroldo Cedraz, presidente do TCU, é suspeito de tirar proveito do cargo do pai para obter vantagens; e, segundo a colunaPainel, da Folha, o chefe do tribunal, até pouco tempo atrás defensor de Dilma no caso das pedaladas fiscais, vê parte do governo por trás do desgaste de sua família.

Eu acho ótimo.

Incentivo a vingança tríplice de Eduardo Cunha (Câmara), Renan Calheiros (Senado) e Aroldo Cedraz (TCU) contra o desgoverno petista de Dilma sapiens.

Enquanto saúdo a Lava Jato como uma das maiores conquistas do Brasil junto com a mandioca, torço apenas para que o impeachment se concretize antes que Cunha seja preso.

Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil

 

Luz sobre Cunha

Luz e a namorada: o lobista é ligado a Cunha, segundo a Lava-Jato

A próxima dor de cabeça de Eduardo Cunha pode ser esse sujeito da foto aí de cima (tirada em 1993, no Paraguai, na companhia de sua então namorada, Ariadne Coelho, a “rainha das quentinhas”).

Trata-se do lobista Jorge Luz, um paraense que penetrou no meio político via Jader Barbalho, de quem sempre foi próximo.

Luz, que desde estudante mora no Rio de Janeiro, foi a partir  dos anos 90 um dos principais lobistas em atuação na Petrobras e, de acordo com relatos que têm chegado aos investigadores da Lava-Jato, é muito ligado a Cunha.

Fernando Baiano, outro operador próximo a Cunha, é uma espécie de cria da Luz.

A propósito, Luz também é conectado ao PT, via Candido Vacarezza e Vander Loubet.

Por Lauro Jardim

 

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Fonte: Blog Reinaldo Azevedo, veja.com

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