"O que Dilma valoriza é a lealdade ao bando, não aos valores", por RODRIGO CONSTANTINO

Publicado em 30/06/2015 15:52
de veja.com

O que Dilma valoriza é a lealdade ao bando, não aos valores

Maduro com Dilma: lealdade que presidente valoriza é aquela aos comparsas, não aos princípios éticos

Muitos já comentaram a desastrosa fala da presidente Dilma, que disse não respeitar delator e ainda comparou seu próprio governo a uma ditadura, além de misturar mensaleiros e petroleiros com os combatentes da Inconfidência Mineira. Ou seja, um verdadeiro show de horror proveniente de uma mente confusa, incapaz de concatenar ideias ou apresentar argumentos em lógica sequencial. Merval Pereira já resumiu bem a coisa:

“Eu não respeito delator, até porque estive presa na ditadura militar e sei o que é. Tentaram me transformar numa delatora. A ditadura fazia isso com as pessoas presas, e garanto para vocês que resisti bravamente. Até, em alguns momentos, fui mal interpretada quando disse que, em tortura, a gente tem que resistir, porque se não você entrega seus presos.”

Nessa frase, temos de tudo: uma confusão entre seu papel como guerrilheira, e o dos petistas que se meteram no mensalão e no petrolão; uma ignorância assombrosa da diferença entre democracia e ditadura e, sobretudo, a insensatez de comparar os inconfidentes mineiros com os mensaleiros e petroleiros, que podem ser tudo, menos patriotas heróicos em luta contra uma opressão estrangeira.

Não há Tiradentes nessa história que a presidente Dilma tenta recontar, e nem ela foi uma lutadora pela democracia, como pretende hoje. A tortura de que ela e muitos outros foram vítimas é uma página terrível de nossa história, mas não pode servir de desculpa para justificar meros roubos de uma quadrilha que tomou de assalto o país nos últimos 12 anos, nem para isentar os eventuais desvios cometidos pela presidente.

Ao contrário, aliás, muitos fazem hoje a comparação da sanha arrecadatória do governo federal com os “quintos do inferno” que a colônia portuguesa tirava do Brasil. Quanto à insinuação de que os presos hoje pela Operação Lava-Jato sofrem torturas como no tempo da ditadura, só mesmo a politização da roubalheira justifica tamanho despautério.

Pouco a acrescentar. Mas eis meus dois cents: em meio a toda essa confusão mental, Dilma tentou passar um recado claro aos comparsas do PT do lado de lá, das empreiteiras. Delatores não são respeitados pela quadrilha, digo, partido. Um alerta. Um aviso. Uma ameaça? Não vamos esquecer que Lula já declarou abertamente o respeito a José Sarney, que não é um “homem comum”, após este demonstrar lealdade ao ex-presidente quando ele vivia seu pior momento durante a crise do mensalão.

Lealdade é um termo que evoca virtude, algo positivo na mente da população. Vem do tempo em que a honra tinha mais valor. Mas eis o ponto central aqui: lealdade a quem? Ou melhor: ao que? Sim, pois faz toda diferença do mundo se você é leal a um comparsa ou a princípios éticos e morais. Lealdade, por si só, não diz nada, não tem valor. Se você é leal aos seus cúmplices de crime, você não é um “rato”, um X9, um delator, mas isso só é visto como louvável pelos próprios criminosos, ou seja, é algo condenável pelas pessoas decentes.

Máfia exige lealdade aos próprios mafiosos, enquanto pessoas decentes mostram lealdade a princípios éticos e valores morais. Sou leal ao princípio “não roubarás”, por exemplo, e se mesmo um familiar meu se tornar um ladrão, meu compromisso é com a Justiça, não com o familiar bandido. Isso significa lealdade a valores e princípios. Não é, naturalmente, esse tipo de lealdade que os criminosos respeitam. Eles respeitam a lealdade ao bando, daqueles que, mesmo sob “tortura”, não entregam seus comparsas.

Nas prisões, poucas coisas são tão execradas como a delação. O X9 costuma ser severamente castigado pelos demais presos, como alerta para outros possíveis delatores. Essa é a linguagem do crime, da máfia, que “curiosamente” é adotada pela presidente Dilma, ex-guerrilheira e terrorista. Já pessoas corretas não temem a delação. Ao contrário: a lealdade aos princípios exigem a delação quando os outros desviam o curso de sua conduta.

O grande salto civilizacional ocorreu quando as pessoas deixaram de ter lealdade apenas à tribo e passaram a ter lealdade às leis impessoais. O tribalismo é quando você protege os seus colegas, independentemente do que fizeram. Já o império das leis isonômicas é quando você obedece a princípios universais. A igualdade de todos perante as leis é um dos pilares das civilizações avançadas. O patrimonialismo tribal, que trata os “amigos do rei” como especiais, é retrato do atraso.

A máfia italiana sofreu duro golpe somente quando gente de dentro começou a delatar os esquemas e os comparsas. A população ordeira aplaudiu. A Itália avançou, a impunidade caiu, a Justiça foi feita em parte. Centenas de mafiosos foram presos, graças à delação de criminosos. Delação esta que Dilma não respeita, pois valoriza a lealdade, não aos princípios, mas aos próprios parceiros. Não é preciso dizer mais nada. Dilma escolheu um lado, e não é o lado da população brasileira que segue as leis, e sim o lado dos que apreciam o silêncio dos criminosos, leais aos seus cúmplices na prática do crime.

Rodrigo Constantino

 

O nababinho do Caribe: filho de Fidel Castro é flagrado em hotel de luxo e segurança agride jornalista

Nunca um só episódio representou tão bem o que é a esquerda na prática. Socialismo igualitário é uma bandeira para enganar trouxas, nada mais. Os socialistas querem meter a mão nos recursos alheios, sempre os alheios. Na prática, quando chegam ao poder são os mais gananciosos de todos, autoritários, que desejam levar vidas de nababos sem serem incomodados. Quando isso acontece, partem para a agressão. Isso é socialismo na prática, ou “socialismo real”, o único existente, já que o outro é apenas a utopia que serve como base para este.

Pois bem, deu no GLOBOO filho caçula do ex-líder cubano Fidel Castro se envolveu em situação polêmica num resort de Bodrum, na Turquia. De acordo com meios da imprensa local, Antonio Castro Soto del Valle alugou cinco suites de diárias de US$ 1 mil para 12 acompanhantes, após chegar em um iate alugado na grega Mykonos. Pouco depois, um guarda-costas dele flagrou repórteres e fotógrafos e partiu para cima deles.

De acordo com a revista “Gala”, o repórter Yasar Anter, da agência Dogan, foi atacado por um segurança cubano após filmar o filho, e a delegação de Antonio fugiu do local em um carro. Um turco, que seria guia ou guarda-costas, acabou interrogado pela polícia.

Nesta segunda-feira, a “Gala” publicou novas imagens e relatos do episódio. A revista ironizou a ausência de explicações para a procedência dos fundos utilizados para pagar a visita de luxo do filho de Fidel.

Detalhe: a coisa foi na Turquia, país que reprimiu com violência a comemoração da decisão da Suprema Corte americana sobre casamento gay. Vamos recapitular então: o filhinho do ditador assassino, idolatrado pelos idiotas úteis que acreditam na “justiça social” de Cuba, vai para um país islâmico que reprime com violência os gays gastar milhares de dólares na noite, enquanto os Estados Unidos, o Capeta na Terra, legaliza nacionalmente o casamento entre homossexuais. Mas a esquerda aplaude Cuba!

Como já escrevi aqui, resenhando ótimo livro de seu ex-segurança particular, Fidel Castro não passa de um nababo do Caribe, um mafioso, que mascara suas atividades criminosas sob o manto do socialismo. Mas não é coincidência que todos os experimentos socialistas tenham acabado de forma muito parecida: ditaduras corruptas deixando um rastro de sangue, escravidão e miséria, enquanto a nomenklatura vive repleta de privilégios como se fosse feita de magnatas capitalistas.

Sério, quem ainda consegue acreditar no socialismo? Quem ainda tem a cara de pau de elogiar Cuba e Fidel Castro? Quem ainda cai nessa de revolucionários abnegados e altruístas? É preciso ser muito otário mesmo…

Rodrigo Constantino

 

A esquerda planta dívida e semeia calote

Joseph Stiglitz

A tirada, excelente, por sinal, não é minha, mas de um leitor. Referia-se à reação de Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia e assessor de Hillary Clinton, comentandosobre a crise grega:

É concebível que o restante da Europa e a Alemanha acordem e se deem conta de que suas exigências à Grécia são absolutamente revoltantes. [...] Para mim, é óbvio que a austeridade fracassou. O povo grego foi o primeiro a dizer: ‘Nos negamos a renunciar à nossa democracia e aceitar essa tortura da Alemanha’. Mas, com sorte, outros países como Espanha e Portugal vão dizer o mesmo.

[...]

Creio que é possível tirar uma importante lição do êxito argentino. Depois do calote, a Argentina começou a crescer a uma taxa de 8% ao ano, a segunda mais alta do mundo, depois da China. Estive na Argentina e pude ver o êxito e o impacto no padrão de vida. A experiência argentina prova que há vida depois de uma reestruturação da dívida.

[...]

Ainda que a Grécia tenha sua parcela de culpa na situação (que levou aos problemas fiscais descobertos em 2010), a desastrosa situação em que o país se encontra desde então é de responsabilidade da Troika (formada pelo FMI, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu).

É um espanto! Já expliquei em pormenores a origem dos problemas gregos aqui. É estarrecedor ver um Prêmio Nobel jogando o fardo para aqueles que pagam a conta da irresponsabilidade alheia, eximindo de culpa os próprios gregos. É uma postura irresponsável, um discurso sensacionalista, de um militante político de esquerda, não de um economista sério. Citar o caso argentino como um sucesso? Em que planeta Stiglitz vive?

Assim é a esquerda, não só nacional, como no mundo todo: planta dívidas e semeia calote. Durante a fase da bonança irresponsável e insustentável, jamais vemos esses mesmos economistas alertando para os riscos à frente, recomendando cautela, menos gastos públicos, menos endividamento das famílias e dos governos. Nunca! Ao contrário: eles sempre elogiam essa fase, celebram a “demanda agregada” aquecida que puxa o PIB para cima, colocando a carroça na frente dos bois e trocando causa e efeito.

Depois, quando a bolha que ajudaram a fomentar estoura, eles simplesmente culpam os credores, os austeros que foram responsáveis, e defendem o calote. Cobrar a dívida é “insensibilidade”. Ou seja, devemos estimular um comportamento irresponsável de quem se endivida demais e depois não pode pagar, transformando-o em vítima de banqueiros gananciosos. Essa mensagem, na boca de qualquer um, já é um absurdo. Quando sai de um Prêmio Nobel, é simplesmente algo assustador.

Rodrigo Constantino

 

Caloteiros gregos têm “caráter”, diz historiador esquerdista

Mas o comunista não quer que os irresponsáveis gregos paguem por ela…

Daniel Aarão Reis, autor de uma biografia elogiosa do comunista Luiz Carlos Prestes, escreveu em sua coluna de hoje no GLOBO um texto enaltecendo a grande “coragem” e o “caráter” dos jovens socialistas gregos no governo. Para o historiador esquerdista, os credores “engravatados” querem “humilhar” todo um povo, que seria, então, vítima indefesa desses gananciosos insensíveis. A dívida grega, presume-se, caiu do céu, foi imposta aos pobres coitados. Diz o professor da UFF:

As lideranças políticas e tecnocráticas europeias e mais a senhora Christine Lagarde, diretora-gerente do FMI, têm preferido, porém, o caminho da chantagem. Imaginam-se “adultos”, confundindo velhice com sabedoria, uma associação nem sempre evidente. Comprazem-se em chamar à razão os “jovens” de Atenas. Estes insistem em dizer que não se trata de optar a favor ou contra a Europa, e sim pelo tipo de Europa que se quer construir. O que vai a votos é a concordância, ou não, com propostas que encurralam e humilham um povo.

No referendo próximo, o povo grego escolherá entre a submissão e a autonomia. Entre os velhos engravatados da Europa dos bancos e os jovens de Atenas, da Europa da solidariedade e das indumentárias informais. O comportamento deles evoca uma frase de Helio Pellegrino, referindo-se aos líderes estudantis das passeatas brasileiras de 1968, barrados no Palácio do Planalto por impropriamente vestidos: “eles não têm gravatas, mas têm caráter”.

Já comentei aqui a opinião de Joseph Stiglitz, muito semelhante a esta. É impressionante que essa turma da esquerda nunca cobre responsabilidade pelos atos das pessoas e governos. A Grécia se endividou como se não houvesse amanhã, bancou um insustentável modelo de bem-estar social, inúmeros privilégios para os servidores públicos, diversas obras suntuosas e desnecessárias, e com isso quebrou. Mas a esquerda aponta para a irresponsabilidade dos gregos, para extrair alguma lição valiosa, por acaso? Claro que não! O divertido é apontar para a “ganância” dos credores “insensíveis”, os “engravatados” da elite.

Para Aarão Reis, jovens demagogos e populistas que chegaram ao poder na Grécia com discurso de solução mágica para a crise são homens de caráter. Eis a mentalidade da esquerda: caloteiros viram pessoas de caráter, e aqueles que querem fazer cumprir os acordos e manter a palavra e os contratos são gananciosos insensíveis, que “humilham” um povo inocente. A esquerda flerta abertamente com tudo que há de errado, de desvio, de imprudência, de irresponsabilidade.

Para o professor, o referendo será entre submissão ou autonomia. Ora, ninguém colocou uma arma na cabeça dos gregos para eles entrarem no euro. Ao contrário: fizeram de tudo para isso, inclusive “pedaladas fiscais” que matariam o PT de inveja. Mentiram, adulteraram as contas públicas, tudo para pertencer ao “clube dos ricos”. Depois, tomaram dívida barata como se a dolce vita fosse durar para sempre. Não durou. Nunca dura. E na hora da fatura, os irresponsáveis se fazem de vítima.

O professor mais idoso parece idolatrar a juventude “rebelde”, talvez uma tentativa de resgatar seus próprios anos rebeldes de revolucionário comunista. Mas o fato é que esses jovens não têm nada de maturidade, muito menos caráter: são populistas, como todos os socialistas, que transferem responsabilidades e desejam sempre viver à custa dos outros, apropriar-se dos recursos alheios. Caloteiros, que sob a bizarra ótica esquerdista, viram homens de caráter. A esquerda é mesmo uma questão de caráter. De falta dele!

Rodrigo Constantino

 

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Fonte: Blog Rodrigo Constantino (VEJA)

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