Crise faz os motoristas pisarem no freio (Petrobras vai encolher)...
Freio na economia
A crise está começando, mas já faz os motoristas pisarem no freio. Nos primeiros quatro meses do ano, o consumo de gasolina caiu 3,7%. O de óleo diesel ficou um pouco atrás: diminuiu 2,1% quando comparado ao mesmo período de 2014.
Parece coisa pouca. Mas não é.
Trata-se de quantidade suficiente para abastecer tanques de 50 litros de gasolina de 10,6 milhões de automóveis.
No caso do diesel, dá para abastecer um tanque de 250 litros de 1,6 milhão de caminhões.
Por Lauro Jardim
Na contramão do mercado
Apesar das promessas do governo e de Joaquim Levy no comando da economia, a política de preços de energia no Brasil continua na contramão da lógica do mercado.
Nesta semana, a Petrobras subiu o preço do gás natural – logo o gás natural que, no mercado internacional, tem caído mais do que o do petróleo.
Por Lauro Jardim
Em queda
De acordo com a Associação Brasileira do Papelão Ondulado, em abril as vendas recuaram 2,2% em comparação com o mesmo período de 2014.Em relação a março, a retração foi de 0,35%.
O papel ondulado é um importante indicador da atividade econômica. Com ele são feitas as diversas embalagens para o atacado e varejo.
Por Lauro Jardim
Até o Robson…
No início do ano, Delfim Netto previu numa reunião na Fiesp que todos os empresários que àquela altura aplaudiam a nomeação de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda no final do ano já estariam pedindo sua cabeça (leia mais aqui).
Delfim é um craque, conhece tudo do mundo empresarial, mas desta vez errou no prazo – ainda que por poucos meses. Ontem, Robson Andrade, presidente da CNI, partiu para cima de Levy:
- Quer o nosso pescoço agora?
De fato, uma fúria surpreendente para um chefe patronal que faz o estilo “estadodependente“.
Por Lauro Jardim
Vai encolher
A reestruturação da área de comunicação da Petrobras acontecerá em breve. Lá estão instalados 1146 pessoas, entre jornalistas, relações-públicas, publicitários e desocupados.
Ontem, houve várias reuniões no setor. Os chefes falaram aos terceirizados, sem concurso, que é bom começar já a procurar emprego.
Por Lauro Jardim
O cartola que furtou até medalha aprendeu que o que aqui se faz impunemente pode dar cadeia quando é feito lá fora
José María Marín começou a carreira política na década de 60. Foi vereador em São Paulo, deputado estadual, vice-governador e, como o titular Paulo Maluf precisou afastar-se do cargo para disputar uma cadeira no Congresso, governador por 10 meses. Depois de três ou quatro derrotas eleitorais de bom tamanho, Marin submergiu por algum tempo, sem se desligar do PTB. Em 2010, ressuscitou no noticiário esportivo acampado numa vice-presidência da CBF.
Meses depois, o presidente Ricardo Teixeira achou prudente trocar a sede da CBF por um esconderijo no litoral americano. Por ser o mais velho dos vices, Marin assumiu interinamente o cargo que, em março de 2012, passaria a pertencer-lhe com a renúncia do titular foragido. Dois meses antes de aboletar-se no trono, aproveitou a cerimônia de premiação dos jogadores do Corinthians que haviam conquistado a Copa São Paulo para mostrar que conseguira voltar um pouco pior.
Como prova o vídeo, José Maria Marin não perdeu a chance de ampliar o prontuário com o furto de uma medalha de ouro. Ao consumar a façanha, tinha 79 anos. Agora com 82, descobriu que o que se faz aqui impunemente pode dar cadeia em paragens menos primitivas. No Brasil, o novo prédio da CBF foi batizado com o nome do cartola engaiolado na Suiça. Em países onde todos são iguais perante a lei, já seria há muito tempo só um número a mais na população carcerária.
(por Augusto Nunes)
No desembarque em Brasília, devoto da seita se enfurece com a paródia de Mamãe eu Quero e é silenciado pelo coro antipetista
O avião já pousara em Brasília na manhã desta quarta-feira quando um militante petista resolveu interromper a cantoria de músicos da Banda Loka, que improvisaram uma paródia da marchinha Mamãe eu Quero para ironizar Dilma Rousseff, o PT e a corrupção epidêmica. Péssima ideia: o coro oposicionista ficou ainda mais animado.
Lula e Dilma vivem dizendo que, no Brasil Maravilha que o padrinho pariu e a afilhada amamenta, as poltronas dos aviões são majoritariamente ocupadas pela nova classe média criada por programas sociais do governo lulopetista. Pelo que o vídeo mostra, ou a dupla reincidiu na gabolice ou ex-pobre é gente muito ingrata.
Os guerreiros da classe operária agora combatem entrincheirados no paraíso
Divulgada por Reinaldo Azevedo, a foto que flagrou a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) desfrutando das comodidades da classe executiva da Air France num voo rumo a Paris prova que a crise econômica não tira o sono do alto escalão do governo. A imagem da comunista na classe predileta dos capitalistas ricos também informa que a base alugada aprendeu com os chefes a aproveitar o Brasil Maravilha que só existe na cabeça e no bolso da companheirada. Confira:
Em janeiro de 2014, depois de participar do Fórum Econômico Mundial, em Davos, Dilma Rousseff e a comitiva presidencial decidiram fazer uma escala técnica em Lisboa antes de seguir para Cuba, onde a presidente abrilhantaria a festa de inauguração do Porto de Mariel. Os viajantes desembolsaram, em conjunto, R$ 71 mil para ocupar 45 quartos de dois dos hotéis mais caros de Lisboa. A despesa seria evitada se a presidente não achasse muito acanhado o o palácio do século XVII que abriga a embaixada brasileira. Longe dos olhos da imprensa, Dilma saiu para jantar no elegante restaurante Eleven, com vista para o rio Tejo. A foto atesta que a noitada foi bastante animada.
Na campanha eleitoral de 2002, depois do debate da Rede Globo, Lula e seus assessores foram jantar num restaurante em Ipanema. Para comemorar o desempenho do chefe, Duda Mendonça, marqueteiro do PT, deu-lhe de presente uma garrafa de vinho Romanée-Conti, safra de 1997, que custa mais de R$ 6.000. Vazia, a garrafa ficou vários meses exposta à visitação dos fregueses do restaurante.
Com 297 metros quadrados e orçado em R$ 1,5 milhão, o triplex de Lula na Praia das Astúrias, no Guarujá, conta com um elevador privativo que serve os três andares do apartamento, móveis de madeira e piscina particular. O imóvel foi comprado por meio da Bancoop (a Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo), acusada de irregularidades e de deixar mais de 3 mil associados sem receber seus imóveis. O condomínio foi construído pela OAS, uma das empreiteiras denunciadas pela Operação Lava Jato.
Registrado em nome de um sócio de Fábio Luís da Silva, o Lulinha, o sítio do ex-presidente em Atibaia, no interior de São Paulo, é equipado com piscina, churrasqueira, campo de futebol e um lago artificial para pescaria. Em 2010, meses antes de terminar o mandato, Lula pediu a Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, que bancasse a reforma do lugar.
No Brasil, os defensores da classe operária combatem entrincheirados no paraíso.
(por Augusto Nunes)
Uma metáfora do ajuste (por GERALDO SAMOR)
Todo mundo achou estranho o que estava acontecendo na casa de Antonio Brasil.
Primeiro houve a descoberta que chocou o bairro, e agora, algo ainda mais bizarro: a forma como o sr. Brasil reagiu aos acontecimentos.
Tudo começou há uns cinco anos atrás.. ou teriam sido 12?
É verdade que os Brasil sempre tiveram alguns familiares ricos, mas a família Brasil — aquela que morava ali na Lapa — sempre levara uma vida de classe média baixa.
Eram 12 filhos, que tinham que comer, vestir, estudar, ir ao dentista… O dinheiro era contado.
O sr. Brasil, um sujeito trabalhador e bem humorado, ganhava a vida na empresa mais generosa da cidade, a Crescimento SA.
Um dia, os vizinhos notaram que algo estava mudando nos hábitos da família. O sr. Brasil comprou um carro novo, e sua esposa, a dona Wilma, começou a frequentar salões mais caros — o que ficava evidente pelos penteados cada vez mais sofisticados. Os filhos, de idades variadas, saíram da escola pública para a particular. O shopping foi integrado à rotina da família — e não era só para o rolezinho das vitrines. As viagens internacionais começaram, cada ano para um lugar diferente.
A quem lhe perguntava, o sr. Brasil explicava que tudo ia bem na Crescimento, que ampliava seu faturamento 5% ao ano (às vezes 7%). Além disso, ele ganhara uma promoção. Já não era um funcionário comum; passou a fazer parte da lista dos ‘talentos emergentes’. O homem estava com crédito na praça, e os cartões chegavam pelo Correio, sem sequer terem sido solicitados.
O que pouca gente sabia é que — estranhamente e desafiando o senso comum — mesmo quando eram ‘pobres’ os Brasil sempre foram donos de grandes imóveis: uma herança de gerações anteriores que, diziam as más línguas, economizavam e investiam muito mais do que os Brasil de hoje.
Mas, em vez de gerarem renda, esses imóveis eram mais fonte de gastos e dissabores para a família. O maior imóvel era a mansão de Angra dos Reis, que o avô do sr. Brasil, o velho Getúlio, construíra com suas próprias mãos e o suor dos filhos, que trabalharam na obra. Nos últimos 10 anos, pelo menos, a mansão estava largada. Uma gangue de bandidos chegou a invadir o imóvel, sob a complacência do sr. Brasil, que demorou muito para chamar a polícia. Quando finalmente tomou uma atitude, o imóvel estava detonado: o teto estava caindo e a piscina teria que ser refeita — sem falar que o sr. Brasil, durante a prosperidade dos últimos anos, comprara o terreno ao lado e começara uma obra gigantesca para ampliar a casa — “a maior de Angra!” dizia, com ufanismo incomum.
Outro grande imóvel, a casa no lago da hidrelétrica de Furnas, em Minas Gerais, havia sido igualmente detonada por um tio maranhense do sr. Brasil, que depois de anos de ocupação, digamos, temerária, abandonou a casa — não por ordem de despejo, mas porque se aposentou e quis voltar para São Luís. (Dizem que o maranhense cobrava aluguel de outros grupos que sempre faziam umas festas de arromba lá: uns baianos e um pessoal muito esquisito do Rio. Mas o sr. Brasil nunca viu a cor daquele dinheiro. Ele só servia mesmo para pagar o IPTU, até que um dia não conseguiu mais — mesmo com sua prosperidade recente.)
Dizem que o sr. Brasil também tinha ações de vários bancos — outras heranças, claro – estradas, aeroportos e chegou a ter até uma mineradora e uma telefônica, mas isso deve ser exagero de gente que quer falar mal do homem, que quer pintá-lo como um imbecil que tinha patrimônio mas não sabia rentabilizá-lo, um ‘mau empresário’ que deveria ter acatado a velha recomendação: ‘quem não tem competência, que não se estabeleça’. Eu não acredito nisso. (Cá entre nós, eu gosto muito do sr. Brasil. Ele me dá bom dia todos os dias quando sai pra trabalhar, e me parece, num fundo, apenas um pai gentil – até gentil demais — que tem um sonho esplêndido de riqueza.)
Mas tudo mudou na casa do sr. Brasil nos últimos dois anos. A Crescimento teve problemas e começou a demitir gente. O sr. Brasil foi poupado, mas seu salário foi cortado. Tudo o que a família tinha experimentado de bom nos últimos anos estava em risco, de uma hora para outra.
Foi aí que alguém fez a primeira grande descoberta que chocou a vizinhança, da rua Oiapoque à ladeira Chuí: o sr. Brasil mentira, em parte, sobre sua prosperidade. É verdade que a Crescimento tinha lhe dado uma promoção, mas boa parte da melhora do padrão de vida da família havia sido bancada por empréstimos, que o sr. Brasil havia usado sem cerimônia.
Os credores — muitos deles, alguns de seus próprios vizinhos — agora estavam atrás dele: aumentaram os juros, e alguns queriam o dinheiro de volta. (O sr. Brasil pedira emprestado até aos filhos, que agora teriam que trabalhar para ajudar a pagar a dívida do pai.)
E foi então que, para aplacar os credores, o sr. Brasil tomou a decisão criticada pelas pessoas com mais anos de janela.
Premido por cortes, ele começou a atrasar as mensalidades das crianças, cancelou o plano de saúde, e deixou de pagar a conta do açougue. Sua mulher, que antes andava na rua de cabeça erguida, passou a se esconder. Seus filhos passaram a ir pra escola a pé — ele cortou até o dinheiro da passagem — e voltariam a sentir a pobreza na pele, mas o sr. Brasil só pensava que deixaria para eles uma grande herança.
Em vez de vender a casa de Angra, ele trocou o caseiro: arranjou um cara especializado em ‘dar um tapa’ em casas detonadas para logo voltar a alugá-la. Sobre a casa de Furnas, o sr. Brasil sabia ser ele próprio co-responsável pela destruição do imóvel, mas não queria, dizia ele, ’tomar nehuma medida drástica’. As ações dos bancos haviam despencado, as estradas estavam esburacadas e os aeroportos… bem, pelo menos aí o sr. Brasil, num acesso de racionalidade, já havia vendido metade.
Entre a família e o patrimônio, o sr. Brasil resolveu preservar o último — logo ele, que se gabava de ser um homem de esquerda, ‘que coloca o ser humano em primeiro lugar’, como dizia nas rodas sociais. Dizia que os imóveis eram ‘o orgulho da família’ e ‘invendáveis’. Dizia que os credores o aconselhavam a vender porque eles mesmos queriam ‘comprar barato’. E se apegava ao argumento de que, com caseiros melhores e gestores que pelo menos tivessem um bom diploma, as coisas poderiam ser revertidas.
O sr. Brasil, um patrimonialista convicto, era a prova viva de que a inércia governa o mundo.
Por Geraldo Samor