Lava-Jato: Justiça determina bloqueio de R$ 544 milhões de construtoras

Publicado em 14/05/2015 22:04
No Globo + blogs de veja.com (Reinaldo Azevedo + Felipe Moura Brasil)

No Globo


O Ministério Público Federal (MPF) pediu e Justiça Federal determinou o bloqueio de R$ 544 milhões das construtoras Camargo Corrêa (R$ 242 milhões) e Galvão Engenharia (R$ 302 milhões). O montante será usado para restituir parte do dinheiro desviado em propina da Petrobras. A estimativa do MPF é de que R$ 6,194 bilhões sejam restituídos. O procurador da República Deltan Dallagnol, que coordena as investigações, criticou a demora para a aprovação de uma reforma política:
“Nós precisamos de uma reforma política, precisamos de aprovação de medidas contra a corrupção a impunidade. A sociedade, nós todos, precisamos esperar e cobrar isso dos nossos representes e daquelas pessoas que têm poder de promover reformas estruturais e sistêmicas.”

Deltan cobrou ainda uma mudança no sistema penal:
“O total efetivamente devolvido (foi por meio) de colaboração, dependendo sempre do final dos processos criminais. A devolução dos valores pode levar, 10, 15 20 anos ou mais. Enquanto não tivermos uma reforma do sistema recursal, teremos períodos (para recuperação de dinheiro desviado) tão grandes como esse.”

O MPF pede o bloqueio do montante através de uma ação de improbidade administrativa contra as construtoras. O anúncio foi feito na tarde desta quinta-feira, durante coletiva que apresentou denúncia contra quatro ex-deputados: André Vargas (ex-PT-PR), Pedro Corrêa (PP-PE), Aline Corrêa (PP-SP) e Luiz Argôlo (SD-BA).

A Procuradoria dividiu a denúncia em três núcleos. O primeiro era comandado pelo ex-vice-presidente da Câmara dos Deputados, o ex-petista André Vargas. Além dele, foram denunciados os irmãos dele Leon Vargas e Milton Vargas, e o publicitário Ricardo Hoffmann. Os investigadores afirmaram que o publicitário montou um esquema análogo ao mensalão.

O segundo núcleo ligado ao Partido Progressista (PP) era comandado pelo ex-deputado Pedro Corrêa. Além dele, foram denunciados a ex-deputada Aline Corrêa, filha de Corrêa, os delatores Alberto Youssef e Rafael Ângulo Lopes, Ivan Vernon, Márcia Danzi e Fábio Corrêa. O último núcleo denunciado envolve o ex-deputado baiano Luiz Argôlo. Junto com ele, foram denunciados novamente Youssef e Ângulo, além do advogado e laranja Carlos Alberto Costa, também delator do esquema.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

Reale entrega na quarta estudo sob impeachment e deve recomendar ação penal contra Dilma, o que obrigará Janot a se posicionar

Eu não sou, obviamente, dono da tese do impeachment. Fui apenas o primeiro a tocar na palavra na grande imprensa. Entre outras razões porque entendo absurda a compreensão que tem o  procurador-geral da República do Parágrafo 4º do Artigo 86 da Constituição, a saber:
“§ 4º O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções.”

Como Janot lê o que vai acima? Não importa o que Dilma tenha feito no primeiro mandato, ela não poderá responder por seus atos no segundo. É claro que se trata de uma leitura excrescente, que não encontra abrigo nem na própria Constituição, a menos que o parlamentar constituinte estivesse dando ao chefe do Executivo imunidade para cometer crimes. Ocorre que esse artigo foi votado quando não havia reeleição no país. Hoje há. Qualquer que seja o ato de um presidente no primeiro mandato, ele tem de responder por ele no segundo. Afinal, tal ato NÃO É ESTRANHO AO EXERCÍCIO DE SUAS FUNÇÕES.

Pois bem: creio haver motivos para uma denúncia, sim. Mas também não quero enganar os leitores antevendo que ela seria acatada hoje pela Câmara se apresentada por um partido de oposição. Talvez não fosse nem sequer apreciada. Se tivesse sequência e sua admissibilidade fosse votada pelo plenário, não obteria 342 votos na Câmara (dois terços dos 513 deputados). E a oposição queimaria um cartucho inutilmente.

O jurista Miguel Reale entrega, na próxima quarta, dia 20, o estudo sobre o impeachment. Já tratei do assunto aqui no dia 6 de maio. O caminho que será seguido, muito provavelmente, será um pouco mais longo, mas com mais possibilidades. Prestem atenção.

Ação penal
Reale deve recomendar que a oposição entre com uma ação penal contra Dilma em razão das pedaladas fiscais dadas no primeiro mandato. Nesse caso, há um crivo antes de a questão chegar à Câmara: chama-se Rodrigo Janot.

O pedido de ação penal tem de ser encaminhado à Procuradoria-Geral da República. É Janot quem vai decidir se o arquiva, se solicita ao STF a simples abertura de inquérito ou se formaliza já uma denúncia.

Se for um pedido de abertura de inquérito, o pleno do Supremo — os 11 ministros — decide sozinho. Se for uma denúncia, aí o tribunal oficia à Câmara, que vai ou não autorizar a abertura do inquérito. Caso haja ao menos 342 votos, Dilma tem de se afastar, segundo o que determina o Inciso I do Parágrafo 1º do Artigo 86 da Constituição:

“§ 1º – O Presidente ficará suspenso de suas funções:
I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal;

Se condenada, Dilma perde o mandato. Como estaria sendo processada por uma infração penal comum, com base nos artigos 359 a, 359 c e 299, o julgamento seria feito pelo Supremo, não pelo Senado.

O caminho, embora um pouco mais longo, é mais inteligente. Uma denúncia que chegue à Câmara oriunda da Procuradoria-Geral da República tem um peso maior do que vinda de partidos de oposição.

Mais uma vez, Rodrigo Janot será chamado a se pronunciar. E terá de ler o que está escrito na Constituição. Reproduzo de novo:
“§ 4º – O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções.”

A pedalada foi dada por Dilma no seu primeiro mandato, num ato que não é estranho à sua “função”. O texto constitucional não diz que ela não pode ser responsabilizada no segundo mandato por algo cometido no primeiro. Atenção! A pedalada fiscal de Dilma — motivo para uma denúncia de crime de responsabilidade, sim — também é crime definido no Código Penal.

Essa posição de Reale nada tem a ver com os grupos no PSDB que são contrários ou favoráveis ao impeachment agora. Ele só busca uma maneira de, nesse particular, a oposição não correr na praia.

Por Reinaldo Azevedo

O PT e a natureza do escorpião. Ou: Por que o partido tem de ser banido do país

Parte do PT usou com a presidente Dilma Rousseff a tática própria de um partido de oposição, certo? Resolveu criar o fato consumado para obrigá-la a negociar. Refiro-me à aprovação de uma alternativa ao fator previdenciário, que é a fórmula 85/95: as mulheres se aposentam quando a soma de idade e tempo de contribuição chegar a 85, e os homens, 95. Para tanto, o tempo mínimo de contribuição tem de ser, respectivamente, de 30 e 35 anos. Quem quiser a aposentadoria antes, submete-se às atuais regras do fator. Em dez anos, calcula-se, o INSS teria um aumento de R$ 40 bilhões no rombo

Muito bem! Houve defecções em todas as bancadas governistas, mas, de significativo mesmo, contam-se os nove votos do PT e toda a bancada do sempre fiel PCdoB. Deram de ombros para o governo. O voto mais patético é o do deputado Carlos Zarattini (PT-SP), que é nada menos do que o relator da MP 664 e vice-líder do governo na Câmara. Ou por outra: entre as suas funções, está conseguir votos para o governo. Não só não se empenhou nisso como, ele próprio, votou contra.

Não há a menor chance de a alteração ser derrotada no Senado. Vai passar. Petistas da casa já disseram que não estão nem aí para Dilma: votarão “sim”. A presidente terá de vetar a alteração, com o risco de o veto ser derrubado, a menos que ela negocie uma alternativa. Negociar com quem? Com as centrais sindicais, muito especialmente com a CUT. Ora, não é isso o que começou a pregar Lula? Não é o que ele vem dizendo em encontros fechados com sindicalistas e com petistas? O homem já decidiu iniciar em junho andanças pelo país com o objetivo de, consta, unir as esquerdas e os movimentos sociais em defesa do PT.

Ou por outra: o partido de Dilma passou a empregar com ela a tática do fato consumado. Se o governo é uma bagunça na área política — e é —, obedecendo a vários comandos e, no fim das contas, a nenhum, a algaravia de orientações não é menor no PT. Dilma é hoje vítima da construção da candidatura de Lula em 2018 e do esforço do partido de se “religar” com as tais bases.

O fator previdenciário é um exemplo acabado do estelionato eleitoral petista. Ocorre que, quando as vacas andavam mais gordas, o assunto havia deixado de ser urgente. Agora… Explico-me: a fórmula foi criada no governo FHC. A Previdência está capenga, como sempre, mas só não quebrou em razão do dito-cujo. Quando aprovado, PT e CUT botaram a tropa na rua. Chegaram a inventar a canalhice de que FHC teria chamado os aposentados de “vagabundos”. Lula se elegeu em 2002, entre outras coisas, atacando a fórmula.

Pois é: o PT está no 13º ano de poder e não mexeu no fator previdenciário. É mais estelionatário do que burro. Com a maioria esmagadora que sempre mantiveram no Congresso, os petistas poderiam ter imposto o modelo que bem desejassem. Só que as contas iriam para o vinagre. O partido fazia o quê? Jogava o fator nas costas de FHC e se aproveitava de seus benefícios. Fez o mesmo com a Lei de Responsabilidade Fiscal e com as privatizações, às quais o partido também se opôs. Poderia, se quisesse, ter revertido tudo. Não o fez porque sabia ser bom para o país. FHC fez uma boa síntese no seu discurso de terça em Nova York: ele perdeu, sim, muitas vezes, a popularidade, mas não a credibilidade. Os petistas preferem ser populares…

Agora que a noite esfriou, que o dia não veio, que o bonde não veio, que o riso não veio, que não veio a utopia, que tudo acabou, que tudo fugiu, que tudo mofou… E agora, Dilma? E agora você? Cito, como boa parte de vocês deve ter percebido, o poema “José”, de Carlos Drummond de Andrade. Agora que o cobertor ou cobre os pés ou cobre a cabeça, agora o PT resolveu, instigado por Lula, lustrar as suas origens. E joga Dilma na fogueira. Houvesse um tantinho de dignidade, de honra, de decência, de vergonha na cara, o partido teria lutado nesta quarta como fera ferida contra a alteração do fator previdenciário: afinal, se ele foi mantido com as vacas gordas, por que seria alterado quando a crise é evidente?

Ocorre que, mais uma vez, fica evidente que o PT está pouco se lixando para o Brasil. O partido só pensa na própria sobrevivência. Se o país morrer primeiro, paciência! Mas aí a companheirada administraria o quê? Não interessa. Conhecem a fábula do sapo que dá carona a um escorpião na travessia do rio, certo de que não será picado porque, afinal, se isso acontecer, os dois morrerão? No meio do caminho, o batráquio sente a ferroada e, racionalista que era, se espanta antes do penúltimo suspiro: “Por que você fez isso? Nós dois vamos morrer”. Ao que responde o outro: “Não posso fazer nada, é a minha natureza”.

O PT tem a natureza do escorpião. Por isso deve ser banido do país por intermédio das urnas.

Por Reinaldo Azevedo

Cobrança petista

Dilma: pressionada ao veto

Deputados do PT que votaram contra o fim do fator previdenciário ontem na Câmara se indignaram com a possibilidade – aventada por José Guimarães – de que Dilma não vete a medida.

Reclama um deles:

- Não somos palhaços de termos votado contra o fator, indo contra nossa história, para ela agora não vetar.

Por Lauro Jardim

Só se fala nisso

Ricardo Pessoa, enfim, vai falar

Que Fachin ou ajuste fiscal que nada. Em Brasília, o assunto desde ontem é monotemático: só se fala no depoimento que Ricardo Pessoa fará na semana que vem.

Alguns com temor, outros com curiosidade e uma outra turma com sorriso nos lábios.

Por Lauro Jardim

Renan e Lula: não houve apelo, só oferta

Renan Calheiros disse que a “terceirização” dominou sua conversa com Lula.

Eu acredito: a terceirização do STF para o PT.

A cinco dias da votação em plenário sobre a indicação do petista Luiz Edson Fachin para a Corte, Renan e Lula se reuniram, com a presença de Edison Lobão e Delcídio Amaral.

Renan e Edison são investigados pela Lava Jato.

Delcídio escapou por pouco.

Lula é o lobista internacional de uma empreiteira também investigada pela operação e está ele próprio ameaçado de ser denunciado na Justiça.

É melhor para todo mundo que o nome de Fachin seja aprovado pelos senadores, para que o STF possa melar ainda mais a Lava Jato.

O presidente do Senado diz que Lula “não fez” o apelo para a aprovação.

Eu não creio, de fato, em apelo. Só em oferta.

Faz tempo que Renan cria dificuldades para o governo por acreditar que o PT jogou o petrolão nas suas costas.

Faz tempo que a função de Lula, no exterior e no Brasil, é remover dificuldades para o avanço dos esquemas petistas.

Felipe Moura Brasil ⎯ https://www.veja.com/felipemourabrasil

 

Sem medo de ser feliz

No almoço de ontem na residência oficial de Renan Calheiros, os senadores beberam vinho português. Lula preferiu cachaça.

Por Lauro Jardim

 

O exemplo de Levy

Levy: sem jatinho da FAB

 

Na tarde de ontem, sozinho, um dos dois homem mais poderosos do Brasil embarcava tranquilamente em Congonhas rumo a Brasília num voo da Avianca. Mais: Joaquim Levy, que chegara de Londres de manhã, carregava sua própria mala

Por Lauro Jardim

 

Caiado desmascara Lula sobre CPI do BNDES: “Objetivo é abrir essa caixa preta que vocês guardam a sete chaves”

Ronaldo Caiado (DEM-GO) rebateu uma indireta de Lula com um diretaço verbal.

Autor do pedido de criação da CPI do BNDES, o senador citou e comentou no Facebook a declaração do petista.

Lula disse:

“Esses dias eu vi alguém querendo fazer uma CPI do BNDES, quem sabe isso flexibilizaria a dureza do BNDES em emprestar dinheiro”.

Caiado retrucou:

“Eu quero fazer a CPI do BNDES. E não, Lula, não acho que o objetivo seja ‘flexibilizar a dureza do BNDES em emprestar dinheiro’.

O objetivo é descobrir como o banco foi usado de forma privilegiada pelos grandes doadores de sua campanha.

Descobrir como o banco foi direcionado para desestabilizar setores produtivos ao eleger suas ‘empresas campeãs’ durante seu governo.

Descobrir o esquema de financiamento internacional de grandes obras para que tiranetes ligados ao mesmo Foro de São Paulo do qual você é fundador se promovam às custas do povo brasileiro.

Descobrir como funcionou o caixa dois com recursos do banco para que sua ‘gerentona’ fosse eleita.

Enfim, a CPI do BNDES tem como objetivo abrir essa caixa preta que vocês guardam a sete chaves.

Saber de uma vez por todas por que os delatores da Lava Jato disseram que o Petrolão é ‘café pequeno’ diante do que aconteceu nesse banco durante seu governo.

É para isso, Lula, que esse ‘alguém’ quer fazer a CPI do BNDES.”

Felipe Moura Brasil - https://www.veja.com/felipemourabrasil

 

Quem deve teme! Manobra do PT impede convocação de Lula à CPI da Petrobras

Petistas enrolaram quatro horas e meia para que a convocação de Lula à CPI da Petrobras não fosse votada.

A manobra deu certo, porque o regimento impede que qualquer comissão vote requerimentos após o início de sessão no plenário.

No total, foram chamadas a depor 42 pessoas e apreciados 46 requerimentos, mas não houve tempo para discutir a inclusão das convocações de Lula e do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, na pauta.

Pois é. Quem deve teme.

Em compensação, está entre os convocados Rafael Angulo Lopez, que fazia entrega de dinheiro em nome de Alberto Youssef. Uma delas, na porta do diretório nacional do PT, como afirmou o doleiro.

Relembro o vídeo do depoimento:

1) “O primeiro valor foi retirado no meu escritório da Renato Paes de Barros pela cunhada dele (Vaccari). Eu entreguei esse valor pessoalmente. O segundo valor foi entregue na porta do diretório do PT nacional pelo meu funcionário Rafael Ângulo para o funcionário da Toshiba para que ele pudesse entregar o valor para o Vaccari”.

2) “Simplesmente de abertura de portas. Infelizmente, se você hoje não fizer um lobby, nenhum empresário consegue entrar em nenhuma parte do poder público para prestar serviço. Infelizmente, nesse país funciona assim.”

Felipe Moura Brasil - https://www.veja.com/felipemourabrasil

 

“O juiz suspeita que Lula está por trás do que aconteceu na Petrobras”

José Dirceu foi alertado por advogados para a possibilidade de ser preso a qualquer momento.

“A eventual prisão de José Dirceu seria também mais um passo a ser dado por [Sergio] Moro na direção de Lula. O juiz suspeita que Lula está por trás do que aconteceu na Petrobras.”

É o que escreve Ricardo Noblat no último parágrafo de um texto no Globo.

Suspeito de estar por trás do ataque no presídio de Bangu 1, Fernandinho Beira-Mar foi condenado a mais 120 anos de prisão na quarta-feira. Achei que valia a pena acrescentar.

prisão de Dirceu é tida como esperança de recuperação de Moro após a festa da impunidade no STF e a opção do homem-bomba de falar tudo em Brasília:

“Como quis vender caro a delação premiada que interessava a Ricardo Pessoa, Moro acabou vendo Pessoa acertar a delação com Rodrigo Janot, Procurador Geral da República.

- Moro cobrou de Ricardo Pessoa mais revelações do que ele gostaria de fazer. Janot cobrou menos e levou – explica um dos advogados.”

Claro que tememos uma delação meia-bomba, que só entregue aperitivos como Edison Lobão.

Nem por isso vamos deixar de zombar do pânico do PT.

Ênio Costa de Oliveira, conhecido como Rei Eco, o “homem de confiança” do traficante Playboy, o criminoso mais procurado do Brasil, foi preso na quarta-feira no Rio.

Achei que valia a pena acrescentar também.

O motivo é simples: Ecos, Lobões e Dirceus não bastam.

Queremos os chefes. Queremos os dois maiores Playboys do país.

Felipe Moura Brasil ⎯ https://www.veja.com/felipemourabrasil

 

Fachin, o homem que não é bem assim

Após a CCJ do Senado aprovar por 20 votos a 7 a indicação do petista Luiz Edson Fachin para o STF, que será votada efetivamente no plenário na próxima terça-feira, comentei no Twitter:

O editorial do Estadão desta quinta-feira (14), “Fachin e a ética da conveniência”, preenche a tese, com uma radiografia perfeita da farsa.

Tomo a liberdade de reproduzi-lo na íntegra, porque poucas coisas são mais graves no Brasil do que a facilidade com que os brasileiros se deixam manipular por artimanhas verbais e se convencer por quem finge ser o que não é.

*****

As quase 12 horas da sabatina a que Luiz Edson Fachin foi submetido pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado demonstraram, acima de qualquer dúvida, que a presidente Dilma Rousseff indicou para substituir Joaquim Barbosa no Supremo Tribunal Federal (STF) um competente advogado capaz de, em magnífica performance, defender a si mesmo de si próprio. Fachin conseguiu convencer 20 dos 27 membros da CCJ de que não tem relevância o fato de um fundamentado parecer da Consultoria Jurídica do Senado haver demonstrado que, ao exercer a advocacia privada mesmo depois de ter se tornado procurador de Justiça do Paraná em 1990, ele violou a Constituição estadual. Desse modo, perdeu a qualidade de ilibada reputação exigida pela Constituição Federal de todos os membros do STF.

A aprovação de sua indicação na CCJ foi uma decisão política de senadores dispostos a se deixarem convencer pelas explicações do candidato. Fachin atribuiu seu entusiasmo pelas transgressões do MST, sua simpatia pelo predomínio da “função social” da propriedade, sua identificação com o PT e outras manifestações de engajado “progressismo” que ilustram sua biografia ao fato de que “nem sempre acertamos” quando “tomamos caminhos, fazemos reflexões”.

Resta saber se a conveniente autocrítica perante a CCJ significa que o advogado habilidoso será capaz de se tornar um juiz imparcial na Suprema Corte. Infelizmente, não dá para acreditar nisso. A razão mais objetiva para a dúvida é a encenação montada para seu desempenho no Senado. Foi um minucioso trabalho de marketing político que envolveu, além das visitas protocolares do candidato a praticamente todos os senadores e a políticos com influência sobre eles, um amplo trabalho de divulgação da imagem e do “verdadeiro pensamento” de Fachin nas redes sociais, além de intenso treinamento, orientado por especialistas, envolvendo postura, tom e conteúdo das respostas a todas as perguntas delicadas que, sabia-se de antemão, lhe seriam feitas.

Fachin soube aliar a toda essa preparação uma inegável capacidade de comunicação e persuasão. Jamais elevou o tom de voz ou demonstrou incômodo ou irritação com interpelações impertinentes. Quando cabia, como foi o caso durante a leitura de seu depoimento de abertura, demonstrou emoção e voz embargada ao falar de seus pais. Soube, assim, na medida do possível, desarmar os espíritos e favorecer um clima quase sereno durante toda a sessão.

Uma coisa, porém, é a forma. Outra, o conteúdo. Por exemplo, questionado sobre restrições ao direito de propriedade, Fachin saiu pela tangente respondendo não o que pensa, mas o que prevê a Constituição: “O sistema a que nós devemos obediência no Brasil é aquele que prevê a propriedade como um direito fundamental e ressalva a propriedade produtiva”. Sobre invasões de terra, prática habitual do MST, garantiu, sem nomeá-los, que “esses movimentos sociais que se deturparam, obviamente, são movimentos sociais que merecem o rechaço da ordem jurídica”. Precisa dizer isso a seu amigo João Pedro Stédile.

Preocupado em evitar radicalizações e alinhar-se ao senso comum, Fachin defendeu a família “como base da sociedade”; condenou o aborto a partir de uma “posição pessoal de cristão, humanista”. E fez média com os parlamentares ao tratar do financiamento eleitoral: “Com todo o respeito à Corte Suprema: há certas circunstâncias em que o Supremo não deve atravessar a rua e, portanto, manter-se no lugar e dar primazia ao Parlamento”.

Recorreu à generalização para explicar seu “progressismo”: “Me considero alinhado com pessoas que querem o progresso do País, sou progressista nesse sentido, mas preservando direitos e os interesses privados, as liberdades individuais”. Quem pode discordar?

Para reforçar a garantia de que como magistrado não se pautará pelas controvertidas ideias que sempre defendeu, Fachin citou o sociólogo alemão Max Webber, que distinguiu a “ética da convicção” da “ética da responsabilidade”, para afirmar que esta última é que vai inspirar suas decisões, caso se torne ministro do STF. Fica no ar, contudo, a suspeita de que Luiz Edson Fachin fez, na verdade, uma opção pela “ética da conveniência” – com o aplauso da maioria da CCJ.

* Relembre aqui no blog:
Fachin, Álvaro Dias e as “condutas ilibadas” para o PT
#FachinNão ultrapassa Osama Bin Laden e chega ao 1º lugar nos trend topics do Twitter
Fachin enrola sobre site em nome de designer do PT
Laranjas de Fachin
Pérolas da pré-sabatina de Fachin no playground do Senado
Sites de Fachin e do Foro de SP estão em nome de designer do PT e de sua agência, respectivamente
VÍDEO-BOMBA! Fachin, indicado por Dilma ao STF, confessa seus crimes, “quase todos prescritos”. Quase! Sua preferência pelo PT também fica evidente
Senado tem de impedir Fachin de chegar ao STF. Que ele vá fazer “ocupação pacífica” lá no sítio da família Lula

Felipe Moura Brasil ⎯ https://www.veja.com/felipemourabrasil

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Fonte: Veja.com + O Globo

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