Manifestação convocada por Lula dá com os burros n’água. Faltou gente, e sobrou truculência. É a morte do demiurgo...

Publicado em 07/04/2015 22:04
por REINALDO AZEVEDO, e + blogs de VEJA.COM

Manifestação convocada por Lula dá com os burros n’água. Faltou gente, e sobrou truculência. É a morte do demiurgo; é a morte do partido que se queria hegemônico

Lula deu com os burros n’água. De novo! Lula se tornou o anti-Midas do PT e da política. A maldição do lendário rei era transformar em ouro tudo aquilo em que tocava. O mau augúrio que acompanha o companheiro-chefe hoje é outro:  tudo aquilo em que ele se mete dá errado, vira zerda. Na minha coluna da Folha de sexta, afirmei que o quase mítico chefe petista está morto. Eu me referia, obviamente, à morte não do homem, mas do demiurgo; não do político, mas daquele chefe que era capaz de encantar e de mesmerizar as multidões.

Um ex-presidente da República, comportando-se de forma notavelmente irresponsável, convocou seu partido a engrossar as manifestações desta terça, lideradas pela CUT, pelo MST e pelos ditos movimentos sociais contra o Projeto de Lei 4.330, que regulamenta as terceirizações. Lula chamou, Lula convocou, Lula se esgoelou, mas as ruas não compareceram. Em São Paulo, o protesto reuniu, segundo a Polícia Militar, 400 pessoas.

Em Brasília, os truculentos convocados pelo ex-poderoso chefão decidiram fazer um cerco ao Congresso e intimidar a democracia. Entraram em confronto com a Polícia Militar. Um dos manifestantes exibe, quem sabe com o orgulho, o rosto sujo de sangue. Eis Lula na parada.

Escrevi a respeito de sua tática ontem e hoje. O Babalorixá de Banânia quer que Dilma arrende seu governo para o PMDB — ao menos o PMDB que ele tem em mente —, que sele uma espécie de “pax” com o Congresso, e ele,  Lula, quer se encarregar de criar uma suposta nova agenda que chama “progressista”, com os sindicatos, outros partidos de esquerda e movimentos sociais.

Deu errado! Ninguém ouviu o chamado. Como de hábito, o que se viu foi um espetáculo de truculência em Brasília, que só reforça a necessidade de aprovar o Projeto de Lei 4.330. Os únicos que não gostam do seu conteúdo são os sindicalistas, muito especialmente aqueles ligados à CUT, que é, como todo mundo sabe, um dos braços operativos do PT.

Lula, é preciso deixar claro de novo, convocou uma manifestação que hostiliza o próprio governo Dilma. O homem chegou à conclusão de que a única saída para seu partido é se descolar das medidas do Planalto — especialmente as de caráter recessivo —, manter o clima da constante mobilização, mas sem derrubar a presidente. E, para tanto, ele contava com o PMDB: o aliado garantiria a estabilidade política, no limite do possível, para que ele, Lula, liderasse a instabilidade social e preparasse a sua candidatura a 2018.

Naufragou espetacularmente. Para o bem do Brasil. O Projeto de Lei 4.330 é um avanço e moderniza relações trabalhistas que hoje engessam a economia e suprimem empregos, em vez de garanti-los.

Lula, o demiurgo, o mito, reitero, está morto. Da mesma sorte, é defunto o partido que ousou um dia sonhar coma hegemonia política, de sorte que todas as outras legendas fossem seus satélites.

Há um Brasil novo surgindo. Lula e o PT não perceberam. Lula e o PT perderam o bonde. Lula e o PT foram superados pela história. Felizmente!

Por Reinaldo Azevedo

 

O “exército de Stédile” não pode contra o povo brasileiro

Militantes da CUT partem para cima da PM, que se defende. Fonte: G1

Então é isso? São esses gatos pingados de vermelho que partem para cima dos policiais os tais “soldados” do “exército de Stédile”, que o ex-presidente Lula convocou? A PM estima em 2.500 pessoas nas 13 cidades em que houve protestos organizados pela CUT e com o apoio do MST. Isso não dá nem para o começo contra o povo brasileiro!

São Paulo, sozinha, colocou um milhão nas ruas no dia 15 de março contra o governo Dilma e, por tabela, contra esses vermelhinhos ligados ao PT também. Os sindicalistas podem reunir a tropa que for de militantes, armados com paus e pedras, que isso fará apenas cócegas na nossa democracia.

Sem votos, esses “representantes dos trabalhadores” querem governar na marra, por decreto, com base em ameaças. Acham que isso aqui é a Venezuela, onde Stéfile faz discurso contra a “mierda” da elite, a mesma que rala para pagar por suas tetas estatais. Não é não!

No próximo domingo, dia 12 de abril, o povo brasileiro sairá novamente às ruas para mostrar como se faz uma manifestação de verdade, pacífica, sem máscaras no rosto, sem ser em dia útil para não prejudicar os trabalhadores. Três mil (sejamos benevolentes com os vermelhos) contra alguns milhões: eis a proporção atual que separa eles de nós.

E isso sem levar em conta que o lado deles “defende” o governo o atacando parcialmente. Ou seja, só restou meia dúzia de gatos pingados com a cara de pau de defender abertamente o PT e este governo. As tetas estão secando. O barco está afundando, e os ratos pulam para não afundarem junto.

Três mil soldadinhos vermelhos. Então era só isso? Quem tem medo do “exército de Stédile”?

PS: Segue a lista atualizada de local e hora para as manifestações no próximo domingo, organizadas pelo MBL:

Rodrigo Constantino

 

Temer na coordenação política é um impeachment parcial de Dilma. Ou: o ministério mais importante está com Levy; o segundo mais importante, com o PMDB

A presidente Dilma Rousseff escolheu para a coordenação política um nome que não pode ser demitido: Michel Temer, vice-presidente da República. Ele vai incorporar as funções da pasta denominada “Relações Institucionais”, ministério que havia se tornado meramente decorativo na gestão da sucessora de Lula. Afinal, já foi ocupado pelo deputado Luiz Sérgio — que saiu de lá para assumir a Pesca — e por Ideli Salvatti, que saiu da Pesca para assumir o cargo. No novo mandato, a presidente inventou Pepe Vargas, que não transita nem no PT. Vejam que curioso: se Dilma for impichada, seu substituto é Temer — na hipótese de a aluvião não alcançá-lo. A possibilidade do impedimento, hoje, é remota, sabe-se. Mas, em certa medida, com a ida de Temer para a coordenação política, dá-se o impeachment parcial da presidente e do petismo: a segunda área mais sensível do governo também sai das mãos da mandatária e do PT. A primeira, a economia, já saiu — ou Joaquim Levy representa o sonho de consumo dos companheiros?

A escolha de Temer é, dado o contexto recentíssimo, uma boa saída do ponto de vista da presidente. Afinal, o dia político raiou com uma humilhação e tanto para Dilma: Eliseu Padilha, ministro da Avião Civil, recusou o convite para assumir as Relações Institucionais. Os motivos? Percebeu que não contaria com o apoio efetivo dos principais líderes do PMDB. Dilma havia costurado o seu nome com o próprio Temer, mas Eduardo Cunha (RJ), presidente da Câmara, e Renan Calheiros (AL), presidente do Senado, não demonstraram nenhum entusiasmo. O primeiro afirmou que nada mudaria na relação do partido com o governo. Padilha sentiu cheiro de carne queimada de um lado e de outro: na pasta, sua autonomia seria relativa, em meio a tantos “coordenadores políticos”; no PMDB, sua voz não seria mais influente do que é hoje.

Vamos ver: que Dilma precise fazer alguma coisa, ah, isso precisa, não é? A patetice com a história de Padilha é um emblema disso. Como é que uma presidente da República permite que um ministro seu recuse publicamente uma mudança de pasta? Antes que a alternativa viesse a público, alguém deveria ter feito as devidas consultas prévias. Não aconteceu. Deu no que deu.

Procurem o noticiário de há uns 15 dias para trás. Ele informa, e com correção — porque assim era —, que Temer estava alijado das decisões. Dilma mantinha o seu vice a uma prudente distância por razões que a razão desconhece. E os trapalhões ficavam lá, tomando olé ora de Cunha (no mais das vezes), ora de Renan (às vezes). Temer tem esse poder todo no PMDB? A resposta, como todo mundo sabe, é “não”. Ele endossava o nome de Padilha, por exemplo; foi consultado. Também deu no que deu. Em passado não muito distante, chegou a ser acionado para tentar impedir a candidatura de Cunha à presidência da Câmara. O resultado também é conhecido. Não é, e todo mundo sabe, o nome com mais influência no PMDB.

Mas é claro que a relação de Dilma com o PMDB passará por uma acomodação. Mas não contem com a possibilidade de Cunha perder seu protagonismo. Não vai acontecer, a menos que colhido por fatores outros. Não contem com a possibilidade de Renan desistir de ter uma agenda com a sua marca, as menos que…: não vai acontecer também. Nem partam do princípio de que, assim, se realiza o sonho de Lula: entregar o Planalto ao PMDB, que garantiria a governabilidade, enquanto ele cuidaria da própria candidatura à Presidência em 2018.

Anotem aí: uma coisa hoje une todos os peemedebistas, de qualquer quadrante, de qualquer corrente, de qualquer vertente — e isso inclui Temer e até o veteraníssimo José Sarney: o partido já decidiu que não vai preparar a cama de Lula para a próxima disputa presidencial. Todas as prefigurações caminham para uma candidatura própria à Presidência. Ou, na expressão de Cunha, “time que não joga não tem torcida”.

Com Temer na coordenação política, o número de vexames do governo Dilma no Congresso tende a ser menor. Mas pensem num PMDB, reitero, que não quer ser mais um mero mordomo ou um eunuco da corte persa do petismo.

Por Reinaldo Azevedo

 

Opinião

Reynaldo-BH: Não há necessidade de impeachment. Dilma não governa mais o Brasil

REYNALDO ROCHA

Como são tempos politicamente corretos, devemos tomar cuidados com as palavras. Sendo assim, jamais usaria a expressão “samba do crioulo doido” para qualificar os atos do governo federal. É melhor “samba do afrodescendente com diminuição da capacidade de entendimento derivado de estágio mental”.

São apenas constatações. A mais evidente é que o verdadeiro presidente do Brasil é Eduardo Cunha. Sem atravessar fisicamente a Praça dos Três Poderes, trocou a cadeira de presidente da Câmara pela cadeira da co-presidente Dilma. Cunha e o PMDB fazem do governo o que, quando, como e com quem querem.

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Ajuste não passaria

Dilma: alerta sobre o ajuste

Dilma convidou os líderes da base aliada para uma reunião amanhã em que se discutirá exclusivamente o ajuste fiscal. O alerta acendeu porque o governo fez as contas e viu que, se fosse hoje, a votação das medidas não passaria.

Na reunião, serão discutidos alguns dos pontos que o governo pode ceder na negociação para a aprovação.

Por Lauro Jardim

 

A queda é geral

Queda no consumo de energia não é mais exclusividade da indústria

Em fevereiro, de acordo com dados do próprio governo, houve uma queda de 2,2% no consumo de energia em comparação com o mesmo período de 2014.

A novidade deste dado é que a retração se deu em todos os segmentos. Nos últimos meses, a queda de consumo restringia-se ao setor industrial – o comércio, serviços e as residências mantinham os consumo em alta.

Agora, a queda é geral.

Por Lauro Jardim

 

Déficit bilionário

2,4 bilhões de dólares no vermelho

O total do déficit da conta-petróleo do Brasil (exportação de petróleo e derivados menos a importação de petróleo, derivados e gás natural) no primeiro bimestre foi de 2,4 bilhões de dólares.

Por Lauro Jardim

 

Marco Antonio Villa: O Brasil nos tempos da cólera

Publicado no Globo

 

Nunca na história recente do Brasil o interesse por política foi tão grande como agora. Fala-se de política em qualquer lugar e a qualquer hora. O chato é, neste momento, o brasileiro que não está nem aí para os rumos do nosso país. Esta sensação perpassa as classes sociais, as faixas etárias e as diversas regiões do país. É um sentimento nacional de ódio aos corruptos, ao seu partido e a suas lideranças, especialmente aquela que se apresentou durante anos como salvadora da pátria e, hoje, não tem coragem de caminhar, sem segurança, por uma simples rua de alguma cidade. Transformou-se em um espantalho. Só assusta — se assusta — algum passarinho desavisado.

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Fonte: Blogs de veja.com.br

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