Dilma está sozinha no olho do furacão — e foi exatamente assim que Collor caiu... (por Carlos Brickmann)

Publicado em 23/02/2015 14:19 e atualizado em 23/02/2015 15:19
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CARLOS BRICKMANN: Dilma está sozinha no olho do furacão — e foi exatamente assim que Collor caiu

Solidão: em seu partido e em seu governo, a presidente Dilma não tem mais “companheiros” (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)

Notas da coluna de Carlos Brickmann publicada neste domingo em diversos jornais

O presidente da Câmara é do PMDB, que apoia Dilma e tem meia dúzia de ministros. E ninguém se surpreenderá se der andamento privilegiado aos pedidos de impeachment que a oposição promete fazer.

Marta Suplicy é de seu partido, o PT, foi ministra de seu governo. Tem falado muito sobre Dilma, nunca para elogiá-la. A oposição, óbvio, é contra Dilma; e, mesmo que não seja muito oposicionista, gosta de falar mal dela. Lula, que a criou, ensurdece o país com seu silêncio, enquanto ela é massacrada. Até José Dirceu, o mais petista dos petistas, dos que acham que nem Lula é ortodoxo como deveria, abre fogo contra Dilma.

Em seu blog – ou seja, por escrito, e assinado, para ninguém ter dúvidas – o Guerreiro do Povo Brasileiro diz que aquela a quem chamava de “companheira de armas” sustenta uma política econômica que coloca o Brasil “na contramão do mundo desenvolvido”. É exatamente o que pensa a oposição, embora faça a mesma crítica pelo motivo oposto. Dilma está sozinha, no olho do furacão.

Aliás, Dilma não está sozinha: sozinha estaria melhor. Tem a seu lado Aloízio Mercadante, Pepe Vargas, Miguel Rosseto, mais aquele senhor generoso que arranjou crédito subsidiado, dos bons, para Val Marchiori. E não foi este colunista, nem o caro leitor, que nomeou e mantém José Eduardo Cardozo no Ministério da Justiça. Quem gosta de sapato apertado não pode queixar-se dos calos.

Dilma tem a força política dos recém-eleitos. Mas é preciso lembrar que Collor não caiu por seus (inúmeros, e graves) defeitos. 

Caiu por estar sozinho.

A crise que nos rodeia

Este colunista não é pessimista nem otimista: é jornalista. Considera-se realista. Se todos os setores políticos se afastam de quem tem ainda quatro anos de mandato e dispõe de mais de cem mil cargos sem concurso para preencher como quiser, algum motivo têm.

No Brasil, já houve quem visse onça confraternizar com leitão, mas esta deve ser a primeira vez em que alguém vê o PMDB se afastar de quem tem nomeações a oferecer. E a crise continua: fora as denúncias contra políticos acusados de envolvimento no Petrolão, que vêm sendo adiadas há meses, há as demissões – tanto as causadas pela paralisia econômica quanto as promovidas pelas empresas acusadas no caso.

Há ainda o fantasma do HSBC, em que oito mil brasileiros foram identificados como proprietários de algo como 8,5 bilhões de dólares — alguns, legalmente; outros, não. A lista completa está em poder de um repórter brasileiro, que não a divulga por não conseguir distinguir os legais dos ilegais. Mas na hora em que conseguir separá-los, quem estará lá?

Custe o que custar

Esta será uma semana difícil para a presidente. O PMDB quer votar a proposta de emenda constitucional que eleva de 70 para 75 anos a idade máxima de aposentadoria para o ministro do Supremo (PEC da Bengala), o que impedirá Dilma de nomear cinco futuros ministros.

Discute-se o veto à correção plena da isenção de Imposto de Renda para assalariados (Dilma gostaria de corrigir a isenção abaixo da inflação, para aumentar a receita do Governo). São derrotas possíveis – e boa parte dos deputados pendulares já avalia o valor de seu voto.

DILMA ROUSSEFF, CORAÇÃO VALENTE??!!

POR ALBERTO GOLDMANN, (no DIÁRIO DO pODER)

A jovem Dilma Rousseff, ideologicamente socialista desde a juventude, após o golpe militar de 1964 passou a se opor à ditadura militar implantada e, como muitos jovens na época, ingressou na luta armada como caminho para a derrubada do regime. Tornou- se membro da COLINA, Comando de Libertação Nacional e posteriormente do VAR-Palmares, Vanguarda Armada Revolucionária Palmares, organizações que se formaram para combater a ditadura. Passou quase três anos presa (1970–1972) e foi torturada pelos militares da Operação Bandeirante (OBAN). Após a queda da ditadura passou a fazer parte do PDT, tendo atuado no governo gaúcho como Secretario de Estado. De uma forma ou de outra, ainda que eu sempre tenha rejeitado a opção da luta armada para derrubar o regime ditatorial, estivemos lado a lado.

Pela sua formação política e por sua conduta em toda a sua história ninguém poderia acusá-la de qualquer interesse pessoal em sua vida pública. Nem antes, nem depois quando passou a exercer as funções de Ministro do Governo Lula e nem agora no exercício da Presidência da República.

Vamos dar um salto no tempo e chegar aos dias de hoje. Todos acompanharam o que se passou nesses últimos doze anos, onde ela, Dilma, teve um papel central, primeiro no governo Lula e agora como a maior mandatária do país. Esses anos estão agora sendo desvendados, para nossa surpresa, como um filme de horror que se apresenta aos olhos da população. O grau de apodrecimento a que chegaram os governos petistas nesse período é algo que ultrapassa o que poderíamos imaginar. Nem eu, que convivi nas últimas décadas com tudo isso, poderia pensar que um dia veria tamanha podridão.

Não sei se ela sabia de tudo que se passava. Tudo, não, mas de uma parte, certamente, ainda que não fosse o personagem principal desse imenso mar de lama. Beneficiária sim, o foi, como presidente eleita, e agora enfrenta uma crise que talvez o país não tenha passado em toda a sua História.

Não se poderia esperar dela uma atitude muito corajosa, um coração valente, que expusesse de forma crítica e autocrítica o período passado. Afinal ela conheceu e acompanhou tudo aquilo que se passou, ainda que pudesse não saber de tudo que se articulava. Mas poder-se-ia esperar que não tivesse uma atitude tão covarde como a exposta nos últimos dias de acusar o governo FHC como o responsável pelo que estamos assistindo.

Ela disse que “se em 1996 ou 1997 tivessem investigado e, naquele momento, punido, nós não teríamos o caso desse funcionário da Petrobras ( o gerente Pedro Barusco ) que ficou quase 20 anos atuando em esquema de corrupção.” Como se tudo que se constata hoje tivesse algo a ver com um funcionário da empresa que ganhou uma propina naquele período. Como se naquele período, ou mesmo em algum anterior, tivesse sido montada uma operação tão audaciosa e criminosa, articulando os diretores por ela e Lula indicados, empresários fornecedores da Petrobras e dirigentes políticos dos partidos da base governista. Por doze anos, sob as vista dela e de seu mentor.

Falsidade, enganação, escapismo, conivência. Sua ousadia não expressa a coragem, um coração valente. Expressa a covardia, a busca de responsáveis há mais de 12 anos, para diluir as suas responsabilidades mesmo tendo sido ela essa figura proeminente do governo todo esse tempo.

Perdeu todo o respeito.

O título desse post deveria ser atualizado: Dilma Rousseff, alma pequena, caráter covarde. Uma pena. Uma história bonita jogada no maior mar de lama que o Brasil já viu.

(por Alberto Goldmann)

 

REINALDO AZEVEDO: 

Entrevista de Dilma foi “um desastre”, resume petista: “Antes tivesse continuado em silêncio”

“Um desastre.” Assim um petista graúdo resumiu, no começo da madrugada desta segunda, em conversa com este blog, o efeito da rápida entrevista concedida pela presidente Dilma Rousseff na sexta-feira. “Ah, então você fala com petistas?” Com alguns, sim. “Cite os nomes!” Não! Eles não querem. É proibido falar comigo. Mas Rui Falcão, por exemplo, saberá que é verdade, hehe.

“Antes tivesse continuado em silêncio”, diz o interlocutor. Ele também não gosta do governo FHC, é claro!, mas considerou uma tolice a presidente resolver atacar a gestão tucana a esta altura do campeonato. O petista mede o resultado pelas redes sociais: “Fomos massacrados”. Expus a ele a teoria da minha mulher sobre o preço do quilo do músculo. Esquerdista que ainda leu alguns clássicos — no PT, quase não há mais gente assim —, ele diz que a minha senhora “é um gênio”. E emenda: “É isso mesmo! Quando as pessoas estão satisfeitas, tudo perde importância. Mas o momento é difícil”.

Meu interlocutor também achou que Dilma se atrapalhou ao se referir às empreiteiras: “Ficou parecendo que ela está querendo proteger empresas corruptas; sei que não é isso e também acho que o país não pode parar, mas as coisas não podem ser ditas daquela maneira”.

Pergunto a ele se as reuniões de José Eduardo Cardozo com advogados de empreiteiras não tornam tudo pior. Ele dá uma resposta que muitos julgariam pragmática. Vocês avaliem: “Ou se reúne sem ninguém ficar sabendo ou não se reúne. Do jeito como fizeram, foi coisa de amadores”. É… O PT é um partido que requer a ação de profissionais…

Uma coisa é certa: o fim de semana foi dedicado à malhação de Dilma em razão daquela entrevista, e nem as milícias eletrônicas treinadas pelo partido conseguiram enfrentar a avalanche de ironia, sarcasmo, crítica e desprezo de que foram alvos a presidente, o partido e suas desculpas.

Parece que João Santana, considerado um mago na interpretação da vontade popular, não entendeu direito o que está em curso. O repúdio ao governo é crescente.

E o músculo já custa R$ 23 o quilo!

Por Reinaldo Azevedo

 

VENEZUELA – “Taca-le pau”, Cunha! Dilma tem de saber qual é o seu lugar na democracia

Se Arlindo Chinaglia (PT-SP) fosse presidente da Câmara, é certo que não teria criticado o governo Dilma por seu comportamento pusilânime no caso do sequestro e prisão do prefeito da Grande Caracas, Antonio Ledezma, ocorridos na quinta-feira, sob as ordens do tirano Nicolás Maduro. Mas Chinaglia, felizmente então, não preside a Casa. Eduardo Cunha (PMDB-RJ) sim. E ele protestou.

Em sua conta no Twitter, escreveu neste domingo:
“Não dá para os países democráticos assistirem isso de braços cruzados, como se fosse normal prender oposicionista, ainda mais detentor de  mandato”. E indagou: “Até quando o Brasil ficará calado sem reagir a isso?”.

O PSDB também emitiu uma nota na sexta (íntegra https://www.psdb.org.br/psdb-repudia-escalada-antidemocratica-regime-maduro-na-venezuela/) . Lá se lê:
“É com indignação e crescente preocupação que assistimos à escalada de violência praticada pelo governo da Venezuela contra aqueles que divergem democraticamente do regime do presidente Nicolás Maduro.

Sob pretextos vagos, opositores têm sido detidos ou mesmo sequestrados, como aconteceu ontem com o prefeito da área metropolitana de Caracas, Antonio Ledezma – preso mediante coação e sem qualquer ordem judicial. Abusos já vitimaram antes Leopoldo López e a deputada María Corina Machado.”

A nota tucana também chama o governo do Brasil à responsabilidade: “Consideramos inconcebível que um país-membro do Mercosul continue a desrespeitar as cláusulas democráticas que regem o bloco sem que os demais integrantes, como é o caso do Brasil, nem sequer se pronunciem a respeito.

O Partido da Social Democracia Brasileira manifesta sua solidariedade aos venezuelanos perseguidos pelo governo de Nicolás Maduro, repudia o ataque perpetrado às liberdades civis e políticas e cobra do governo do Brasil a imediata condenação às atitudes antidemocráticas cometidas pelo regime bolivariano.”

O caminho é esse. Cunha, eu já disse aqui, não é a personagem dos sonhos dos ditos “progressistas” no Brasil… É claro que há algo de estranho e profundamente errado quando ditos “progressistas” apoiam uma ditadura ou silenciam diante dela.

“Taca-le pau”, Cunha!
“Taca-le pau”, oposição!

Por Reinaldo Azevedo

 

Deputados de esquerda vão à praça contra Cunha e reúnem… 200 pessoas. Sobre a tirania na Venezuela, não deram um pio!

Por falar em Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara (ver post anterior), não deixou der ser curioso ler detalhes de uma manifestação de “ativistas” — o antônimo deve ser “passivistas” — contra o presidente de Câmara e sua dita “pauta conservadora”. Compareceram ao ato cerca de 200 pessoas!!! Os convidados de honra eram os deputados federais Érica Kokay (PT-DF), Jean Wyllys (PSOL-RJ) e Ivan Valente (PSOL-SP). Huuummm… O mestre de cerimônias foi o cartunista Laerte, não sei se no papel de homem ou de mulher. A sua versão feminina chama Sônia e tem cara de professora socialista da Anpocs (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais) ou, sei lá, de pensadora da escola estética de Marilena Chaui…

Segundo leio, a salada russa teórica deu o tom do encontro. Os “ativistas” se opõem, por exemplo, a uma proposta do deputado que cria o “Dia do Orgulho Heterossexual”. Também acho uma besteira. No mesmo saco de gastos pardos, no entanto, criticam o “Estatuto do Nascituro”. Nesse caso, já se muda radicalmente de tema, pois estamos falando é de aborto. Mas nem entro nesse mérito agora. Já escrevi a respeito.

O que realmente foi encantador foi ver essa fração do esquerdismo esconjurando Cunha para 200 gatos-pingados, dois dias depois de a Venezuela ter sequestrado e mandado para o cárcere um opositor da ditadura. Nenhum dos bacanas presentes soltou um pio a respeito. Afinal, são todos simpatizantes da tirania bolivariana.

No da seguinte, quem protestou contra a prisão de Antonio Ledezma foi justamente Eduardo Cunha…

Que coisa, né? No regime que Eduardo Cunha defende, esquerdistas como Wyllys, Kokay e Valente podem se reunir e protestar. No regime que Wyllys, Kokay e Valente defendem, quem contesta vai para a cadeia. Mas esses patriotas estão certos de que são os progressistas, e de que o presidente da Câmara é que é o reacionário.

Por Reinaldo Azevedo

 

Valentina de Botas: Para os seguidores da ideologia que mata para viver, todo opositor que se opõe é golpista

VALENTINA DE BOTAS

Em cima do guarda-chuva tem a chuva à espera da manhã tão bonita em que o Brasil estará livre de tantos canalhas, enquanto eles jamais se livrarão de si mesmos, presos entre a consciência do que são e a farsa como se impõem ao país. Não sei se haverá impeachment ou se a súcia será derrotada nas urnas. Só sei que virá a tão demorada aurora como um céu atrás do arranha-céu. E os vigaristas que a adiaram, ainda que se livrem da cadeia, não escapam da própria mentalidade miserável, cela estreita que só abre por fora.

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