Dilma, Lula e Santana se encontram para a troca de ideias que não têm...

Publicado em 17/02/2015 07:01
por Augusto Nunes e Ricardo Setti, de veja.com

Dilma, Lula e Santana se encontram para a troca de ideias que não têm. Deveriam estar à procura dos álibis que não há

Trinca de pecadores: a sucessora que se imagina Filha do Mestre, o marqueteiro que se considera porta-voz do Espírito Santo e o farsante que se promoveu a messias

 

A economia está fazendo água — e, desde o tempo das cavernas, é quando ela bate na linha da cintura que o homem começa a nadar. O pibinho vai descendo a níveis siberianos, a inflação mesmo maquiada rompe a fronteira dos 7%, o dragão domesticado pelo Plano Real soluça nas cercanias dos dois dígitos. O rombo nas contas públicas é de assustar esquerdista grego, os juros sobrevoam a estratosfera, o desemprego cresce, a alta do dólar escancara a desconfiança mundial no Brasil.

O que Dilma faz para escapar do afogamento nessas cataratas de trapalhadas e más notícias? Procura afinar-se com Joaquim Levy? Esforça-se para aprender alguma coisa com o ministro da Fazenda fustigado pela idiotia do PT, pela ganância da base alugada, por “movimentos sociais” atolados no século 19, pela sede dos ministros que bebem verbas? Nada disso.

A supergerente de araque limita-se a pedir conselhos a Lula e encomendar ideias a João Santana.

O edifício lulopetista  está sitiado por rachaduras internas e fraturas expostas nos alicerces. A bancada fiel a Dilma na Câmara é insuficiente para eleger um vereador de grotão. No Senado, os contratos com o grupo de Renan Calheiros são tão confiáveis quanto os prazos do PAC. A geleia geral que os colunistas estatizados qualificam de “núcleo duro”do segundo mandato é outra reedição piorada dos Três Patetas.

Depois de ter montado o pior ministério da história, a doutora em nada faz o que pode para tornar ainda mais medonho o segundo escalão. As crias da Era da Mediocridade são incapazes de caminhar e mascar chiclete ao mesmo tempo. Nenhum interlocutor que tenha algo de útil a dizer tem tempo a perder com a mulher que fala dilmês. Não há sinais de vida inteligente no Palácio do Planalto. Diante disso, o que faz o neurônio solitário?

Encomenda ideias ao padrinho e pede conselhos ao marqueteiro do reino.

A pesquisa do Datafolha reafirmou a trágica contemporaneidade da lição ministrada por Mário de Andrade, há quase 90 anos, pela boca do personagem Macunaíma: “Muita saúva e pouca saúde os males do Brasil são”. Para os entrevistados, o segundo maior problema do país é a corrupção amamentada pelo Planalto. O ranking dos tormentos nacionais continua liderado pelo sistema de saúde que Lula, cliente VIP do Sírio Libanês, qualificou de “perto da perfeição”.

Perto da perfeição chegaram, isto sim, as saúvas de estimação cevadas desde o dia da posse pelo chefe-supremo de todas as bandalheiras. Os liberticidas larápios perderam a compostura em Santo André, perderam o juízo no Mensalão, perderam a vergonha no Petrolão. Em parceria com Dilma, Lula transformou o Brasil Maravilha num viveiro de quadrilhas impunes. Todas roubaram muito. Nenhuma roubou tanto quanto a desbaratada pela Operação Lava Jato, devassada por procuradores federais e exemplarmente enquadrada pelo juíz Sérgio Moro.

O roteiro reescrito pelas investigações está chegando ao climax. José Dirceu (codinome Bob) e Antônio Palocci, por exemplo, acabam de entrar em cena. É iminente a subida ao palco do astro principal. Se não fosse tão indigente o material aproveitável na cabeça baldia de Lula, se Dilma ao menos suspeitasse da própria mediocridade, se Santana conhecesse o limite da bandalheira, os três estariam cruzando madrugadas insones desde a publicação da pesquisa.

O Datafolha traduziu em algarismos e índices o retrato dramaticamente revelador esboçado pelas urnas de outubro. A presidente se reelegeu a bordo das tapeações de mágicos de picadeiro, nas falácias dos coronéis com topete implantado, nas vigarices e violências colecionadas pelas diversas ramificações que compõem o Grande Clube dos Cafajestes no Poder. Em pouco mais de um mês, o coro dos contentes ficou afônico, os truques deixaram de funcionar, a taxa de popularidade de Dilma foi devastada pelo raquitismo irreversível.

A rainha de João Santana está nua. Dilma é considerada falsa por 47% dos brasileiros, desonesta por 54% e indecisa por 50%. Para 52%, a presidente sabia da corrupção na Petrobras e deixou que ela ocorresse. Confrontada com tantas estatísticas pressagas, o que faz a chefe de governo? Tenta tomar distância dos delinquentes irrecuperáveis? Esquece no guarda-roupa as fantasias esfarrapadas?

Nada disso. Chama para encontros a sós os comparsas de sempre e gasta horas em sussurros com equilibristas manuetas, contadores de lorotas sem vagas sequer em mesa de botequim, vigaristas incapazes de renovar o estoque de embustes. O Brasil está mudando. Os velhacos só ficaram mais velhos. Lula segue recitando declarações de guerra à misteriosa entidade que batizou de “eles”. Dilma vislumbra imperialistas americanos por trás da ladroagem na Petrobras. João Santana delira (e enriquece) fundando pátrias educadoras.

Nenhuma farsa dura para sempre. Em parceria, Lula e Dilma enganaram milhões de paspalhos com o país autossuficiente em petróleo que importa um oceano de barris por ano, com as colossais jazidas do pré-sal que continuam nos abismos do Atlântico, com a nação que apesar da erradicação dos miseráveis tem andrajos hasteados em todas as esquinas, fora o resto. A terra dos abúlicos está farta de tanto cinismo.

O palanque ambulante está desgovernado. Dilma é só um poste instalado no Planalto para fazer o que o mestre mandar. Os mais de 51 milhões de brasileiros que votaram contra o PT riscaram um ponto de não-retorno. Dilma já completou seis semanas de mudez (e já faz alguns anos que não diz coisa com coisa). Lula posa de campeão das urnas sem jamais ter vencido uma eleição majoritária no primeiro turno.

Desde aquela vaia que estrugiu no Maracanã na abertura do Pan-2007, o único líder de massas que tem pavor de multidão só se apresenta para plateias amestradas. Se a candidatura prometida para 2018 for para valer, vai descobrir um país sem parentesco com o inventado pelo recordista mundial de bravata & bazófia. Durante a campanha, por exemplo, os entrevistadores já não poupam espertalhões. O que dirá sobre o Caso Rose? E sobre o Petrolão? Se balbuciar que nada viu e nada sabe, será desmoralizado pela gargalhada nacional.

Dilma, Lula e Santana não deveriam continua perdendo tempo com essas trocas de ideias que não têm. A trindade nada santa faria um favor a si própria se saísse à caça de álibis que até agora não há.

(por Augusto Nunes)

 

Opinião

Oliver: O poder público é uma festa e é você quem paga a conta

VLADY OLIVER

Ser decente, neste país, é sinônimo de ser otário. O poder público é um lixo. Joga nas costas do cidadão de bem as políticas públicas que não é capaz de implementar, porque está muito ocupado nos roubando. Os exemplos abundam por ai. Coleta seletiva? Fácil. Obriga o cara a “ser consciente” e separar sua latinha, sua garrafinha e seu papelzinho de dejetos que a gente mistura tudo de novo num caminhãozinho único de coleta e depois paga alguém para separar tudo de novo. Economia de água? Faz o cara se urinar todo no banho para economizar uma descarga da privada. E paga para uma ONG picareta fazer um filminho caríssimo de animação dessa ideia estúpida.

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Valentina de Botas: Ducor non duco

VALENTINA DE BOTAS

Ducor non duco. Felizes eram os romanos, aqueles imperialistas, que falavam uma língua tão classuda que dispensava a vírgula. Que em latim era vírgula mesmo, e que significa varinha – pra tocar as palavras, como quem tange gado. Mas com gente é diferente. Tem gente que precisa é da varona. Por favor, sem segundas intenções que, mesmo sendo muitas vezes melhores do que as primeiras, esta aqui é uma coluna de família. De mais a mais, já basta o Oliver falando palavrões na frente do próprio filho.

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Fernando Gabeira: ‘Os suspeitos de sempre’

Publicado no Estadão
 
FERNANDO GABEIRA

Escolheram mais um suspeito de sempre. Essa frase, de um jornalista americano, sobre o novo presidente da Petrobras é precisa.

Certamente não se referia à trajetória pessoal de Aldemir Bendine. Ele ignora que o banqueiro guarda dinheiro no colchão ou que fez um empréstimo generoso à socialite Valdirene Aparecida Marchiori. Creio que queria apenas dizer que o governo arruinou a Petrobraas e dificilmente encontrará alguém, dentro dos seus quadros, capaz de reconstruí-la.

Era preciso um novo presidente com capacidade e autonomia. Se alguém com talento conseguisse sobreviver no governo, decerto seria alvejado pelos atiradores do PT ao revelar alguns vestígios de autonomia.

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Estatuto da Criança e do Adolescente não recupera menores infratores e nem protege a sociedade

 

Menores infratores: órgãos públicos não cumprem suas obrigações e o Estatuto não funciona (Foto: folhadecampinas.com.br)

Editorial publicado pelo jornal O Globo

O Estado do Rio apreende a cada 60 minutos uma criança ou adolescente por infração criminal.

Ano passado, o número de jovens infratores levados ao Ministério Público ou ao Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Novo Degase), quase 8,4 mil, triplicou em relação a 2010. Levantamento do Novo Degase mostra que a ligação com o tráfico de drogas é responsável por 41% desses recolhimentos; a prática de roubos e furtos, por outros 41%.

Com variações de indicadores e de perfil das infrações, essa é uma realidade que, seguramente, se repete em outros estados.

Em si, são dados assustadores. E eles se agravam ainda mais num país em que vigora uma legislação promulgada com objetivos distintos do que a realidade revela.

Na verdade, está no próprio escopo do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) o conjunto de regras que estabelece as relações do Estado e da sociedade com os menores de idade, uma chave, das mais emblemáticas, para desvendar a razão de a curva que registra o envolvimento dos jovens com o crime permanecer em alta exponencial.

Em vigor desde meados de 1990, o ECA foi legado ao país com o ambicioso propósito de ser um instrumento para a proteção integral de crianças e adolescentes. Mas, quase 25 anos depois de criada, a lei revelou-se incapaz de fazer o poder público cumprir obrigações no resguardo de jovens infratores.

E, pelo excesso de paternalismo, tornou-se anteparo para um cada vez maior número de menores de idade que se bandeiam em direção ao crime.

A inócua garantia de proteção e recuperação de menores infratores se reflete no tamanho da leniência do poder público. O artigo 88 do ECA garante a integração operacional de órgãos do Judiciário, do MP, da Defensoria Pública e da Segurança em centros que agilizem o atendimento inicial ao infrator, passo imprescindível para a reinserção social.

Pelo menos no Rio, um quarto de século não foi tempo suficiente para que esse organismo de um mundo ideal saísse do papel.

Já a liberalidade do ECA se mede pelas preocupantes estatísticas de apreensões. O Estatuto é pródigo em listar direitos de menores de idade, mas parco em lhes cobrar responsabilidades. Em razão disso, é cada vez maior o número de jovens menores de 18 anos — mas em idade suficiente para ter consciência de seus atos — que, envolvidos em crimes violentos, ficam inalcançáveis pela Justiça.

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Para relançar a indústria naval no Brasil, o governo petista investiu em uma empresa que hoje está quase falida

Sondas: inicialmente, seriam 28, mas agora as obras de dezessete delas estão paradas (Foto: Fabio Rossi/Agência O Globo)

O NAUFRÁGIO DE UM SONHO

Fruto do ideário petista de usar o pré-sal para refundar a indústria naval brasileira, a Sete Brasil agora luta para sobreviver e não ser arrastada para o lamaçal do petrolão

Reportagem de Malu Gaspar publicada em edição impressa de VEJA

Reside em um edifício comercial de janelas espelhadas com vista para Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, um dos mais vistosos símbolos do delírio petrolífero petista. É ali que funciona a Sete Brasil, empresa formada por bancos privados, por fundos de pensão e pela própria Petrobras para administrar as sondas de exploração do pré-sal.

No passado não muito distante, a nova fronteira exploratória era considerada tão promissora que os dirigentes da estatal só a chamavam de “bilhete premiado”. Os ventos pareciam tão favoráveis que a Petrobras fez uma encomenda recorde à Sete – eram 28 sondas por 89 bilhões de dólares – com a exigência de que fossem construídos no Brasil pelo menos 55% decada uma delas.

Essa imposição enquadrava-se na política do conteúdo nacional, fincada na ideia de que valia a pena pagar mais caro pelos equipamentos e dar contratos a estaleiros que ainda nem existiam para fazer a indústria nacional deslanchar.

Tudo isso foi dimensionado na era pré-petrolão, quando o dinheiro afluía aos bilhões para o projeto petista. Só que o curso da história mudou, e a Sete agora está à míngua, com risco até de quebrar. Os recursos secaram e ninguém mais quer emprestar dinheiro a uma empresa no radar dos escândalos.

As empreiteiras donas dos estaleiros estão no epicentro da Operação Lava-Jato. Seu interlocutor na Sete era ninguém menos do que Pedro Barusco, homem-chave no propinoduto.

PRÓXIMO ALVO — O ex-presidente da Sete João Carlos Ferraz tinha contado estreito com Lula e com o ex-deputado André Vargas: na empresa, o interlocutor das empreiteiras era Barusco, homem-chave do esquema (Foto: Leo Pinheiro/Valor)

Nos bastidores, os acionistas privados da Sete, entre eles os bancos BTG, Bradesco e Santander, travam uma guerra com a Petrobras, que até a semana passada resistia a assinar um documento que pode dar sobrevida à empresa. Trata-se de uma ratificação das condições do acordo firmado entre a estatal e a Sete Brasil em sua origem, no fim de 2011. Esse aceno é pré-requisito para que se destrave no BNDES um empréstimo de 8 bilhões de reais que fará a Sete respirar.

Só que a Petrobras, mergulhada na pior crise de sua história, teme dar andamento a um negócio de custos elevados, tocado por empreiteiras para lá de submersas na lama da corrupção.» Clique para continuar lendo e deixe seu comentário

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Fonte: Blog Augusto Nunes (VEJA)

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