A camiseta de Lula com os Irmãos Metralha é falsa. Mas o termo “petralha” é mais verdadeiro do que nunca...

Publicado em 10/02/2015 15:21
por Reinaldo Azevedo, de veja.com

A camiseta de Lula com os Irmãos Metralha é falsa. Mas o termo “petralha” é mais verdadeiro do que nunca

Caros, leitores aos montes me enviam esta imagem, em que um Lula dos fim dos anos 70 aparece com os Irmãos Metralha na camiseta. Como criei o termo “petralha”, que funde “petista” com “metralha”, acreditam que estamos diante de um achado.

Pois é. Seria coincidência demais para ser verdade. Ocorre que a imagem acima é uma montagem. A original é esta aqui, ó.

A personagem que está na camiseta do “companheiro” é “João Ferrador”, uma personagem criada pelo jornal “Tribuna Metalúrgica”, em 1972, no então Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, para simbolizar as reivindicações dos trabalhadores.

Em 1972, Lula era primeiro-secretário do sindicato e integrava o grupo que não queria papo com a esquerda. Os comunistas acusavam a patota à qual ele pertencia de ligações com o SNI (Serviço Nacional de Informações).

Lula só se tornou presidente da entidade em 1975. E, reitero, sem querer papo com os comunas. Ainda em 1979, numa entrevista à revista Playboy, ele esculhambou os estudantes de esquerda que se metiam com os sindicalistas — eu, por exemplo (risos). Já naquele tempo, eu não ia com a cara dele… Aliás, nessa entrevista de 1979, ele disse as figuras políticas que ele admirava: Hitler, Aiatolá Khomeini, Mao Tse-tung, Fidel Castro… Revela ainda sua iniciação sexual com os bichos e diz que “pegava” as viúvas dos companheiros que iam resolver suas pendências previdenciárias no sindicato. O sujeito só sobreviveu politicamente porque e uma criação da imprensa — que hoje ele adoraria censurar.

Mas volto ao ponto. Quando Lula se aproxima da esquerda — especialmente da esquerda católica —, o João Ferrador deixa de ser apenas o símbolo da reivindicação trabalhista e passa a assumir um sotaque também político. Na camiseta de Lula, o balãozinho diz o seguinte: “Hoje eu não tou bom”. A foto é de 1982. Nesse tempo, ele já era o chefão do PT e continuava a liderar greves. Já começava a mistura insana de carne com leite. E o resto é história.

Nota para encerrar. Há, além da história, a sociologia. No fim da década de 70, um sindicalista barbudo jamais andaria com uma personagem de Walt Disney na camiseta. Além de não pertencer à cultura média operária, não seria considerado, digamos, “macho” o bastante.

Tudo esclarecido?

Por Reinaldo Azevedo

 

Miriam Aparecida na CEF. A boa e a má notícia…

 

Conheço Miriam Aparecida Belchior desde o início da década de 80, quando eu, ela e Celso Daniel éramos militantes do mesmo núcleo do PT — o “Núcleo do Centro”, em Santo André. Tenho cá minhas dúvidas se ela sabe direito a diferença entre nota fiscal e duplicata. Não é burra, não. Tem formação intelectual, mas não é, digamos, do ramo bancário.

E vai presidir a Caixa Econômica Federal por quê? Porque é petista e fiel a Dilma, embora seja oriunda do campo lulista (nas priscas eras….). Mais uma vez, o comando de uma instituição bancária essencial fica sob o controle político, não técnico.

Quer uma boa notícia, leitor amigo? Com Miriam lá, a chance de os petistas de Lula tomarem conta do banco cai um pouco. Quer uma má notícia? Quem cuidará do assunto serão os petistas de Dilma. Se eu estiver com uma faca do Estado Islâmico no pescoço e tiver de escolher um dos dois grupos, escolho o de Dilma. Logo, não seria uma escolha…

Dilma já demonstrou o interesse em abrir o capital da Caixa. Espero que o faça. O outro nome disso é “privatização” de uma parte das ações do governo. Quanto mais mercado houver no banco oficial, melhor. Se ficar claro que uma das missões de Miriam é essa — mesmo não sabendo a diferença entre nota fiscal e duplicata —, o mercado reagirá bem.

Por Reinaldo Azevedo

 

Caminhe, Dilma, sorrindo para o abismo! Agora, consta, ela vai pedir socorro a Lula, que solapa a sua credibilidade. Meu conselho é que rompa com o PT

Pois é… Eu já estava aqui a esfregar os dedos para escrever um texto em que apontaria um caminho para a presidente Dilma. No programa Os Pingos nos Is, que ancoro na Jovem Pan — entre 18h e 19h —, até brinquei com aquela musiquinha de Leandro e Leonardo: “Dilma, liga pra mim, não liga pra ele”. Eu me referia precisamente a Lula. Hoje, ele é uma das peças que, nos bastidores, concorrem para solapar a credibilidade da presidente. Não custa lembrar: ele já autorizou que seu nome seja lançado para a disputa presidencial de 2018. Isso transforma Dilma, como afirmei ontem na VEJA.com (ver vídeo abaixo), numa pata manca.

E qual era a minha sugestão para Dilma, dado o desastre de opinião pública que já é o seu governo, sempre lembrando que há motivos para crer que a crise que ela enfrenta está só no começo e na sua fase mais amena? Simples: que ela pedisse a desfiliação do PT e se declarasse uma sem-partido. De tal sorte a crise que se avizinha é grave que a suprema mandatária, com os poderes quase imperiais de que dispõe um presidente no Brasil, deveria dizer, como Cazuza: “O meu partido, agora, é um coração partido”. E tentaria estabelecer uma agenda mínima para o país. Hoje, o PT é um armário muito difícil de carregar, com aquela pilha gigantesca de esqueletos. E muito mais coisa pode vir — e virá — por aí.

É inútil fazer de conta que Dilma está imune a uma denúncia por crime de responsabilidade. Sabem o que vai determinar a viabilidade disso? O tamanho e o ritmo da crise. Em vez de participar de convescotes petistas, em companhia de João Vaccari Neto, ela deveria se guardar. Deveria assumir o lugar que cabe aos magistrados em momentos como esse. Até aqui, as elites políticas do país, gostem dela ou não, podem até considerá-la omissa “no que se refere”, como ela diria, ao submundo petista. Mas poucos a veem como desonesta. A percepção do povo brasileiro, no entanto, começa a ser outra: 47% dos que responderam a pesquisa Datafolha lhe pespegaram essa pecha também.

Muito bem! Dilma deveria, então, se afastar de Lula e da marquetagem vigarista que garantiu a sua reeleição. Ninguém mais suporta aqueles truques. Está na cara que eles eram mentirosos. Desta feita, não terá farrinha de consumo para mitigar a roubalheira. Mas Dilma, a estar certa reportagem da Folha, vai fazer justamente o contrário: segundo informam Natuza Nery e Mariana Haubert, ela decidiu pedir socorro a Lula e ao marqueteiro João Santana.

Os lulistas espalham a lorota de que parte das dificuldades enfrentadas pela soberana se deve ao fato de que ela e Lula andam meio afastados, o que estaria deixando o Babalorixá de Banânia irritado. Sabem como é… O homem acredita que dar um truque no povo brasileiro é fácil. Ele vem fazendo isso há muitos anos, com sucesso. Vejam o esquema vigente na Petrobras, envolvendo empreiteiras — e por que seria diferente nos demais setores do governo? Tudo isso estava em curso enquanto Lula discursava contra as elites, contra o capital, contra o empresariado, contra os ricos… Se há pessoa “nestepaiz” que nunca perdeu nem poder nem dinheiro apostando na ignorância e na credice alheias, essa pessoa é Luiz Inácio Lula da Silva.

Dilma sabe que é refém daquela máquina e ensaiou alguns passos de independência. Parece que se julga fraca para enfrentá-la e decide, agora, se render. Lula lançou a sua candidatura para 2018 porque quer assustar Dilma e tomar de volta o governo já em 2015, no berro.

Se Dilma ligasse pra mim, ela dava a volta por cima; declarava a sua independência; enfrentaria a máquina; passaria por turbulências, mas teria alguma chance de ver robustecer a sua biografia. A se confirmar a notícia da Folha — e ela me parece, em princípio, verossímil —, a presidente vai se conformar com o papel de boneco de mamulengo. Eis o PT: essa gente não dá a menor bola para o país. Hoje, a companheirada está empenhada em garantir o poder da máquina e resolveu engolfar a presidente em sua sanha.

Por Reinaldo Azevedo

 

NOBLAT: “O confisco da verdade” — e a incrível cara de pau de Lula

O nariz crescendo, à Pinocchio, símbolo universal da mentira (Ilustração: slate.com)

O CONFISCO DA VERDADE

Por Ricardo Noblat, publicado em seu blog no site de O Globo

Quem disse: “[A recente campanha eleitoral foi] a mais suja. Aquela em que nossos adversários utilizaram as piores armas para tentar nos derrotar. Tentaram fraudar a vontade política da maioria, usando todos os seus recursos de comunicação para manipular, distorcer e falsear”?

Aécio Neves? Fernando Henrique Cardoso? Dilma? Lula?

Claro, Lula, no aniversário de 35 anos do PT. Quem mais ousaria tanto?

A metamorfose ambulante, como um dia Lula se apresentou, teve a cara de pau de dizer mais. Do tipo:

- O PT nasceu para ser diferente. A verdade é que foi o governo deles que tentou destruir a Petrobras. E foi o nosso governo que a resgatou, retomou os investimentos que levaram à descoberta do pré-sal e fizeram da Petrobras a maior produtora mundial de petróleo entre as empresas de capital aberto.

Sobre a corrupção na Petrobras, nem um pedido de desculpas.

Como a vingança veio a galope, Lula, Dilma e o PT foram obrigados a amargar, um dia depois de se reunirem em Belo Horizonte, os resultados da primeira pesquisa de opinião pública aplicada, este ano, pelo Datafolha.

Despencou a popularidade de Dilma reeleita pelo “partido que veio para repelir a mentira”, segundo Lula. Dilma alcançou a pior avaliação de um presidente desde 1999.

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Fogo amigo: já começou o impasse entre PT e Joaquim Levy

 

Senador petista Lindbergh Farias já quer o velho PT populista de volta. Fonte: GLOBO

Preocupado com a perda de apoio em sua própria base, como o movimento sindical, o PTpressiona o governo Dilma Rousseff a rever medidas do ajuste fiscal que avançaram sobre direitos trabalhistas e a direcioná-lo para camadas mais ricas da sociedade. Parlamentares petistas já apresentaram emendas nesse sentido às medidas provisórias (MPs), enviadas ao Congresso, que endureceram o acesso a seguro-desemprego, pensões por morte, abono salarial e auxílio-doença.

— O governo tem que redirecionar sua política em relação ao ajuste fiscal, tributar grandes fortunas. Não podemos brigar com nossas bases, estamos em conflito com a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e as centrais sindicais. Precisamos equilibrar para que os mais ricos paguem essa conta — disse o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).

Já estava até demorando para começar o “fogo amigo”. Joaquim Levy foi o economista mais sério que Dilma conseguiu trazer para seu governo, com o papel específico se colocar ordem na bagunça. Para os liberais, duas coisas chamam a atenção e incomodam: o fato de alguém respeitável aceitar se prestar ao papel de contribuir com um governo desses; e o fato de Levy focar no aumento de receitas tributárias como forma de resolver o rombo fiscal.

Mas era claro que suas medidas iriam incomodar ainda mais a própria base do PT. Afinal, não querem soluções para os desajustes fiscais, que causaram com sua demagogia e populismo. Preferem sempre focar na retórica, no discurso de oprimidos contra opressores. Querem insistir na demagogia. Por isso o senador petista Lindbergh Farias fala em resgatar a proposta antiga de tributar grandes fortunas ou taxar mais ainda a propriedade dos mais ricos.

Ou seja, vende a ideia falsa para os mais pobres de que é possível consertar a zona na área fiscal apenas tirando dos “ricos”, sendo que tais medidas sequer arranhariam a superfície do problema, sem falar que poderiam agravá-lo. Afinal de contas, taxar os mais ricos nunca foi boa estratégia para ajudar os mais pobres, e se os petistas tivessem apreço pela história ou pela boa teoria saberiam disso.

Quanto o governo conseguiria arrecadar a mais criando um super imposto sobre grandes fortunas? Muito pouco. Mas iria acelerar, com certeza, o fluxo migratório de brasileiros para o exterior, já em alta nos últimos anos. Lindbergh poderia ao menos perguntar ao socialista Hollande qual foi sua experiência na França, pois o imposto de até 75% sobre os ricos produziu apenas fuga de milionários para outros países.

Talvez Lindbergh não seja tão tolo assim e saiba disso, mas precise acalmar sua base de eleitores, aqueles ignorantes seduzidos por promessas populistas, ou seja, o típico eleitor do PT. Os líderes sindicais precisam justificar sua existência, normalmente prejudicial ao próprio trabalhador, com base nesse discurso de luta de classes, caso contrário sua inutilidade saltará aos olhos de todos. Já é conhecida por muitos, inclusive por eles próprios, pois se não fosse o caso aceitariam a adesão sindical estritamente voluntária, acabando com o nefasto “imposto sindical”.

CUT e PT sempre foram representantes do atraso no Brasil, da velha esquerda marxista, oportunista, retrógrada, anticapitalista. Sua mentalidade, presente no primeiro mandato de Dilma, trouxe o país até essa situação caótica. Um “fiscalista” ortodoxo teve de ser convocado para dar um jeito na bagunça fiscal. E agora os malandros não querem o sofrimento necessário pelo encontro com a realidade. Querem continuar vivendo uma ilusão, ainda que custe mais caro ainda para os trabalhadores depois.

Assim sempre foi o PT, a CUT, o MST e tutti quanti. O estranho no ninho é, sem dúvida, Joaquim Levy. Era óbvio que seria alvo do “fogo amigo”. E parece evidente também que a própria presidente Dilma não vai bancar por muito tempo suas medidas, uma vez que o populismo de esquerda está entranhado em seu ser dos pés ao pescoço e sua popularidade derrete feito gelo exposto no asfalto do verão carioca. Até quando Levy aguenta?

Rodrigo Constantino

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Fonte: Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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