Pratini renuncia ao conselho da JBS e A surpresa brasileira, segundo o Blackstone
Pratini, prata da casa, renuncia ao conselho da JBS
Marcus Vinicius Pratini de Moraes, o ex-ministro da Agricultura que emprestou seu prestígio e conexões à JBS, renunciou ao conselho de administração e comitê de auditoria da empresa, onde estava desde o IPO.
A renúncia foi aceita pelo conselho da JBS em sua reunião de 15 de dezembro.
Apesar da senioridade de Pratini e sua identificação com a empresa, a JBS não publicou a renúncia em seu site para investidores, nem como Fato Relevante nem como Comunicado ao Mercado.
Nos últimos anos, o nome Pratini de Moraes foi identificado com a trajetória da JBS em mais de uma forma. Sua filha Patricia ébanker no JP Morgan, o grande banco de relacionamento da JBS nos últimos anos, envolvido nas grandes aquisições da empresa.
Ex-presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC) e versado no comércio exterior, Pratini ajudou a JBS a executar seu ambicioso plano de internacionalização.
Um peso-pesado no agronegócio, Pratini foi ministro de três governos: da Indústria e do Comércio de 1970 a 1974; das Minas e Energia em 1992; e da Agricultura entre 1999 e 2003.
A renúncia se dá quando, por um lado, a JBS atravessa o melhor momento operacional de sua história e, por outro, quando a empresa enfrenta uma possível envolvimento com a Operação Lava Jato.
Por Geraldo Samor
A surpresa brasileira
Pelo menos um grande gestor internacional de fundos não está tão pessimista assim com o Brasil de 2015. E não é qualquer gestor, mas o americano Blackstone, um dos maiores do planeta.
Seu vice-presidente Byron R. Wien acaba de lançar sua tradicional lista de surpresas na economia mundial para o ano que entra, uma tradição de 29 anos. E o Brasil entra nele – e bem na foto.
Eis o que diz Wien:
- O Brasil proporciona uma surpresa favorável no mercado emergente. A presidente Dilma Rousseff abandona algumas de suas ideias socialistas de longa data e se move para o centro. Introduz uma série de políticas favoráveis aos negócios e a economia melhora . O Brasil é mais ajudado do que prejudicado pela queda do preço do petróleo e se torna o favorito dos investidores dos mercados emergentes mais uma vez.
Para Wien, uma “surpresa” é aquele acontecimento que o investidor médio prevê no máximo 30% de chance de se concretizar mas que ele avalia ser de mais de 50% essa possibilidade.
Por Lauro Jardim
Parece que dá bilhão sim, Ciro…
Muitos conhecem o meu “debate” com Ciro Gomes, ocorrido há mais de 6 anos, mas que ganhou maior visibilidade recentemente, em uma edição onde o socialista parece me trucidar, com direito a sonoplastia de tapas e tudo mais.
Entendo: a esquerda precisava desesperadamente de alguma coisa para atacar o “colunista da Veja”, e vibrou com o liberal aqui sendo “humilhado” por um dos seus. Ainda que seja um político que já detonou o PT e o governo Dilma, incluindo a própria “presidenta”. Virou moda entre os néscios repetir: “Esse texto é daquele cara que foi massacrado pelo Ciro Gomes?”
Já comentei sobre o assunto, lamentando a pobreza do debate em nosso país, que costuma confundir “vitória” com truculência, sem se importar com os argumentos e fatos. Já reconheci, também, que poderia ter me saído muito melhor, de fato, pois faltou experiência e traquejo de minha parte diante de uma cobra criada que apela para todo tipo de estratagema de erística para impedir o debate verdadeiro.
Mas eis o que gostaria de falar agora, interrompendo minhas férias: a tirada que ficou mais famosa nesse “debate” foi quando Ciro perguntou, de forma arrogante, se os cortes de gastos que eu propunha davam “bilhão”. Ele queria saber: onde? Citei alguns exemplos por alto, ministérios inúteis, ONGs que ignoram a letra N na sigla para fazer propaganda de governo com verbas públicas. Ele não ficou satisfeito: dá bilhão? A pergunta virou até hit mixado:
E dede então uma horda de bárbaros adora invadir meus canais para colocar essa pergunta: dá bilhão? Com isso, essa turma “pensa” que encerrou o debate, que não precisa mais focar nos argumentos, pois “arrasou” com o liberal que foi “humilhado” pelo político esquerdista. Acham, ainda, que estão me irritando. Mal sabem que despertam apenas o sentimento de pena em mim, e de perplexidade diante do atraso intelectual de nosso país (o que explica o espaço da esquerda retrógrada por aqui).
Toda essa introdução foi para chegar no óbvio: cortar um bilhão nos gastos públicos é tão fácil, mas tão fácil, que até minha falecida avó faria de olhos fechados. É temerário um político cobrar onde é possível cortar um bilhão de gastos, como se fosse algo improvável ou difícil, sabendo-se que o governo gasta mais de trilhão, e gasta muito mal. É assustador que tanta gente celebre a postura do “debatedor” que age assim para passar a ideia de que falar é fácil, fazer é difícil, justificando, com isso, o tamanho absurdo do nosso governo.
Pois bem:o governo Dilma, de esquerda, que tem o apoio do próprio Ciro Gomes e seu irmão Cid num ministério, acaba de anunciar que vai cortar não um, mas quase dois bilhões nos gastos públicos só com redução de despesas dos ministérios. E por mês!
Imaginem o que um governo liberal não poderia fazer! Bilhões e bilhões seriam cortados da noite para o dia, sem que qualquer coisa mudasse no país, nos serviços públicos (já péssimos apesar da montanha de recursos arrecadados). O único efeito prático seria menos boquinhas para os safados, e mais recursos sobrando no bolso do trabalhador que paga impostos.
O sujeito pode se achar malandro por repetir que não se deve levar a sério “aquele cara que foi humilhado pelo Ciro”. Isso pode lhe dar algum consolo perante sua incapacidade de pensar por conta própria e focar nos argumentos. Mas os fatos não mudam: é preciso ser muito otário para achar que é difícil cortar bilhões em nossos gastos públicos astronômicos. Um bilhão sai na urina quando se trata desse governo perdulário e incompetente…
Rodrigo Constantino
Ajuste fiscal aumentando imposto até minha avó faz!
“Esse pênalti até minha avó fazia!” Todos conhecem essa expressão, tão utilizada no país do futebol. Faço uma adaptação para a minha área, a economia: ajuste fiscal subindo imposto até minha avó faz! Assim é muito fácil. O difícil – e o correto – é reduzir os gastos públicos, sempre crescentes, sempre subindo acima do próprio crescimento da economia.
O editorial do GLOBO de hoje bate nesta tecla, reforçando o apelo ao bom senso de que o necessário ajuste fiscal deveria focar mais no corte de despesas do governo do que no aumento da receita por meio de mais impostos. O jornal lembra que essa não tem sido a tendência em nossa democracia, mas adota um tom de otimismo em relação aos planos do novo ministro Joaquim Levy:
O ministro Joaquim Levy acenou com a possibilidade de aumento de tributos no esforço de ajuste fiscal. O fim de algumas desonerações já estava no roteiro, assim como a volta da cobrança da Cide sobre as vendas de gasolina e óleo diesel (zerada durante o demagógico represamento dos preços desses combustíveis).
No entanto, para a boa saúde da economia brasileira, é importante que a nova equipe fazendária não caia na tentação de aumentar a carga tributária. Infelizmente, desde o lançamento do Plano Real, essa tem sido a estratégia de todos os governos para equilibrar as finanças públicas, com mais prejuízos do que benefícios para o país. Tucanos e petistas, nesse aspecto, em nada se diferenciaram.
“Possíveis ajustes em alguns tributos serão também considerados, especialmente aqueles que tendam a aumentar a poupança doméstica e reduzir desbalanceamentos setoriais da carga tributária”, disse Levy em seu discurso técnico. Para a economista Monica de Bolle, isso quer dizer que os impostos vão subir, para aumentar a arrecadação do governo e, assim, elevar a poupança pública e acabar com os benefícios fiscais por setor.
Ela diz que o governo tem gastado mais e deixado de poupar. Sem precisar do Congresso, já é possível tirar as desonerações de IPI com data prevista para acabar e trazer de volta a Cide, a contribuição embutida no preço da gasolina, zerada em 2012.
Os grandes industriais já se mostram tensos com as medidas que vêm por aí. Em parte, a angústia é fruto de uma deturpação de nosso modelo econômico. O “custo Brasil” é alto demais, como sabemos, e é mais fácil lutar por privilégios do governo do que por reformas estruturais. O resultado são as medidas pontuais que beneficiam determinados grupos ou setores. E isso deveria acabar mesmo.
Mas a carga tributária brasileira já é alta demais, e isso é um dos principais fatores do “custo Brasil”. Fica difícil competir assim. O governo, em vez de acabar com as desonerações tributárias pontuais, deveria estender para os demais setores o corte, simplificar os tributos, adotar até mesmo um “flat rate”, uma taxa única para todas as faixas, como fizeram os países do Leste Europeu. O Simples deveria valer para todos!
O governo poupa pouco e gasta muito, além de gastar mal. Mas é ingenuidade achar que, se a carga tributária subir ainda mais, o governo poderá poupar mais. Conhecendo nossa cultura, nossa Constituição e, principalmente, nossos partidos políticos de esquerda, parece evidente que mais impostos vão sempre significar mais gastos, não mais investimentos.
A saída é reduzir gastos públicos. Se Joaquim Levy optar pelo caminho mais fácil, tentar retornar com a nefasta CPMF, derrubada por pressão popular, ou criar novos impostos, estará dando um tiro no próprio pé. Espero que ele se lembre bem das aulas em Chicago e lute com determinação pela queda dos gastos públicos, sem aumentar os impostos, em patamar já absurdo no Brasil. Como disse, fazer ajuste fiscal com mais impostos até minha avó faz!
Rodrigo Constantino
Ministério da Educação é o mais afetado por corte de gastos
Pasta sofreu uma limitação extra mensal de 586,83 milhões de reais em despesas não obrigatórias, segundo decreto publicado pelo governo nesta quinta-feira
Ministério da Educação foi o principal alvo dos cortes de gastos não prioritários anunciados pelo governo (Ricardo Matsukawa/VEJA.com)
O Ministério da Educação foi o mais afetado pelos cortes de gastos não obrigatórios anunciados pelo governo nesta quinta-feira. Conforme o decreto 8.389, publicado no Diário Oficial da União (DOU), a pasta sofrerá uma limitação extra de 586,83 milhões de reais por mês em seu orçamento. Isso ocorre porque este ministério é o que possui o maior volume de gastos não prioritários, que englobam viagens, compras de material e diárias de hotéis, por exemplo. Em seguida aparecem os ministérios da Defesa, com um corte de 156,46 milhões, das Cidades (144,42 milhões de reais), do Desenvolvimento Social (139,88 milhões de reais), e da Ciência e Tecnologia (130,88 milhões de reais). Os cálculos foram feitos pelo pesquisador do Ibre-FGV Gabriel Barros.
PASTA | GASTO MENSAL, EM MILHÕES | CORTE, EM MILHÕES |
Educação |
R$ 1.173,66
|
R$ 586,83
|
Defesa |
R$ 312,93
|
R$ 156,46
|
Cidades |
R$ 288,85
|
R$ 144,42
|
Desenvolvimento Social |
R$ 279,76
|
R$ 139,88
|
Ciência e Tecnoglogia |
R$ 261,77
|
R$ 130,88
|
Fazenda |
R$ 233,68
|
R$ 116,84
|
Justiça |
R$ 144,1
|
R$ 72,05
|
Previdência |
R$ 96,34
|
R$ 48,17
|
Agricultura e Pecuária |
R$ 95,06
|
R$ 47,52
|
No total, o governo anunciou o bloqueio provisório de um terço dos gastos administrativos dos 39 ministérios e secretarias especiais, o que deve totalizar uma economia de 1,9 bilhão de reais mensais, segundo o Ministério do Planejamento.
Confome o texto do decreto, a execução dessas despesas ficará limitada a 1/18 (um dezoito avos ou 5,55%) da dotação prevista no no projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) deste ano, o que representa um aperto adicional nas contas públicas. Com a aprovação da LDO no final do ano passado pelo Congresso Nacional, mas sem a aprovação do Orçamento propriamente dito, o governo poderia gastar mensalmente 1/12 (8,33%) dos valores previstos no projeto orçamentário para a manutenção da máquina pública.
A expectativa do relator-geral do Orçamento de 2015, senador Romero Jucá (PMDB-RR), é que o projeto seja aprovado em plenário no próximo mês, após a volta dos parlamentares do recesso. A avaliação reservada de deputados e senadores é que a matéria vá à votação na semana seguinte ao carnaval, a partir do dia 23 de fevereiro. Depois disso, o governo deve promover um novo contingenciamento de gastos, desta vez sobre o Orçamento aprovado, para tentar cumprir ao fim de 2015 a meta de superávit primário de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB).
Leia mais:
Governo limita gastos públicos até aprovação da LDO
Levy toma posse e reafirma compromisso com a meta fiscal
Em dia de sangria fiscal, governo anuncia mudanças nas regras do seguro-desemprego
Imunes - A maioria das despesas não incluídas no corte provisório (65 de um total de 76) consta de uma lista proibida - por força da Constituição e de leis - de ser alvo de contingenciamento. Entre elas: repasse de recursos para alimentação escolar e manutenção de unidades de ensino; pagamento de benefícios da previdência social; financiamento de programas de desenvolvimento econômico do BNDES; repasses ao Fundo Partidário; pagamento dos serviços da dívida; e transferência de recursos da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) e fundos constitucionais do Norte (FNO), Nordeste (FNE) e Centro-Oeste (FCO).
Outras onze despesas livres de restrição orçamentária foram listadas no decreto, como repasse de recursos para financiamento estudantil, bolsas de estudo do CNPq, Capes, residência médica e para atletas do Programa Segundo Tempo, do Ministério do Esporte.
(Com Estadão Conteúdo)
Mundos diferentes
Entre 2010 e 2014, a produção de petróleo nos EUA cresceu 57% (de 5,4 milhões de barris por dia para 8,5 milhões). No Brasil, aumentou 8,2% (de 2 milhões de barris diários para 2,2 milhões).
Por Lauro Jardim
85% menos
O.k., o preço do barril de petróleo despencou, isso não ajuda nada a Petrobras, mas não é só isso o que conta no pífio desempenho da empresa nas bolsas.
Num cotejo com as outras grandes do setor, isso fica mais do que evidente.
Aos números, tendo como ponto inicial o dia 27 de setembro de 2010, data em que a Petrobras promoveu sua capitalização de 120 bilhões de reais na Bovespa, até hoje :
*ExxonMobil, que vale hoje 384 bilhões de dólares, cresceu 22,7%
*Shell, que vale 208 bilhões de dólares, cresceu 13,7%
*Chevron, cujo valor é de 204 bilhões de dólares, valorizou 27,5%
*Petrobras, que vale míseros 40 bilhões de dólares, perdeu 85,2% do seu valor de mercado.
Por Lauro Jardim