Alerta vermelho no PT: Dilma cai irremediavelmente nas grandes cidades

Publicado em 18/07/2014 08:38 e atualizado em 11/08/2014 14:30
por Reinaldo Azevedo, de veja.com.br

Alerta vermelho - A avaliação do governo Dilma caiu nas grandes cidades brasileiras. O percentual de eleitores que consideram a gestão ótima ou boa recuou de 30% para 25% nos municípios com mais de 500 mil habitantes. A classificação ruim ou péssima subiu de 31% para 37%.

Nuvem carregada – Para estrategistas do PT, as grandes cidades são polos com capacidade de transmitir “carga negativa” ao resto do eleitorado. Por enquanto, a avaliação positiva da presidente nos municípios pequenos permanece estável, em 42%.

 

Avaliação do governo
A reprovação ao governo e a aprovação empataram, uma situação sempre temida pelos candidatos à reeleição: hoje, acham seu governo ótimo ou bom 32% dos entrevistados — há duas semanas, eram 35%. Consideram-no ruim ou péssimo, 29% (26 na pesquisa anterior). E os mesmos 28% o avaliam como regular. Dilma, definitivamente, não tem por que se alegrar.

Datafolha: Aécio empata com Dilma no 2º turno; rejeição à presidente cresce

A pesquisa Datafolha encomendada pela Folha e pela Globo é muito ruim para a presidente Dilma Rousseff, do PT, candidata à reeleição. Se a disputa fosse hoje, ela teria 36% das intenções de voto no primeiro turno. O tucano Aécio Neves aparece com 20%, e o peessebista Eduardo Campos, com 8%. Há 15 dias, o instituto conferia 38% à petista. Aécio tinha os mesmos 20%, e Campos, 9%.

Mas o que há de tão ruim nisso? A péssima notícia para a presidente não está no primeiro turno, mas no segundo. No levantamento de agora, ela aparece com 44%, e Aécio, com 40%. Como a margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos, há uma situação de empate técnico. Em fevereiro deste ano, há cinco meses, a distância era de 27 pontos: 54% a 27%. Há duas semanas, de 7 (todos os gráficos que aparecem foram publicados pela Folha Online.

Também a distância que separa a petista do peessebista caiu drasticamente. Contra o ex-governador de Pernambuco, ela teria hoje 45% contra 38%, só sete pontos a mais. Em fevereiro, a distância era de 32 pontos: 23% a 55%. Há duas semanas, era de 35% a 48% — 13 pontos viraram sete. É feia a coisa. E pode piorar: a rejeição a Dilma também cresceu 3 pontos em relação ao começo do mês: de 32% para 35%. Em seguida, vem Pastor Everaldo, com 18%, seguido por Aécio, com 17% e por Campos, com 12%.

Observem: como é que um candidato com 8% das intenções de voto, ainda desconhecido por muita gente, como Campos, consegue 38% quando confrontado com Dilma, no mano a mano? Para quem está empatado com a presidente no segundo turno, Aécio mantém um índice ainda modesto no primeiro. Também ele é bem menos conhecido do que ela. O conjunto dos dados parece indicar que cresce a massa de eleitores que não quer mesmo saber de Dilma.

 

São Paulo já dá uma surra eleitoral em Dilma — com Aécio ou com Campos

A seção Painel, da Folha de S. Paulo, traz outros dados da pesquisa Datafolha que devem estar deixando petistas com as barbas arrepiadas.

Um deles: Aécio Neves (PSDB) cresce em São Paulo. No mês passado, apenas 24% dos eleitores de Geraldo Alckmin escolhiam o presidenciável tucano; agora, são 33% — e, não custa lembrar, o atual governador aparece com 54% das intenções de voto. No primeiro turno, Aécio foi o único nome que cresceu no Estado fora da margem de erro: de 20% para 25%. Dilma oscilou de 23% para 25%, e Eduardo Campos (PSB), de 6% para 8%.

O busílis, no entanto, está no segundo turno: a petista perde para o tucano por 50% a 31%; Campos a venceria por 48% a 32%.

Por Reinaldo Azevedo

 

Minha coluna da Folha: “Lula, Boulos e as fantasias burguesas”

O MTST, os ditos “trabalhadores sem teto”, está descontente com os serviços de telefonia. Na quarta, seus militantes protestaram na Anatel e nas respectivas sedes da TIM, Claro e Oi. Não deu tempo de ir à da Vivo. A turma agencia também essa causa. Um comunicado parece inaugurar a fase holístico-roqueira do socialismo: “Se acham que a gente vai se contentar só com nossa casa, estão enganados. Queremos moradia, transporte público de qualidade, telefonia e internet, e a gente não aceita pagar caro, não”. É o “aggiornamento” dos Titãs –”A gente não quer só iPhone…”– e o embrião de um novo partido.

Guilherme Boulos, um dos comandantes do MTST e colunista desta Folha, traz consigo o charme irresistível da renúncia. Oriundo da classe média-alta, com formação intelectual, prefere dedicar-se à categoria dos “Sem” –até dos “Sem-Sinal” de telefonia. Lembro-me do fascínio que tive ao ler, aos 15 anos, “Minha Vida”, a autobiografia de Trótski. Largou as benesses do pai abastado para morar no quintal do jardineiro Shvigovski, o revolucionário “do pomar”. Um encanto!

 A coisa meio chata para mim é que eu lia o livro com um fio de lâmpada sobre a cabeça, na cozinha de modestíssimos dois cômodos, à beira de um córrego fétido. Não demorei a entender que certa renúncia é um privilégio de classe, não uma superioridade moral. Dispensar a riqueza abre a vereda para a terra da santidade. A trajetória contrária é coisa de um parvenu. Muita gente com dificuldades de acreditar em Deus crê nos profetas.
(…)
Lula foi a encarnação do delírio das esquerdas à espera do “intelectual orgânico” da classe operária. Mas ele se aburguesou sem nunca ter buscado a altitude das ideias. Boulos, não! Ele nos devolve ao refinado Iluminismo francês. Os seus sem-teto são os “sans-cullotes” das fantasias jacobinas –que são, desde sempre, fantasias… burguesas!

Para ler a íntegra, clique aqui

Por Reinaldo Azevedo

 

Brasil

Gestão fora dos trilhos

Porto: só na maquete

Em dezembro de 2010, o balanço dos quatro anos do PAC garantiu que o primeiro trecho da Ferrovia que liga Ilhéus (BA) a Caetité (BA), com 537 km de extensão, seria concluído em 30 de dezembro de 2012. O segundo trecho, entre Caetité e Barreiras (BA), com 485 km de extensão, ficaria pronto em 30 de dezembro de 2013.

Pois bem, no 10º Balanço do PAC, divulgado pelo governo no mês passado, promete agora que o primeiro trecho será entregue em 31 de dezembro de 2015 – três anos de atraso. E o outro trecho em 30 de abril de 2016 – ou seja, com 28 meses de atraso.Até agora, nenhum trilho foi instalado.

O que Lula disse em 2010, no balanço dos quatro anos do PAC, comprovou-se verdadeiro.

- Não acredito que outro país, que não a China, esteja fazendo o que nós estamos fazendo em ferrovias”.

Verdadeiro, embora com sentido contrário ao que ele disse.

Já seria um caso exemplar do padrão lesma que impera nas obras de infraestrutura. Mas tem mais.

Se a ferrovia ficar pronta mesmo em 2016, não poderá funcionar. Por que? O Porto Sul da Bahia, que será construído em Ilhéus, nem saiu do papel.

Em resumo, a tal ferrovia, que tem um custo de 4,24 bilhões de reais, só poderá transportar nada a lugar algum.

Por Lauro Jardim

 

MTST: não é só pelo teto, é pelo poder

Por Carolina Farina, na VEJA.com:
Já virou rotina: a caminho do trabalho, o paulistano se depara com um protesto do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Em 2014, não houve um único mês sem atos do movimento na capital paulista até agora. O cenário é sempre o mesmo: sem comunicar a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), vias importantes da cidade são fechadas por centenas de pessoas empunhando bandeiras vermelhas e gritando palavras de ordem. E se na forma os protestos parecem sempre iguais, o conteúdo deles mudou – é agora o retrato de um movimento que se perdeu, tornando-se massa de manobra para qualquer causa. Braço urbano do Movimento Sem Terra (MST), o MTST é hoje, como o grupo que o inspirou, um movimento político, e não social.

Se nesta quinta-feira manifestantes acamparam na entrada da sede da construtora Even, em Pinheiros, Zona Oeste de São Paulo, na quarta o grupo decidiu invadir a sede da Anatel e da operadora TIM. O motivo: reclamar da qualidade dos serviços de telefonia celular no país. Um dia antes, militantes do MTST integraram um protesto contra Israel no bairro de Higienópolis, na região central. O ato terminou em confusão com a polícia. Em junho, o grupo decidiu protestar a favor dos metroviários grevistas e, em janeiro, fez até “rolezão” em shopping. Especialistas avaliam que a distorção de foco é uma estratégia para integrar novos grupos e militantes ao movimento. O MTST é cada vez menos representante da bandeira pela qual foi criado, tendo se tornado uma ferramenta de pressão política. Não à toa o aumento de invasões ocorre em ano eleitoral. “Certamente a liderança do grupo está animada com o barulho que tem feito. Já foi recebida até pela presidente da República e, claro, crê que seu poder político é realmente grande. Então, por que não tentar ir mais longe?”, avalia o cientista político Rui Tavares Maluf. “Isso afeta a legitimidade do movimento”, completa.

Para o filósofo Roberto Romano, a ampliação do foco pode ainda resultar na fragmentação do grupo. “A estratégia pode resultar, neste primeiro momento, em mais adesões. No futuro, porém, pode provocar divisões internas que resultem no fim do movimento”, afirma. “O desvirtuamento dos objetivos se torna algo perverso no longo prazo. E um risco não só à causa como ao grupo”, completa Tavares Maluf.

Ao emparedar os vereadores e a prefeitura de São Paulo, o movimento obteve, em junho, a aprovação de um Plano Diretor que contempla quatro invasões organizadas pelo movimento. Já a ocupação fantasma Copa do Povo, na Zona Leste da capital, será tema de um projeto de lei específico. O líder do grupo, Guilherme Boulos, já foi recebido no Palácio dos Bandeirantes pelo governador Geraldo Alckmin e no Planalto pela presidente Dilma Rousseff. Tendo obtido vitórias como essas, a liderança do movimento agora busca renovar as palavras de ordem para que a adesão aos protestos não arrefeça. E mais: quer aumentar o apoio e a simpatia também de uma massa “virtual”, que não necessariamente contribua com sua presença física nos protestos. “A massa não é facilmente manobrável”, explica Romano. “Por isso são necessárias palavras de ordem eficazes”, completa.

Segundo Tavares Maluf, as invasões asseguram apenas habitação, e o grupo nada faz para garantir acesso dos sem-teto à renda. “Estando disponíveis para protestos toda semana, será que os militantes têm um emprego?”, questiona. O comando do MTST tem sua própria lista e organiza a fila de espera de beneficiários dos programas habitacionais. A lista é justamente a forma como o líder do movimento exerce domínio sobre seus comandados: há planilhas contabilizando a presença diária de cada integrante em acampamentos e invasões – uma espécie de lista de chamada. Logo, quem participa ativamente dos atos do MTST, passa na frente na fila de espera.

Nesta quinta-feira a coordenadora estadual do MTST Natália Szermeta prometeu novos atos pelos próximos quinze dias, prazo de prorrogação da liminar de despejo de um terreno no Morumbi, na Zona Sul, onde está instalada a Ocupação Portal do Povo. O paulistano seguirá alterando sua rotina para fugir das vias bloqueadas pelo grupo. E se perguntando: qual será a causa do dia?

Por Reinaldo Azevedo

 

Ô, Rio! Tão perto do Cristo Redentor, mas tão longe de Deus!

Pois é…  O Datafolha realizou também pesquisa no Rio. Se a eleição fosse hoje, Anthony Garotinho, do PR, disputaria o segundo turno com Marcelo Crivella (PRB). Ambos aparecem com 24% das intenções de voto. Em terceiro lugar, está o governador Luiz Fernando Pezão, do PMDB, com 14%. O petista Lindbergh Farias, uma das grandes apostas do PT neste 2014, marcou 12%, tecnicamente empatado com o peemedebista.

A força de Garotinho está no interior do Estado, onde alcança 31%, contra 16% de Crivella, e nas cidades com até 200 mil habitantes: 32%. O senador está na frente na Capital: 26% contra 16% do ex-governador.

O cenário é bastante incerto. A avaliação do governo de Pezão está longe de ser uma maravilha, mas também não é uma catástrofe: ela é considerada ótima ou boa por apenas 19%, um número muito próximo dos 21% que a avaliam como ruim ou péssima — o que também não é um índice expressivo. Grande mesmo é a parcela dos que dizem que a administração é regular: 40%.

É um dado que parece relevante: o PMDB comanda uma máquina poderosa no Rio, tanto na capital como no interior. Como a avaliação do governo está no meio do caminho, a depender da propaganda, pode migrar para um lado ou para outro. Vamos ver o que acontece depois do início do horário eleitoral.

Informa a Folha:
“Quanto à religião, tanto Garotinho quanto Crivella obtêm índices acima da média entre os evangélicos pentecostais (30% e 35%, respectivamente). Entre os evangélicos não pentecostais, Crivella tem 10 pontos percentuais de vantagem sobre Garotinho (33% contra 23%). Quando questionados sobre em qual candidato não votariam de jeito nenhum, Garotinho lidera, com rejeição declarada por 39% dos entrevistados. Pezão, Lindberg e Crivella vêm em segundo, tecnicamente empatados, com 19%, 17% e 16%, respectivamente.”

Caso Garotinho passe para o segundo turno, a rejeição pode decidir o resultado.

A pesquisa foi realizada entre os dias 15 e 16 de julho, com 1.317 eleitores de 31 cidades do Rio, e encomendada ao Datafolha pela Folha em parceria com a TV Globo. Foi registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob o número RJ-00009/2014. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos. 

Por Reinaldo Azevedo

 

Alckmin seria reeleito no primeiro turno com 54%; Padilha, do PT, tem 4%. Tucano é o menos rejeitado; petista é o mais

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), tem motivos para comemorar os números da pesquisa Datafolha, encomendada pela Folha e pela rede Globo. Se a eleição fosse hoje, ele seria reeleito no primeiro turno com 54% dos votos. Em segundo lugar, está Paulo Skaf, do PMDB, com 16%. Alexandre Padilha, do PT, marca 4%. O instituto também quis saber também em quem os paulistas não votariam de jeito nenhum. Padilha, o menos votado, dispara na rejeição: 26%, seguido por Skaf, com 20%. Alckmin aparece com 19%.

Na reportagem que levou ontem ao ar, a Globo não apresentou dados comparativos porque a pesquisa Datafolha anterior foi feita apenas para a Folha. Mas o pesquisador é o mesmo, e, obviamente, o cotejo pode ser feito. No levantamento divulgado no dia 9 do mês passado, o tucano aparecia com 47% dos votos no cenário sem Gilberto Kassab; agora, com 54%: em pouco mais de um mês, avançou sete pontos.  O peemedebista, com 16%, caiu bem além da margem de erro: há pouco mais de um mês, tinha 21%. Constante só Padilha: tem os mesmos 4%.

O Datafolha investigou ainda as intenções de voto para senador em São Paulo. O ex-governador José Serra (PSDB) lidera com 34%. Logo atrás vem Eduardo Suplicy (PT), candidato à reeleição, com 29%. O ex-prefeito da capital Gilberto Kassab (PSD) tem 7. A Folha ouviu 1.978 entrevistados em 55 municípios, e a pesquisa está registrada no TSE sob o número SP 0001.

Voltemos à disputa pelos Bandeirantes. Os adversários de Alckmin devem estar preocupados. Tanto Skaf como Padilha resolveram transformar a crise hídrica num problema político, responsabilizando diretamente o governador. Não parece ser essa a avaliação da população. As pessoas sabem que não está chovendo. Há, sim, faltas esporádicas de água em alguns bairros, mas os dois candidatos que se opõem a Alckmin tratam da questão como se as torneiras de São Paulo estivessem secas. E não estão. Ou, então, tentam criminalizar o uso do tal “volume morto”, como se recorrer a ele fosse um crime ou como se a água que chega à população fosse inferior. A estratégia não está dando certo.

Entre um levantamento e outro, há também a greve dos metroviários. De tal sorte foi abusiva e acintosa, que, tenho certeza, o pulso firme do governador — que demitiu alguns grevistas que partiram para sabotagem e não cedeu à chantagem — acabou colaborando para essa ascensão. O resultado é particularmente expressivo porque há ainda a Copa do Mundo, e a máquina federal tentou colar nos partidos de oposição a pecha de adversários da realização do torneio no Brasil.

Melhorou também a avaliação do governo. A gestão Alckmin era considerada ótima ou boa em junho por 41% dos entrevistados; agora, 46% dizem o mesmo. Consideravam-na regular 39% dos entrevistados; agora, 37%. Caiu também o número dos que avaliam o governo como ruim ou péssimo: de 18% para 14%.

 Esta, definitivamente, não foi uma boa jornada para o PT.

Por Reinaldo Azevedo

 

Hamas não deixou alternativa a Israel

O Hamas não deixou alternativa a Israel a não ser o ataque também por terra. O movimento terrorista que governa Gaza rompeu o cessar-fogo humanitário proposto pela ONU e aceito pelo governo israelense e lançou novos mísseis. Como estabelecer alguma forma de negociação com quem não quer negociar? Numa mirada aparentemente lógica, alguém poderia concluir e indagar: “Ah, mas os terroristas do Hamas então contam com isso; por que dar a eles o que querem?” A resposta é simples: porque a opção de Israel seria manter o atual status da resposta, o que, também pela lógica, fortaleceria o Hamas.

É claro que Israel hesitou. Isso ficou evidente. A ofensiva por terra não produz coisas bonitas de nenhum dos dois lados. Não pensem que pode ser menos danosa para os palestinos do que os ataques aéreos.  E expõe, é evidente, os soldados israelenses, o que hoje não acontece. Mas é preciso provocar danos na infraestrutura empregada pelo terror.

O governo israelense deixa claro que o objetivo não é depor o Hamas. Isso seria impossível sem a plena reocupação de Gaza — vale dizer, entrar lá para valer, para ser governo. O custo humano — e também em recursos — é incalculável.

Publiquei aqui um vídeo terrível,  em que o porta-voz do Hamas canta as glórias do martírio e admite que o movimento recorre, sim, a escudos humanos porque isso, segundo ele, é uma arma eficaz contra os inimigos… O que esperar de uma organização religiosa, militar e terrorista que tem esse pensamento?

O custo, infelizmente, se dá em vidas humanas.

Por Reinaldo Azevedo

 

Aids: Números do Ministério da Saúde provam que eu estava certo, ora!

Escrevi ontem aqui sobre a elevação do número de casos de Aids no Brasil, na contramão do que acontece no mundo. Enquanto houve um aumento de 11% em nosso país, entre 2008 e 2013, a queda global foi de 27,6% no mesmo período. Indaguei por que é assim. E apontei algumas causas:
- a propaganda voltada à prevenção no Brasil está estupidamente errada;
- os comandantes dessas ações são grupos militantes, não médicos;
- centra-se a prevenção apenas no uso de camisinha e se esquece da responsabilidade individual.

E apontei também, o que deixou muita gente furiosa, que o crescimento, como atestam médicos que trabalham no Sistema Público de Saúde, se dá majoritariamente entre gays masculinos e entre usuários de drogas, já que não existe mais contaminação por transfusão de sangue.

Neste blog, no Twitter, em outras redes sociais, fui chamado de reacionário, de conservador, de católico — como se isso fosse ofensa. Até de homofóbico! Ora, eu só estava cobrando que os fatos venham à luz para que se possa aplicar a política de tratamento adequada. Isso nada tem a ver com orientação sexual. Já fazer sexo com ou sem risco é uma questão de escolha, sim. Entre hetero e entre homossexuais.

Pois é. Fui xingado, mas eu tinha razão. Jarbas Barbosa, o secretário de Vigilância do Ministério da Saúde, afirmou que o aumento de 11% no Brasil se deu, sim, em razão da proliferação da doença entre ns homossexuais jovens. A prevalência nesse grupo é de 10%, contra 0,4% no resto da população.

Logo, a informação que eu trouxe aqui estava corretíssima. E notem: é importante ter isso em mente não pra discriminar pessoas, para isolá-las, para culpá-las por isso ou por aquilo. Mas para que se possa fazer o trabalho de modo correto, o que salva vidas. A patrulha de alguns grupos gays, que insistem em negar a existência de grupos de risco, mata pessoas. É importante que isso fique claro.

Se as campanhas contra a Aids continuarem a apostar todas as suas fichas apenas no preservativo, limitando a responsabilidade individual a essa proteção apenas, o país continuará a produzir milhares de doentes todos os anos. Segundo o Ministério da Saúde, estima-se que 400 mil pessoas sejam portadores do HIV e não saibam disso. Só neste primeiro semestre, foram diagnosticados 35 mil casos novos. Mantido o ritmo, serão 100 mil até o fim do ano.

Preconceito uma ova! Preconceituoso é quem pretende negar a realidade dos fatos em nome de uma pregação ideológica. Não se trata de fazer terror, mas de informar. A Aids não é uma doença crônica; ainda mata. Não se trata de tentar passar uma moral de estado, mas de evidenciar que certas combinações costumam ser malsucedidas. Homens não contaminados que fazem sexo entre si jamais ficarão doentes de Aids. Não se trata de um mal decorrente da orientação sexual ou de castigo divino. Trata-se de uma doença, antes de mais nada, comportamental, pouco importa com quem a pessoa se deite.

 O Brasil assiste a essa expansão estúpida da Aids porque insiste em negar o óbvio.

Preconceituosos, como se vê, são os que me atacaram sem nem ler direito o que falei. A ideologia costuma provocar também uma forma muito particular de cegueira.

Por Reinaldo Azevedo

 

Aécio põe o dedo na ferida do programa “Mais Submédicos”. Ou: Os apalpadores e a redução dos leitos hospitalares

O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, fez, entendo, a coisa certa nesta quarta ao afirmar que o programa “Mais Médicos” continua — e nunca ninguém pediu que acabasse, é bom que fique claro —, mas que não aceitará as imposições do governo cubano. Segundo os contratos hoje em vigor, os médicos oriundos da ilha recebem apenas de 25% a 30% do que custam aos cofres públicos: R$ 10 mil. O resto vai parar na ditadura de Fidel Castro. Transformou-se uma fonte de renda. Estimam-se em 11.400 os médicos cubanos que atuam no programa no Brasil. Cuba recebe mais ou menos R$ 79,8 milhões por mês — ou R$ 957,6 milhões por ano. Em suma, a exportação de carne humana rende à tirania dos irmãos Castro quase R$ 1 bilhão. Não custa desconfiar: como a ilha não é, assim, um exemplo de transparência, em tese ao menos, o dinheiro que vai pode voltar, não é mesmo? Em ano eleitoral, pode ser a chamada mão na roda — ou no cofre. 

É claro que, se eleito, Aécio não vai conseguir mudar o contrato da noite para o dia. O importante é começar a rever essa imoralidade. Ele também prometeu que vai criar as condições para que os médicos estrangeiros façam o “Revalida”, o exame que permite a quem tem formação fora do país clinicar em terras nativas. Que fique claro: o programa hoje em vigor poderia ser chamado “Mais Submédicos”. Os profissionais são autorizados a trabalhar só ali e, em razão de não terem o “Revalida”, estão proibidos de executar uma série de procedimentos. Dilma falando certa feita sobre o Mais Médicos refletiu, com a profundidade característica: as pessoas precisam de médicos que as apalpem. Então tá. Eu acho que pobres e ricos precisam de médicos que possam fazer o diagnóstico de suas doenças. 

Sim, quem quer que venha a assumir o governo terá uma bela herança maldita na área da saúde, que não se resolve com apalpadelas. Entre 2002, último ano do governo FHC, e 2005, terceiro ano já do governo Lula, o número total de leitos hospitalares havia sofrido uma redução de 5,9%. Era, atenção!, O MAIS MAIS BAIXO EM TRINTA ANOS! Números fornecidos pelo PSDB? Não! Por outra sigla: o IBGE. Em 2002, havia 2,7 leitos por mil habitantes. Em 2005, havia caído para 2,4. “Ah, Reinaldo, de 2005 para cá,  algo deve ter mudado, né?” Sim, mudou muito! 

O quadro piorou enormemente: a taxa, em 2012, era de 2,3 — caiu ainda mais. E caiu não só porque aumentou a população, mas porque houve efetiva redução do número de leitos púbicos e privados disponíveis: só entre 2007 e 2012, caíram de 453.724 para 448.954 (4.770 a menos). Ou por outra: entre 2002 e 2012, o número leitos hospitalares por mil habitantes teve uma redução de 15%. Entre 2008 e 2013, foram fechados 284 hospitais privados. Segundo o Conselho Federal de Medicina, entre 2005 e 2012, fecharam-se 41.713 leitos do SUS. Isso sob as barbas do grupo político que vai repassar quase R$ 1 bilhão a Cuba por ano. 

Isso tem de mudar, com Aécio, Dilma Rousseff ou Eduardo Campos na Presidência. Segundo a lógica, se ela vencer, fica como está porque o que se tem também é obra sua. Campos, até agora, não se pronunciou, mas deve pensar algo a respeito. Aécio está dizendo que, se eleito, assim não fica.

Texto publicado originalmente às 21h05 desta quarta

Por Reinaldo Azevedo

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Fonte: Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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