ABIOVE: O momento é de ajuste na demanda para as entregas do Leilão 72

Publicado em 08/04/2020 17:04

A indústria do biodiesel tem participado das negociações sobre as medidas para conter os impactos dos efeitos econômicos da pandemia de coronavírus em toda a cadeia. O adiamento do Leilão 72, que estava previamente previsto para o 06/04, segue sem data determinada, enquanto as negociações técnicas acontecem.

A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE), no entanto, vê com bastante preocupação as investidas do setor de distribuição de combustíveis para reduzir a retirada mínima do valor adquirido no leilão do patamar atual de 95% para 70%. As distribuidoras esperam que com a medida os produtores de biodiesel produzam todo o volume comprado no leilão, mas abrem si mesmas a flexibilidade de retirar apenas 70% desse volume. Se aceita essa mudança contratual no L72, as distribuidoras terão a liberdade de retirar 100% de uma usina de biodiesel e 70% de outra, arbitrando de acordo com o menor preço. O pedido de retirada mínima de 70% transfere todo o risco das mudanças de demanda para os produtores de biodiesel, dando às distribuidoras total flexibilidade para se ajustar às oscilações de mercado.

Mais grave ainda é que tal alteração pode colocar em risco o cumprimento da mistura obrigatória de 12% do biocombustível (B12) no diesel comercial, além de representar um grande retrocesso em termos ambientais.

As distribuidoras têm total capacidade de reduzir os volumes a serem adquiridos no Leilão 72, com entrega em maio e junho, uma vez que elas são responsáveis pela definição da demanda nos leilões e têm acesso ao histórico das vendas das últimas semanas para se basear para as previsões. Sem dizer que podem adquirir volumes extras em leilão de estoques, caso a demanda de diesel nos meses de maio e junho cresça além do esperado pelas distribuidoras no momento das compras no leilão.

Outro ponto importante, é que a produção de biodiesel é estratégica para a produção de alimentos no Brasil: mais da metade da produção de farelos proteicos produzidos localmente e que abastecem rebanhos em nosso País e em todo o mundo depende das vendas de biodiesel. Sem este, não será possível vender o óleo vegetal no mercado externo, nem o exportar, visto que não há demanda no primeiro caso e tempo hábil no segundo. A consequência imediata será a paralisação do processamento de oleaginosas e o comprometimento de parte da produção de cerca de 2,7 milhões de toneladas de farelo de soja nos meses de maio e junho.

É fundamental conter os danos causados pela epidemia e administrar os riscos de demanda, mas mudanças nas regras não podem ser debatidas de forma abruta em um cenário como o atual, prejudicando a cadeia produtiva do biodiesel e a produção de farelo de soja, principal fonte de proteína na alimentação aves, suínos e produção de ovos.

Fonte: ABIOVE

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Brasil terá 20 novas biorrefinarias de etanol de milho nos próximos anos
No fechamento do semestre, os combustíveis mais caros foram encontrados na BR-101, aponta Edenred Ticket Log
FPBio defende união do setor produtivo para fortalecer movimento pela expansão dos biocombustíveis no país
Maior usina da Atvos em Mato Grosso do Sul tem recordes de moagem e etanol em junho
Consumo de etanol no Brasil cresce mais que o esperado, gasolina recua, diz StoneX
Preço da gasolina fica estável e do etanol reduz 0,25% na primeira quinzena de junho, aponta Edenred Ticket Log