Entrada do biodiesel argentino também está ameaçada na UE

Publicado em 28/09/2017 09:20

Os produtores europeus de biodiesel anunciaram nesta quarta-feira (27) que irão apresentar uma denúncia para a Comissão Europeia contra o biodiesel argentino. Eles argumentam que o processo do biocombustível no país está subsidiado (por efeito dos direitos sobre a exportação, as "retenciones") e levarão adiante a reclamação apesar da queda das taxas que a União Europeia instituiu nesta semana.

Quatro anos depois de ter fechado os negócios para o produto argentino, a Europa teve que baixar suas taxas de 24,6% a cerca de 4.6% a 8,1% para a importação proveniente do país sul-americano. A proteção total efetiva ronda os 15%.

A Câmara Europeia de Biodiesel (EBB), que apresentará o caso de anti-dumping, sinalizou: "Será pedida a imposição de direitos compensatórios de alto nível e de forma rápida, necessária para prevenir um grande fluxo de produtos da Argentina".

Os europeus argumentaram que existe um subsídio devido às retenciones. A soja paga 30%, o seu óleo, que é a matéria-prima do biodiesel, 27%, enquanto o biocombustível paga 0,13% quando exportado. Isso significaria que os exportadores argentinos podem vender biodiesel a um preço inferior ao custo da matéria-prima.

Segundo a EBB, há 120.000 postos de trabalho ligados à atividade na Europa. "Estamos preparados para fazer o que seja necessário para limitar as recorrentes importações argentinas de biodiesel", disse. "Os subsídios significam que os exportadores argentinos podem vender biodiesel a um preço mais baixo do que o custo das matérias-primas somente na União Europeia. Isso dá lugar a graves danos para a indústria do biodiesel do bloco e para as atividades econômicas relacionadas", sinalizou a entidade.

Aumento das "retenciones"

Depois de os Estados Unidos impor uma taxa de 57% sobre o biodiesel argentino, o Governo de Macri colocou em estudo, entre outras alternativas, a possibilidade de aumentar as taxas sobre a exportação do biodiesel. Entretanto, nenhuma decisão foi tomada neste sentido até o momento.

Quando os norte-americanos acusaram a argentina de dumping e "práticas desleais", apontaram que a taxa de 0,13% sobre o biodiesel, frente às que são cobradas pela soja em grão e pelo óleo de soja, favorecem a indústria.

Uma possibilidade estudada pela Argentina é a de elevar a atual taxa para níveis entre 12% e 16%. "Essa é uma das alternativas, mas ainda não temos uma decisão tomada. Isso terá que ser discutido em um nível político mais alto", disse uma fonte ao La Nación.

Tradução: Izadora Pimenta

Fonte: La Nación

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Novos projetos de etanol de milho irão demandar cerca de R$ 20 bilhões em investimentos, aponta Itaú BBA
BNDES aprova R$500 mi para usina de etanol de milho e sorgo da 3tentos no MT
Cepea/Abiove: Indústria do biodiesel deve crescer e amenizar queda do PIB total da cadeia
PL do Combustível do Futuro exigirá adaptação das transportadoras
Mercado organizado de biocombustível prevê boom com sanção da Lei do Combustível do Futuro
Brasil avança nos biocombustíveis com perspectiva de alto crescimento para os próximos anos
undefined