Brasil exporta etanol para os EUA em meio à queda do real ante o dólar
Por Chris Prentice e Marcelo Teixeira
"Do ponto de vista de preço não faria muito sentido, porque em tese o mercado local ainda paga um pouco melhor. Mas cada empresa tem que avaliar sua posição de estoque, suas metas acertadas com o conselho, existem vários fatores", afirmou.
Alguns grupos de açúcar e álcool no Brasil admitiram ter carregado um pouco mais de estoques durante o período da entressafra ante anos anteriores, aguardando por condições melhores de comercialização e também pelo aumento da mistura de etanol na gasolina, que demorou a se concretizar.
Agora, com a aproximação da nova safra de cana, produtores de etanol tentam reduzir esses estoques.
"As distribuidoras estão pressionando usinas para vender um pouco mais barato. Aproveitam o nível alto armazenado e também a situação financeira apertada de algumas empresas para pagar menos (pelo etanol)", disse Rodrigo Teixeira Bombig, diretor comercial da Usina Alta Mogiana.
Nos Estados Unidos, que foi o maior exportador mundial de etanol no ano passado, volumes maiores de importações brasileiras colocariam em alerta os produtores locais que se digladiam com margens apertadas e se esforçam para buscar mercados externos para um volume excedente do produto estimado em 3 milhões de toneladas.
"Está todo mundo agarrando as migalhas do que resta de demanda por derivados de milho", afirmou Steve Nicholson, analista do Rabobank AgriFinance in Saint Louis (o etanol é feito a partir do milho nos EUA).
Os preços de referência para o etanol no mercado físico no Meio-Oeste norte-americano estão 15 por cento menores do início do ano até agora, em cerca de 1,40 dólar o galão (3,78 litros), sob pressão dos baixos preços da gasolina. O produto é negociado na Flórida com um prêmio de cerca de 30 centavos de dólar por galão.
O preço em dólar do etanol anidro na usina no Estado de São Paulo já caiu mais de 15 por cento nas últimas semanas, para 1,60 dólar o galão, menor valor em dólar em mais de um ano. Em reais, a queda foi menor, de pouco mais de 7 por cento desde o pico da entressafra, há cerca de um mês.
Apesar desse negócio pontual, há dúvidas sobre a possibilidade de mais exportações, tanto para os EUA como para outros destinos.
"O atual cenário é bem diferente daquele observado em 2008, quando as exportações brasileiras superaram 5 bilhões de litros", diz Bruno Freitas, economista da consultoria Datagro.
"Além de contar com uma maior produção interna, a União Europeia e os EUA diminuíram as importações também em virtude das revisões dos programas de uso de biocombustíveis", afirmou.