Abrapa: Saldo positivo na Missão Compradores
A semana terminou com saldo positivo para a Missão Compradores, promovida pela Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa), desde 28 de julho. Mais que um intercâmbio comercial, foi a oportunidade para que 24 empresários da indústria têxtil mundial conhecessem, a fundo e sem intermediários, a real cotonicultura nacional.
“Muitos voltarão para casa com uma outra visão do Brasil. Viram que a nossa produção é marcada pela alta eficiência, que é sustentável e que entregamos o algodão de qualidade que eles tanto desejam”, avalia Aurélio Pavinato, diretor presidente da SLC Agrícola. Responsável por um dos maiores grupos do agro no País, Pavinato acompanha ativamente a iniciativa da Abrapa, que já está em sua sétima edição. “Essa mudança de perspectiva faz diferença na hora de negociar”, avalia o executivo.
A principal meta da Missão Compradores é qualificar a relação que já existe entre o cotonicultor brasileiro e os importadores dos oito países da comitiva (China, Bangladesh, Turquia, Vietnã, Paquistão, Índia, Malásia e Egito). “Ainda podemos crescer em todos esses países”, atesta o presidente da Abrapa, Alexandre Schenkel.
Quarto maior produtor e segundo maior exportador mundial de algodão, o Brasil embarcou no ano comercial 2022/23 1,24 milhão de toneladas para os países da Missão Compradores, o equivalente a 90,2% das exportações totais.
“É um grupo qualificado, formador de opinião em seus países. Depois de conhecerem nosso processo produtivo e de classificação do algodão, aumenta a confiança no nosso produto. Com isso, o Brasil poderá participar de maneira ainda mais definitiva no cotidiano de todas as indústrias têxteis que nos visitaram”, comenta o diretor de Relações Internacionais da Abrapa, Marcelo Duarte Monteiro. Monteiro coordena as ações globais de promoção e desenvolvimento de mercado do algodão brasileiro. Desde 2020, atua em Singapura com um escritório de representação para solidificar a marca Cotton Brazil no mercado asiático – que concentra 98% das compras da pluma brasileira. A Missão Compradores é uma das estratégias realizadas em parceria com a Associação Nacional de Exportadores de Algodão (Anea) e Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).
“Tem sido uma grande satisfação mostrar para nossos clientes como plantamos, colhemos, beneficiamos e classificamos nosso algodão. Há o interesse genuíno em ampliar a presença do nosso produto em cada um desses países”, pontuou Miguel Faus, presidente da Anea.
O protagonismo da Abrapa nas relações com os importadores foi destacado por Alberto Bica, coordenador de Agronegócios da ApexBrasil. “Nossa parceria já tem três anos e foi renovada em julho. É uma honra para a agência aprender com a excelência da Abrapa. O Brasil tem muito a mostrar para o mundo, e a cadeia produtiva do algodão tem feito sua parte”, ponderou Bica.
Transparência. Uma das palavras mais utilizadas durante o intercâmbio foi transparência – e não à toa. “Abrimos a porteira e mostramos todas as nossas realidades. Da produção de grande escala ao produtor de menor porte, que se organiza em cooperativas para garantir a qualidade do algodão”, citou o presidente da Abrapa.
E, embora tenham recebido números e estatísticas sobre o algodão brasileiro, os ‘compradores’ conferiram a forma como os brasileiros fazem a gestão ambiental nas fazendas. “Sobrevoando de avião as propriedades, deu para ver o quanto preservamos nossos rios, e o quanto de mata nativa há na fazenda. Durante a missão, mostramos como já estamos produzindo algodão regenerativo e os cuidados que temos para preservar o meio ambiente para as próximas gerações”, lembrou Schenkel.
A transparência foi reconhecida, também, pelo Ministério de Agricultura e Pecuária (Mapa). Secretário de Defesa Agropecuária do Mapa, Carlos Goulart lembrou, no jantar de encerramento da Missão Compradores, a ousadia do setor. “O nosso serviço de defesa agropecuária é reconhecido mundialmente pelo seu rigor. E a cadeia produtiva do algodão é a primeira do País a se submeter à nossa fiscalização, voluntariamente, para mostrar aos compradores internacionais a sua excelência”, afirmou.
O serviço citado por Goulart é o Programa de Qualidade do Algodão Brasileiro – certificação voluntária/autocontrole – Mapa, que atesta se a UBA e o laboratório de HVI seguem todos os requisitos internacionalmente exigidos na classificação da pluma. O programa tem parceria da Abrapa e começou a operar na safra 2022/23.