Plantio em 2022/23 de algodão deve recuar 2,1% no Brasil, afirma Safras
A área plantada com algodão no Brasil em 2022/23 deverá ser de 1,603 milhão de hectares, recuando 2,1% sobre o total semeado em 2021/22, de 1,638 mil hectares. A previsão é de SAFRAS & Mercado, que divulgou hoje a sua intenção de plantio.
A indicação inicial é de um avanço de 3,3% na produtividade, que passaria de 1.672 quilos para 1.728 quilos por hectare. Com isso, a produção poderá atingir 2,771 milhões de toneladas – que seria uma elevação de 1,2% na comparação com o ano anterior, de 2,739 milhões.
Para o analista e consultor de SAFRAS, Gil Carlos Barabach, os custos mais altos, especialmente de fertilizantes e combustíveis, são uma das justificativas para a expectativa de área menor. “O tombo nos preços internacionais do algodão acabou tirando a atratividade do produto e afetando a tomada de decisão do produtor”, explica.
O algodão é negociado atualmente abaixo de 90 centavos de dólar por libra-peso na ICE US, depois de trocar de mãos ao longo do último mês de maio até o início de junho acima de 150 centavos de dólar. “Sem dúvida, o cenário macroeconômico mundial extremamente desafiador, com desaceleração da economia, risco de recessão e aumento nos juros, naturalmente afeta negativamente a perspectiva de consumo global de algodão”, acrescenta o analista.
A próxima safra de algodão começa a ser plantada entre novembro e dezembro deste ano, com trabalhos se estendendo até fevereiro de 2023. O maior produtor é o estado do Mato Grosso, onde o maior percentual é de 2ª safra, ou seja, plantada depois da colheita de soja – representa perto de 90% do total. Nesse caso, o algodão rivaliza por área com a “safrinha” de milho.
Já no Oeste da Bahia, segunda região produtora, o algodão disputa diretamente área com soja e milho. “O preço atrativo, a liquidez e o realinhamento de custos pendem para o lado dos grãos, especialmente nesse momento de incerteza econômico-financeira”, lembra o consultor.
Mesmo com a queda na área, a projeção preliminar sinaliza um potencial crescimento da produção, tomando como base a produtividade média dos últimos 5 anos. “É que a produtividade das lavouras no atual ciclo produtivo foi bastante prejudicada pelo clima adverso”, completa Barabach.