Abrapa intensifica interações com embaixadas do Brasil na Coreia do Sul e China
Dando sequência à série de reuniões virtuais promovidas pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) e Apex Brasil, junto às embaixadas brasileiras na Ásia, a entidade apresentou, na manhã desta terça-feira (27), o projeto Cotton Brazil para os diplomatas em Seul, na Coreia do Sul, onde a pluma nacional já detém 35% do mercado. O encontro se seguiu ao da China, realizado ontem (26), restando agora apenas a Turquia, dentre os oito países-foco da iniciativa dos cotonicultores para ampliar a presença naquele continente, onde a associação abriu um escritório de representação, na cidade de Singapura. São eles, China, Bangladesh, Vietnã, Turquia, Paquistão, Indonésia, Índia e Coreia do Sul. Uma nova ação de promoção com o mercado Coreano está sendo desenhada para acontecer em breve. Desta vez, não com uma embaixada, mas com a Associação Comercial Coreana.
Apesar de ter diminuído sua indústria têxtil nos últimos anos, a Coreia do Sul é um importante centro de decisões empresariais na Ásia. Portanto, crucial para os objetivos do Cotton Brazil, que, dentre outras metas, estabeleceu a de tornar o país o "número um" do ranking de exportações até 2030, pulando uma posição e deixando para trás o atual primeiro colocado, os Estados Unidos.
"Mesmo promovendo nossa fibra internacionalmente há 20 anos, ainda temos muito que trabalhar neste sentido. O Brasil está crescendo e precisamos que este crescimento venha acompanhado do fortalecimento e, principalmente, reposicionamento de imagem, sobretudo a da qualidade percebida. Nosso algodão é tão bom quanto o americano e não difere muito em qualidade do australiano. Mas, na percepção de mercado, eles ganham de nós", ponderou o presidente da Abrapa, Milton Garbugio.
Para o Embaixador do Brasil na Coreia do Sul, Luís Sobreira Lopes, a intensificação das interações comerciais é fundamental para o desenvolvimento das atividades dos dois países. "O desempenho do agronegócio brasileiro já é reconhecido e, com relação ao algodão, o cenário se apresenta bastante promissor. Se unirmos a isso o aprofundamento dos contatos com mercados menores, como o coreano, mas com tradição de importação, teremos um grande potencial de crescimento", avaliou Sobreira Lopes, que participou da reunião virtual acompanhado pelo adido agrícola da Coreia do Sul, Gutemberg Barone, o chefe do setor comercial e conselheiro, João Marcelo Montenegro Pires, o assessor Rodrigo Braune, além do funcionário do setor de promoção comercial, Thiago Mattos.
Também presente ao encontro, o ex-presidente da Abrapa e atual conselheiro da instituição, Arlindo Moura, ressaltou a mudança do panorama da cotonicultura brasileira. "O algodão brasileiro sempre foi um importante produto na pauta de exportações do país. Após um intenso trabalho e muitos investimentos, passamos a ser o quarto maior produtor mundial e o segundo maior exportador, mas temos condições de crescer ainda mais", disse.
Segundo o presidente da Anea, Henrique Snitcovski, os coreanos são apontados como um referencial de qualidade e credibilidade. "Este sempre foi o primeiro mercado a comprar nossos produtos, funcionando como nosso cartão de visitas na Ásia. Mesmo com um volume de importação de pluma um pouco menor, a Coreia do Sul se mantém como uma praça formadora de opinião. Este é mais um aspecto da sua importância", analisou.
China
Maior destino das exportações de algodão em pluma, os chineses respondem por 30% da comercialização brasileira da fibra, com 577 mil toneladas. Este mercado é crucial para o Cotton Brazil, e as oportunidades para expandi-lo foram discutidas com a embaixada do Brasil em Pequim, na manhã da segunda-feira (26/10). Na ocasião, a Abrapa abordou as oportunidades e as ameaças nos negócios com a China, dadas às questões políticas e comerciais que influenciam nas decisões do gigante asiático, que é o 1º do mundo em consumo interno da pluma, 2º produtor mundial e 1º em importações de algodão. A reunião contou com a presença do embaixador, Paulo Estivallet, o ministro conselheiro, João Batista Magalhães, os adidos Jean Manfredini e Fábio Coelho, além dos diplomatas do setor agrícola, Larissa Costa e Hugo Peres.
Em todas as reuniões do Projeto Cotton Brazil, a Abrapa tem contado com o apoio de das embaixadas brasileiras na Ásia, em especial, a de Singapura, onde a instituição montou um escritório de negócios, coordenado pelo diretor de Relações Internacionais da Abrapa, Marcelo Duarte, para atender às demandas e estimular as relações comerciais entre os países. "Aqui, na Ásia, nós aprendemos a importância da visão de longo prazo, da parceria entre governos e setor privado, academia e instituições de pesquisa, dada a alta exigência de qualidade dos mercados. Acredito que, continuando assim, e tendo como certa a participação das embaixadas brasileiras, os objetivos de 2030, e além, serão atingidos e superados", finalizou o ministro conselheiro da embaixada do Brasil em Singapura, Daniel Pinto.