Pecuária pesa no PIB agropecuário e custos maiores pressionam

Publicado em 02/09/2011 14:44 e atualizado em 02/09/2011 19:25
Margens de lucro apertadas devido a custos em alta na pecuária afetaram o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária no segundo trimestre de 2011, uma situação que tende a permanecer no segundo semestre, de acordo com o Instiuto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e um especialista.

A agropecuária apresentou o pior desempenho entre os setores avaliados no segundo trimestre, tanto na comparação com o primeiro quarto do ano quanto na relação anual, informou o IBGE nesta sexta-feira. "A agropecuária registrou variação nula (na comparação anual), após ter se expandido em 3,1% no trimestre anterior", afirmou o IBGE, notando que apesar de a agricultura ter tido um desempenho positivo, a pecuária acabou pesando.

Em relação ao primeiro trimestre, o PIB da agropecuária teve retração de 0,1%. O comportamento do setor pecuário normalmente apresenta uma queda sazonal de preços no segundo trimestre em relação ao primeiro, principalmente por conta do segmento bovino, já que há uma maior oferta de bois para abate no período.

Mas os custos em alta, especialmente no segmento de suínos, que também enfrenta uma queda nos preços, estão afetando o desempenho no setor e reduzindo investimentos. "No suíno, há queda de preço, dificuldade de escoamento da produção, mercado interno enfraquecido, e ao mesmo tempo tem alta no custo de produção", afirmou o analista Alex Lopes da Silva, da Scot Consultoria.

Ele lembrou que o preço da arroba suína este ano está 23% menor, enquanto o custo do milho, principal ingrediente na ração, está 65% mais elevado. "Com uma margem mais estreita tem menos investimento". E acrescentou: "Embargos à carne brasileira de lugares como a Rússia, além de restrições que continuam na Europa, prejudicam os canais de escoamento externo do produto e levam a um aumento da oferta doméstica, com consequente redução de preços.

No caso do segmento de bovinos, houve uma queda de preços entre o primeiro e o segundo trimestres, de R$ 104 para R$ 96 a arroba (base São Paulo), segundo a Scot. De acordo com o analista, o segmento avícola tem situação um pouco mais favorável. "Por mais que os preços estejam firmes, a margem também se estreitou, a valorização do produto foi menor do que a valorização do custo".

Silva não vê grandes mudanças no segundo semestre para o setor. "Pode pensar em melhor remuneração, mas dificilmente o custo vai diminuir, provavelmente ele vai aumentar, porque fica longe da época de colheita de grãos, a oferta ficará mais reduzida. A tendência para comprar milho e soja é ficar mais caro."
Fonte: Reuters

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