MT precisa de R$ 3 bilhões para recuperar pastagens

Publicado em 25/03/2011 07:29 e atualizado em 25/03/2011 08:13
Valor corresponde a 62% do VBP da pecuária mato-grossense em 2010.
A recuperação de mais de 2,2 milhões de hectares de pastagens degradadas, em Mato Grosso requer investimento bilionário e ação imediata. No entanto, a conta é considerada ‘salgada’ demais para ser assumida sozinha pelos pecuaristas. Se nada for feito, o próprio segmento antevê o acirramento na oferta de animais, impactos sobre a rentabilidade da própria atividade e, principalmente, no preço final dos cortes que chegam à nossa mesa. A “conta” chega a R$ 3,09 bilhões, cifra que representa 62% do Valor Bruto de Produção de 2010 (VBP), que é o preço médio da arroba multiplicado pelo volume de animais abatidos, que no ano passado somou 4,33 milhões de cabeças (macho e fêmea), gerando receita de R$ 4,95 bilhões.

O levantamento foi solicitado pela Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) ao Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), que mapeou a real situação do setor pecuário. A atividade ocupa 26 milhões de hectares com pastagens que alimentam 28,7 milhões de cabeças de gado, o maior rebanho do Brasil.

Durante todo mês de fevereiro foram entrevistados 495 produtores de todas as regiões do Estado e 57% afirmaram estar com problemas de morte nas pastagens. A região mais afetada é a nordeste, onde 68% dos pecuaristas entrevistados disseram que estão com pasto degradado, e a região norte vem em seguida com 63%.

Os números são significativos e mostram que 2,23 milhões de hectares de pastagem morreram, o que representam 8,6% de toda área de pasto de Mato Grosso. Em volume de pastagem a região mais afetada é a sudeste, com 15% de sua área com 672.695 mil hectares, seguida da nordeste com 10,3% com 705.023 mil hectares e a noroeste com 9,1%, sendo 268.783 mil hectares.

“O impacto dessa conta está totalmente fora das possibilidades dos pecuaristas que não têm condições de arcar com este prejuízo sozinho”, frisou de forma taxativa o superintendente da Acrimat, Luciano Vacari. Ele lembra que o setor saiu de uma crise mundial – segundo semestre de 2008 - e amarga ainda um rombo de mais de R$ 300 milhões causado pelos frigoríficos que entraram em recuperação judicial. “Esse impacto vai direto para a mesa do consumidor, que vai pagar mais caro por um alimento que já está restrito, e essa preocupação tem de levar o poder público a encontrar uma solução emergencial”, analisa.

Os pecuaristas foram perguntados sobre o que fariam para reverter a situação e 61% responderam que farão o replantio, 32% vão manter no pousio (descanso que se dá a uma terra cultivada, interrompendo-lhe a cultura por um ou mais anos) e 7% vão apenas gradear. A execução dessas decisões vai custar R$ 3,09 bilhões, para fazer o replantio de 1,4 milhões de hectares e para gradear 549.438 mil hectares.

O superintendente do Imea, Otávio Celidônio, disse que “o levantamento feito junto aos pecuaristas confirmou o que já tinha sido detectado pelo mercado, relativo ao grande impacto da morte de pastagem, e este custo estimado é elevado e atrapalha o planejamento de compra e venda de animais em 2011”. O representante da Acrimat, Luciano Vacari, reforça que “a restrição de oferta de boi gordo vai continuar até 2014 e com esse novo impacto na morte das pastagens a situação vai ficar ainda mais delicada, um alerta para que medidas emergenciais sejam tomadas pelo poder público”.

PASTO - As causas das mortes das pastagens, segundo os pecuaristas, são a seca, as pragas e o excesso de água. A estiagem de 2010 foi responsável por 53% das mortes, castigando sobremaneira a região nordeste com 83% da degradação das pastagens, seguindo pela sudeste, com 69% e 67% no médio norte. Os ataques das pragas como cigarrinha e lagartas são apontados como a segunda causa da degradação, registrando 43% em média, atingido 84% da região norte, 60% da noroeste e 49% da centro-sul. A água foi apontada como principal causa da morte em 4% da área de pastagem, sendo a região oeste mais afetada com 14%, a norte com 8% e a noroeste com 5%.

Fonte: Diário de Cuiabá

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