Com fumo em baixa, gado leiteiro atrai investimentos no sul de Santa Catarina

O preço em baixa do fumo tem levado produtores no Extremo Sul de Santa Catarina a procurar atividades econômicas alternativas. Hortifrutigranjeiros, avicultura e até o gado leiteiro aparecem como apostas paralelas. No município de Timbé do Sul, a equipe técnica da Secretaria de Agricultura estruturou grupos de produtores para mudar a rotina no campo. Há um ano a ideia é testada.

De acordo com o técnico agropecuário Giovani Dassi, diante das dificuldades para produzir e comercializar nos últimos anos, a tradição de Timbé do Sul pode entrar em “decadência” e a alternativa do gado pode representar ganho aos produtores.

— Hoje, a família é a mão de obra e o tamanho das lavouras gira em torno de 12 hectares. Mas, nas últimas safras, a área foi reduzida — explica.

A intenção da prefeitura não é acabar com a atividade fumageira, mas dar a oportunidade às famílias de ver o que é mais interessante e rentável, afirma o técnico agropecuário. Com o fumo, a renda anual varia de R$ 8 mil e R$ 12 mil. Com o leite, o rendimento gira em torno de R$ 10,8 mil por ano.

Por enquanto, das 600 famílias fumicultoras, apenas nove desenvolvem a atividade paralela. O volume ainda é pouco, considera o veterinário Gilmar Michels, mas esses produtores têm para onde direcionar o produto. Uma empresa de lacticínios em Sombrio compra a produção de leite para a fabricação de queijos.

— A capacidade industrial dessa empresa é de 10 mil litros ao dia, mas, por enquanto, consegue apenas quatro mil ao dia. A capacidade dos produtores de Timbé do Sul é de 18 mil litros ao mês. Ou seja, temos um nicho pedindo para ser explorado — defende Michels.

Financiamento para comprar vacas leiteiras

Há 20 dias, o casal Nilton, 58 anos, e Fátima Anelli, 48, fez um financiamento de R$ 34 mil para a compra de 15 vacas jersey, resfriador com capacidade para 800 litros, ordenhadeira e construção de uma sala de ordenha. Nilton, que cultivava fumo desde os 14 anos, há dois largou a atividade e agora aposta nos animais.

Para Nilton, a grande diferença é jornada reduzida para três horas por dia. Os 70 mil pés de fumo em quatro hectares da família virou pasto e capim que se refazem o ano todo, com custo de manutenção mais barato.

— Tivemos que aprender a lidar com essa tecnologia e estamos indo bem. O custo mais alto até agora é a energia elétrica. Se há 20 anos o gado leiteiro tivesse sido apresentado dessa forma, não estaríamos com dívidas e nem tão velhos — ressalta Fátima.