A tolerância com a inflação explica o índice de 2010

Publicado em 08/01/2011 06:14

A taxa oficial de inflação, o IPCA (Índice Nacional ao Consumidor Amplo), apresentou no ano passado um crescimento de 5,91%, o maior desde 2004. É uma herança pesada, pois a inflação tem seu trade off que dificulta o retorno à normalidade.

O ex-presidente Lula reconheceu que a inflação afeta mais os mais pobres, mas não foi capaz de contê-la. E as famílias de menor renda foram mais atingidas, com um aumento de 10,39% nas despesas de alimentação, que, pelo IPCA, representam 32,3% do orçamento familiar, e um alimento básico nas suas mesas, o feijão, aumentou 63,62% em relação ao ano anterior.

Não se pode atribuir ao governo a responsabilidade pelo encarecimento dos alimentos, mesmo com a política social tendo o efeito (positivo) de aumentar a demanda interna. O paradoxo maior, no caso, é um dos países que mais produzem alimentos no mundo não dispor de estoques reguladores e ser vítima da especulação do mercado internacional, num mundo que teve problemas de abastecimento. É ainda estranho que, tendo o BNDES contribuído para que possamos dispor dos maiores frigoríficos do mundo, a carne tenha sofrido um aumento de 29,64% nos açougues.

Entre os itens não alimentícios no IPCA, os empregados domésticos tiveram o maior aumento salarial (11,82%), fruto da repercussão da elevação do mínimo. De uma maneira geral, os serviços tiveram os maiores aumentos e dificilmente terão preços menores nos próximos meses.

As despesas de vestuários e pessoais cresceram bastante (em torno de 7,5%) refletindo as melhorias da renda familiar. A educação, que pesa no orçamento, sofreu uma elevação de preços de 6,22%.

Podemos perguntar se a atitude do Banco Central (BC), que nos últimos meses do ano adotou uma política monetária mais frouxa, tem alguma responsabilidade nessa retomada da inflação, mas, por outro lado, não é possível ignorar a responsabilidade da elevada taxa de juros na evolução dos preços.

O novo presidente do BC se declarou em favor de uma meta de inflação menor, o que parece um paradoxo quando se verifica que a meta central de 4,5% foi ultrapassada. No entanto, ele tem alguma razão ao defender essa tese. Nós nos acostumamos a uma taxa que, em relação às de outros países, é certamente pouco ambiciosa e favorece um custo do dinheiro muito elevado. Nossa inflação é muito elevada no contexto internacional e não podemos nos habituar a conviver com ela. 

Fonte: O Estado de S. Paulo

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