Campanha da ‘despedida’ de Lula custa R$ 20 milhões

Publicado em 19/12/2010 17:19
Peças publicitárias para marcar fecho da era Lula na Presidência estão sendo divulgadas em 325 veículos

A campanha publicitária de "despedida" do presidente Lula da Presidência custou R$ 20 milhões. Com um novo slogan "Estamos vivendo o Brasil de todos", a propaganda em rádio, TV, jornais e revistas fala sobre o crescimento econômico dos últimos anos e ressalta números sobre redução da desigualdade social.

As peças publicitárias começaram a ser exibidas em dezembro e, de acordo com a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), estão sendo divulgadas em 325 veículos de comunicação pelo País.

"Comida na mesa, carteira assinada, crianças na escola, vida no rumo. Estamos vivendo o Brasil de todos", diz uma das duas propagandas veiculadas em revistas. Na outra peça, o texto diz: "Está no número, está no dia a dia dos brasileiros. Estamos vivendo o Brasil de todos."

Segundo a Secom, o novo slogan "Estamos vivendo um Brasil de todos" é uma "evolução do conceito" anterior "Estamos vivendo um novo Brasil". A campanha foi feita pelas agências Propeg e Matisse, duas das três que detêm a conta da secretaria.

A verba para publicidade institucional da Presidência, que tem como objetivo divulgar ações e projetos do governo federal, foi orçada em R$ 167 milhões neste ano. Segundo o sistema de execução orçamentária das contas do governo federal, até agora já foram empenhados (comprometidos) R$ 165 milhões. Em todo o ano passado, foram usados cerca de R$ 159 milhões com esse mesmo tipo de propaganda. As peças publicitárias pretendem fazer uma "revisão" sobre os atos do governo.

"Nestes últimos anos, nós brasileiros nos encontramos com nós mesmos", começa a propaganda de um minuto na televisão. "Nos encontramos com o respeito, com a dignidade, com os projetos de vida, com a força que a gente tem e com a vontade de crescer. Nos reencontramos com nossos sonhos, com a felicidade, com a esperança de um futuro melhor. E ele será melhor, com certeza. Enfim, nós brasileiros nos reencontramos com o Brasil", diz o locutor, enquanto aparecem imagens de pessoas se abraçando.

No rádio, os spots dizem que a "maior riqueza" do País é o "seu povo": "O nosso país se reencontrou com o seu povo e descobriu que essa é sua maior riqueza. É por isso que o Brasil de hoje é melhor que o de ontem. E movido pela força, pelos sonhos desse povo, a gente sabe que o Brasil de amanhã será ainda melhor."

Gastos. Segundo dados da Secom, foi gasto, até a primeira semana de dezembro, R$ 1,1 bilhão com propaganda em mídia da administração direta e indireta do governo federal - no ano passado foi R$ 1,6 bilhão. O total não inclui publicidade legal (divulgação de balanços), gastos com produção de comerciais e eventos.

A maior parte dos recursos foi destinada às emissoras de televisão (R$ 707 milhões). Depois vieram os jornais (R$ 100 milhões), as rádios (R$ 99 milhões) e as revistas (R$ 82 milhões). O Ministério da Saúde foi a pasta que, até agora, usou mais recursos: R$ 137 milhões, seguido pelo Ministério das Cidades, R$ 60 milhões.

Os órgãos que apresentaram maior crescimento com veiculação de propaganda em relação a 2009 foram o Ministério da Justiça, que até agora praticamente dobrou os custos, chegando a R$ 8,4 milhões, e a Embratur, cujos gastos passaram de R$ 8,2 milhões para R$ 16,1 milhões.

Procurada pelo Estado, a Secom alegou que, nesta semana, divulgará balanço sobre investimentos em publicidade e, por isso, não comentaria os gastos na área.

Mais de 40% dos beneficiários do Bolsa-Família continuam miseráveis

Número de pobres apesar de benefício aparece em estudo do ministério a pedido do 'Estado'


BRASÍLIA - A presidente eleita, Dilma Rousseff, não terá dificuldade para encontrar a pobreza absoluta que ela prometeu erradicar até o fim do mandato, como um dos principais compromissos da campanha. Quase 5,3 milhões de famílias - a grande maioria dos brasileiros que permanecem na condição de miseráveis - já são beneficiárias do programa Bolsa-Família, de transferência de renda.
Sergio Castro/AE
Quase 5,3 milhões de famílias recebem de R$ 22 a R$ 200


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O valor pago mensalmente pelo Bolsa-Família, que varia de R$ 68 a R$ 200 para as famílias que vivem em pobreza mais aguda, não é suficiente para pouco mais de 40% dos atendidos pelo programa superarem a miséria. A condição de pobreza extrema é definida pela renda de até R$ 70 mensais por pessoa da família, segundo as regras do programa; miseráveis são pessoas que vivem com renda de até R$ 2,30 por dia.

O número de famílias que permanecem na extrema pobreza apesar de receberem o benefício do Bolsa-Família aparece em levantamento inédito do Ministério do Desenvolvimento Social, feito a pedido do Estado. Nos últimos anos, o ministério vinha se recusando a divulgar esse tipo de informação.

Entre as 12,7 milhões de famílias beneficiárias do Bolsa-Família, 7,4 milhões (58%) encontram-se na faixa de renda entre R$ 70 e R$ 140 mensais por pessoa da família. Dessas, 4,4 milhões (35% do total dos beneficiários) superaram a condição de extrema pobreza com o pagamento do benefício. Mas ainda restam 5,3 milhões (42%) de miseráveis no programa.

Gasto extra

Acabar com a extrema pobreza entre os beneficiários do Bolsa-Família significaria ter de mais do que dobrar o valor do benefício básico, de R$ 68, pago apenas às famílias que têm renda per capita de até R$ 70. “O piso do benefício teria de ir para R$ 138”, calcula Lúcia Modesto, secretária de Renda de Cidadania do ministério, responsável pelo programa.

A média dos pagamentos, hoje em R$ 96 mensais, também teria de aumentar. O impacto nas contas públicas seria um gasto extra de R$ 8 bilhões, segundo estimativa preliminar. “Está muito acima das nossas possibilidades”, disse a secretária. A presidente eleita recorrerá a uma medida provisória, no início do mandato, para fixar reajuste nos pagamentos do Bolsa-Família. Um reajuste acima da inflação acumulada, de cerca de 9%, está em estudo, conforme antecipou o Estado. Mas a possibilidade de pagar um benefício que elimine imediatamente a extrema pobreza entre os beneficiários nem sequer é considerada.

Política de reajuste

Uma das ideias em estudo é estabelecer uma política de reajustes para o Bolsa-Família, como acontece com o salário mínimo. Atualmente, eventuais reajustes dependem da vontade do presidente da República.

O último reajuste do Bolsa-Família se deu em maio de 2009. Desde então o programa paga entre R$ 22 e R$ 200. O valor varia de acordo com o grau de pobreza e o número de crianças e jovens em idade escolar das famílias. Nada recebem aquelas que não são consideradas extremamente pobres nem têm filhos até 17 anos. O Orçamento de 2011, enviado ao Congresso sem previsão de reajuste, autoriza gastos de R$ 13,4 bilhões com o programa.

Receita óbvia

Embora não sejam suficientes para fazer com que 40% dos beneficiários superem a extrema pobreza, os pagamentos do Bolsa-Família são responsáveis por um crescimento médio de 49% da renda das famílias atendidas. Nas regiões Norte e Nordeste, o impacto é ainda maior, mas a renda média após o pagamento do benefício não alcança a linha que separa a extrema pobreza da pobreza.

Aumentar o valor do benefício do Bolsa-Família é uma receita óbvia para erradicar a extrema pobreza no País. Outra medida apontada como inevitável é garantir o acesso ao programa das cerca de 230 mil famílias pobres ainda não cadastradas, de acordo com estimativa do Desenvolvimento Social.

No documento lançado no segundo turno das eleições presidenciais, com os “compromissos programáticos”, a então candidata Dilma Rousseff prometeu erradicar a pobreza absoluta. Esse é o compromisso número 5, de uma lista de 13.

O texto petista não detalha a estratégia a ser adotada, mas destaca o crescimento econômico, a expansão do emprego e da renda e a valorização do salário mínimo, antes de falar do Bolsa-Família.

Agência ligada ao PT vende pacotes de viagem para posse

Uma agência de viagens de São Paulo ligada ao PT está vendendo pacotes de viagem, de R$ 456 a R$ 497, para a militância petista assistir à posse da presidente eleita, Dilma Rousseff, no próximo dia 1º, em Brasília.
A empresa Arara Azul calcula que levará de avião a Brasília apenas 70 simpatizantes da apadrinhada de Lula. Bem menos que os 377 que viajaram de ônibus pela empresa em 2003, na primeira posse de Lula.
Filiados de todo o Estado receberam e-mail com orientações do secretário de Movimentos Populares do PT, Wellington Diniz Monteiro, para recorrer à Arara Azul.
"É a agência de uma companheira ligada ao PT. Quem tiver interesse, [tem de] entrar em contato com a agência e se identificar dizendo que foi indicado pela Secretaria de Movimentos Populares", diz o e-mail.
O pacote oferecido inclui passagens aéreas (ida e volta) de São Paulo a Brasília, uma noite de hospedagem com café da manhã, roteiro do evento e orientação de guias na capital nacional.
O e-mail disparado para os correligionários informa preços a partir de R$ 497. A proprietária da empresa, Mônica Lúcia da Silva, 45, que se diz "petista roxa", afirmou ter conseguido preço menor para o novo pacote.
Segundo ela, neste ano o PT não se mobilizou como na primeira posse de Lula.
Monteiro disse que Mônica é uma "amiga", que o partido não está organizando caravanas a Brasília e, por isso, tem "incentivado" ações como a da Arara Azul.
"Existem outras iniciativas como essa", disse. O grupo de mulheres petistas, por exemplo, disse, deve levar 200 pessoas. São aguardados cerca de 1.700 convidados.

Para Lula, política social e crescimento justificam aprovação

Sobre dados de pesquisa Datafolha, presidente atribui à oposição culpa pela baixa avaliação da área da saúde

Petista também procura justificar 6% que citam corrupção no governo dizendo que nunca se investigou tanto no país 

DE BRASÍLIA 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva atribui à "combinação do desenvolvimento com as políticas sociais" a popularidade recorde com que chega ao final de oito anos de governo.
Pesquisa Datafolha publicada hoje revela que o petista registra a melhor marca na série histórica do instituto. Para 83% dos entrevistados, fez uma gestão ótima ou boa.
Na opinião de 13%, foi um governo regular. Apenas 4% o consideram ruim ou péssimo.
De acordo com a pesquisa, 19% julgam que o governo Lula teve melhor desempenho no combate à fome e à miséria. "A questão social é a minha cara. É a cara da minha vida política, é a cara da minha origem política, é a cara de tudo do que eu participei", disse à Folha.
Na visão de 13%, a economia foi a segunda área de melhor desempenho do petista. A geração de empregos veio em seguida, citada por 10%.
Para Lula, a explicação para essa boa avaliação é "pouco ressaltada no Brasil", que é a "geração de empregos".
Diz que o país vive uma fase com índice de desemprego baixo, de "quase pleno emprego". Fala que, nos seus dois mandatos, o país gerou 15 milhões de empregos.
O Datafolha mostrou que a saúde é a área de pior desempenho do atual governo.
Para Lula, o motivo disso foi a derrubada, pela oposição, da CPMF, o antigo imposto do cheque, tributo que era destinado à saúde.
"Numa fatídica noite, os tucanos e o DEM, de ódio e de raiva, me tiraram, em quatro anos, R$ 150 bilhões da saúde", afirma o presidente Lula, ao comentar votação no Senado que derrubou a CPMF, em 2007.
Segundo o presidente, essa verba seria arrecadada pela contribuição em quatro anos e destinada ao "PAC [Plano de Aceleração do Crescimento] da Saúde", projeto que não saiu do papel.
Em relação à opinião de 6% dos que consideraram a corrupção a área em que seu governo foi pior, Lula afirma: "Grande parte das denúncias contra o governo é feita pelo próprio governo".
Citou a CGU (Controladoria-Geral da União) como exemplo de órgão que faz investigações que atingem o próprio Executivo federal.
"Se você somar todos os presidentes da República, ninguém investigou o tanto que nós investigamos. Nós prendemos policiais federais, prendemos mais de 1.500 servidores públicos. Tenho dito publicamente. Só existe um jeito de você não ser molestado. É você andar na linha." 

Fonte: O Estado de S. Paulo

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