Grande virada na política de estímulo ao consumo
No entanto, desde a eleição de Dilma Rousseff para a Presidência da República, estão sendo adotadas algumas medidas que indicam que o governo considera propício o momento para reduzir a pressão da demanda e favorecer um aumento da poupança privada e pública.
Primeiro houve a decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN), regulamentando o uso dos cartões de crédito. Depois o ministro da Fazenda se manifestou a favor da redução dos gastos de custeio, cujo aumento ele havia considerado positivo apenas algumas semanas antes.
Mas foram as medidas tomadas ontem, na reunião conjunta do CMN e da diretoria do Banco Central (BC), as mais decisivas para conter o excesso do consumo - e isso às vésperas das festas natalinas.
Para assinalar que não mais se justificam as medidas anticíclicas tomadas logo no início da crise, o BC voltou a exigir o recolhimento dos depósitos compulsórios sobre depósitos à vista e a prazo no nível anterior à crise. Tal medida deve representar um enxugamento da liquidez dos bancos de cerca de R$ 60 bilhões, equivalente a uma elevação de 0,5 ponto porcentual da taxa Selic.
Também para conter a expansão do crédito se aumentou de 100% para 150% o fator de requerimento de capital para operações de crédito a pessoas físicas, que assim passa de 11% para 16,5% do valor das operações superiores a 24 meses. Medidas semelhantes foram tomadas para financiamento de veículos, levando em conta o prazo do financiamento e a porcentagem do pagamento à vista.
São medidas que visam a conter o consumo e a estimular a poupança - sem a qual não é possível investir nos níveis exigidos pelo País. Neste sentido, o limite de garantia dos depósitos e créditos protegidos pelo Fundo Garantidor de Crédito foi elevado de R$ 60 mil para R$ 70 mil. A dúvida é se essas medidas não foram tomadas para que não se aumente a Selic na próxima semana.