Agricultura antecipa ofensiva norte-americana
O crescimento das exportações de soja, um dos principais produtos da balança comercial dos norte-americanos, mostra que eles não estão de brincadeira. Há sete meses o USDA reajusta para cima sua projeção de embarque, agora em 39,3 milhões de toneladas. Faltando pouco mais de quatro meses para o encerramento da temporada, o país já negociou 95% desse volume, o que significa que essa meta pode ser revista novamente, e para cima. Em igual período do ano passado, esse índice era de 87%. Na safra anterior, os EUA exportaram 34,9 milhões de toneladas.
Entre os alvos da nova política de comércio internacional estão países em desenvolvimento e que apresentam rápido crescimento, como China, Índia e Brasil. No ano passado os chineses responderam por 54% do comércio mundial de soja. Não por acaso, incentivar esses países a comprarem produtos norte-americanos faz parte da estratégia. “É aí onde o dinheiro está e é aí onde temos que focar”, afirmou Francisco Sanchez, do Departamento de Comércio, ressaltando que 95% dos consumidores mundiais vivem fora dos EUA. Sanchez, que assumiu o cargo no mês passado, disse em entrevista à agência Reuters que visitará Brasil e China em maio, Índia e Arábia Saudita em junho, e Canadá e México nos meses seguintes.
Em uma dessas missões, na semana passada, no Japão, o secretário de Agricultura, Tom Vilsack, declarou que o objetivo nessas viagens “é incentivar a abertura dos mercados e defender um sistema comercial aberto, baseado em regras internacionais, que irá beneficiar tanto os consumidores quanto os nossos agricultores e pecuaristas, que fornecem produtos para todo o mundo.” Na abertura do 2010 Agriculture Outlook Forum, em fevereiro, em Washington, Vilsak afirmou que o USDA não mediria esforços para ajudar Obama a cumprir a promessa.
A
Estratégia Nacional de Exportação (NEI, na sigla em inglês), plano
norte-americano para fortalecer o comércio exterior, está sendo
construída por um grupo de trabalho criado pela Casa Branca em março. A
equipe que integra o NEI se reúne pela primeira vez neste mês. O
documento final só deve ser apresentado ao presidente em setembro.
Política de subsídios
O caminho para sair da crise, acreditam os EUA, é o livre comércio. Mas isso não significa que eles estão dispostos a abrir o próprio mercado. Ele sabem que para manter seus produtos competitivos no exterior precisam apoiar o setor produtivo. A controversa indústria do etanol de milho, por exemplo, está prestes a ficar mais tranquila por mais cinco anos. Estão em tramitação no Congresso Nacional duas propostas diferentes, mas que têm o mesmo objetivo: ampliar e estender até 2016 os subsídios pagos aos produtores, que expiram no final de 2010.
Além de renovar a tarifa de importação de US$ 0,54 por galão (3,7 litros), as propostas prevêem também o pagamento de um bônus de US$ 0,45 para a indústria por galão de álcool misturado à gasolina, US$ 0,10 por galão para pequenos produtores e US$ 1,01 por galão a produtores de etanol celulósico. Segundo especialistas, os incentivos custariam aos cofres norte-americanos US $ 6 bilhões por ano.
Em 31 de dezembro de 2009, o incentivo de US$ 1 por galão (3,8 litros) que era pago à indústria do biodiesel expirou e, desde então, a produção do país foi praticamente interrompida. Neste ano, a proposta de renovação do subsídio foi aprovada na Câmara e aguarda votação no Senado. Segundo o Instituto de Pesquisa em Política de Agricultura e Alimentação (Fapri, na sigla em inglês), a não-renovação do subsídio pode resultar em uma queda de cerca de US$ 0,15 por bushel nos preços do milho e da soja. Um terço da safra de milho dos EUA é usado para fazer etanol e 11% do óleo de soja produzido no país são utilizados para biodiesel.