Monsanto pressiona Camex e relaciona medidas que podem afetar produção de glifosato no Brasil.
A empresa não descarta a possibilidade de reduzir a produção de matéria-prima para o glifosato em sua fábrica Camaçari (BA) e também diminuir a composição do defensivo em sua unidade de São José dos Campos (SP). Em substituição, o produto seria importado da planta de Luling, no estado americano da Louisiana.
"Não sabemos quanto do produto deixaria de ser produzido para ser importado. Precisaríamos reavaliar nossa produção local e não descartar a possibilidade de interromper por algum tempo a fabricação", afirma Ricardo Madureira, diretor geral da divisão de proteção de cultivos da Monsanto para América do Sul.
A justificativa para a medida é a entrada do glifosato chinês no Brasil a preços abaixo dos custos de produção. De acordo com Madureira, o governo da China concede um reembolso fiscal de 5% para o glifosato produzido e exportado a partir de solo chinês.
"Isso permite que o fabricante venda abaixo de seu custo, já que ela conta com esse reembolso", afirma Madureira.
Mais do que o benefício fiscal, o produto chinês passou a incomodar a Monsanto a partir do momento de sua queda de preço.
Em meados de 2008, o quilo do glifosato da China chegava ao Brasil por US$ 13,00, valor que está atualmente a US$ 3,00 por quilo, segundo cálculos da própria Monsanto. Questionado sobre qual seria o custo de produção da empresa no Brasil, Madureira diz que essa é uma informação estratégica e que não pode fornecer.
Mesmo assim, o executivo lembra que se a Camex não colocar uma tarifa antidumping adequada, não faria mais sentido produzir o glifosato no Brasil. Dessa forma, mesmo com um investimento de US$ 350 milhões, a produção das matéria-primas em Camaçari poderia ser suspensa. Além disso, parte da unidade de São José dos Campos, que já recebeu investimentos de US$ 140 milhões e processa as matérias-primas para formulação do produto final também ficaria em xeque. "Em se mantendo esse regime de preços vamos ter que parar de produzir para não ter que operar no vermelho", afirma Madureira.
Em princípio, a atual tarifa antidumping de 2,1% seria substituída por um preço mínimo de referência de US$ 3,60 por quilo.
A proposta feita pela multinacional era de que esse valor fosse de US$ 4,60, mas o que está sendo proposto já agrada a empresa, desde que existam mecanismos que garantam sua aplicação.