Abril Vermelho: MST já realizou 24 invasões em propriedades públicas e privadas em duas semanas
Em nove dias de ações do "Abril Vermelho", o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizou 24 invasões de propriedades privadas e públicas em 11 estados brasileiros. O movimento informou que aproximadamente dez mil famílias estão prontas para novas ocupações e planeja ampliar bloqueios de estradas e manifestações.
Dentre as propriedades que foram invadidas neste período está uma fazenda experimental da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), localizada na zona rural de Mossoró. A fazenda experimental da Ufersa que foi ocupada fica nas dependências do Núcleo de Geração e Transferência de Tecnologia em Produção Animal do Semiárido (NUTESA).
De acordo com informações locais, os participantes do movimento invadiram a área alegando que estava desativada há mais de 3 anos e está sendo reivindicada para fins de Reforma Agrária e para a produção de alimentos.
Em nota, a universidade reportou que a Reitoria tomou conhecimento da ocupação, adotou, no último domingo (6), as primeiras medidas visando salvaguardar a integridade da equipe de segurança e patrulhamento do espaço; oficializou os órgão e entidades competentes e montou um gabinete emergencial para monitorar a situação. “Estamos buscando a melhor solução para a Ufersa de forma pacífica e respeitosa”, garantiu o reitor Codes.
Confira a nota oficial, clicando AQUI.
Segundo as informações do grupo chamado de Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária reportou que as ações devem se estender até o dia 17 de abril. As ações do movimento equivalem a 2,5 ações por dia.
A Frente Parlamentar Da Agropecuária (FPA) reportou que mesmo antes do início oficial do conhecido “Abril Vermelho”, o país já registrava propriedades invadidas, produtores rurais expulsos de suas terras e um cenário preocupante de incertezas sobre a responsabilização dos envolvidos.
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Em nota oficial divulgada nesta semana, a FPA alertou incessantemente para uma escalada preocupante das invasões no campo já antes do mês de abril começar e apontou ações coordenadas por movimentos como o MST, que já realizou cinco invasões somente nos primeiros meses de 2025. Em 2024, conforme dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), ocorreram 28 ocupações em diversos estados, incluindo Bahia, Pernambuco, Ceará, Distrito Federal, Rio de Janeiro, Goiás, São Paulo, Sergipe, Paraná, Rio Grande do Norte e Pará.
De acordo com o Deputado Federal (PL-RS), Luciano Zucco, estamos vendo isso acontecer no exato momento em que esta Casa discute o PL da Anistia, que busca corrigir os excessos, os abusos e a perseguição ideológica imposta aos brasileiros que se manifestaram em 2023.
“O MST aumenta o tom, desafia o Estado e reafirma que está acima da lei. Estão dizendo com atos o que o governo não tem coragem de admitir com palavras: há brasileiros de primeira e de segunda categoria no país do PT”, informou o Deputado por meio de nota.
Segundo o levantamento do MST, o movimento já invadiu propriedades no Pará, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Goiás, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo.
O Notícias Agrícolas vem acompanhando as invasões às propriedades rurais ao longo dos últimos meses, principalmente no estado do Paraná e da Bahia. O Presidente da Unagro, Luciano Andrade, informou que no extremo Sul da Bahia já ocorreram mais de 80 invasões. “Aqui na região da Chapada Diamantina participamos de duas desinvasões nos últimos dias no mês de março, sendo uma delas a fazenda Itaberaba de propriedade do produtor rural Alfredo Bezerra”, relatou ao Notícias Agrícolas.
Confira os vídeos da desinvasão realizada na Bahia pela Unagro, que ocorreram no dia 18 de março de 2025
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Pernambuco
O Movimento Sem Terra já realizou invasão de propriedades em 13 municípios do estado de Pernambuco somente no último final de semana. De acordo com as informações divulgadas pelo próprio movimento, as cidades que foram ocupadas são Goiana, Riacho das Almas, Águas Belas, Lati, Petrolina, Limoeiro, Tacaratu, Altinho, Ibirajuba, Pombos, Gravata, Floresta e Rio Formoso.
No último sábado (05), a primeira ação do movimento foi realizada na Usina Santa Teresa, localizada em Goiana, a invasão contou com aproximadamente 800 integrantes do movimento. A usina pertence à Companhia Agroindustrial de Goiana (Caig), que por sua vez é do grupo João Santos e produz álcool e açúcar.
Ainda em Pernambuco, o movimento também invadiu a Fazenda Galdino, em Riacho das Almas, e a Fazenda Ribeira, em Águas Belas. Em Petrolina, na divisa com a Bahia, as famílias invadiram a Fazenda CopaFruit.
Paraíba
O movimento já realizou ação em três regiões do estado nos últimos dias, em que invadiram a Fazenda Carvalho, que está situada na região de Solânea. Os integrantes também ocuparam uma granja no município de Santa Rita na última segunda-feira (07).
Ainda na segunda-feira, os integrantes ligados ao movimento invadiram a Fazenda Nossa Senhora de Fátima, que está localizada na cidade de Tacima. De acordo com as informações do movimento, a ação foi marcada pela presença da polícia militar, e de representantes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) na mediação com o proprietário da terra.
Sergipe e Ceará
No início desta semana, cerca de 500 famílias de acampados e assentados do movimento realizaram uma invasão na região metropolitana de Aracaju. Já no estado do Ceará, em torno de 700 agricultores organizados pelo movimento invadiram a Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), em Fortaleza, capital do Ceará.
Minas Gerais e Rio de Janeiro
No sábado (05), mais de 600 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam uma área às margens da BR-116, no município de Frei Inocêncio, no Vale do Rio Doce.
No Início da manhã desta segunda-feira (7), 500 famílias Sem Terra invadiram as terras da Fazenda Santa Luzia, na Usina Sapucaia, no município de Campos dos Goytacazes (RJ).
Em nota oficial, A COAGRO reportou que acompanhou a ação promovida por um pouco mais de 60 integrantes do MST na manhã desta segunda-feira (7), no acesso à Sapucaia, em Campos dos Goytacazes.
A cooperativa respeita o direito à livre expressão, mas repudia qualquer tentativa de invasão, ocupação ou bloqueio irregular de áreas produtivas. Ações desse tipo colocam em risco a atividade agrícola, ameaçam empregos e comprometem a segurança de trabalhadores, que atuam de forma regular e legítima. A COAGRO lamenta ainda que o ato tenha impedido o direito de ir e vir de moradores locais, além de impactar serviços e o comércio da localidade.
São Paulo e Goiás
Na segunda-feira (07), um grupo de 400 famílias do MST invadiram a Usina São José na região de Rio das Pedras (SP).
Em nota enviada à imprensa, a Usina São José lamentou o ocorrido e afirmou que o acesso às suas instalações foi bloqueado temporariamente até a intervenção da Polícia Militar, que conseguiu desocupar o local ainda pela manhã. A empresa reforçou seu “compromisso com a responsabilidade socioambiental, a segurança e o respeito à comunidade”.
Já no estado de Goiás, o movimento realizou ação na região de Goiânia e Água Fria no início desta semana, sendo uma das propriedades a Fazenda São Paulo fica em Água Fria de Goiás, na divisa com Minas e Distrito Federal. Além disso, o movimento também invadiu a Superintendência Regional do INCRA em Goiás, na capital Goiânia.
Pará
De acordo com informações divulgados no próprio site do MST, entre os dias 31 de março até 2 de abril, uma comitiva de mais de 300 trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra da região de Carajás estiveram na Superintendência do Incra, em Marabá (PA), para a reunião das devolutivas da pauta de negociações feita em dezembro de 2024.
Mato Grosso
Nesta quarta-feira (09), ocorreu nova invasão realizada pelo o movimento no estado do Mato Grosso, em que aproximadamente 500 pessoas ocuparam a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra-MT)na Praça Alencastro, no Centro de Cuiabá.
De acordo com os jornais locais, os integrantes pedem uma reunião com o Ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, para tratar das reivindicações.