CNA aborda cenários para o setor agropecuário em 2025 no MS Agro
O diretor técnico da CNA, Bruno Lucchi, falou, na quinta (21), sobre os cenários para o agro brasileiro em 2025 no MS Agro 2024, evento promovido pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), em Campo Grande.
Lucchi apresentou dados que mostram que o PIB do agronegócio deve fechar no negativo, mas que isso significa um ajuste nos preços que aumentaram consideravelmente durante a pandemia, em 2020.
“É o terceiro ano de queda, mas em 2020 teve um crescimento de 22,3%. Viemos de uma base muito forte, principalmente com a pandemia, onde os preços aumentaram muito e o que acontece agora é um ajuste de preço”, afirmou.
Bruno Lucchi citou o comportamento das principais cadeias produtivas. Em relação à oferta e demanda mundial de soja, por exemplo, o diretor afirmou que o Brasil terá quase 20% de sobra na safra 2024/2025 e que o preço do grão em 2025 ficará estável.
Sobre o milho, Lucchi disse que o cenário não será muito diferente da soja. “Teremos recuperação de produção na Argentina e nos Estados Unidos. E no Brasil, que perdeu muito esse ano na segunda safra, a expectativa é que recupere em torno de 4% da produção no próximo ano.”
No caso da carne bovina, Bruno Lucchi destacou que a margem ficará apertada, ou seja, o que for produzido será consumido, e que alguns países têm condição de aumentar a produção como os EUA.
“O Brasil vai cair um pouco, mas em relação às exportações, é o país que mais consegue atender, com produção de 3,6 milhões de toneladas, se comparada à Austrália (com 1,9 milhão). Temos escala e volume para atender e certamente vamos conseguir aproveitar muito a questão das exportações.”
O diretor lembrou que a carne bovina brasileira recuperou o consumo que tinha perdido na pandemia e que as exportações cresceram de forma significativa. “Tivemos exportações recordes. Em setembro desse ano foram 170 milhões de toneladas, um valor que nunca tínhamos atingido.”
Conjuntura política – Bruno Lucchi falou ainda sobre o cenário internacional com algumas pautas que podem afetar o agro brasileiro, como a lei antidesmatamento da União Europeia, a guerra Israel-Hamas e as eleições norte-americanas.
Em relação à Europa, Lucchi disse que a CNA tem a intenção de entrar na OMC contra a lei, porque segundo ele, a nova legislação “acaba sendo uma punição para países que têm floresta.”
A guerra no Oriente Médio pode impactar o setor nas questões logísticas, destacou o diretor da CNA, aumentando os custos para o produtor, além de prejudicar a importação de fertilizantes, já que hoje 90% destes insumos utilizados pela agricultura brasileira são importados.
Na avaliação de Lucchi, as eleições norte-americanas também podem ser uma oportunidade para o Brasil exportar para países que sofrerem retaliação do novo governo, bem como um desafio caso haja retaliação contra o Brasil.
O diretor técnico da CNA falou ainda da questão climática e outras pautas ligadas ao tema como a possibilidade de ampliação da área irrigada, seguro rural e acesso ao crédito.
Ele citou as ações que o Sistema CNA tem feito para aumentar os recursos do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural, a criação do Fundo de Catástrofe (PL 2951/2024), a capacitação do produtor e iniciativas na área de inovação voltadas à gestão de riscos como o seguro paramétrico.
"Seguro é importante devido aos efeitos do clima. Mesmo que o produto não seja adequado, temos tentado melhorar, porém, há a necessidade de ter a subvenção do governo para dar escala."
Lucchi lembrou ainda da dificuldade do produtor rural de acessar o crédito devido às altas taxas de juros, restrições diversas ou porque os bancos estão emprestando menos do que antes. Ele mencionou também as possibilidades de crédito privado, como as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) ou fundos como o Fiagro CNA, criado para financiar pequenos produtores assistidos pela Assistência Técnica e Gerencial do Senar.
O diretor finalizou a apresentação afirmando que, para o agro, em questão de produção, 2025 vai ser bem melhor do que 2024.
“Nosso produtor é resiliente, não desiste e acredita, vai seguir produzindo, buscando efetividade e o melhor pacote tecnológico como ele faz todos os anos. Cabe a nós como entidades que representam esse produtor tentar melhorar o ambiente de negócios em que ele está inserido.”