Presidente da China visita Brasília para encerrar turnê de movimentos diplomáticos

Publicado em 20/11/2024 09:36

Por Eduardo Baptista e Lisandra Paraguassu

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A visita de Estado do presidente chinês, Xi Jinping, a Brasília, nesta quarta-feira, encerra uma blitz diplomática pela América do Sul que mostrou a crescente influência de Pequim na região e nos fóruns globais, onde preencheu a lacuna deixada pela transição presidencial dos EUA.

Espera-se que Xi e o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, assinem acordos que impulsionem o comércio e a cooperação em setores que vão desde o agronegócio até a energia e a indústria aeroespacial, durante reuniões matinais na residência presidencial em Brasília.

Os acordos entre as principais economias em desenvolvimento, com cerca de 180 bilhões de dólares em comércio bilateral, ocorrem após duas cúpulas para Xi em uma semana -- o fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico em Lima e, em seguida, o Grupo das 20 principais economias no Rio de Janeiro.

Embora Xi tenha desempenhado um papel central em ambas as cúpulas, o presidente dos EUA, Joe Biden, chegou como um "pato manco", com apenas dois meses na Casa Branca e pouco espaço para promessas duradouras, já que seu sucessor, Donald Trump, promete uma revisão total da política externa.

Um retrato de grupo no primeiro dia da cúpula do G20 capturou o momento, com Xi na frente e no centro, ao lado dos presidentes do Brasil, Índia e África do Sul -- parceiros da China no grupo Brics das principais nações em desenvolvimento e os três anfitriões consecutivos do G20 de 2023 a 2025.

Biden não compareceu a essa sessão de fotos por "razões logísticas", informou a Casa Branca.

Com Biden diminuído e Trump avesso ao multilateralismo, diplomatas e especialistas em política externa disseram que a ofensiva de Xi estava preenchendo um vácuo em uma ordem global instável.

As reuniões paralelas da China com as potências ocidentais em meio a tensões comerciais e geopolíticas, desde os EUA e a Grã-Bretanha até a França e a Alemanha, mostraram uma virada conciliatória de Pequim antes de mais quatro anos difíceis enfrentando Trump, disse Li Xing, professor do Instituto de Estratégias Internacionais de Guangdong

"A estratégia da China é clara, a postura que ela está demonstrando é a de deixar de lado o ressentimento do passado", disse Li. "Definitivamente, trata-se de um ajuste, e tudo isso se deve ao fato de a cúpula do G20 deste ano estar em um período de transição após a eleição dos EUA."

Nos bastidores, vários diplomatas que participaram de cúpulas anteriores do G20 notaram uma postura em evolução por parte dos chineses -- menos focada em seus próprios interesses restritos e mais proativa na formação de um consenso mais amplo.

"A China está muito mais participativa e muito mais construtiva", disse um diplomata brasileiro, que pediu anonimato para discutir as negociações.

Um diplomata europeu observou que os colegas chineses ajudaram a criar um consenso este ano em várias frentes, inclusive em tópicos como os direitos das mulheres, nos quais eles não eram tradicionalmente ativos.

Parecia um movimento consciente para ocupar um fórum multilateral que Trump provavelmente negligenciará, acrescentou o diplomata.

"Um lugar deixado desocupado será ocupado por outro", disse o diplomata europeu. "Aparentemente, a China está interessada em ocupar mais do que tem ocupado até o momento."

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Presidente da China visita Brasília para encerrar turnê de movimentos diplomáticos
Setor de frutas, legumes e verduras classifica 2024 como ano desafiador com foco no clima e na mão de obra
Aprosoja-MT destaca práticas agrícolas sustentáveis durante conferência internacional na Bélgica
Câmara aprova projeto que regula mercado de carbono e proposta segue à sanção
Argentina anuncia licitação para privatizar hidrovia Paraguai-Paraná
Nestlé cortará US$2,8 bi em custos e impulsionará marketing sob comando de novo presidente
undefined